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Santa Madalena – Capítulo Quinze

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Os braços, que antes estavam entrelaçados com os de John, agora estavam cruzados envolvendo ela mesma.A noite foi acalentando e um vento gelado tomava conta das ruas mal iluminadas.

Seus lábios estavam sem cor devido ao frio. "Ai caramba, deveria ter trazido uma blusa a mais". Pensou lamentando-se.

Os dois caminhavam em silêncio pelas calçadas de Mérida.Alguns bares abertos, algumas pessoas na rua.Muito longe se ouvia uma velha música.

John andava tranqüilamente ao lado de Marguerite quando percebeu que ela estava ficando um pouco para trás.Olhou estranhando a atitude da mulher e logo a esperou.

"O que há Marguerite, você está bem?".

A mulher um pouco trêmula balançou a cabeça positivamente e tentou sorrir.John sabia que ela estava mentindo.Ele se aproximou e mais uma vez a questionou.

"Você está pálida... O que está acontecendo?".

Marguerite tentou desviar o olhar de seus olhos, sabia que não resistiria em dizer a verdade. Mas ele se aproximou e com um leve toque em seu queixo, a fez olhar para si. "Por favor, está me preocupando".

Inevitavelmente ela cedeu. "Não estou me sentindo muito bem John..." E o abraçou repentinamente.Como se jogasse seu peso contra o tórax de John, ele a abraçou e engoliu seco.

"O que você está sentindo?". Perguntou John sentindo a mulher vulnerável e apertando-se mais ainda contra seu corpo.

"Muito frio...".

"Vou leva-la para casa agora...".

"Não..." Ela se afastou e tentou sorrir novamente forçado. "Não vamos estragar a noite...".

"De maneira nenhuma, se você não está bem eu a levo para casa... Ou se você não quer tudo bem, vamos até o posto...".

"NÃO! Por favor, tudo menos aquele lugar que tem um monte de gente doente".

"Mas pelo que vejo você também está doente...".

"Não estou!... Estou ficando... Mais ainda não estou...".

"Como não está doente se alguns minutos atrás você estava perfeitamente bem!".

Se a situação de Marguerite não o preocupasse tanto, riria da amiga que fazia cara de criança quando foge do dentista. "Não se preocupe, estaremos em sua casa e não vai demorar...". Ele a abraçou mais forte sentindo-a fria. Por um instante, olhou para seu rosto e suas bochechas estavam rosadas.

"Você está com febre" Concluiu ele recostando o queixo em sua testa.

"Não estou não..." Murmurou ela como uma criança abafando a voz em seu peito.Alguns instantes se passaram e ela olhou duvidosa para ele. "Você disse minha casa?".

"Disse... Por que?". John não entendeu.

"Acho melhor não irmos para minha casa... Não pelo menos pelas quatro horas a seguir...".

"Não entendo, o que há de errado?".

Marguerite olhou agora se mostrando preocupada. "Já ajudou algum amigo seu que precisasse muito de sua ajuda para alguma coisa?".

John pensou um pouco ainda confuso, sentindo a urgência no olhar de Marguerite. "Acho que sim... Mas...".

"... Eu não ia te contar nada... Até porque você poderia pensar outra coisa sobre mim... Mas, bem... Não achou estranho ter convidado você para ir ao cinema?".

"Um pouco... Mas, continue...".

"É que... Como você já deve saber, Vera e José querem ter um filho... Um não, vários... Mas...".

"Mas...?" Ele a incentivou a continuar.

"Receio que tenha algum problema com um dos dois... Tudo bem, não sou médica ou algo assim... Mas depois de tantas tentativas essa demora é preocupante...".

"Pode haver algum problema sim com algum deles, ou os dois... ou também não...".

"Por isso mesmo. Já que Vera e José estão querendo tanto, bem, talvez esta demora possa ser algo psicológico... Então, deixei que eles dormissem em minha casa hoje, para ver se funciona".

John ouviu com atenção e assentiu com tudo o que ela disse. "Você me desculpa?".

Marguerite evitou olhar para John durante toda a explicação.Temia que ele pensasse que ela estava usando a amizade deles com outras intenções.

"Desculpas? Por que desculpa-la?".

Marguerite temeu mais uma vez. "Bem... eu menti para você...".

Finalmente ela olhou para ele e surpresa, o viu sorrir. "Você não mentiu para mim... E não tenho nada para desculpar você se apenas não fez nada além de sua obrigação de ajudar sua amiga. Você mesma me perguntou se eu já havia feito algo para ajudar algum amigo. E é isso que você fez, não há nada de errado".

Aliviada, ela suspirou. "Que bom que não está bravo comigo...".

"Claro que não".

"Bem, agora entende porque não posso voltar para casa?".

"Sim... Neste caso, você não pode ficar na rua...".

Alguns segundos em silêncio e Marguerite emendou o raciocínio. "Vou para a casa da Vera".

"Você vai para a minha casa e ponto final".

Marguerite olhou para ele, mas não conseguiu assimilar muitos pensamentos.Viu tudo girar e quando viu, não se agüentava de pé.John tirou seu casaco e fez Marguerite vesti-lo.Ajudando-a a caminhar, John viu um táxi e assobiou.

Imediatamente ele a pôs no carro e entrou. "Por favor, Santa Madalena, Rua La Paz".

"São 20 pesos señor".

"Não me interessa quanto é, acha que não posso pagar?" John se enfureceu com a pergunta do taxista. "O caso é urgente, se não fosse o único táxi que estivesse por perto sairia agora mesmo. Vamos rápido!".

O motorista concordou olhando Marguerite dormente.Acelerou e pegou a estradinha de terra mais próxima.

Marguerite estava com febre alta.Sentindo calafrios tremia nos braços de John.Ouviu o à conversa dele e do taxista e sorriu discretamente.

O casaco não era suficiente para aquecê-la, mas com certeza, estar abraçada a John fazia sentir-se muito melhor.Ouvia as batidas ritmadas de seu coração e sentia bem de perto sua respiração um pouco ofegante.Estava acordada, mas fechou os olhos para sentir aquele momento.De minuto a minuto, ela sentia um terno beijo no topo de sua cabeça, e os braços mais apertados em torno de si.E sentiu-se protegida.

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John deu o dinheiro que restava em sua carteira e tirou Marguerite do carro rapidamente.A segurou pela cintura, pois os delicados braços em volta de seu pescoço já não mais estavam seguros.

Pegou a chave no bolso e abriu a porta da lanchonete.Entrou e trancou rapidamente, levando Marguerite até a entrada dos fundos do trailer.

Alguns passos depois Marguerite não estava mais de pé.John a tomou nos braços e entrou na sala, fechando a porta atrás de si.Rapidamente a colocou no sofá e beijou-lhe a mão. "Vou preparar a cama para você, não vou demorar".

"Não quero sair daqui John, não me deixe sozinha...".

Não concordava em deixar Marguerite ali, seu quarto iria estar mais adequado para ela que estaria mais protegida do frio.Mas resolveu não ir contra sua vontade. "Tudo bem, não demoro".

Marguerite balançou a cabeça concordando e voltou a tremer.John foi e voltou o mais depressa possível com uma pilha de cobertores. "Está frio mesmo, que estranho. A temperatura baixa não é muito comum nesta época".

John colocou os cobertores sobre Marguerite. "Obrigada" Murmurou sorrindo quase imperceptível. Ele a deixou mais uma vez sozinha, voltando a seguir com mais uma blusa no corpo.

"Não se preocupe comigo John, vou ficar bem, não quero incomodar.É só uma gripe...".

"Não se preocupe, você não está incomodando... Vou preparar um chá, tudo bem?".

"Tudo bem".

"Não demoro...".

"Pode ficar sossegado, estarei viva". Disse tentando tranqüiliza-lo.

John sorriu balançando a cabeça.Logo após voltou com uma caneca com o chá morno. "Tome, vai ajudar a espantar o frio...".

Marguerite segurou a caneca e tomou um gole. "Está ótimo" Tomou mais alguns goles e não quis mais. John colocou uma poltrona perto dela e ficou ali conversando, tentando mantê-la acordada.Ela ainda estava com febre e era preocupante.

Marguerite sentia sua garganta irritada.Uma leve dor de cabeça, mas era só.O frio já não era tanto.

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"Zé... meu chuchuzinho... Estou preocupada... Já era pra Margie ter chegado...".

José suspirou pesadamente olhando-a seriamente. "Estamos aqui para fabricar nosso coelhinho ou pra pensar na minha prima?".

Vera lhe deu um beliscão no braço e um leve tapa. "Larga de ser afobado, eu to preocupada, já são quase meia noite...".

"Ah que se dane, é bom ela demorar mesmo, hoje a noite vai ser pouca pra nós chuchu!". E a abraçou lhe dando mordidelas no pescoço.

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John tirou o termômetro da boca de Marguerite que de braços cruzados o observava. "E então, não disse que estou bem melhor agora? É verdade!".

John examinava o termômetro delicadamente. "É... já não tem mais febre...". Ele sorriu para ela que já se apressava em tirar as cobertas de cima de seu corpo.

"Obrigada doutor Cortez, o senhor é um ótimo médico...".

John sorriu e abaixou a cabeça.O sorriso dela foi diminuindo e por instantes sentiu-se atraída por aquele homem outra vez.Mas ela olhava para ele tão ternamente, um homem tão bom e tão gentil.Apoiando-se levemente ao sofá, com uma coberta sobre suas pernas, se arrastou para perto dele lentamente, e lhe deu um doce beijo no rosto.

"Obrigada por ter cuidado de mim John". Murmurou ainda com a face perto do homem que a olhava profundamente.

"Não fiz mais que meu dever...". No mesmo tom ele respondeu, chegando a ouvir um leve suspiro.

A atração mútua foi indiscutivelmente fatal.Marguerite fechou os olhos como se pressentisse o que viria logo após aquelas palavras tão doces.John fechou os olhos e encostando a ponta do nariz no rosto macio mais parecia brincar com sua vontade.

Levou as mãos ao pescoço com cheiro de flor, e seus lábios finalmente encontraram os dela.

Ainda brincando, parecia não acreditar no que acontecia.Como doce favo, Marguerite saboreou lentamente seu contorno labial, que a deixou em frenesi.Os dois se deixaram envolver nas emoções que brotavam de seus poros e as bocas não se desgrudaram mais.

Instantes de leves e doces beijos, os dois afastaram-se lentamente suas faces uma da outra.Abriram os olhos e como se eles respondessem pelas palavras, cerraram-se novamente e desta vez, os dois se enlaçaram com paixão e fazendo com que o mel de suas bocas tornasse como os chilis, mais e mais apimentados.

Os braços, antes sem força, seguravam-no perto de si firmemente.

Lentamente, Marguerite puxou John pela camisa até que seu corpo colou sobre o dela, repousados no sofá.Os beijos nos lábios agora estavam por todo o pescoço e colo da mulher.Beijos agora molhados, que se tornavam insaciáveis, como a vontade de ambos.

Alguns gemidos de desejo foram proferidos ao pé do ouvido de John que experimentava pela primeira vez uma pele tão macia e convidativa.As mãos delicadas tornaram-se ferozes ao ouvi-la murmurar por mais, então em um movimento só, rasgou as alças do vestido decotado e amarrotado.Marguerite suspendeu a respiração quando ele fez isso e suas mãos repousaram sobre a região glútea firme sob a calça marfim.

Um suspiro pesado imediatamente perturbou os sentidos de Marguerite, percebendo o ponto fraco dele.Sorriu sagazmente.Adorou ouvi-lo murmurar.

Tomando-lhe outro beijo, Marguerite levantou um pouco o tronco ajudada por fortes braços que a envolviam. Os movimentos da língua acompanhavam os dos dedos, abrindo botão por botão da blusa de John.

Sentia um desejo enorme crescer dentro de si e com certeza, ele também o sentia.As carícias não dosadas e ousadas faziam ambos exalarem um perfume puramente sexual.Audácia não significava nada para os dois amantes que se descobriam em uma embarcação cujos passageiros naufragavam em um universo de amor.

Sentado sobre suas pernas, John a acomodou melhor sob seu colo.Foi como mover uma pena para junto de seu corpo.Marguerite cruzou suas pernas em sua cintura sem parar de beija-lo.Como eram deliciosos os seus abraços, e seu corpo quente ao mesmo tempo aconchegante a envolvendo com tamanha bravura e destemido a qualquer reação.

Ela sentia as mãos daquele trabalhador, um pouco ásperas e ao mesmo tempo sutis, pressionarem sua cintura para baixo.Sentiu imediatamente que ele estava pronto como também ele a sentiu mais receptiva.Ela sentiu o abdômen contrair-se e tateou até acariciar as linhas bem torneadas e definidas.Pensou no pecado que ele estava cometendo ao esconde-lo de seus olhos famintos de amor.

Abrindo os botões de sua calça ao mesmo tempo em que ela ajeitava seu vestido com as alças vermelhas caídas sobre os ombros nus, não foi difícil achar agora o ponto vulnerável daquela mulher.

A tanto esperaram por um momento de intimidade, quantas noites e quantos sonhos tiveram.Tantos que agora era difícil crer que era real.

Finalmente, um movimento denso os levou em poucos segundos ao paraíso mais próximo que um ser humano pode chegar.O pico mais alto da montanha acabara de ser alcançado, e nem a brisa gelada sentiram naquele momento de puro êxtase.Imaginações a mil por hora, pensamentos alucinantes levaram agora homem e mulher à alienação completa.Os dois estavam sós na multidão de seus desejos ocultos vindos à tona ao passar do tempo.

Ao fim de todas as emoções, Marguerite deitou seu corpo suado e exausto sobre o peito de John, que ainda voltando ao ritmo normal de sua respiração, beijou-lhe a cabeça com todo carinho que sentia no momento.Recostou-se no sofá e ali adormeceram.

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"Estava pensando... Eu vou ir ao posto semana que vem e...".

"Nem vem Vera, você sabe que não gosto de médico...".

"Mas não tem motivos para não gostar e alem do mais eu é quem vou consultar, não invente... Mas continuando, você não quer me acompanhar? Eu acho que Marguerite estará trabalhando e seria ótimo se viesse comigo...".

"Pensando bem... Eu vou sim, vai que o médico se engraça pro seu lado...".

"Ai como pensa besteiras!" Os dois estavam abraçados deitados sob a cama.A janela estava aberta e uma brisa entrava por ela. "Acha que John e Margie...".

"Arram, acho...".

"Mas...".

"É também acho que eles estão no bem bom...".

Vera olhou para o homem que sorria muito gozado. "Você é louco Zé...".

"Louco por você meu abacate com laranja!" Ele lhe deu um tapinha no bumbum e sorriram. "A canela mais sexy do México". Disse ele passando o pé em uma de suas canelas.

"Não comece...".

"Ta, ta bom, parei...".

...CONTINUA...