Um ataque aos sentidos
Tato

Rony estava prestes a cair em pranto. Nada funcionava. Eles ficaram presos em um armário de vassouras e nada aconteceu! Eles dormiram nos braços do outro e Harry lhe disse que isso "realmente reforçou a amizade deles". Realmente reforçou a amizade deles.

Mil raios.

Talvez Malfoy estivesse certo sobre Harry. Ele realmente era um completo idiota.

Não, não, tinha que continuar otimista. Não desistiria agora. Suas tentativas românticas aproximaram os dois ainda mais, se isso era possível. Isso significava alguma coisa, certo?

Significava que todos os grifinórios estavam muito mais próximos de se jogarem da torre, ir até Snape pra pedir trabalhos extras de poções nas masmorras ou ainda pior, colocar um pôster no próximo jogo de quadribol dizendo "Se beijem logo, imbecis!" Apesar da última opção ser engraçada, com certeza faria com que A Causa regredisse (Rony já estava começando a pensar em sua missão com letras maiúsculas)

Lilá sentou no sofá ao lado do dele e olhou sua expressão obscura. -Os não-pombinhos estão te desanimando?

Rony gemeu e se afundou no sofá. -Não sei mais o que fazer. Tentei ser sutil; eles pensaram que fossem coincidências. Faíscas, vozes, cheiros! Coincidências, todos eles! O nível de negação deles devia ser estudado!

Lilá deu um tapinha no joelho dele e um sorriso encorajador. -Temos que deixar um pouco mais óbvio, eu acho. Padma e eu estávamos fazendo uma pesquisa – pare de olhar para mim desse jeito – e encontramos um feitiço que pode deixar uma pessoa sensível ao toque de outra. Bom pra espionagem e se você precisar encontrar um contato ou algo assim. Se colocarmos o feitiço nos dois, vão tomar um choque cada vez que entrarem em contato um com o outro. Pense nisso - Lilá disse -Fazemos um pequeno ajuste nele e cada vez que se tocarem vai ser como um raio!

-Literalmente? Não sei se é uma boa idéia. - Rony disse, desanimado.

Lilá revirou os olhos. -Claro que não. Vai ser um pequeno zap! - Ela tremeu um pouco todo o corpo para demonstrar, e isso fez com que Rony olhasse para ela com brilho malicioso nos olhos. -Nada perigoso, nada irritante. Apenas uma sacudida prazerosa que vai deixar os dois maravilhados e se tocando.

Rony tirou seus pensamentos de Lilá estremecendo e pensou em seu novo plano. Tinha suas vantagens. Harry e Hermione ficariam se tocando. Se fosse apenas um pequeno zap, não ficariam irritados ou carrancudos no fim do dia. E melhor, se fosse algo prazeroso, eles se tocariam bastante e tentando não deixar óbvio.

No mínimo, tinha um potencial para ser engraçado.

-Claro - Rony concordou. -Não parece que pode dar muito errado. Pelo menos dentro de nossos padrões - ele relaxou e se parabenizou. Seu plano estava funcionando. O time estava se unindo e buscando uma solução. Harry e Hermione estariam juntos antes do por do sol.

Rony decidiu que para um cara normal, ele com certeza tinha seus momentos.


Surpreendentemente, o feitiço funcionou. Sem complicações, sem conseqüências imprevistas, sem interações inesperadas com outros feitiços, poções ou criaturas mágicas. Harry e Hermione recebiam um choque prazeroso cada vez que se tocavam. E Rony estava certo.

Era muito engraçado.

Observá-los primeiro tentando não se tocar, depois finalmente se render e tentar esconder os toques ou fazê-los parecer acidentais provavelmente era a coisa mais engraçada que Rony já vira. Era muito mais engraçado do que qualquer coisa que Fred e Jorge inventaram.

Começou com um esbarrão acidental no salão comunal. Os três adolescentes estavam largados no sofá, esperando passar a hora para ir tomar café da manhã. Ouviu-se um misterioso baque no chão. Rony olhou para o outro lado com um olhar estranho. Harry e Hermione olharam e se abaixaram para pegar o objeto.

Um toque repentino.

Um zap inesperado.

Um olhar surpreso.

Um rápido recuo.

Um sorriso sem vergonha.

O trio decidiu descer para o café. Rony ficou um pouco para trás da dupla dinâmica; disse que precisava falar com Lilá. Olhou divertido quando a mão de Hermione, gesticulando enquanto ela explicava alguma teoria, se aproximava cada vez mais do pulso de Harry. Gesto pra lá, gesto pra cá, ahhhh, segurou! Lá estava! E a eletricidade passou. Os dois coraram imediatamente e Rony imediatamente colocou a mão na boca de Lilá para interromper as risadas. Um segundo mais tarde do que era necessário, Hermione largou o pulso de Harry e os dois pareciam bastante desapontados com a perda do contato. A tosse repentina de Parvati tinha um toque distinto de risada.

No café da manhã continuou a diversão, com movimentos suspeitosamente sincronizados em direção aos pratos de comida que resultavam em vários toques acidentais. Na volta, Harry e Hermione "acidentalmente" tocaram as mãos nada mais nada menos que sete vezes. Rony tinha certeza disso, pois estava contando.

E assim continuou durante todo o dia. Hermione achou várias oportunidades para segurar o braço de Harry. Como na hora em que Dino e Simas decidiram soltar sapos de chocolate na aula de poções. Normalmente, Hermione não se incomodaria com uma brincadeira juvenil (indigno de alunos de sétimo ano, realmente. Sapos de chocolate? Coisa pra primeiro ano), mas se hoje ela se sentia sensível e segurou o braço de Harry e estava apenas tocando o pulso dele, quem era Grifinório suficiente para discutir?

Harry, que nunca foi a pessoa mais sutil do mundo, de repente precisava falar com Hermione sobre tudo e tinham que estar bem próximos. Rony foi esquecido como parceiro em Poções, sem cerimônia, e o pobre Neville lutou a aula toda quando Harry roubou sua parceira e descobria milhões de maneiras de deixar sua mão perto da dela sobre a mesa. Todas as aulas que eles iam juntos eram barulhentas demais pra uma conversa e ele precisava ficar bem ao lado dela e sussurrar em seu ouvido, seus lábios roçando sem querer na orelha dela. Esse pequeno truque quase fez Parvati desmaiar do tanto da tensão acumulada por trás do gesto. Hermione também não ficou muito estável depois disso.

Mas o grande triunfo do dia veio quando, depois do jantar enquanto voltavam para torre, Hermione deu a senha, o quadro da Mulher Gorda abriu para dar passagem e Harry colocou a mão nas costas dela, na altura da cintura, e a guiou para dentro. O time olhou incrédulo enquanto os dedos de Harry seguraram a borda do casaco de Hermione, levantou um pouco e passaram rapidamente pela pele exposta Hermione ficou um pouco tensa, mas nenhum dos dois comentou nada e os dois entraram no salão comunal.

O que seguiu foi um engasgo coletivo do Time, que ficou paralisado na entrada. Ficaram olhando o lugar onde Harry e Hermione estavam. Ninguém disse nada por alguns instantes. Lilá fez um barulho incoerente. Parvati soluçou baixinho. -Ele... ele fez... Harry levantou... ele tocou... o que... o que aconteceu? - Simas finalmente conseguiu dizer.

-Harry passou a mão nela - Dino sussurrou, chocado pelo que acabara de testemunhar.

-È como se meu mundo virasse de cabeça pra baixo - Gina murmurou. -Certo e errado não significam nada. Preto é branco e branco é preto. Harry acabou de apalpar Hermione!

-Bem, na verdade, ele mal encostou nela, - Lilá comentou. -Ele apenas...

-Levantou o suéter dela e conscientemente tocou sua pele - Parvati interrompeu. -Ele não apalpou, mas definitivamente passou a mão. Pare de tentar arruinar o momento.

-Só estou dizendo que não devemos nos apressar! - Lilá respondeu rapidamente. -Ele tocou as costas dela; Não a agarrou no meio do Salão Principal!

Simas balançou a cabeça. -Seu eu tentasse aquilo com Hermione, ela passaria o resto do ano me amaldiçoando, isso se ela conseguisse pegar a varinha antes que Harry. Isso é claro, se ele não decidisse deixar a mágica de lado e me batesse com a mão mesmo. Não, essa foi um movimento direto de Harry e Hermione não se importou nem um pouco - ele disse.

Dino fungou e secou uma lágrima imaginária. -Nosso Harry está virando um homenzinho!

Parvati olhou feio para ele. -E o que você sabe sobre virar homem?

Depois de ficar paralisado de choque durante toda a conversa, os olhos de Rony brilharam. Depois ele começou a rir. E rir. E rir. O resto do Time olhou preocupado e com um pouco de medo enquanto Rony gargalhava e esfregava as mãos. Mas ele não ligou. Tudo estava se encaixando. Eles finalmente estavam se entregando a seus hormônios. As declarações de amor não demorariam muito, ele tinha certeza.

Ele ia ficar livre. Completamente livre!