Capítulo 8 – A vida secreta de Draco Malfoy

Na segunda-feira depois do funeral, Yourdon McAllister foi falar com Gina.

- Preciso tratar de algumas questões legais com você, mas se achar que é cedo demais...

- Não. - disse Gina. - Estou bem.

A morte de Louis a tinha afetado mais do que ela esperava. Era um homem gentil e terno e ela o usara porque precisava de sua ajuda para a vingança contra Draco. E, de alguma forma, na mente de Gina, a morte de Louis tornava-se agora mais uma razão para destruir Draco.

- O que você quer que eu faça com o Star? - perguntou McAllister. - Não imagino que vai querer perder seu tempo nele

- É exatamente o que quero fazer. Vamos expandí-lo.

Gina queria agora comprar um novo jornal.  Iria se tornar o Star a maior rede de jornais do mundo.  O Diário bruxo de Oregon era um dos jornais à venda

- Eu gostaria que você fosse até lá e desse uma olhada - pediu Gina a McAllister.

Dois dias depois, McAllister telefonou para Gina. - Pode esquecer o Sun, Sra. Brown.

- Qual é o problema?

- O problema é que Hammond é uma cidade de dois jornais. A circulação diária do Sun é de quinze mil exemplares.  O outro jornal, o Hammond Diary tem uma circulação de vinte e oito mil exemplares, quase o dobro do Sun. E o dono do Sun está pedindo cinco milhões de galeões. O negócio não faz o menor sentido.

Gina pensou por um momento.

- Espere por mim. - disse a ele. - Estou indo para aí.

Gina passou os dois dias seguintes examinando o jornal e estudando seus livros contábeis.

- Não há a menor possibilidade do Sun competir com o Diary - assegurou McAllister. - O Diary continua a crescer. A circulação do Sun vem caindo a cada ano, durante os últimos cinco anos.

- Sei disso. - murmurou Gina. - Mas vou comprá-lo. O advogado fitou-a, aturdido.

- Vai o quê?

- Vou comprá-lo.

O negócio foi fechado em três dias. O dono do Sun ficou deliciado em se livrar daquele elefante branco.

- Tirei vantagem da dona neste negócio. - gabou-se ele. - Ela me pagou cinco milhões de galeões.

No dia seguinte, Matt Meriwether, o proprietário do Hammond Diary, foi visitar Gina.

- Soube que você é minha nova concorrente. - disse ele, num tom gentil.

Ela acenou com a cabeça.

- É verdade.

- Se as coisas não correrem bem para você aqui, talvez esteja interessada em me vender o Sun.

Gina sorriu.

- E se tudo correr bem, talvez você esteja interessado em me vender o Diary.

Meriwether riu.

- Claro. Eu lhe desejo muita sorte, Sra. Brown.

Voltou para o Diary e declarou, confiante:

- Dentro de seis meses possuiremos o Sun.

Gina voltou a Phoenix e conversou com Simas Stooper, o editor-executivo do Star.

- Você vai comigo para Hammond, Oregon. Quero que dirija o jornal até que fique de pé.

- Conversei com o Sr. McAllister - disse Stooper. - O jornal não tem base. Ele comentou que é um desastre ambulante.

Gina estudou-o por um momento.

- Mas faça o que estou pedindo.

No Oregon, Gina convocou uma reunião com os empregados do Sun.

- Vamos operar de uma maneira um pouco diferente daqui por diante - comunicou ela. - Esta é uma cidade de dois jornais e vamos ser donos de ambos.

Derek Zornes, o editor-executivo do Sun, declarou:

- Desculpe, Sra. Brown, mas não tenho certeza se compreende a situação. Nossa circulação é muito menor  que a do Diary e continuamos a cair Todos os meses. Não há a menor possibilidade de alcançá-los.

- Não apenas vamos alcançá-los, mas também acabar com o Diary. - garantiu Gina.

Os homens na sala trocaram olhares e Todos tiveram o mesmo pensamento: Bruxas e amadores devem ficar fora do negócio jornalístico.

- Como planeja fazer isso? - perguntou Zornes, polido

- Vamos fazer o Diary sangrar até morrer

Zornes fazia um tremendo esforço para não rir.

- Exatamente.  Vamos sangrar o Diary

- E como faremos isso?

- A partir de segunda-feira, estamos reduzindo o preço de banca do Sun de quinze nukes para doze nukes. E a tabela de publicidade terá uma redução de trinta por cento. Na próxima semana iniciaremos um concurso de prêmios em que nossos leitores poderão ganhar viagens gratuitas para o mundo inteiro. Começaremos a divulgar o concurso imediatamente.

Quando os empregados se reuniram mais tarde para conversar sobre a reunião, o consenso foi o de que o jornal fora comprado por uma louca.

A hemorragia começou, mas era o Sun que estava sangrando. McAllister perguntou a Gina:

- Tem alguma idéia do montante do prejuízo do Sun?

- Sei exatamente quanto o jornal está perdendo.

- E por quanto tempo planeja continuar assim?

- Até ganharmos. Não se preocupe. Vamos ganhar.

 Mas Gina estava preocupada. Os prejuízos se tornavam mais pesados a cada semana. A circulação continuava a diminuir, e a reação dos anunciantes à redução dos preços não fora muito entusiasmada.

- Sua teoria não está funcionando. - comentou McAllister, -Temos de reduzir nossos prejuízos. Acho que você pode continuar a bombear dinheiro, mas qual o sentido?

Na semana seguinte, a circulação parou de cair.

Demorou oito semanas para a circulação do Sun começar a subir.

A redução do preço de banca e da tabela de anúncios era atraente, mas o que subiu mesmo a circulação foi o concurso de prêmios. Prolongou-se por doze semanas e os participantes tinham de competir Todas as semanas. 

Os prêmios eram cruzeiros pelos mares do Sul e viagens a Londres, Paris e Rio. À medida que os prêmios eram distribuídos e divulgados, com fotos dos vencedores na primeira página, circulação do Sun começou a eclodir.

- Você assumiu um tremendo risco, mas está dando certo. - admitiu McAllister, relutante.

- Não houve risco algum. - respondeu Gina. - Eu tinha certeza de que as pessoas não poderiam resistir a ganhar alguma coisa sem dar nada em troca.

Matt Meriwether ficou furioso quando recebeu o último boletim de circulação. Pela primeira vez em anos, o Sun estava na frente do Diary.

- Muito bem. - disse ele, sombrio. - Dois podem fazer o mesmo jogo estúpido. Vamos reduzir nossa tabela de anúncios e lançar algum concurso.

Mas era tarde demais. Onze meses depois de Gina ter comprado o Sun, Matt Meriwether voltou a procurá-la.

- Estou vendendo. - anunciou ele, em tom brusco. Quer comprar o Diary?

- Quero.

No dia em que foi assinado o contrato de compra do Diary, Gina convocou uma reunião de sua equipe.

- A partir da segunda-feira - declarou ela - vamos aumentar o preço de banca do Sun, dobrar a tabela de publicidade e acabar com os concursos.

Um mês mais tarde, Gina disse a McAllister:

- O Profeta Corvinal de Londres está à venda.  E eles são o primeiro a ter um canal de televisão bruxa.  Acho que devemos .apresentar uma proposta.

McAllister protestou:

- Sra. Brown, não sabemos nada de televisão, essas coisas trouxas são muito complicadas e...

- Então teremos de aprender, não é mesmo?

Gina começava a construir o império de que precisava.


Os dias de Draco eram movimentados e ele adorava cada minuto do que fazia. Havia nomeações políticas a fazer, legislação a ser apresentada, reuniôes, discursos e entrevistas com os principais jornais. O Profeta Diário de Londres lhe proporcionavam a melhor

cobertura. Ele estava adquirindo a reputação de um vice Ministro que fazia as coisas. Foi engolido pela vida social dos bruxos poderosos e sabia que em grande parte isso acontecia porque era casado com a filha do inominável Carl Andrews.

Draco gostava de viver em Londres. Era uma adorável cidade histórica, aninhada num vale de rio espetacular, entre as colinas ondulantes do Rio Londres, na região do famoso capim azul. Ele se perguntava como seria viver em Washington, como seu sogro.

Os dias movimentados fundiram-se em semanas, e as semanas se transformaram em meses e  Draco iniciou o último ano de seu mandato.

Draco fizera de Jules Milinight seu secretário de imprensa. Era a escolha perfeita. Milinight era sempre franco com os repórteres e, por causa dos valores decentes e antiquados que ele representava e sobre os quais gostava de falar, dava substância e dignidade ao partido. Jules Milinight e sua venda preta no olho se tornaram quase tão reconhecidos quanto o próprio Draco.

Carl Andrews fazia questão de voar até Londres para ver Draco pelo menos uma vez por mês. Ele disse a Jules Milinight:

- Quando você tem um hipogrifo correndo, precisa ficar de olho nele, para ter certeza de que não vai perder seu ritmo.

Numa noite fria, em outubro, Draco e o inominável Andrews estavam sentados no gabinete do vice Ministro. Os dois e Alicia tinham jantado no Gabriel's. Voltaram ao Palácio do Executivo e Alicia os deixara para conversarem.

- Alicia parece muito feliz Draco. Estou satisfeito.

- Tento fazê-la feliz, Carl.

O inominável Andrews fitou Draco nos olhos e se perguntou com que freqüência ele usava o apartamento.

-- Ela o ama muito, filho.

- E eu também a amo.

Draco parecia sincero. O inominável Andrews sorriu.

- Fico contente em saber disso. Ela já está redecorando o gabinete do Ministro aqui no Ministério?

O coração de Draco disparou.

- Como?

- Não lhe contei? Já começou. Seu nome está se tornando cada vez mais cotado em Washington. Vamos iniciar nossa campanha no primeiro dia do ano.

Draco quase teve medo de fazer a pergunta seguinte.

- Acredita sinceramente que tenha uma chance, Carl?

- A palavra "chance" insinua um jogo, e eu não jogo, filho. Não me envolvo em coisa alguma se não estiver convencido de que é uma coisa certa.

Draco respirou fundo.

- Você pode se tornar o homem mais importante do mundo bruxo.

Era tudo aquilo que Draco sonhava ouvir desde criança quando estudava em Hogwarts.

- Quero que saiba o quanto sou grato por tudo o que tem feito por mim, Carl.

Carl afagou o braço de Draco.

- É dever de um homem ajudar seu GENRO, não é mesmo.

 A ênfase em "genro" não passou despercebida a Draco.

O inominável acrescentou, em tom casual:

- Ah, antes que eu me esqueça, Draco, fiquei muito desapontado com a aprovação do novo imposto sobre as mimbletonias.

- O dinheiro vai resolver o problema do déficit em nosso orçamento fiscal e...

- Mas é claro que você vai vetar.

Draco se mostrou aturdido.

- Vetar?

O inominável sorriu.

- Draco, quero que saiba que não estou pensando em mim mesmo. Mas tenho muitos amigos que investiram seu  dinheiro ganho arduamente em plantações de mimbletonias  e não gostaria que fossem prejudicados por novos impostos, entende?

Houve um momento de silêncio.

- Entende, Draco?

- Entendo. - murmurou Draco, depois de um longo momento. - Não seria justo com eles.

- Fico muito agradecido por isso.

- Ouvi dizer que vendeu suas plantações de mimbletonias, Carl.

Foi a vez do inominável se mostrar surpreso.

- Por que eu faria isso?

- As empresas de mimbletonias estão perdendo sucessivas ações nos tribunais. As vendas não param de cair e...

- Está falando dos Estados Unidos, filho. Há um vasto mundo lá fora. Espere só até nossas campanhas de propaganda começarem a sair na China, África e Índia.

Ele olhou para seu relógio e levantou. - Preciso voltar a Washington. Tenho uma reunião do comitê.

- Tenha uma boa aparatagem ou você vai por chave de portal, estou certo?

 O inominável Andrews sorriu.

- Agora terei, filho, agora terei...

Draco estava transtornado.

- O que vou fazer, Jules? O imposto do mimbletonias é de longe a medida mais popular que o legislativo aprovou este ano. Que desculpa tenho para vetá-lo?

Jules Milinight tirou várias folhas de papel do bolso.

- Calma, as respostas estão aqui, Draco. Conversei com o inominável. Você não terá qualquer problema. Marquei uma entrevista coletiva para as quatro horas da tarde.

Draco estudou os papéis. Ao final, acenou com a cabeça..

- Ficou muito bom.

- É o meu trabalho. Precisa de mim para mais alguma coisa?

- Não. E obrigado. A gente se vê às quatro.

Milinight encaminhou-se para a porta.

- Jules... Ele virou-se.

- Quero que me diga uma coisa. Acha mesmo que tenho uma chance de me tornar Ministro?

- O que diz o inominável?

- Ele acha que tenho. Milinight voltou até a mesa.

- Conheço o inominável Andrews há muitos anos, Draco. Durante esse tempo, ele nunca se enganou. Nem uma única vez. O homem possui um instinto incrível. Se Carl Andrews diz que você será o próximo Ministro da Magia do Mundo Bruxo, pode apostar tudo que tem nisso.

Houve uma batida na porta.

- Entre.

A porta foi aberta e uma jovem e atraente secretária entrou, trazendo algumas mensagens de fax. Tinha vinte e poucos anos, olhos brilhantes, expressão ansiosa.

- Oh, desculpe, vice Ministro. Não sabia que estava numa...

- Não tem problema, Mirian.

Milinight sorriu.

- Oi, Mirian. - Olá, sr. Milinight.

- Não sei como seria sem Mirian - comentou Draco. - Ela faz tudo por mim.

Mirian corou.

- Se não há mais nada...

Ela deixou os papéis na mesa de Draco, virou-se e saiu apressada.

- É uma linda mulher... - murmurou Milinight, olhando para Draco.

- É, sim.

- Está sendo cuidadoso, não é, Draco?

- Claro. Foi para isso que você me arrumou aquele apartamento.

- Eu me refiro a cuidadoso a longo prazo. Na próxima vez em que sentir tesão pare e pense se uma Mirian, Alice ou Karen vale o seu cargo.

- Sei o que está querendo dizer, Jules, e agradeço. Mas não precisa se preocupar comigo.

- "timo. - Milinight olhou para o relógio. - Tenho de ir agora. Vou levar Betsy e as crianças para almoçar fora.

Ele sorriu.

- Já contei o que Rebecca fez esta manhã? É minha filha de cinco anos. Havia uma fita do show de algum garoto que ela queria assistir às oito horas da manhã. Betsy disse: "Querida, porei a fita para você depois do almoço."  Rebecca fitou-a nos olhos e respondeu:

"Mamãe, quero almoçar agora." Muito esperta, hein?

Draco não pôde deixar de sorrir pelo orgulho na voz de Jules.

As dez horas daquela noite, Draco entrou na sala intima, onde Alicia estava lendo.

- Meu bem, preciso sair. Preciso ir a uma reunião.

Alicia levantou os olhos.

- A esta hora?

Ele suspirou.

- Infelizmente. O comitê do orçamento vai se reunir pela manhã e eles querem me dar as informações necessárias antes.

- Você tem trabalhado demais. Tente voltar para casa mais cedo, está bem, Draco? -Alicia hesitou por um momento. - Tem se ausentado demais ultimamente.

Draco especulou se o comentário era uma advertência. Adiantou-se, inclinou-se e beijou-a.

- Não se preocupe, meu bem. Voltarei para casa o mais cedo que puder.

Lá embaixo, Draco comunicou a seu motorista:

- Não precisarei de você esta noite. Sairei no carro pequeno.

- Certo, vice Ministro.

- Chegou atrasado, querido.

Mirian já estava nua. Ele sorriu e se aproximou.

- Lamento por isso. E fico contente que você não tenha começado sem mim.

Ela sorriu também. - Abrace-me.

Ele a tomou nos braços e comprimiu o corpo quente contra o seu.

- Tire as roupas, querido. Depressa.

Depois, ele indagou:

- Se sua esposa algum dia descobrir sobre nós...  Sua carreira irá por água abaixo.

- Ela não vai descobrir.

- Sabe muito bem que amo você. – disse Draco a Mirian

As palavras saíram com a maior facilidade, como já acontecera tantas vezes no passado.

- Faça amor comigo de novo.

- Só um instante. Tenho uma coisa para você.

Ele levantou-se e foi até seu paletó, que deixara pendurado numa cadeira. Tirou um vidrinho do bolso e despejou o conteúdo num copo. Era um líquido transparente.

- Experimente isto.

- O que é? - perguntou Mirian.

- Você vai gostar. Prometo. - Ele levantou o copo e tomou a metade. Mirian deu um gole, depois engoliu o resto.

Sorriu.

- O gosto até que não é ruim.

- Vai fazer você se sentir ainda mais sensual.

- Já me sinto bastante sensual. Volte para a cama. Estavam fazendo amor de novo quando ela ofegou e balbuciou:

- Eu... Não estou me sentindo bem. - A respiração se tornou arquejante. - Não consigo respirar...  O que era aquilo?

- Veneno de Mimbletonia, um afrodisíaco bruxo.  É parecido com o Ecstasy trouxa e...

Nesse momento, os olhos de Mirian fecharam.

N/A:  Quem faz coisas ruins, sempre recebe de volta o que merece não?  O Draco foi ambicioso, mesquinho... e agora acontece isso com a secretária dele...  Será que isso será o fim dos planos de Draco?  Bjus e até o próximo capítulo...

Trecho do Próximo Capítulo: O embaixador italiano, Atílio Picone, era uma figura imponente, na casa dos sessenta anos, com feições morenas sicilianas. Sua esposa, Sylvia, era uma das mulheres mais lindas que Draco já vira. Fora uma atriz antes de casar com Atílio e ainda era popular na Itália. Draco podia entender por quê. Tinha olhos castanhos grandes e sensuais, o rosto de uma madona, o corpo voluptuoso.  Era 25 anos mais moça do que o marido. O inominável Andrews levou os dois até Draco e apresentou-os.

- É um prazer conhecê-los. - disse Draco.

Ele não conseguia desviar os olhos da mulher. Ela sorriu.