Capítulo 9 – O que não poderia ter acontecido.

- Mirian...

Ela permaneceu imóvel, inconsciente.

- Por Merlin! Por que está fazendo isso comigo?

Ele levantou-se, começou a andar de um lado para outro. Já dera o líquido a uma dúzia de mulheres e apenas uma vez fizera mal a alguém. Precisava tomar muito cuidado. A menos que cuidasse daquilo direito, seria o fim de tudo. Cessariam os seus sonhos, tudo por que se empenhara. Não podia permitir que acontecesse. Ele parou no lado da cama, contemplando a mulher. Sentiu seu pulso.  Ainda respirava, graças a Deus. Mas não podia deixar que ela fosse encontrada naquele apartamento. Pois logo seria ligada a ele. Precisava levá-la a algum lugar, onde a descobririam e providenciariam ajuda médica. E podia confiar que Mirian não revelaria seu nome.

Ele levou quase meia hora para vestí-la e remover todos os sinais de sua presença no apartamento. Entreabriu a porta para verificar se o corredor estava vazio, depois levantou-a, ajeitou-a em seu ombro e  a levou para o carro.

Era quase meia-noite, as ruas estavam desertas. Começara a chover. Ele foi para parque da cidade. Quando teve certeza de que não havia ninguém à vista, tirou Mirian do carro e acomodou-a gentilmente num banco do parque. Detestava deixá-la ali, mas não tinha opção. Absolutamente nenhuma. Todo o seu futuro estava em jogo.  E entre Mirian e seu futuro, seu futuro era mais importante.  Já tinha feito isso uma vez e faria quantas fossem necessárias.

Havia uma cabine telefônica a poucos metros do local. Ele foi até lá e discou 911.

Alicia esperava acordada quando Draco chegou em casa.

- Já passa de meia-noite. - disse ela. - Por que demorou...?

- Sinto muito, querida. Tivemos uma longa e chata discussão sobre o orçamento e... Bem, todos tinham opiniões diferentes.

- Você está muito pálido, Draco. Deve estar exausto.

- Sinto-me um pouco cansado.

Alicia sorriu, sugestiva.

- Vamos para a cama.

Ele beijou-a na testa.

- Preciso dormir um pouco, querida. A reunião me deixou esgotado.

A notícia saiu na primeira página do Profeta Corvinal na manhã seguinte:

SECRETÁRIA DO VICE-MINISTRO ENCONTRADA INCONSCIENTE NO PARQUE

Às duas horas desta madrugada, o Ministério encontrou uma mulher inconsciente, Mirian Friedland, deitada num banco de parque, sob a chuva, e imediatamente chamou uma ambulância. Ela foi levada para o Hospital St. Mungus e seu estado é considerado crítico.

Draco lia a notícia quando Jules entrou afobado em sua sala, trazendo um exemplar do jornal.

- Já viu isto?

- Já, sim. É... É terrível. A imprensa telefonou durante toda a manhã.

- O que acha que aconteceu? - perguntou Milinight.

Draco sacudiu a cabeça.

- Não sei. Acabei de falar com o hospital. Ela está em coma. Tentam descobrir o que aconteceu. O hospital me ligará assim que se descobrir alguma coisa.

Milinight fitou Draco nos olhos.

- Espero que ela fique boa.  Para o seu próprio bem.


Gina não viu as notícias nos jornais. Estava no Brasil, tentando comprar uma emissora de tv trouxa.

O telefonema do hospital veio no dia seguinte.

- Vice Ministro, acabamos de receber os resultados dos exames de laboratório. Ela ingeriu uma substância chama de Veneno de Mimbletonia, um grande afrodisíaco bruxo.  Ele se compara à droga trouxa ecstasy.  Tomou-a em forma líquida, que é ainda mais letal.

- E qual é o seu estado?

- Infelizmente, é crítico. Ela permanece em coma. Pode sair ou... - o medi-bruxo hesitou. - Pode acontecer o contrário.

- Por favor, mantenha-me informado.

- Claro. Deve estar muito preocupado vice Ministro.

- Estou, sim.

Draco Malfoy estava numa reunïão quando uma secretárìa chamou-o pelo telefone:

- Com licença, vice Ministro. Há uma ligação para o senhor.

- Eu disse que não queria ser interrompido, Heather.

- É o inominável Andrews, na linha três.

- Ah...

Draco virou-se para os homens em sua sala.

- Vamos terminar mais tarde, senhores. Agora, se me dão licença...

Ele ficou observando-os saírem. Só pegou o telefone depois que a porta foi fechada.

- Carl?

- Draco, que história é essa de sua secretária ser encontrada drogada num banco de parque?

- É verdade, Carl. Uma coisa terrível. Eu...

- Terrível até que ponto? - indagou o inominável Andrews.

- Como assim?

- Sabe muito bem a que estou me referindo.

- Carl, você não acha que eu... Juro que não sei de nada sobre o que aconteceu.

- Espero que não. - A voz do inominável era sombria. Sabe como os boatos circulam depressa no mundo bruxo, Draco. Não queremos nada de negativo ligado a você. Estamos nos preparando para iniciar a manobra. Eu ficaria muito aborrecido se cometesse alguma estupidez.

- Juro que estou limpo.

- Pois então cuide para continuar assim.

- Claro que sim. Eu...

A ligação foi cortada. Draco ficou imóvel, pensando. "Terei de ser mais cuidadoso. Não posso permitir que nada me detenha agora."

Ele olhou para seu relógio, depois pegou o controle remoto da televisão, aparelho trouxa que para Draco era de muita utilidade. Estava na hora do noticiário. Apareceu na tela a imagem de uma rua sitiada, com atiradores de tocaia com varinhas empunhadas. Podia-se ouvir ao fundo o som de explosões. Uma jovem e atraente repórter, vestindo um uniforme de combate e segurando um microfone, dizia:

- O novo tratado deve entrar em vigor à meia-noite de hoje, mas, mesmo que isso aconteça, nunca trará de volta a pacíficas aldeias destruídas neste país dilacerado pela guerra, nem restaurar as vidas dos inocentes que foram mortos no brutal reinado do terror.

A cena mudou para um close de Mila Bulstrode, uma jovem veemente e arrebatada, em colete à prova de balas e bota de combate.

- As pessoas aqui estão famintas e cansadas. Pedem apenas uma coisa... Paz. Virá desta vez? Só o tempo dirá, aqui é Mila Bulstrode do canal de TV bruxa Hogshere. - A cena dissolveu-se num comercial.

Mila Bulstrode era correspondente estrangeira da Hogshere.  Aparecia todos os dias no noticiário e Draco tentava não perder nenhuma de suas transmissões.

Tinha sido sua colega de casa na Sonserina e tinha se tornado uma mulher atraente, muito atraente.

Mila Bulstrode era uma criança viajante. Ao completar onze anos, Mila já vivera em nove países estrangeiros.  Mila era filha única e seus únicos amigos eram seus bichinhos.  Não agüentava a espera.  Tinha que completar onze anos rápido e assim como toda sua família ir para a Sonserina. Era precoce, jovial e extrovertida, mas a mãe se preocupava com o fato de Mila não ter uma infãncia normal.

- Sei que se mudar a cada seis meses deve ser terrivelmente difícil para você, querida.

Mas não era, aquilo era ótimo para ela.  Infelizmente, embora Mila gostasse das constantes mudanças, a mãe detestava. Quando Mila tinha onze anos, a famosa carta de Hogwarts chegou e assim foi para a Escola.

Fora escolhida para a sonserina como sempre quisera e estava feliz da vida.

Enquanto crescia, a jovem Mila sentia-se deprimida cada vez que se olhava no espelho. Era muito baixa, muito magra, muito lisa, muito sem sal. Todas as outras garotas de Hogwarts eram de uma beleza espetacular. Era um patinho feio dentro de Hogwarts. E fazia questão de evitar os espelhos. Se olhasse, Mila teria percebido que aos quatorze anos seu corpo começou a desabrochar. Aos dezesseis, ela se tornara muito atraente. Quando tinha dezessete, os rapazes passaram praticamente a assediá-la. Havia alguma coisa em seu rosto ansioso, no formato de um coração, nos olhos grande e inquisitivos e na risada rouca que a tornava ao mesmo tempo adorável e desafiante.

Mila soubera desde os doze anos de idade como queria perder a virgindade. Seria numa linda noite enluarada, em alguma ilha tropical distante, com as ondas se desmanchando gentilmente na praia. Um estranho bonito e sofisticado se aproximaria para fitá-la nos olhos, até sua alma, e a tomaria nos braços, sem dizer uma palavra sequer e a carregaria para uma palmeira próxima. Os dois se despiriam e fariam amor, enquanto a música ao fundo se elevava para clímax.

Ela acabou perdendo a virgindade em uma das salas do sétimo andar da escola no seu último ano com Goyle, depois de um baile na escola. Ele deu seu anel a Mila e um mês depois, mudou-se com os pais. Mila nunca mais soube dele.

Um mês antes de se formar em Hogwarts, Mila já sabia o que queria ser: jornalista e foi até o Profeta Diário em busca de um emprego como repórter. Um homem no departamento de pessoal examinou seu currículo.

- Quer ser jornalista?

- Isso mesmo.

- Muito bem, você deu sorte. Precisamos de alguém nesse momento. Podemos experimentá-la.

Mila ficou emocionada. Já fizera uma lista dos lugares que queria visitar: Rússia... China... África...

- Sei que não posso começar como correspondente estrangeira - disse ela - mas assim que...

- Certo. Vai trabalhar aqui em pequenos serviços. Cuidará para que os editores tenham café pela manhã. A propósito, eles gostam bem forte. E vai levar os textos para as oficinas.

Mila ficou chocada.

- Não posso...

O homem inclinou-se para frente, franzindo o rosto.

- Não pode o quê?

- Não posso lhe dizer como estou contente por esse emprego.

Todos os repórteres elogiavam Mila pelo café que fazia e ela tornou-se a melhor mensageira que o jornal já tivera.

Algum tempo depois, foi convidada a trabalhar na Tv Hogshere.

Em seis meses, Mila tornou-se uma figura conhecida no mundo bruxo. Era jovem e atraente, com uma inteligência evidente. Ao final do ano, recebeu um aumento generoso.


Ser vice Ministro era ainda mais emocionante do que Draco Malfoy imaginara. O poder era um amante sedutor e Draco o adorava. Suas decisões influenciavam as vidas de centenas de milhares de bruxos. Tornou-se hábil em manipular o poder ministerial e seu prestígio e reputação se expandiam cada vez mais.  Não esquecia as palavras do inominável Andrews: "Isto é apenas um degrau, Draco tome muito cuidado".

E ele era cuidadoso. Teve diversas ligações amorosas, mas foram todas conduzidas com a maior discrição. Sabia que não podia ser de outra forma.

De vez em quando, Draco telefonava para o hospital, indagando sobre o estado de Mirian.

- Ela continua em coma, vice Ministro.

- Mantenham-me informado.

Um dos deveres de Draco como vice Ministro era o de oferecer jantares oficiais. Os convidados eram partidários, personalidades do esporte e do show business, pessoas com influência política e autoridades visitantes. Alicia era uma anfitriã graciosa e Draco gostava da maneira como as pessoas reagiam a ela.

Um dia, Alicia comunicou a Draco:

- Acabei de falar com papai. Ele vai oferecer uma recepção em sua casa no próximo fim de semana. Gostaria que fôssemos. Lá estarão algumas pessoas que ele quer apresentar a você.

Naquele sábado, na suntuosa mansão do inominável Andrews em Godric´s Hollow, Draco viu-se apertando as mãos de algumas das pessoas mais importantes do mundo bruxo. Foi uma linda festa e Draco adorou.

- Está se divertindo, Draco?

- Estou, sim. É uma festa maravilhosa. Não poderia desejar nada melhor.

- Por falar em desejos, isso me lembra de uma coisa. -  disse Jules Milinight. - Outro dia, Elizabeth, minha filha de seis anos, estava rabugenta e não queria se vestir. Betsy começava a ficar desesperada. Elizabeth fitou-a e disse: "Mamãe em que está pensando?" Betsy respondeu: "Meu bem eu apenas desejava que você estivesse de bom humor, que se vestisse logo e comesse o seu desjejum, como uma boa menina." - E Elizabeth declarou: "Mamãe, seu desejo não foi concedido!" Não é sensacional? Essas crianças são fantásticas. Até mais tarde, vice Ministro.

Um casal passou pela porta nesse instante e o inominável Andrews foi cumprimentá-lo.

O embaixador italiano, Atílio Picone, era uma figura imponente, na casa dos sessenta anos, com feições morenas sicilianas. Sua esposa, Sylvia, era uma das mulheres mais lindas que Draco já vira. Fora uma atriz antes de casar com Atílio e ainda era popular na Itália. Draco podia entender por quê. Tinha olhos castanhos grandes e sensuais, o rosto de uma madona, o corpo voluptuoso.  Era 25 anos mais moça do que o marido. O inominável Andrews levou os dois até Draco e apresentou-os.

- É um prazer conhecê-los. - disse Draco.

Ele não conseguia desviar os olhos da mulher. Ela sorriu.

- Tenho ouvido falar muito a seu respeito.

- Nada ruim, espero.

O marido interveio:

- O inominável Andrews fala muito bem de você. Draco lançou um olhar para Sylvia.

- Sinto-me lisonjeado.

O inominável Andrews afastou-se com o casal. Quando tornou a se encontrar com Draco, ele comentou:

- Isso está fora dos seus limites, vice Ministro. Fruto proibido. Dê uma mordida e poderá dar um beijo de despedida em seu futuro.

- Relaxe, Carl. Eu não estava...

- Falo sério.

Ao final da noite, quando Sylvia e o marido foram embora, Atílio disse:

- Foi um prazer conhecê-lo.

- O prazer foi meu.

Sylvia apertou a mão de Draco e murmurou:

- Aguardamos ansiosos a oportunidade de revê-lo.

Os olhos dos dois se encontraram.

- Eu também.

E Draco pensou: "Devo ter o maior cuidado."

Duas semanas depois, em Londres, Draco trabalhava em seu gabinete quando a secretária avisou pelo interfone:

- O inominável Andrews está aqui e deseja lhe falar. - O inominável Andrews está aqui?

- Sim, senhor.

- Mande-o entrar.

Draco sabia que o sogro lutava por um projeto importante no Ministério de Washington e se perguntou o que o trouxera a Londres. A porta foi aberta e o inominável entrou. Jules Milinight o acompanhava. O inominável Carl Andrews sorriu e passou o braço pelos ombros de Draco.

- É um prazer tornar a vê-lo, vice Ministro.

- O prazer é Todo meu, Carl. Bom dia, Jules.

- Bom dia, Draco.

- Espero não estar incomodando. - acrescentou o inominável Andrews.

- Claro que não. Nem um pouco. Há... Alguma coisa errada?

O inominável Andrews olhou para Milinight e sorriu.

- Ora, não creio que se possa dizer que haja alguma coisa errada, Draco. Ao contrário, eu diria que está tudo bem. Draco estudava os dois, perplexo.

- Não estou entendendo.

- Tenho boas notícias para você, filho. Podemos sentar?

- Oh, desculpem! Gostariam de tomar alguma coisa suco de abóbora, cerveja amanteigada, chá de pepino?

- Nada. Já estamos bastante estimulados.

Mais uma vez, Draco se perguntou o que estaria acontecendo.

- Acabo de chegar da sede do Ministério em Washington. Há um grupo muito influente lá que pensa que você será o nosso próximo Ministro da Magia.

Draco sentiu um pequeno arrepio percorrê-lo.

- Eu... É mesmo?

- Para dizer a verdade, vim para cá porque chegou o momento de iniciarmos sua campanha. Faltam menos de dois anos para a eleição.

- É a ocasião oportuna. - declarou Jules com evidente entusiasmo. - Antes de acabarmos, todos no mundo saberão quem é você.

O inominável Andrews acrescentou:

- Jules vai assumir o comando de sua campanha. Cuidará de tudo para você. Sabe que não poderá encontrar ninguém melhor.

Draco olhou para Milinight e disse efusivo:

- Concordo plenamente.

- Será um prazer. Vamos nos divertir um bocado, Draco.

Draco virou-se para o inominável Andrews.

- Não vai custar muito dinheiro?

- Não se preocupe com isso. Convenci alguns amigos de que é o homem em quem devem investir seu dinheiro. - Ele inclinou-se para a frente. - Não se subestime, Draco. A pesquisa que saiu há dois meses o relacionou como o terceiro mais eficiente vice Ministro do Mundo Bruxo. E você tem uma coisa que e os outros não possuem. Já lhe disse isso antes... Carisma.  É algo que o dinheiro não pode comprar. As pessoas gostam de você... E votarão em você.

Draco se sentia cada vez mais excitado.

- Quando começamos?

- Já começamos - respondeu o inominável Andrews. - Vamos formar uma grande equipe de campanha.

- Em termos realistas, quais são as minhas chances?

- Grandes, bem grandes...

N/A:  Olha até eu estou de boca aberta com o Draco, como ele pode ser tão "cachorro"?  Coitada da Alícia, ela parece que gosta dele não é?  E agora temos uma nova personagem na historia: Mila Bulstrone, antiga aluna em Hogwarts e sonserina como o Draco...  O que será que ela tem haver com isso tudo hein?  Boa coisa não deve ser...  Bjus, mil bjus a vocês todos e obrigada por estarem postando seus comentários...

Trecho do próximo capítulo: - Não está entendendo senhora Brown.  Se a senhora me contratar não vai se arrepender.

- Então me diga algo que me convenceria a contratá-la senhorita... – disse se divertindo com a situação.  Gostava de pessoas petulantes e determinadas.

- Bem, posso destruir Draco Malfoy...

Gina pensou no assunto, a proposta não era de todo ruim.  Na verdade, era tentadora.

- Acho que estamos começando a falar a mesma língua.