Capítulo 10 – A eleição de Malfoy

A reunião se prolongou por quatro horas. Quando acabou, o inominável Andrews disse a Milinight:

- Jules, pode nos dar licença por um minuto?

- Pois não, inominável.

Os dois observaram-no deixar a sala. Só depois é que inominável declarou:

- Tive uma conversa com Alicia esta manhã.

Draco sentiu um calafrio de alarme.

- É mesmo?

O inominável Andrews fitou-o nos olhos e sorriu.

- Ela está muito feliz.

Draco deixou escapar um suspiro de alívio.

- Fico contente por isso.

- Eu também, filho, eu também. Mas não deixe de manter o fogo doméstico aceso. Entende o que estou querendo dizer, não é mesmo?

- Não se preocupe com isso, Carl. Eu...

O sorriso do inominável Andrews se desvaneceu.

- Claro que me preocupo, Draco. Não posso culpa-lo por ter tesão... Mas não deixe que isso o transforme num sapo, não quero minha filha infeliz.

Atravessando o corredor da sede do governo estadual, o inominável Andrews disse a Jules Milinight:

- Quero que comece a recrutar a equipe. Não poupe nas despesas.

- Ele dará um maravilhoso Ministro.

O inominável Andrews acenou com a cabeça.

- E eu o terei no meu bolso. Será o meu fantoche. Mexerei os dedos  e o Ministro da Magia falará.

O inominável Andrews estava certo sobre Jules Milinight. Era um

dos melhores supervisores políticos do mundo, e criou uma organização magnífica. Como Milinight era um homem dedicado à família. Como sabia o que fazia a política funcionar, era também capaz de persuadir os liberais a pôr de lado as divergências e trabalharem juntos. Jules

Milinight era um brilhante executivo de campanha e sua venda preta sobre um olho tornou-se uma presença familiar nas redes de televisão bruxa e nos jornais.

O inominável Andrews apresentou Sime Lombardo a Draco. Era um meio-gigante, alto e corpulento, sinistro na aparência física e na parte emocional, um homem taciturno, que falava pouco.

- Como ele entra no quadro? - perguntou Draco ao sogro quando tinham ficado a  sós.

O inominável Andrews explicou:

- Sime é nosso solucionador de problemas. Às vezes as pessoas precisam de um pouco de persuasão para aceitarem o óbvio. E Sime sabe ser muito convincente.

Draco não quis saber de mais nada.

Quando a campanha ministerial começou para valer, Jules Milinight dava instruções detalhadas a Draco sobre o que dizer, quando dizer e como dizer. Cuidou para que Draco visitasse todos os lugares interessantes do mundo bruxo. E, aonde quer que fosse, Draco dizia às pessoas o que elas queriam ouvir. 

No início, quando Draco era relativamente desconhecido as chances se acumulavam contra ele. À medida que a campanha prosseguiu, no entanto, as pesquisas mostraram sua ascensão.

Jules Milinight e Sime Lombarco cuidavam para que o vice Ministro Draco Malfoy estivesse sempre diante das câmeras.

Havia meia dúzia de outros candidatos em potencial no partido de Draco, mas o inominável Andrews trabalhara nos bastidores para assegurar que, um a um, fossem eliminados. Era implacável ao cobrar os favores devidos.

Jules Milinight trabalhava frenético para que o trem da propaganda continuasse a rolar. O passo seguinte era escolher um vice-Ministro.

- Quero que escolham Crabbe.  É um idiota completo, mas confio nele.  Nunca me trairia.

- Eles vão se complementar. - comentou Milinight. - agora começa o trabalho de verdade. Vamos atrás do número mágico... Duzentos e setenta.

Era o número de votos eleitorais necessários para conquistar o Ministério. Milinight disse a Draco:

- As pessoas querem um líder jovem... Bem-apessoado um pouco de humor, dotado de visão... Querem que você lhe diga como são maravilhosas... E querem acreditar que são mesmo... Deixe-as saberem que você é inteligente, mas não demais... Se atacar seu adversário, mantenha a crítica num nível impessoal... Nunca desdenhe um repórter. Trate todos como amigos e serão seus amigos... Tente evitar qualquer demonstração de mesquinharia.

A campanha foi incessante.

Alicia acompanhava Draco na maioria dos eventos e ele não pôde deixar de admitir que a esposa era um grande trunfo. Era uma mulher atraente e inteligente, contava com a simpatia dos repórteres.

De vez em quando, Draco lia sobre as últimas aquisições de Gina: um jornal em Madri, uma emissora de televisão no Brasil, uma emissora de rádio no Kansas. Sentia-se feliz pelo sucesso de Gina, pois diminuía o sentimento de culpa pelo que lhe fizera.

Por toda parte, os jornalistas fotografavam, entrevistavam e noticiavam a presença de Draco. Havia mais de cem correspondentes cobrindo sua campanha. À medida que a campanha se aproximava do clímax, as pesquisas indicavam que Draco Malfoy estava na frente. Mas, inesperadamente, seu adversário, Joseph Cannon, começou a ultrapassá-lo. Jules Milinight ficou preocupado.

- Cannon tem subido nas pesquisas. Precisamos detê-lo. Foram acertados dois debates na televisão entre Cannon e Draco.

- Cannon vai falar sobre a economia e se sairá muito bem - disse Milinight a Draco. - Temos de enganá-lo. Meu plano é o seguinte...

Na noite do primeiro debate, na frente das câmeras de televisão, Cannon falou sobre a economia bruxa e sobre seus planos de integração bruxo-trouxa.

Draco retorquiu falando que o fato da economia estar tão bem era o fato de ter despedido vários funcionários. E assim por diante. Onde Cannon falara sobre a economia, Draco Malfoy assumiu uma posição humanitária e discursou sobre emoções e oportunidades, Quando terminou, Malfoy conseguira fazer com que Cannon parecesse um bruxo de sangue-frio, que não dava a menor importância ao povo bruxo. Na manhã seguinte ao debate, as pesquisas indicaram uma nova mudança, com Draco Malfoy a três pontos de Cannon.

Draco, Alicia e o inominável Andrews estavam jantando na mansão do inominável, em Godric´s Hollow. O inominável sorriu para Alicia.

- Acabei de ser informado sobre as últimas pesquisas. Acho que você pode iniciar os planos para redecorar aquelas salas do Ministério.

O rosto de Alicia se iluminou.

- Acha mesmo que vamos ganhar, papai?

- Tenho me enganado numa porção de coisas, meu bem, mas nunca sobre política. Afinal, a política é o sangue da minha vida. Em novembro teremos um novo Ministro... E ele está sentado ao seu lado.


Mila queria a qualquer preço ser uma repórter de um jornal famoso.  A TV esta indo de mal a pior e seria bom saltar do barco antes de ele afundar.  Precisava de outro emprego e rápido.

Lia os jornais todos os dias, para ter idéias do que fazer.  Mas nada.  Um dia quando estava lendo o Phoenix Star, comandado por Virgínia Weasley e teve a brilhante idéia.  Iria conseguir um emprego lá ou não se chamava Mila Bulstrode.

Na manhã seguinte,  Mila programou uma chave de portal e viajou até Phoenix.  Não sabia se Gina iria atende-la, mas tentaria e se fosse possível conseguiria.

Entrou no reformado prédio do Phoenix Star e dirigiu-se à recepcionista.

- Bom dia, gostaria de falar com a senhora Brown.  Virgínia Weasley Brown.

- Um minuto que eu a anunciarei, senhora…

- Bulstrode.  Mila Bulstrode.

- Senhora Brown?  Há uma senhora aqui embaixo querendo falar com a senhora e insiste que é importante.

- Gioveta, não posso atender ninguém agora.  Peça para a senhora voltar mais tarde.

- Então tudo bem.  Obrigada.

Desligou o telefone e se dirigiu à Mila.

- Creio que não será possível. 

- Por que não?  Eu vim de Londres só para falar com a senhora Brown e ela não me atenderá?  Por favor, explique a minha situação para ela.

- Posso até ligar novamente, mas acho difícil que ela mude de decisão.

- Senhora Brown.  A senhora Bulstrode insiste em lhe falar, disse que veio de Londres especialmente para vê-la.

- Especialmente de Londres?  Nossa, veio de longe, mas não posso atende-la agora.  Se ela quiser esperar, talvez eu possa atende-la no fim da tarde.

Desligou o telefone novamente e disse:

- Ela disse que se você quiser esperar, ela vai tentar atende-la à tarde...  Mas não é nada certo.  Se quiser é a segunda porta no fim do sétimo andar.

- Obrigada Giovetta.  Nunca vou esquecer o que me fez.

- Mas eu não fiz nada...

Mila foi para o local indicado e ficou aguardando por várias horas ate que Gina apareceu na ante-sala.

- Senhorita Bulstrode?

- Sim.

- Gostaria de pedir-lhe as minhas desculpas por a ter deixado esperando tanto tempo.  Gostaria de falar comigo?

-  Sim.

- Ok.  Entre...

Mila entrou no grande escritório de Gina que outrora tinha sido de Louis.

- E então?

- Senhora Gina, estou aqui porque gostaria de trabalhar no seu jornal.  Sou uma repórter e...

- Ah é isso... Desculpe-me senhorita, mas não temos vagas no momento.  Se quiser deixar seu curriculum, quando tivermos uma vaga a chamaremos para uma entrevista.

- Não está entendendo senhora Brown.  Se a senhora me contratar não vai se arrepender.

- Então me diga algo que me convenceria a contratá-la senhorita... – disse se divertindo com a situação.  Gostava de pessoas petulantes e determinadas.

- Bem, posso destruir Draco Malfoy...

Gina pensou no assunto, a proposta não era de todo ruim.  Na verdade, era tentadora.

- Acho que estamos começando a falar a mesma língua.


À medida que se aproximava o dia da eleição, a disputa ministerial tornou-se mais acirrada.

Todos se mostravam preocupados, menos o inominável Andrews.

- Tenho um faro para essas coisas - garantia ele.  E posso sentir o cheiro da vitória.

E no Hospital St. Mungus, Mirian Friedland continuava em coma.

No dia da eleição, a primeira terça-feira de novembro, Gina ficou em casa para acompanhar a apuração pela televisão. Draco Malfoy venceu por mais de dois milhões de votos populares e uma grande maioria dos votos eleitorais.  Draco Malfoy era agora o Ministro da Magia do Ministério da Magia.

Ninguém seguira a campanha eleitoral mais atentamente do que Virgínia Weasley Brown. Estivera ocupada expandindo seu império e adquirira uma rede de jornais e emissoras de televisão e rádio por todo o mundo.

- Quando teremos o suficiente? - perguntou seu editor-chefe, Darin Solana.

- Em breve. - respondeu Gina. - Muito em breve. Havia mais um passo que ela precisava dar, e a última peça finalmente se ajustou no lugar num jantar em Scottsdale, em Londres.

Um convidado comentou:

- Eu soube confidencialmente que Margaret Portman vai se divorciar.

Margaret Portman era a proprietária do Profeta Diário.

Gina não fez qualquer comentário, mas no início da manhã seguinte telefonou para Chad Morton, um dos seus advogados.

- Quero que descubra se o Profeta Diário está à venda.

A resposta veio mais tarde, naquele mesmo dia:

- Não sei como descobriu, Sra. Brown, mas parece que é isso mesmo. A Sra. Portman e o marido estão se divorciando com a maior discrição e dividindo o patrimônio. Acho que o Profeta Diário está à venda.

- Quero comprar.

- Está falando de um mega negócio. O Profeta Diário é o jornal de maior circulação no mundo bruxo.

- Isso, eu o quero...

Naquela tarde, Gina e Chad Morton foram para Londres.

Gina telefonou para Margaret Portman, a quem conhecera casualmente poucos anos antes.

- Estou em Londres e... - Eu já sabia.

"As notícias circulam depressa" - pensou Gina.

- Soube que talvez esteja interessada em vender o Profeta Diário.

- É possível.

- Poderia arrumar uma visita minha ao jornal?

- Está interessada em comprar, Gina?

- É possível.

Todos no Profeta estavam a par da venda iminente.

- Seria um erro vender o Profeta Diário. - comentou Matt Baker, incisivo.

- O que o leva a dizer isso?

- Em primeiro lugar, duvido que ela saiba alguma coisa sobre o mercado jornalístico. Viu o que ela fez com os outros jornais que comprou? Transformou jornais respeitáveis em tablóides vulgares. Ela vai destruir o Profeta Diário e...

Ele virou a cabeça. Gina Brown estava parada na porta, escutando. Margaret Portman apressou-se em falar:

- Gina! Que prazer tornar a vê-la! Este é Matt Baker, editor-chefe do Profeta Diário.

Houve uma troca de cumprimentos frios.

- Matt vai lhe mostrar nossas instalações.

- Estou ansiosa em conhecer tudo

Matt Baker respirou fundo.

- Certo. Vamos começar.

Logo no início da visita Matt Baker disse, em tom condescendente:

- A estrutura é simples. No topo fica o editor-chefe...

- Que é o senhor.

- Isso mesmo. E por baixo de mim ficam o editor-executivo e todas os editoriais.

- Espantoso. Quantos empregados o Profeta Diário tem, sr. Baker?

- Mais de cinco mil.

- É para cá que o editor de notícias traz as matérias. É ele quem decide onde as fotos vão entrar, que notícias vão sair em que página. O pessoal do copydesk escreve os títulos, edita as reportagens e junta tudo na seção de composição.

- Fascinante.

- Está interessada em conhecer a gráfica?

- Claro. Gostaria de ver tudo.

Matt Baker resmungou alguma coisa.

- Como?

- Eu disse que terei o maior prazer.

Desceram pelo elevador e foram para o prédio seguinte. O parque gráfico tinha quatro andares de altura e era do tamanho de quatro campos de futebol americano. Tudo no vasto espaço era automatizado. Havia trinta carrinhos robotizados, carregando as enormes bobinas de papel, que deixavam em posições determinadas e coisas voando por todos os lados. Baker explicou:

- Cada bobina pesa mais de uma tonelada. Se desenrolasse uma, teria oito quilômetros de comprimento. O papel entra nas rotativas a uma velocidade de trinta e quatro quilômetros horários. Alguns dos carros maiores podem carregar dezesseis bobinas ao mesmo tempo.

Havia seis rotativas, três em cada lado. Gina e Matt Baker tinham ficado parados ali, observando os jornais serem magicamente montados, cortados, dobrados, reunidos em fardos e levados para os caminhões à espera.

- No passado, precisávamos de cerca de trinta homens. para fazer o que um só pode realizar hoje - comentou Matt Baker. - A era da tecnologia.

Gina fitou-o em silêncio por um momento.

- A era do enxugamento.

- Está interessada na economia da operação? - indagou Matt Baker, secamente. - Talvez prefira que seu advogado ou contador...

- Estou muito interessada, Sr. Baker. Seu orçamento editorial é de quinze milhões de galeões. Sua circulação diária é de 816.474 exemplares, com 1.140.498 aos domingos. A previsão de publicidade é de sessenta e oito vírgula dois.

Matt piscou, aturdido.

- Com todos os jornais da rede, sua circulação diária é de mais de dois milhões de exemplares, com dois milhões e quatrocentos mil aos domingos. È o maior jornal do mundo bruxo, não é mesmo, sr. Baker?

Ele respirou fundo.

- Desculpe. Eu não sabia...

- No Japão, há mais de duzentos jornais diários, inclusive o Asahi Shimbun, Mainchi Shinbun e Yomiuri Shimbu. Está me acompanhando?

- Claro. Peço desculpas se pareci condescendente.

- Desculpas aceitas, sr. Baker. Vamos voltar à sala e a  sra. Portman.

Na manhã seguinte, Gina estava numa sala de reunião no Profeta Diário, diante da sra. Portman e de meia dúzia de advogados.

- Vamos falar sobre o preço. - propôs Gina.

A discussão prolongou-se por quatro horas. Ao final, Virgínia Weasley Brown era a proprietária do Profeta Diário.

Saíra mais caro do que Gina previra. Mas não importava. Havia outra coisa que era muito mais importante.  Iria mandar Mila Bulstrode para trabalhar no Profeta Diário.

N/A:  Décimo capítulo, esta fic está evoluindo muito rápido e é graças a vocês

Trecho do próximo capítulo: