Capítulo 14 – Judd Houston

Foi uma camareira quem encontrou o cadáver da moça esparramado no chão.

- Por Merlin.

Ela fez o sinal da cruz e saiu correndo da suíte, gritando por socorro.

Minutos depois, Jeremy Robinson e Thor Juless, o chefe da segurança do hotel, estavam na Suíte Imperial, olhando para o corpo nu da moça.

- Oh, Deus! Ela não pode ter mais que dezesseis ou dezessete anos! - Thor virou-se para o gerente. - É melhor chamarmos o Ministério.

- Espere!

Ministério. Jornais. Publicidade. Por um momento de desespero, Robinson especulou se seria possível remover o corpo da moça do hotel sem que ninguém soubesse. Mas depois murmurou, relutante:

- Acho que sim.

Thor Juless tirou um lenço do bolso e usou-o para pegar o telefone.

- O que está fazendo? - indagou Robinson. - Isto não é uma cena do crime. Foi um acidente.

- Ainda não sabemos, não é? - Juless discou um número e esperou.

- Homicídios.


O auror Nick Reese era alto e musculoso. Começara como um guarda de ronda no Departamento de Ordem das Ruas e, pouco a pouco, fora sendo promovido: chefe de ronda. Passara de auror D2 a auror D1, e nos últimos dez anos resolvera mais casos do que qualquer outro no Departamento de Homicídios.

O auror Reese parou ali, estudando a cena em silêncio. Havia mais meia dúzia de homens na suíte.

- Alguém tocou nela? - Robinson estremeceu.

- Não.

- Quem é ela?

- Não sei.

Reese virou-se para o gerente do hotel.

- Uma moça é encontrada morta na Suíte Imperial e você não tem a menor idéia de quem ela seja? Este hotel não tem um registro de hóspedes?

- Claro que tem, auror, mas neste caso... - ele hesitou.

- Neste caso... ?

- A suíte foi registrada em nome de Sophy Willemsen.

- E quem é Sophy Willemsen?

- Não tenho a menor idéia.

O auror Reese começava a ficar impaciente.

- Se alguém alugou esta suíte, teve de pagar em galeões. E quem registrou esse Willemsen deve ter dado uma boa olhada nela. Quem foi?

- Nosso recepcionista do dia, Yourdon.

- Quero falar com ele.

- Eu... Receio que seja impossível.

- É mesmo? Por quê?

- Ele partiu em férias hoje.

- Telefone para ele.

Robinson suspirou.

- Ele não disse para onde ia.

- Quando voltará?

- Dentro de duas semanas.

- Vou lhe contar um segredinho. Não planejo esperar por duas semanas. Quero algumas informações agora. Alguém deve ter visto alguém entrando ou saindo desta suíte.

- Não necessariamente - murmurou Robinson, num tom de quem se desculpava. - Além da saída regular, esta suíte campanha com um elevador privativo que desce direto para a garagem subterrânea... Mas não sei por que essa confusão toda. Afinal, é óbvio que foi um acidente. Ela devia ser uma viciada, tomou uma overdose, tropeçou e caiu.

Outro auror aproximou-se de Reese.

- Verifiquei os armários. Nada além de um vestido e um sapato.

- Não há nada para identificá-la?

- Não. Se ela tinha uma bolsa, desapareceu.

O auror Reese tornou a estudar o corpo. Virou-se para um guarda parado ali perto.

- Vá me buscar um sabonete. Molhado.

O guarda fitou-o com uma expressão espantada.

- Como?

- Um sabonete molhado.

- Pois não, senhor.

O guarda se retirou, apressado. O auror Reese agachou-se ao lado do corpo da moça e estudou o anel em seu dedo.

- Parece um anel de escola.

Um minuto depois, o guarda voltou e entregou a Reese um sabonete molhado.

Com o maior cuidado, Reese esfregou o sabonete no dedo da moça, depois retirou o anel. Virou-o de um lado para outro, examinando-o.

- É um anel de turma da Escola de Beauxbatons. Tem as iniciais, PY - Ele virou-se para seu parceiro. - Verifique. Telefone para a escola e descubra quem é ela. Temos de obter uma identificação o mais depressa possível.

- Bem, parece que Sophy Willemsen não é um nome verdadeiro.

- Não tire conclusões precipitadas, filho.

O auror Eduard Nilson, um dos técnicos em impressões digitais, aproximou-se do auror Reese.

- Há uma coisa esquisita aqui, Nick. Estamos encontrando impressões digitais por toda parte, mas alguém se deu ao trabalho de limpar todas as maçanetas.

- O que significa que havia alguém com ela aqui no momento da morte. Por que ele não chamou um medi-bruxo? Por que se deu ao trabalho de limpar as impressões digitais? E o que uma moça tão jovem faz numa suíte tão cara?

Ele virou-se para Robinson.

- Como a suíte foi paga?

- Nossos registros indicam que foi paga em dinheiro. Um mensageiro trouxe o envelope. A reserva foi feita pelo telefone.

A médica-legista interveio:

- Já podemos remover o corpo agora, Nick?

- Só mais um instante. Encontrou marcas de violência?

- Só o trauma na testa. Mas é claro que ainda faremos a autópsia.

- Marcas de picadas?

- Não. Ela tem os braços e pernas limpas.

- A impressão é de que foi estuprada?

- Teremos de verificar.

O auror Reese suspirou.

- Então o que temos aqui é uma estudante de Beauxbatons que vem a Londres e acaba morrendo num dos mais dispendiosos hotéis da cidade. Alguém limpa suas impressões digitais e desaparece. Toda a coisa fede. Quero saber quem alugou esta suíte.

Ele virou-se para a legista. – Pode levá-la agora. - Reese olhou para o auror Nilson.

- Verificou as impressões digitais no elevador privativo?

- Verifiquei. O elevador desce da suíte direto para a garagem subterrânea. Só tem dois botões. Ambos foram limpos. E no mais, a pessoa poderia ter aparatado.

- Examinou a garagem?

- Claro. Não há nada de estranho por lá.

- Quem fez isso teve o maior trabalho para encobrir suas pegadas. Ou é alguém com ficha no Ministério ou alguém muito importante se divertindo com uma colegial. - Ele virou-se para Robinson.

- Quem costuma alugar esta suíte?

Robinson respondeu com evidente relutância:

- É reservada para os nossos hóspedes mais importantes. Reis, vice-ministros... - ele hesitou. - Ministros.

- Foi feita alguma ligação deste telefone nas últimas vinte e quatro horas?

- Não sei.

O auror Reese estava começando a se irritar.

- Mas haveria um registro, se foi feita alguma?

- Claro.

O auror Reese pegou o telefone.

- Telefonista, aqui é o auror Nick Reese. Quero saber se foi feita alguma ligação da Suíte Imperial nas últimas vinte e quatro horas... Eu espero.

Ele observou os homens de jaleco branco da equipe da médica-legista cobrirem a moça nua com um lençol e ajeitarem o corpo numa maca. "Ela nem começara ainda a viver" - pensou Reese.

Neste momento, ele ouviu a voz da telefonista:

- Auror Reese?

- Pois não?

- Houve uma ligação da suíte ontem. Era uma chamada local.

Reese pegou um bloco e uma caneta.

- Qual foi o número?... Quatro-cinco-seis-sete-zero-quatro-um?...

Reese anotou os números, mas parou abruptamente. Ficou olhando aturdido para o bloco.

- Por Merlin!

- Qual é o problema? - perguntou o auror Nilson.

Reese levantou os olhos.

- Este é o número do Ministério.


Na manhã seguinte, ao desjejum, Alicia perguntou:

- Onde esteve na noite passada, Draco?

O coração de Draco disparou. Mas ela não podia saber o que tinha acontecido. Ninguém podia. Absolutamente ninguém.

- Eu me reuni com...

Alicia não o deixou continuar:

- A reunião foi cancelada. Mas você não voltou até três horas da madrugada.

Tentei localizá-lo. Onde estava?

- Surgiu um problema. Por quê? Você precisava... ? Houve alguma coisa errada?

- Não tem mais importância agora. - disse Alicia, cansada. - Draco, você não está apenas me magoando, mas também prejudicando a si mesmo. Chegou até aqui. Não quero vê-lo perder tudo porque... Porque não consegue... - Os olhos de Alicia tinham ficado marejados de lágrimas. Draco levantou-se e foi abraçá-la.

- Está tudo bem, Alicia. Eu a amo demais.

"E amo mesmo, à minha maneira" - pensou Draco. – "O que aconteceu ontem à noite não foi culpa minha. Foi ela quem me chamou. Mas eu nunca deveria ter atendido".

Ele tomara todas as precauções possíveis para não ser visto. "Estou são e salvo" - concluiu Draco.

Jules Milinight estava preocupado com Draco. Aprendera que era impossível controlar a libido de Draco Malfoy e finalmente fizera um acordo. Em algumas noites, Jules Milinight providenciava reuniões fictícias para o Ministro comparecer, fora do Ministério, e providenciava para que a escolta do Serviço Secreto desaparecesse por umas poucas horas. Quando Jules Milinight procurara o inominável Andrews para se queixar do que estava acontecendo, o inominável lhe dissera, calmamente:

- Afinal, Jules, Draco é um homem de sangue muito quente. Às vezes é impossível controlar paixões assim. Admiro profundamente seu senso moral, Jules. Sei o quanto a família significa para você e como o comportamento do Ministro lhe deve ser desagradável. Mas não vamos julgá-lo. Apenas continue a providenciar para que tudo seja feito com a maior discrição.


O auror Nick Reese detestava entrar na sala de autópsia, de paredes brancas, inóspita. Quando passou pela porta, a legista, Cho Chang, uma mulher pequena e atraente, já o esperava.

- Bom dia - disse Reese. - já terminou a autópsia?

- Tenho um relatório preliminar para você, Nick. A moça não morreu do ferimento na cabeça. Tinha sofrido uma parada cardíaca antes de bater na mesa. Morreu de uma overdose de metilenedioximetanfetamina.

Ele suspirou.

- Não faça isso comigo, Cho.

- Desculpe. Nas ruas, é o que se costuma chamar de Veneno de Mimbletonia. Tem o mesmo efeito do ecstasy trouxa. - Ela estendeu um relatório de autópsia. - Aqui está o que temos até agora.

Nick Reese levantou os olhos.

- Portanto, se tudo isto for traduzido para uma linguagem normal, ela morreu de uma overdose de Veneno de Mimbletonia?

- Isso mesmo.

- Foi sexualmente agredida?

Cho Chang hesitou.

- O hímen foi rompido, havia vestígios de sêmen e um pouco de sangue nas coxas.

- Portanto, foi estuprada.

- Não creio.

- Como assim? - indagou Reese, franzindo o rosto.

- Não havia sinais de violência.

O auror Reese ficou perplexo.

- O que está querendo dizer?

- Acho que a moça era virgem. Essa foi a sua primeira experiência sexual.

O auror Reese ficou imóvel, digerindo a informação.

Alguém conseguira persuadir uma virgem a subir para a Suíte Imperial e fazer sexo. Tinha de ser alguém que ela conhecia. Ou alguém famoso e poderoso.

O telefone tocou. Cho Chang atendeu.

- Centro de autópsia. - Ela ouviu por um momento, depois estendeu o fone para o auror. - É para você.

Nick Reese pegou o telefone.

- Reese. - Seu rosto se animou. - Ah, sim, Madame Maxime. Obrigado por me telefonar. Encontrei um anel de turma da sua escola, com as iniciais PY. Tem alguma aluna com essas iniciais?... Eu agradeceria. Obrigado. Ficarei esperando.

Ele olhou para a legista.

- Tem certeza de que ela não foi estuprada?

- Não encontrei sinais de violência. Nenhum.

- Ela poderia ter sido penetrada depois que morreu?

- Eu diria que não.

Madame Máxime voltou ao telefone.

- Auror Reese?

- Estou ouvindo.

- Tínhamos um aluno com essas iniciais. Paul Yerby. E ela se encontra em Londres neste momento. Está de férias.

- Muita obrigada Madame Maxime. Agradeço a sua cooperação.

Nick Reese desligou e olhou para a legista.

- Pode me avisar quando a autópsia estiver pronta, Cho?

- Claro. Boa sorte, Nick.

Ele acenou com a cabeça.

- Acho que terei.


O Caldeirão Furado ficava no Beco Diagonal e a uma distância que dava para se percorrer a pé do Ministério. O auror Reese entrou no saguão antiquado e foi até a recepção, que era um pouco, digamos, suja.

- Tem um estudante chamado Paul Yerby hospedado aqui?

- Desculpe, mas não damos...

Reese mostrou sua insígnia.

- Estou com pressa, amigo.

- Pois não, senhor. – O dono do bar, Tom, procurou no registro. - Há uma Sr. Yerby no

quarto 31S. Devo... ?

- Não. Farei uma surpresa. Fique longe do telefone.

Reese aparatou em frente ao apartamento de Yerby. Podia ouvir vozes lá dentro. Desabotoou o botão do paletó e bateu na porta. Foi aberta por um rapaz ao final da adolescência.

- Pois não?

- Paul Yerby?

- Não. - O garoto virou-se para alguém no quarto. Paul, tem um homem aqui querendo falar com você.

Nick Reese entrou no quarto. Um rapaz magro, de cabelos desgrenhados, usando jeans e uma suéter, saía do banheiro.

- Paul Yerby?

- Isso mesmo. Quem é você?

Reese mostrou sua insígnia do Ministério.

- Auror Nick Reese. Homicídios.

O garoto ficou pálido.

- Eu... O que deseja?

Nick Reese pôde farejar o medo. Tirou do bolso o anel da moça morta e estendeu-o.

- Já viu este anel antes, Paul?

- Não - respondeu Yerby, depressa demais. - Eu...

- Tem suas iniciais.

- É mesmo? Há... - ele hesitou. - Talvez seja meu. Devo ter perdido em algum lugar.

- Ou deu a alguém?

O garoto passou a língua pelos lábios.

- Há... E possível.

- Vamos para o Ministério, Paul.

O garoto estava nervoso.

- Vai me prender?

- Algum motivo para isso? - perguntou o auror Reese. - Por acaso cometeu um crime?

- Claro que não. Eu... - ele não foi capaz de continuar.

- Então por que eu o prenderia?

- Há... Não sei. Também não sei por que quer me levar para o Ministério.

Ele olhava para a porta aberta. O auror Reese Pegou-o pelo braço.

- Vamos quietinho.

O outro rapaz indagou:

- Quer que eu telefone para sua mãe ou para outra pessoa, Paul?

Paul Yerby sacudiu a cabeça, desesperado.

- Não precisa. Não ligue para ninguém. - Sua voz era um sussurro.


Enquanto Paul Yerby era fotografado e tirava as impressões digitais, o auror Reese foi falar com o capitão Joseph McLagan.

- Acho que temos uma abertura no caso do Monroe Arms.

McLagan recostou-se na cadeira.

- Continue.

- Peguei o namorado da garota. Ele está apavorado. Vamos interrogá-lo agora. Quer acompanhar?

O capitão McLagan acenou com a cabeça para uma pilha de papéis em sua mesa.

- Estarei ocupado nos próximos meses. Mande-me um relatório.

- Certo.

O auror Reese encaminhou-se para a porta.

- Nick... Não se esqueça de ler os direitos dele.

Paul Yerby foi levado para uma sala de interrogatório. Era pequena, com uma mesa escalavrada, quatro cadeiras e uma câmera de vídeo. Havia um espelho de fundo falso, para que policiais pudessem acompanhar o interrogatório da sala ao lado.

Paul Yerby fitava Nick Reese e dois outros detetives, Doug Hogan e Edgar Bernstein.

- Sabe que estamos gravando esta conversa? - perguntou Reese.

- Sim, senhor.

- Tem direito à presença de um advogado. Se não puder contratá-lo, o Ministério designará um para representá-lo.

- Gostaria de ter um advogado presente? - indagou Bernstein.

- Não preciso de um advogado.

- Muito bem. Você tem o direito de permanecer calado. Se renunciar a esse direito, qualquer coisa que disser aqui poderá ser usada contra você no Tribunal Inquisitorial do Ministério. Entendido?

- Sim, senhor.

- Qual é o seu nome?

- Paul Yerby.

- Endereço.

- Marian Street, 320, Denver, Colorado. Não fiz nada de errado. Eu...

- Ninguém disse que fez. Só estamos tentando obter algumas informações, Paul. Gostaria de nos ajudar, não é mesmo?

- Claro, mas... Não sei qual é o problema.

- Não tem nenhuma idéia?

- Não, senhor.

- Tem namoradas, Paul?

- Ora, vocês sabem...

- Não, Paul, não sabemos. Por que não nos conta?

- Claro. Saio com garotas...

- Está querendo dizer que marca encontros e sai com garotas a sós?

- Isso mesmo.

- Costuma sair mais com alguma garota em particular? Houve um momento de silêncio.

- Tem uma namorada, Paul?

- Tenho.

- Como ela se chama? - perguntou o auror Bernstein.

- Judd.

- Judd o quê? - indagou o auror Reese.

- Judd Houston.

Reese escreveu uma anotação.

- Qual é o endereço dela, Paul?

- Oak Street, 602, Denver.

- Como se chamam os pais dela?

- Ela vive com a mãe.

- E o nome da mãe?

- Jackie Houston. Ela é do Ministério da Magia em Colorado.

Os aurores trocaram um olhar. "Merda! Isso é tudo o que precisamos!"

Reese suspendeu o anel.

- Este anel é seu, Paul?

O rapaz estudou-o por um momento, depois murmurou, relutante:

- E, sim.

- Deu este anel a Judd? Ele engoliu em seco, nervoso.

- Eu... Acho que sim.

- Não tem certeza?

- Estou lembrando agora. Dei, sim.

- Veio a Washington com alguns colegas, certo? Um grupo da escola?

- Isso mesmo.

- Judd fazia parte desse grupo?

- Sim.

- Onde está Judd agora, Paul? - perguntou o auror Bernstein.

- Eu... Não sei.

- Quando a viu pela última vez? - indagou Hogan.

- Acho que há uns dois dias.

- Dois dias? - repetiu Reese.

- Isso mesmo.

- E onde foi? - perguntou Bernstein.

- Aqui mesmo no Ministério.

Os aurores trocaram um olhar de surpresa.

- Ela esteve aqui? - indagou Reese.

- Sim, senhor. Viemos numa excursão particular. A mãe de Judd arrumou.

- E Judd foi com vocês? - perguntou o auror Hogan.

- Sim, senhor.

- Aconteceu alguma coisa fora do normal nessa visita? - indagou Bernstein.

- Como assim?

- Encontraram ou conversaram com alguém durante a visita? - perguntou Bernstein.

- Claro. Com o guia.

- E isso foi tudo? - indagou Reese.

- Foi, sim.

- Judd passou o tempo todo com o grupo? - perguntou o auror Hogan.

- Passou... - Yerby hesitou. - Não. Ela se afastou para ir ao banheiro. Demorou

cerca de quinze minutos. Quando voltou, ela...

O rapaz não continuou.

- Ela o quê? - perguntou Reese.

- Nada. Ela apenas voltou.

Era evidente que ele mentia.

- Filho - murmurou Reese -, sabia que Judd Houston está morta?

Eles o observavam atentamente.

- Oh, Deus, não! O que aconteceu?

A expressão de surpresa em seu rosto podia ter sido simulada.

- Não sabe? - perguntou o auror Bernstein.

- Não! Eu... Não posso acreditar!

- Não teve nada a ver com a morte dela? - indagou Hogan.

- Claro que não! Eu amo... Amava Judd!

- Alguma vez foi para a cama com ela? - perguntou Bernstein.

- Não. Estávamos... Estávamos esperando. Íamos casar.

- Mas às vezes tomavam drogas juntos? - indagou o auror Reese.

- Não! Nunca tomamos drogas!

A porta foi aberta nesse instante e um corpulento auror, Laurence Baker, entrou na sala. Ele foi até Reese e sussurrou alguma coisa em seu ouvido. Reese balançou a cabeça. Ficou olhando para Paul Yerby por um longo momento, antes de perguntar.

- Quando foi a última vez que viu Judd Houston?

- Já disse que foi no Ministério.

Ele mudou de posição na cadeira, apreensivo. O auror Reese inclinou-se para a frente.

- Sua situação é complicada, Paul. Suas impressões digitais estão por toda a Suíte Imperial, no Monroe Arms Hotel. Como isso aconteceu?

Paul Yerby ficou imóvel, muito pálido.

- Pode parar de mentir agora. Temos provas contra você.

- Eu... Eu não fiz nada.

- Reservou a suíte no Monroe Anus Hotel? - perguntou o auror Bernstein.

- Não, não fui eu. A ênfase foi no "eu".

O auror Reese pressionou:

- Mas sabe quem foi?

- Não. - A resposta saiu rápida demais.

- Admite que esteve na suíte? - indagou Hogan.

- Estive, mas... Judd continuava viva quando fui embora.

- Por que foi embora? - perguntou Hogan.

- Ela me pediu. Estava... Estava esperando alguém.

- Ora, Paul. Sabemos muito bem que você a matou comentou Bernstein.

- Não! - O garoto tremia. - Juro que não tive nada a ver com isso. Eu... Apenas subi para a suíte com ela. E só fiquei pouco tempo.

- Porque ela esperava alguém? - indagou Reese.

- Isso mesmo. Judd estava... Bastante excitada.

- Ela contou com quem ia se encontrar? - perguntou o auror Hogan.

Paul passou a língua pelos lábios.

- Não.

- Disse que ela estava bastante excitada - ressaltou Reese. - Com o quê?

Paul tornou a passar a língua pelos lábios.

- Com... Com o homem que ia se encontrar ali com ela para jantar.

- Quem era o homem, Paul? - perguntou Bernstein.

- Não posso contar.

- Por que não? - indagou o auror Hogan.

- Prometi a Judd que nunca contaria a ninguém.

- Judd está morta.

Os olhos de Paul Yerby Tinham ficado cheios de lágrimas.

- Ainda não posso acreditar.

- Dê-nos o nome do homem. - insistiu Reese.

- Não posso. Prometi a Judd.

- Vou explicar o que vai acontecer com você. Passará a noite numa cela com feitiços dos mais diversos, por isso não pense em aparatar, não pense em nada a não ser ficar ali quietinho. Pela manhã, se nos der o nome do homem que ia se encontrar com Judd, vamos deixá-lo sair.

Caso contrário, teremos de indiciá-lo por homicídio.

Eles esperaram que o garoto respondesse.

Silêncio.

Nick Reese acenou com a cabeça para Bernstein.

- Pode levá-lo.

N/A: Esse é o maior capítulo até agora nessa fic... Espero que quem conseguiu ler ata aqui não tenha ficado chateado comigo e quem mesmo depois desse imenso capítulo, continue a ler a fic mesmo assim... Bjks e até o próximo...