Capítulo 16 – O que ninguém poderia saber...
Owen Cloudmind esperava no saguão do Hotel 5 Vassouras quando Jackie Houston voltou do Ministério. Tinha conseguido quentes informações de que ela estara ali.
- Sra. Jackie Houston?
Ela virou-se.
- Pois não?
- Owen Cloudmind. Trabalho no Profeta Diário. Quero lhe dizer o quanto todos nós lamentamos.
- Obrigada.
- Será que poderíamos conversar por um minuto?
- Não estou em condições de...
- Talvez eu possa ajudar. - Ele acenou com a cabeça para uma sala ao lado do saguão. - Não podemos sentar ali por um momento?
Ela respirou fundo.
- Está bem.
Foram para a sala e sentaram.
- Soube que sua filha visitou o Ministério no dia em que... - Cloudmind não foi capaz de concluir a frase.
- Isso mesmo. Ela... Ela fazia uma excursão com colegas da escola. Estava muito empolgada com a perspectiva de conhecer o Ministro.
Cloudmind manteve a voz casual:
- Ela ia se encontrar com o Ministro Malfoy?
- Ia, sim. Eu consegui essa visita. Somos velhos amigos.
- E ela esteve com o Ministro, senhora?
- Não. Ele não pôde recebê-la. - A voz saía abafada. Há uma coisa de que tenho certeza.
- Qual é?
- Paul Yerby não a matou. Estavam apaixonados um pelo outro.
- Mas o Ministério disse.
- Não me interessa o que disseram. Prenderam um rapaz inocente, e ele... Ele ficou tão transtornado que se enforcou. É terrível.
Owen Cloudmind estudou-a por um instante.
- Se Paul Yerby não matou sua filha, tem alguma idéia de quem seria o culpado?
Isto é, ela fez algum comentário sobre encontrar alguém aqui?
- Não. Ela não conhecia ninguém aqui. Estava ansiosa em... Em... - os olhos brilhavam com lágrimas. - Sinto muito, mas terá de me dar licença.
- Claro. Obrigado por seu tempo, senhora Houston.
A próxima parada de Cloudmind foi no Centro de Autópsia do Ministério. Cho Chang saía da sala de autópsia.
- Olhem só quem está aqui!
- Oi, doutora.
- O que o traz aqui, Owen?
- Eu queria conversar sobre Paul Yerby. Cho Chang suspirou.
- É uma pena. Aqueles garotos eram tão jovens...
- Por que um garoto como ele cometeria suicídio?
Cho Chang deu de ombros.
- Quem sabe?
- Tem certeza de que ele cometeu suicídio?
- Se ele não cometeu, fez uma grande imitação. Tinha o cinto em torno do pescoço tão apertado que tiveram de cortá-lo para baixar o corpo.
- Não havia outras marcas ou qualquer coisa no corpo que pudessem sugerir uma armação?
Ela fitou-o com uma expressão curiosa.
- Não.
Cloudmind acenou com a cabeça.
- Obrigado. Não vai querer manter seu paciente à espera.
- Engraçadinho...
Havia uma cabine telefônica no corredor externo. Cloudmind obteve com a telefonista de informações de Denver o número da casa dos pais de Paul. A Sra. Yerby atendeu.
A voz soava cansada.
- Alô?
- Sra. Yerby?
- Sou eu.
- Lamento incomodá-la. Aqui é Owen Cloudmind, do Profeta Diário. Eu queria...
- Não posso...
Um momento depois, o Sr. Yerby entrou na linha.
- Sinto muito, mas minha esposa está... Os jornais têm nos incomodado durante toda a manhã. Não queremos...
- Só vai levar um minuto, Sr. Yerby. Há algumas pessoas em Londres que não acreditam que seu filho tenha matado Judd Houston.
- Mas é claro que ele não matou! - A voz tornou-se subitamente mais forte. - Paul nunca poderia... Nunca fez nada assim.
- Paul tinha amigos em Londres, Sr. Yerby?
- Não. Ele não conhecia ninguém aí.
- Entendo. Bom, se houver alguma coisa que eu possa fazer...
- Há uma coisa que pode fazer por nós, Sr. Cloudmind. Já acertamos para que o corpo de Paul seja enviado para cá, mas não sei como recolher seus pertences. Gostaríamos de ficar com qualquer coisa que ele... Se pudesse me indicar com quem falar.
- Posso cuidar disso para vocês.
- Ficaríamos muito agradecidos.
No Departamento de Homicídios, o auror de plantão abriu uma caixa contendo os pertences pessoais de Paul Yerby.
- Não há muita coisa - disse ele. - Apenas as roupas do garoto e uma câmera.
Cloudmind enfiou a mão na caixa e tirou um cinto de couro preto. Não estava cortado.
Quando Owen Cloudmind entrou na sala da secretária da agenda do Ministro Malfoy, Deborah Kanner, ela se aprontava para sair para o almoço.
- Em que posso ajudá-lo, Owen?
- Tenho um problema, Deborah.
- E isso é novidade?
Owen Cloudmind fingiu consultar algumas anotações.
- Tenho informações de que no dia 15 de outubro o Ministro teve uma reunião secreta aqui com um bruxo da China para conversar sobre o Tibete.
- Não sei de nenhuma reunião assim.
- Poderia verificar para mim?
- Qual foi mesmo a data que você disse?
- Dia 15 de outubro.
Cloudmind observou enquanto Deborah tirava uma agenda da gaveta e verificava.
- Dia 15 de outubro? A que horas teria sido essa reunião?
- Dez horas da noite, aqui mesmo no Ministério.
Ela sacudiu a cabeça.
- Não. Às dez horas daquela noite o Ministro estava numa reunião com o inominável Whitman.
Cloudmind franziu o rosto.
- Não foi o que me contaram. Eu poderia dar uma olhada nessa agenda?
- Sinto muito, mas é confidencial, Owen.
- Talvez eu tenha recebido uma informação errada. Obrigado, Deborah.
Ele se retirou.
Trinta minutos depois, Owen Cloudmind estava conversando com o inominável Steve Whitman.
- General, o Profeta Diário gostaria de dar alguma cobertura à reunião que teve no dia 15 de outubro com o Ministro. Soube que algumas questões importantes foram discutidas.
O general sacudiu a cabeça.
- Não sei onde obteve essa informação, Sr. Cloudmind. A reunião foi cancelada. O Ministro tinha outro compromisso.
- Tem certeza?
- Tenho, sim. Vamos marcar outra data.
- Obrigado, inominável.
Owen Cloudmind voltou ao Ministério. Foi de novo à sala de Deborah Kanner.
- O que é desta vez, Owen?
- A mesma coisa - disse Cloudmind, pesaroso. - Meu informante jura que às dez horas da noite de 15 de outubro o Ministro se encontrava aqui, reunido com um bruxo da China, para discutir o Tibete.
Ela fitou-o com alguma exasperação.
- Quantas vezes tenho que lhe dizer que não houve essa reunião?
Cloudmind suspirou.
- Para ser franco, não sei mais o que fazer. Meu chefe quer publicar essa notícia. É sensacional. Acho que teremos de publicá-la sem confirmação.
Ele se encamínhou para a porta.
- Espere um instante!
Cloudmind virou-se.
- O que é?
- Não podem publicar essa história. Não é verdadeira. O Ministro ficará furioso.
- Não me cabe a decisão.
Deborah hesitou.
- Se eu puder provar que ele estava reunido com o inominável Whitman, você vai esquecer essa história?
- Claro. Não quero causar nenhum problema.
Cloudmind observou Deborah pegar a agenda de novo e folhear as páginas.
- Aqui está uma lista dos compromissos do Ministro para essa data. Dê uma olhada. Dia 15 de outubro.
Havia duas paginas de registros. Deborah apontou para a anotação às dez horas da noite.
- Veja aqui.
- Tem razão.
Cloudmind se ocupava a esquadrinhar o resto da agenda naquele dia. E focalizou um registro às três horas da tarde. Judd Houston.
- Ministro Malfoy? – perguntou a secretaria. - O Sr. Milinight gostaria de lhe falar.
- Mande-o entrar. Quantas vezes eu já disse que se estiver sozinho Milinight pode entrar sem ser anunciado. Seu bando de mestiços imprestáveis.
Jules Milinight acabava de entrar na sala.
- E você Draco, como está?
- Estou bem, apesar de todo esse circo que a Weasley causou.
Novamente o telefone tocou:
- O inominável Andrews está aqui e deseja vê-lo, Sr. Ministro. Ele não tem hora marcada, mas diz que é urgente.
- Ele não tem que ter hora marcada. Mande-o entrar.
A porta se abriu e Carl Andrews entrou no Gabinete do Ministro.
- É uma surpresa e tanto, Carl. Está tudo bem?
O inominável Andrews sentou-se.
- Está, sim, Draco. Apenas achei que você e eu deveríamos ter uma conversinha. Como vai Jules?
- Muito bem inominável.
Draco sorriu.
- Eu tinha uma agenda lotada hoje, mas para você...
- Bem, acho que seria bom para nós que você mandasse soltar todos os prisioneiros de Azkaban.
Draco escutava com uma expressão de incredulidade.
- Carl... Você está falando sério? Se eu fizer isso, vão me tirar do cargo instantaneamente.
- Não seja ingénuo, Draco. Se realmente quiséssemos soltar os prisioneiros de Azkaban, poderemos fazê-lo a qualquer hora.
- Não acredito que você possa...
- Acredite no que quiser, Draco. A soltura dos que estão em Azkaban é uma coisa muito boa a se fazer. Quero que faça isso.
- Mas, você não pode...
- Não me diga o que você tem de fazer, Draco. - O inominável Andrews inclinou-se para a frente. - Eu lhe direi o que tem de fazer. Não esqueça de quem o pôs nessa cadeira.
- Carl, você pode não me respeitar, mas tem de respeitar este cargo - declarou Draco, muito calmo. - Independente de quem me pôs aqui, sou o Ministro.
O inominável Andrews levantou-se.
- O Ministro? Você não passa de uma porra de um boneco, Draco! O meu fantoche! Recebe ordens, não as dá. - Draco fitou-o em silêncio por um longo momento.
- Quantos haras de hipogrifos você e seus amigos possuem, Carl?
- Isso não é da sua conta. Se insistir em não fazer o que eu quero, estará liquidado. Está me entendendo? Eu lhe dou vinte e quatro horas para recuperar o bom senso!
Ao jantar, naquela noite, Alicia disse:
- Papai me pediu para conversar com você, Draco. Ele está muito transtornado.
Ele olhou para a esposa através da mesa e pensou: "Terei de brigar com você também".
- Ele me contou o que está acontecendo. É mesmo?
- É, sim. - Alicia inclinou-se através da mesa. - E acho maravilhoso que você não faça o que ele quer.
Draco demorou um pouco para absorver.
- Mas seu pai quer que eu solte todos os prisioneiros de Azkaban.
- Sei disso. E ele está errado. Não se pode soltar eles assim...
Draco estudou Alicia. Pensou no quanto ela se saíra bem como primeira-dama. Envolvera-se em importantes obras de caridade e era defensora de meia dúzia de grandes causas. Era linda, inteligente e interessada... E foi como se Draco a visse pela primeira vez. "Por que fico dando voltas por aí?" - pensou ele. – "Tenho tudo que preciso aqui mesmo."
- Terá uma longa reunião esta noite?
- Não - respondeu Draco, falando bem devagar. - Vou cancelá-la. Ficarei em casa.
Naquela noite, Draco fez amor com Alicia pela primeira vez em semanas e foi maravilhoso. E pela manhã ele pensou: "Pedirei a Jules para devolver o apartamento".
O bilhete estava em sua mesa na manhã seguinte.
"Quero que saiba que sou um grande fã seu, e não faria coisa alguma para prejudicá-lo. Eu estava na garagem do Monroe Arms no dia 15, e fiquei muito surpreso ao vê-lo ali. No dia seguinte, quando li sobre o assassinato da garota, compreendi por que voltou para limpar suas impressões digitais dos botões do elevador Tenho certeza de que todos os jornais estariam interessados em minha história e me pagariam um bocado de dinheiro. Mas, como disse, sou seu fã. Não ia querer fazer coisa alguma que pudesse prejudicá-lo. Mas bem que preciso de alguma ajuda financeira e, se estiver interessado isso ficará apenas entre nós dois. Entrarei em contato daqui a alguns dias, dando tempo para que pense a respeito.
Sinceramente, Um amigo."
- Essa não! - murmurou Sime Lombardo. - Isso é incrível! Como foi entregue?
- Veio pelo correio - informou Jules Milinight. - Endereçado ao Ministro, "pessoal".
- Pode ser apenas algum maluco que está tentando...
- Não podemos correr nenhum risco, Sime. Não acredito por um minuto sequer que seja verdade, mas se um único sussurro dessa história transpirar, destruiria o Ministro. Temos de protegê-lo.
- E como faremos isso?
- Para começar, precisamos descobrir quem mandou esta carta.
Jules Milinight estava na sede do Ministério, no Departamento de Investigações Mágicas conversando com o auror Clay Jacobs.
- Disse que era urgente, Jules?
- Disse.
Jules Milinight abriu sua pasta e tirou uma única folha de papel. Clay jacobs pegou e leu em voz alta:
- Quero que saiba que sou um grande fã seu, Entrarei em contato daqui a alguns dias, dando tempo para que pense a respeito.
Todo o resto entre essas duas frases fora apagado. Jacobs levantou os olhos.
- O que é isto?
- Envolve a mais alta segurança. - disse Jules Milinight.
- O Ministro me pediu que tentasse descobrir quem mandou. Pede que vocês verifiquem as impressões digitais.
Clay jacobs tornou a estudar o papel, franzindo o rosto.
- Isso é bastante estranho, Jules.
- Por quê?
- A impressão é de que há alguma coisa errada.
- O Ministro pede apenas que lhe dêem o nome da pessoa que escreveu.
- Presumindo que tenha deixado suas impressões digitais no papel.
Jules Milinight acenou com a cabeça.
- Isso mesmo.
- Espere aqui.
Jacobs levantou-se e deixou a sala. Jules Milinight olhou pela janela, pensando na carta e nas possíveis conseqüências.
Clay Jacobs voltou exatamente sete minutos depois.
- Você está com sorte.
O coração de Jules Milinight disparou.
- Descobriram alguma coisa?
- Descobrimos. - Jacobs entregou a Milinight um pedaço de papel. - O homem que você procura esteve envolvido num acidente de vassouras há cerca de um ano. Seu nome é Carl Yourdon. Trabalha no Monroe Arms. - Ele estudou Milinight por um momento antes de acrescentar: - Há mais alguma coisa que gostaria de me dizer a respeito, Jules?
- Não - respondeu Jules Milinight, com toda sinceridade - Não há.
N/A: Esse capítulo está mais curtinho que os outros... Mas esse capítulo é muito importante. Aqui verdadeiramente é o Começo do Fim. Estamos nos encaminhando para desvandar todos esses crimes... Estou muito a fim de acabar essa fic rápido, acho que quanto mais ela demorar menos é o interesse do povo, comigo acontece assim, pq com vocês não haveria de acontecer? De suspense, já chega o tão esperado Harry Potter and Half Bloom Prince...
Bem, eu vou ficando por aqui, acredito que essa fic acabe em mais uns 4 capítulos no máximo...
Também tenho outro recado, estarei publicando outras duas fic baseadas em um livro do grandioso Sidney Sheldon: Conte-me seus sonhos e Nada é para sempre... Espero que me prestigiem tanto como essa...
Gente, falei muito não? Deixem reviews, ok????
