Capítulo 17 - Queima de arquivo
- Owen Cloudmind está na linha três, srta. Weasley. Ele diz que é urgente.
- Vou atender. - Gina pegou o fone e apertou um botão.
- Owen?
- Está sozinha?
- Estou.
Ela ouviu-o respirar fundo.
- Muito bem, aqui vamos nós.
E Cloudmind falou sem interrupção pelos dez minutos seguintes.
Virgínia Weasley entrou apressada na sala de Matt Baker.
- Precisamos conversar, Matt. - Ela sentou-se na frente da mesa. - E se eu lhe dissesse que Draco Malfoy está envolvido no assassinato de Judd Houston?
- Para começar, eu diria que é paranóica e passou dos limites.
- Owen Cloudmind acaba de me telefonar. Ele conversou com a vice Ministroa Houston, que não acredita que Paul Yerby tenha matado sua filha. E falou com os pais de Paul Yerby. Eles também não acreditam.
- Eu não esperaria que eles acreditassem - comentou Matt Baker. - Se é apenas isso...
- Isso é apenas o começo. Owen foi ao necrotério e falou com a médica-legista. Ela informou que o cinto do garoto estava tão apertado que tiveram de cortá-lo de seu pescoço. - Matt Baker escutava com a maior atenção agora.
- E ... ?
- Owen foi pegar os pertences de Yerby. O cinto estava lá. Intacto.
Matt Baker respirou fundo.
- Está me dizendo que ele foi assassinado no Ministério e houve um acobertamento?
- Não estou dizendo nada, apenas relato os fatos. Draco Malfoy tentou me fazer usar Veneno de Mimbletonia em uma ocasião. Quando ele era candidato a vice Ministro, uma mulher que era secretária morreu de uma overdose de Veneno de Mimbletonia. Quando ele era vice Ministro, sua secretária foi encontrada num parque em coma induzido por Veneno de Mimbletonia. Cloudmind descobriu que Draco telefonou para o hospital e sugeriu que desligassem os aparelhos de sustentação da vida. - Gina fez uma pausa, inclinou-se para a frente. - Houve um telefonema da Suíte Imperial para o Ministério na noite em que Judd Houston foi assassinada. Owen verificou os registros telefônicos do hotel. A página referente ao dia 15 fora arrancada. A secretária de agenda do Ministro informou a Cloudmind que Draco teve uma reunião com o general Whitman naquela noite. Não houve essa reunião. Owen falou com a senhora Jackie Houston e ela disse que Judd visitara o Ministério e que combinara um encontro de sua filha com o Ministro.
Houve um silêncio prolongado.
- Onde Owen Cloudmind está agora? - perguntou Matt Baker.
- Procurando Carl Yourdon, o recepcionista do hotel que fez a reserva da Suíte Imperial.
- Sinto muito, mas não damos informações pessoais sobre os nossos empregados. - disse Robinson.
Owen Cloudmind insistiu:
- Só estou pedindo o endereço de sua casa para poder..
- Não adiantaria. O sr. Yourdon viajou em férias. Cloudmind suspirou.
- É uma pena. Eu esperava que ele pudesse preencher os espaços em branco.
- Espaços em branco?
- Isso mesmo. Vamos publicar uma grande reportagem sobre a morte da filha da senhora Houston em seu hotel. Bom, terei de completar a matéria sem Yourdon. - Ele pegou um bloco e uma caneta. - Há quanto tempo este hotel existe? Quero saber de tudo sobre sua história, sua clientela...
Jeremy Robinson franziu o rosto.
- Espere um pouco. Tenho certeza que isso não é necessário. Afinal, ela poderia ter morrido em qualquer lugar.
Owen Cloudmind balançou a cabeça, com uma expressão compadecida.
- Sei disso, mas foi aqui que aconteceu. Seu hotel vai se tornar tão famoso quanto Watergate.
- Sr. Cloudmind, eu agradeceria se pudesse... isto é, uma publicidade assim é sempre prejudicial. Não há nenhuma possibilidade ... ?
Cloudmind se mostrou pensativo por um momento.
- Se eu pudesse conversar com o sr. Yourdon, talvez encontrasse um ângulo diferente.
- Eu ficaria muito agradecido por isso. Vou lhe dar o endereço dele.
Owen Cloudmind começava a ficar nervoso. À medida que a seqüência de acontecimentos ia se definindo, tomava-se evidente que ocorrera uma conspiração para assassinato e uma operação de encobrimento no mais alto nível. Antes de procurar o recepcionista do hotel, ele decidiu passar por seu apartamento. Sua esposa, Rita, estava na cozinha, preparando o jantar. Era uma ruiva pequena, com olhos verdes faiscantes e uma pele muito clara. Virou-se, surpresa, quando o marido entrou.
- O que veio fazer em casa no meio do dia, Owen?
- Apenas pensei em passar por aqui e dar um olá. - Ela fitou-o nos olhos.
- Não é só isso. Há mais alguma coisa acontecendo. O que é?
Cloudmind hesitou.
- Há quanto tempo não visita sua mãe?
- Estive com ela na semana passada. Por quê?
- Por que não a visita de novo, meu bem?
- Há alguma coisa errada? - Ele sorriu.
- Errada? - Cloudmind foi até a comija da lareira. É melhor começar a tirar a poeira. Vamos pôr um Prêmio Pulitzer aqui e um Prêmio Peabody ali.
- Do que está falando?
- Estou investigando um caso que vai abalar uma porção de gente... e nos mais altos níveis. E a reportagem mais emocionante que já fiz.
- Por que quer que eu visite minha mãe? - Cloudmind deu de ombros.
- Há uma chance mínima de que o caso se torne um pouco perigoso. Algumas pessoas tentam ocultar os fatos. Eu me sentiria melhor se você passasse alguns dias fora de casa, até que tudo fique esclarecido.
- Mas se você corre perigo...
- Não, não corro nenhum perigo.
- Tem certeza de que nada vai acontecer com você?
- Absoluta. Arrume algumas roupas e saia logo daqui. Telefonarei para você esta noite.
- Está bem. - murmurou Rita, relutante. - Cloudmind olhou para seu relógio.
- Eu providenciarei uma chave de portal para FarmsBellow.
Uma hora depois, Cloudmind parou diante de uma modesta casa de alvenaria na área de Wheaton. Saiu do carro, foi até a porta da frente e tocou a campainha.
Ninguém veio atender. Ele tocou de novo e esperou. A porta foi aberta abruptamente e uma bruxa corpulenta, de meia-idade, fitou-o com expressão desconfiada.
- O que você quer?
- Sou do Ministério da Magia. - Cloudmind mostrou uma identificação, sem dar tempo para a mulher verificar. - Quero falar com Carl Yourdon.
- Meu irmão não está.
- Sabe onde posso encontrá-lo?
- Não.
Depressa demais. Cloudmind balançou a cabeça.
- É uma pena. Muito bem, pode começar a empacotar as coisas dele. Pedirei ao Departamento para mandar o caminhão. - Cloudmind virou-se, começou a voltar para seu carro.
- Ei, espere um minuto! Que caminhão? Do que está falando?
Cloudmind parou, tornou a se virar para a mulher.
- Seu irmão não lhe contou?
- Contou o quê?
Cloudmind se aproximou alguns passos.
- Ele está numa encrenca.
A mulher fitou-o com uma expressão ansiosa.
- Que tipo de encrenca?
- Lamento, mas não estou autorizado a falar a respeito. - Cloudmind balançou a cabeça. - E ele parece uma boa pessoa.
- E é mesmo! - exclamou a mulher, com veemência. - Carl é uma pessoa maravilhosa!
Cloudmind acenou com a cabeça.
- Foi essa a impressão que tive quando o interrogamos no Departamento.
O pânico da irmã era evidente.
- Interrogaram sobre o quê?
- Fraude. Fraude nos impostos. E uma pena. Eu queria dizer a ele que há uma contradição nas normas que poderia ajudá-lo, mas... - Cloudmind tornou a se virar para ir embora.
- Espere! Ele... Carl foi para um hotel de pesca. Eu não deveria contar a ninguém onde fica.
Ele deu de ombros.
- Por mim, tudo bem.
- Não... mas este caso é diferente. É o Sunshine Fishing Lodge, no lago em Godric´s Hollow.
- Está certo. Entrarei em contato com ele.
- Seria maravilhoso. Tem certeza de que não vai acontecer nada com Carl?
- Absoluta. Providenciarei para que ele seja bem cuidado.
Cloudmind aparatou em Godric´s Hollow. Em férias, anos antes, Cloudmind pescara no lago, e tivera sorte. Esperava ter sorte também desta vez.
Caía uma chuva fina, mas Carl Yourdon não se importava. Era nessas ocasiões que os peixes mais mordiam a isca. Queria pegar a perca-listrada, e usava barrigudinhos como isca, suspensos por bóias, na esteira do bote a remo. As ondas batiam contra a pequena embarcação, no meio do lago, e a isca continuava intocada. Os peixes não estavam com pressa. Não importava. Ele também não tinha pressa. Nunca se sentira mais féliz. Ia ficar mais rico do que imaginara em seus sonhos mais delirantes. Fora um golpe de sorte. Você precisa estar no lugar certo no momento certo.
Ele voltara ao Monroe Arms para buscar um casaco que esquecera e já ia deixar a garagem quando a porta do elevador privativo abrira. Ao ver quem saía, ele arriara em seu carro, aturdido. Observara o homem voltar, limpar as impressões digitais no elevador e depois partir. Mas só compreendera tudo ao ler a notícia do assassinato no dia seguinte. De certa forma, sentia pena do homem. Era um fã incondicional dele. O problema é que um homem assim, tão famoso, jamais consegue se esconder. Aonde quer que vá, o mundo o conhece.
"Ele me pagará para ficar quieto. Não tem opção. Começarei com cem mil. Depois que ele pagar uma vez, terá de continuar a pagar Talvez eu compre um castelo na França ou um chalé na Suíça."
Carl Yourdon sentiu um puxão na extremidade da linha e apertou o caniço. Podia sentir o peixe tentando escapar. Você não vai a lugar nenhum. Está fisgado.
À distância, ele ouviu o barulho de uma lancha grande se aproximando. Não deveriam permitir lanchas no lago. Só servem para afugentar os peixes. A lancha vinha em sua direção.
- Não chegue tão perto! - gritou Carl. A lancha parecia vir direto para cima dele.
- Ei, tome cuidado! Veja para onde vai! Pelo amor de Deus...
A lancha atingiu o bote, partiu-o ao meio, e a água sugou Yourdon para baixo.
"Mas que bêbado idiota" - Ele ofegava para respirar. Conseguiu projetar a cabeça além da superfície. A lancha fizera a volta e se aproximava de novo. E a última coisa que Carl Yourdon sentiu, antes da lancha esmagar seu crânio, foi outro puxão do peixe na linha.
Quando Owen Cloudmind chegou ao local, a área estava apinhada de carros do Ministério e um carro do necrotério. Os carros foram desiluzionados e partiam naquele instante. Owen Cloudmind perguntou a um espectador:
- O que aconteceu?
- Algum pobre coitado sofreu um acidente no lago. Não restou muita coisa dele.
E Cloudmind soube no mesmo instante.
À meia-noite, Owen Cloudmind trabalhava em seu computador, sozinho no apartamento, escrevendo a reportagem que destruiria o Ministro da Magia. Era uma reportagem que lhe valeria o Prêmio Pulitzer. Não havia a menor dúvida a respeito em sua mente. Aquela matéria haveria de torná-lo mais famoso do que Kriegsward e Berristein. Era a reportagem do século.
Ele foi interrompido pelo som da campainha da porta. Levantou-se e foi atender.
- Quem é?
- Uma encomenda de Virgínia Weasley.
Ela obteve novas informações. Ele abriu a porta. Viu um brilho de metal, uma dor insuportável dilacerou seu peito. E depois o nada.
A sala de estar de Owen Cloudmind dava a impressão de que fora atingida por um furacão em miniatura. Todas as gavetas e armários haviam sido abertos, o conteúdo espalhava-se pelo chão.
Nick Reese observou o corpo de Owen Cloudmind sendo removido. Virou-se para o auror Steve Brown.
- Algum sinal da arma do crime?
- Não.
- já falou com os vizinhos?
- Já. O prédio é um zoológico, cheio de macacos. Não veja, não ouça, não fale. Nada. A sra. Cloudmind está voltando para a cidade. Soube da notícia pelo rádio.
Houve outros assaltos na área durante os últimos seis meses e...
- Não sei se foi um assalto.
- Como assim?
- Cloudmind esteve no Ministério no outro dia para recolher os pertences de Paul Yerby. Eu gostaria de saber em que reportagem ele trabalhava. Não há papéis nas gavetas?
- Não.
- Nem anotações?
- Nada.
- Portanto, ou ele era muito meticuloso, ou alguém se deu ao trabalho de levar tudo.
Reese foi até a escrivaninha. Um cabo pendia ali, sem estar ligado a nada. Reese levantou-o.
- O que é isto?
O auror Brown adiantou-se para olhar.
- É um cabo de um computador. Devia haver um aqui. Isso significa que pode haver backups em algum lugar.
- Levaram o computador, mas Cloudmind pode ter guardado uma cópia de seus arquivos. Vamos procurar.
Encontraram o disquete de backup numa pasta no carro de Cloudmind. Reese entregou a Brown.
- Leve à delegacia. Deve haver uma senha de entrada. Peça a Chris Colby para dar uma olhada. Ele é o nosso perito.
A porta da frente do apartamento foi aberta e Rita Cloudmind entrou. Estava pálida e transtornada. Parou ao ver os homens.
- Sra. Cloudmind?
- Quem são ... ?
- Auror Nick Reese. Homicídios. E este é o auror Brown.
Ela olhou ao redor.
- Onde ... ?
- Tivemos de remover o corpo de seu marido, sra. Cloudmind. Lamento profundamente. Sei que é um momento horrível, mas preciso fazer algumas perguntas.
Ela fitou-o, e de repente o medo povoou seus olhos. Era a última reação que Reese esperava. De que ela tinha medo?
- Seu marido trabalhava numa reportagem especial, não é mesmo?
"Estou investigando um caso que vai abalar uma porção de gente... e nos mais altos níveis. È a reportagem mais emocionante que já fiz."
- Sra. Cloudmind?
- Eu... não sei de nada.
- Sabe qual era o assunto da reportagem?
- Não. Owen nunca conversava comigo sobre seu trabalho. - Era evidente que ela mentia.
- Não tem idéia de quem poderia tê-lo matado?
Rita Cloudmind olhou ao redor, para as gavetas e armários abertos.
- Há... deve ter sido um assaltante.
O auror Reese e o auror Brown trocaram um olhar.
- Se não se importam, eu... gostaria de ficar sozinha. Foi um choque terrível.
- Claro. Há alguma coisa que possamos fazer para ajudá-la?
- Não. Apenas... Apenas saiam, por favor.
- Voltaremos depois. - prometeu Nick Reese.
Ao chegar à delegacia, o auror Reese telefonou para Matt Baker.
- Estou investigando o assassinato de Owen Cloudmind - disse ele. - Pode me informar sobre a reportagem em que ele trabalhava?
- Posso, sim. Owen investigava a morte de Judd Houston.
- Entendo. Ele já tinha apresentado alguma matéria?
- Não. Esperávamos pelo texto quando... - Matt não continuou.
- Certo. Obrigado, Sr. Baker.
- Se descobrir alguma coisa, pode me informar?
- Será o primeiro a saber. - garantiu Reese.
N/A: Oieeeeeeeeee!!!! Mais um capítulo... Está havendo uma queima de arquivo geral... Todo mundo que sabe alguma coisa a respeito do caso do Veneno da Mimbletonia está sendo morto... Uffa!! E ae estão gostando? Deixem reviews please... Eu gostaira de informar tb que hoje vão ao ar alguns capítulos de Nada é Eterno, fic baseada em outro livro do Sidney Sheldon e que para alegria de todo mundo, não vou demorar a atualizar os capítulos pois a fic já está prontinha... Vou postar também outros dois livros do mestre: A Outra Face (que tb já está pronta) e Conte-me seus sonhos (q tb já está pronta)... É só o tempo de passar para o html... Bjus e até mais...
