Notas da autora: Olá pessoal. Desculpem, mas decidi reescrever certas partes deste capítulo. Ele continha demasiada informação redundante, e tornava-se confuso, o que me desagradava profundamente… tentei torna-lo mais agradável, não só para vocês que o estão a ler, mas também para mim, para ver se me dá alento para acabar esta história!

Disclaimer: Todas as noites procuro ansiosamente no céu uma estrela cadente, para lhe pedir o Kenshin como prenda de anos… Ainda não consegui encontrar nenhuma…

Capítulo 2 – Reminiscências

Era quase meio-dia quando acordei. Estava mais descansada, depois de umas repousantes horas de sono, agora que tinha deixado de lutar contra mim, contra os meus sentimentos, apesar da verdade ser mais aterradora do que viver permanentemente na dúvida.

Eu estava apaixonada pelo Kenshin. Nunca tinha sentido nada assim, nunca. E era um sentimento livre e belo, mas o medo pelas consequências do meu amor pesava-me como uma espada enterrada no meu peito.

Tenho de lutar contra estes sentimentos, mas ao mesmo tempo não consigo. Eu sei que Tomoe o ama. E eu sei que ele gosta muito da Tomoe, mas… a verdade é que eles estão para acabar.

O fim do colégio está aí. Para prosseguirmos os estudos na Universidade teremos que nos mudar para outra cidade. Tomoe irá para Kyoto, porque tem lá família. Eu e Kenshin iremos para Tóquio. Por isso, talvez eu tenha algumas hipóteses com ele.

Ele é diferente dos outros rapazes. É sensível e… preocupa-se connosco, quer dizer, com o que nós raparigas sentimos e procura compreender-nos.

Podia ficar aqui eternamente a enumerar as suas qualidades, mas preciso de falar com alguém, senão expludo! Preciso de desabafar!

Mas com quem?

Não tenho ninguém… Estou sozinha…

Penso na minha prima. Ela é um ano mais velha que eu e pensa que isso lhe dá o direito de me menosprezar. Estamos sempre chateadas, pior que cão e gato… mas ela conhece-me desde que eu nasci, e é a única pessoa que me pode ajudar neste momento. Ela conhece-me como ninguém e como está de fora desta história toda, talvez me consiga dar alguns conselhos, como sempre o tem feito. Penso também na sua irmã mais nova. Mas ela não me pode ajudar… é muito cabeça no ar... Como eu adoro as minhas primas…

Pego no telefone. Apesar delas morarem em Tóquio, estão cá a passar as duas semanas de férias da Primavera. Marco o número dela, mas ninguém atende. Provavelmente saíram para almoçar em algum lado. Tentarei mais tarde.

Fui à casa-de-banho e pus a água a correr. Um longo banho de imersão irá fazer-me maravilhas. Preciso retirar todos os indícios de Osaka da minha pele, do meu corpo e da minha alma e fazer deles apenas deliciosas memórias… apenas isso, memórias. Sinto que estou presa ao passado, a esta viagem, e sinto o meu presente indefinido. Perdi-me algures e preciso de me encontrar urgentemente!

Ponho algumas gotas de essência de jasmim na água a ferver. O cheiro espalha-se rapidamente ao meu redor e eu fecho os olhos, inspirando lentamente, deixando que o cheiro relaxante me invada.

Olhei para o espelho que me devolve a imagem de uma desconhecida. Pálida, mais magra e com umas enormes olheiras. E triste, definitivamente triste. O meu olhar tinha perdido uma parte do seu brilho.

Ao contrário do normal, não liguei o rádio. Nem a música, sempre minha aliada, me podia fazer companhia.

A água atingiu por fim uma altura aconselhável e eu deixei que o meu corpo nu se afundasse na banheira e que a água rodeasse o meu corpo. Todos os meus sentidos estavam embrenhados no momento presente. Durante longos minutos fiquei assim, sentindo o cheiro de jasmim, o calor da água a rodear o meu corpo, o repousante som da água a correr, que se embrenha nas nossas memórias mais primitivas.

E os meus pensamentos vaguearam…

Lembrei-me de quando conheci o Kenshin, no colégio, há uns anos atrás.

Nunca tive pessoas a quem pudesse chamar verdadeiros amigos. Apesar de ser bastante sociável, sou muito desconfiada… e não gosto que as pessoas sintam pena de mim… O que acontece muitas vezes, por eu ser órfã.

Costumo trabalhar, depois das aulas, nos fins-de-semana e nas férias. Isso não me deixa muito tempo para fazer as coisas que as pessoas da minha idade geralmente fazem, e não me deixa muito tempo para sair e me divertir. Mas isso nunca me importou. Não houve ninguém lá com quem eu quisesse realmente passar o meu tempo.

E eles não me compreendem, não compreendem a minha maneira de ser e de viver. E sei que falavam de mim nas costas. Nunca me importei, não precisava da amizade deles para nada.

O Kenshin era diferente. Ele era um bocado fechado, mas nós dávamo-nos bem. Á medida que o tempo passava, conheci-o melhor e descobri que, tal como eu, era órfão. Essa vivência em comum tornou-nos mais ligados.

Mesmo durante as férias, não se esquecia de mim.

No seguinte ano lectivo, entraram novos alunos para a nossa turma. Entre eles, estava Misanagi e Tomoe. Já as conhecia a ambas, principalmente a Tomoe, por fazermos anos no mesmo dia.

O nosso aniversário aconteceu um mês depois do início das aulas, e decidimos comemorá-lo juntas. Fizemos uma pequena festa com um bolo, a seguir às aulas e convidamos todos os nossos colegas…

Foram os primeiros passos de uma amizade forte. Ela acabava de sair de um mau relacionamento, estava ferida e magoada, e eu apoiei-a tanto quanto pude. Tal como o Kenshin…

Tomoe tem um coração puro e uma inocência avassaladora. Sorri sempre, apesar da tristeza. É calma e ponderada, ao contrário de mim, precipitada e facilmente irritável.

Rapidamente ganhou o coração do Kenshin, que não aguentava vê-la sofrer. Contudo, Tomoe não se queria envolver noutro relacionamento. O Kenshin andou atrás dela mais de dois meses, com a minha ajuda, conseguindo finalmente os seus intentos…

E eu fiquei um pouco só, novamente. Eles tinham-se um ao outro, e eu não tinha ninguém. Eu não me importei, gostava muito dos meus amigos e tudo o que eu queria era vê-los felizes. Além disso… estava a aproximar-me de Misanagi.

Tal como eu, ela era uma alma perdida, solitária. Ambas dávamo-nos bem com toda a turma, mas precisávamos de alguém em quem confiar, alguém com quem pudéssemos contar.

Tornámo-nos boas amigas. Ela costumava dormir no meu apartamento, nas noites em que eu não trabalhava. Eu morava sozinha desde que tinha começado a trabalhar, não queria ser um fardo para os meus tios. Costumávamos estudar juntas, passear juntas, fazer compras, passar todo o nosso tempo livre juntas, excepto de noite, já que eu trabalhava seis noites por semana.

Mas nas férias de Verão fomos obrigadas a separarmo-nos. Ela passou as férias de Verão no estrangeiro, em casa dos avós. Eu trabalhei como uma doida, poupando dinheiro para a entrada da universidade que está para breve. Mantive contacto com todos os meus amigos, mais por telemóvel do que realmente por vê-los, mas nunca os perdi.

Quando as aulas recomeçaram neste ano, Kenshin e Tomoe continuavam juntos. A minha amizade por Misanagi aumentou. Tornamo-nos inseparáveis.

Passávamos horas a estudar, horas a ver filmes, perdíamos uma infinidade tempo a explorar lojas espampanantes e a experimentar roupa que nenhuma de nós ousaria usar e, por vezes, saímos à noite.

Como este era o nosso último ano no colégio, a nossa turma juntou-se para organizar uma festa de natal e angariar dinheiro para fazermos uma viagem todos juntos. E foi assim que fomos parar a Osaka.

Eu e a Misanagi fizemos montes de planos para essa semana. A cidade de Osaka era conhecida especialmente pela sua vida nocturna, os seus inúmeros bares e discotecas. Seria uma semana para nos divertimos o mais que pudéssemos, a nossa última semana de completa liberdade antes da chegada dos temíveis exames finais, que nos permitiriam completar o colégio. Mas isso só seria daí a dois meses de distância.

Apesar disso, a minha felicidade não era completa por causa de Tomoe. Eu adoro-a, ela é daquelas pessoas que ou se ama ou se odeia, uma daquelas pessoas cheias de amor para dar, sem querer nada em troca. Perfeita em todos os sentidos. Etérea, como um anjo. E atrás de uma mulher perfeita à sempre um namorado perfeito…

Kenshin adorava-a e fazia tudo para a ver sorrir. Tentou compensá-la de todos os modos por tudo o que o seu antigo namorado a fez sofrer. Mas o amor é uma espada de dois gumes e ele percebeu muito antes dela que o final do colégio iria determinar uma nova etapa na vida deles. A separação era inevitável.

Lembro-me de um dia, que ele veio comigo a minha casa após as aulas, por alguma razão que eu não me lembro, e procurou o meu apoio…

Flasback

Eu olhei para o Kenshin. Já há algum tempo notava que ele andava em baixo…

Kenshin: Não me compreendas mal. Eu amo a Tomoe. Ela é muito importante para minha. Se não o fosse, não era minha namorada. Mas eu tenho 17 anos, quero ver o mundo, quero conhecer o mundo. Quero viver, antes de ter de fazer uma escolha! Namorar não é sinónimo de casamento! Para o ano que vem, a nossa vida vai tomar rumos diferentes. O amor é uma coisa muito bonita, mas a distancia é uma provação demasiado grande! Quer para mim, quer para ela…

Ele olhou nos meus olhos, à procura do meu apoio e compreensão. Os seus olhos violetas brilhavam como cristal.

Kaoru: Eu compreendo-te. Tens uma visão do mundo bem diferente da maioria das pessoas, mas compreendo que no fundo, tu estás a tentar evitar que qualquer um de vocês se magoe!

E compreendia… há sempre aquela visão romântica que o amor supera todas as barreiras… mas a distância? Qual é o benefício de um relacionamento à distancia? Desejares tar com aquela pessoa especial todo o teu tempo, e no fundo teres apenas uns meros dias, 2 ou 3 no ano, durante as ferias? Sim, eu compreendia o Kenshin…

Fim do flasback

Dias mais tarde ele procurou-me, já a noite ia alta. Tinha finalmente conseguido partilhar as suas duvidas com a Tomoe, mas ela tinha desesperado! Tinha ficado a chorar desconsoladamente, ainda nem ele tinha acabado de falar.

Lembro-me tão bem das palavras dele "eu gosto muito dela, ela é muito querida… mas isto já é mais do que o que eu consigo aguentar…

No dia seguinte, fui procurá-la, mas ela não foi capaz de dividir comigo a amargura que sentia. Apesar de tentar esconder isso de nós, a sua tristeza era visível no fundo dos seus olhos. E doía vê-la naquela situação.

Esta situação aproximou-me do Kenshin. Eu tornei-me a sua confidente, e ele o meu. Isso bem se viu em Osaka, com a decepção que sofri por causa da Misanagi…

Foi ele que eu procurei, quando uma noite estourei. Chorei longamente nos braços de Kenshin, desabafei e entreguei-lhe a chave para o meu coração. Ele abriu-o, sem nenhum pudor, despiu-me completamente por dentro, viu as minhas fraquezas que sempre escondi no mais profundo do meu ser… e eu não o posso perder agora. Ele é a única coisa que me mantém sã.

Só gora vejo, que todos estes anos, não foi Misanagi que me apoiou quando eu precisei… Sempre que o meu passado me pesava de mais e a falta que os meus pais me fazem causava um aperto no meu coração, era ele quem eu procurava… sempre pensei que fosse por ele ter passado por algo semelhante, mas não! Agora percebo que consfio nele como eu ninguém!

E que preciso dele, como de água para viver!

Falando em água, o meu banho está a ficar gelado! Pudera, estou aqui há séculos. Mas estou melhor, pensar no passado, fez-me bem. Pelo menos já consegui pôr a minha cabeça no lugar…

As minhas primas! Nem me lembrava que elas estão cá a passar férias! Elas são as únicas pessoas do mundo inteiro que me poderão ajudar neste momento… Nunca pensei poder dizer isto, mas elas são a minha salvação…

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Percorro lentamente as ruas da cidade. O dia está radiante, tal como o meu estado de espírito actual.

Resolvi deixar de pensar na minha situação com Misanagi. Uma boa conversa resolveria tudo. Mas quanto ao resto… bem, o Kenshin e a Tomoe estão separados…

E somos ambos livres e desimpedidos. Tenho tudo na minha mão. Finalmente começo a conhecer este grandioso sentimento que designamos simplesmente por amor.

Amor… amor… amor…

Como me apetece repetir esta palavra ao expoente da loucura!

Paro em frente de uma casa com um jardim mal cuidado. Há muito tempo que não vinha aqui, à casa dos meus tios. Pudera, eles não vêm cá passar férias desde o Natal…

Estou com umas saudades das minhas primas… Não que eu o admita perante elas, claro!

Megumi está sempre a arreliar-me e a chatear-me, mas eu adoro-a. Quando éramos crianças, não nos suportávamos mas agora é diferente. Ainda nos pegamos por coisas simples, mas somos capazes de passar horas ao telefone, a pormos a conversa em dia.

Como é que estará aquela peste? Bom, com a minha óptima disposição acho que vou conseguir aturá-la…

Misao tem uma energia incrível, desde pequena. É apenas uns meses mais nova que eu e nós nos damos optimamente… Mas tem um pequeno senão: fala sem parar.

Quando os meus pais faleceram, tinha eu oito anos, vivi uns anos com os meus tios. As minhas primas são como irmãs para mim, fui criada no meio delas e desde sempre foram minhas companheiras.

Mas os meus tios mudaram-se para Tóquio quando eu entrei para o colégio. Apesar da renitência deles, eu fiquei cá, a morar sozinha.

É uma cidade pequena, as pessoas do meu bairro conhecem-me desde pequenina. Com o meu trabalho pago as minhas despesas e tenho ainda a herança que os meus pais me deixaram.

O avô das minhas primas, o Dr.Gensai, vive no mesmo bairro que eu, e adoptou-me como sua neta, e costumo muito tempo em sua casa.

Enquanto os meus tios viviam cá, eu e Misao éramos inseparáveis. E apesar dos meus problemas com a Megumi, nós damo-nos muito bem. Por isso agora neste momento de loucura e desespero, vou procurar o apoio delas. Eu preciso disso!

Subo os degraus e toco à campainha.

A porta abre-se revelando uma rapariga baixa e morena, com o longo cabelo a formar uma trança.

"Kaoru-chan!" Ela abraça-me. Eu retribuo e perco-me naquele abraço seguro que me lembra o passado, feliz e alegre, quando os meus pais ainda eram vivos…

Eu estou a ficar muito nostálgica. Tenho de parar de pensar em tudo o que já aconteceu na minha vida. Chega! Tenho de parar de me martirizar…

A minha prima começa a falar sem parar, enquanto me conduz para o interior da sua casa.

Do pouco que consigo perceber da conversa é que ela está novamente a dissertar sobre o seu tema preferido: Aoshi-sama!

Eu conheci-o uma vez que fui passar uns dias a casa das minhas primas e sinceramente ainda não consigo compreender o que é que Misao viu naquele rapaz. Não pode haver duas pessoas mais diferentes que eles os dois. Tanto quanto Misao é tagarela, Aoshi é reservado e calado…

Mas pronto, eu conheço a minha prima e vejo nos seus olhos (que só faltam terem a forma de corações perfeitos), que ela gosta muito dele.

Não sei quem foi o sábio que disse, mas concordo plenamente com ele: "Gostos não se discutem. Lamentam-se…"

Bem, mas eu só quero ver-te feliz primita, por isso dou-te todo o meu apoio e compreensão e puxo pela minha cabeça à procura de dicas que te possam ajudar a derreter o coração daquele homem gelado, que parece incapaz de expressar alguma emoção. Mas se alguém consegue executar essa tarefa (quase impossível), esse alguém serás tu!

Fico não sei quanto tempo a olhar para ti, a ler as emoções que passam pelos teus olhos, respondendo-te com simples acenos de cabeça e monossílabos. Mas tu não te importas e continuas o teu longo monólogo.

"E quando eu lhe perguntei se queria tomar chá comigo, ele disse que sim! Não o achas tão querido, tão cavalheiro!"

Tentei conter o meu sorriso. Primita querida, tu estás completamente apanhada por ele, completamente cega por ele…

Num breve momento de pausa (bem esses momentos existem, apesar de raros…) cortei-te a palavra e perguntei-te:

"E Megumi? Onde está a tua irmã?"

"Tu sabes como é que ela é… Foi só se despedir do Sano, em breve está cá. Disse para esperares um pouco."

"Aqueles dois…" comentei "Quando é que eles terão coragem para se declarar um ao outro?"

Desatamo-nos as duas a rir! Era tão bom estar ali na companhia da minha prima Misao!

"É o que se diz, quanto mais me bates mais eu gosto de ti! A minha irmã pisa-o, faz dele gato-sapato, mas não conseguem viver um sem o outro…" constatou Misao.

"Nem sei como será para o ano, quando o Sano também for viver para Tóquio…"

Este é o nosso passatempo preferido: tentar juntar Megumi com Sano. Se eu comparo a minha relação com a minha prima de cão e gato, não sei o que dizer da deles…

"É verdade! Nem me lembrava disso, Kaoru. Está quase, não é verdade? Daqui a quatro meses estás-te a mudar para o pé de mim…" disse a minha prima alegremente.

Eu sei bem o quanto ela queria que eu fosse morar com ela, mas não lhe posso, nem quero dar esperanças. "Misao, eu vou ter de declinar o convite da tua mãe, vou viver num apartamento só meu."

"Mas porquê?" O olhar de Misao era o de uma criança a quem lhe tivessem tirado um chupa-chupa…

"Querida, tenta perceber. Eu já abusei da vossa hospitalidade muito tempo…"

"Mas…"

"Além disso, estou a pensar alugar o apartamento a meias com o Sanosuke!" disse, alegremente, tentando mudar o rumo da conversa. E consegui…

"Olha que isso é perigoso!" disse Misao, olhando para mim de lado. Desatamo-nos as duas a rir novamente.

"Eu sei" respondi "Mas desta forma, vocês têm uma desculpa para aparecerem mais frequentemente na minha casa…" eu disse, piscando o olho.

"Ai sim!" disse uma voz sarcástica atrás de mim "E que razão é essa?"

Olhei para trás. Encostada à ombreira da porta estava uma rapariga alta e morena, com um olhar de desafio.

Sorri, pronta para a batalha.

"Tu é que sabes…" disse eu.

"Só se for para pôr vocês os dois no lugar. Dois desmiolados como vocês, a morarem juntos…" disse a minha prima, avançando para perto de nós. Sentou-se no chão, ao pé de nós e olhou directamente para os meus olhos.

Eu senti que estava a perder a batalha, sem ter tido oportunidade de desferir um tiro sequer.

"Vocês pararam para pensar sequer em coisas simples, do género de tarefas domésticas, refeições, cozinhar, etc?" continuou Megumi

"Ei…" comecei, pronta para defender os meus cozinhados, apesar de estes serem incomestíveis…

"Ho, ho, ho…" Riu-se Megumi, tapando delicadamente a boca com uma mão. Juro que quase lhe podia ver umas orelhas de raposa a saírem dos seus longos cabelos negros.

Ela conseguia sempre irritar-me.

Mas depois lembrei-me das palavras de um grande sábio "Quando não os puderes vencer, junta-te a eles." E foi o que eu fiz, desatando-me a rir. Misao rapidamente se juntou à sinfonia…

"Vocês os dois juntos…" começou Megumi, por entre as risadas.

"Conseguem imaginar o Sano, no fogão…" desatei-me a rir ainda com mais força, devido à minha fértil imaginação "de avental cor-de-rosa aos folhos…" não aguentei mais e desatei a rir às gargalhadas, seguida pelas minhas primas.

"Com a comida toda queimada…" Continuou Misao por entre as gargalhadas.

"E com o pote de água a ferver a verter por todos os lados enquanto grita por ajuda!" completou Megumi…

Foi preciso um tempão para que nos conseguíssemos recompor.

Nós as três juntas, dá sempre nisto… Uma imaginação delirante, um senso de humor apurado, e todas as nossas outras qualidades a multiplicar por três! Resulta sempre numa festa!

Começamos a falar sobre banalidades, a pôr a conversa em dia, a falar de tudo e mais alguma coisa.

Como eu sinto a falta delas, deste falar quase sem precisar de palavras, de ter alguém por perto que me conheça tão bem e me consiga pôr a rir como uma lunática! Alguém que me pegue na mão nos momentos que eu mais preciso!

Misao sempre está comigo quando eu preciso, para o que der e vier. Ela conhece-me bem. Mas a Megumi tem a capacidade de tocar nas minhas feridas. Consegue ver quando eu estou em baixo e força-me e aperta-me para falar, mesmo quando eu não quero.

Quando a Megumi se apercebeu que eu já estava suficientemente à vontade, perguntou-me directamente:

"Então, que se passa? Porque é que me telefonaste a dizer que querias falar comigo? Olha que eu desmarquei uma ida ao cinema com o Sano por tua causa…"

Os seus olhos límpidos perspectivaram os meus, procurando ler neles a razão da minha inquietação.

"Eu preciso da vossa ajuda..." Respondi. "Mas não se preocupem, acho que é um assunto agradável."

"Achas? Não tens a certeza?" Ela respondeu.

"Preciso da vossa ajuda! Sinto-me tão perdida!" senti as lágrimas a afluírem aos meus olhos.

Desviei o olhar. Agora que estava frente a frente com elas, não sabia se era isto que eu queria.

Tenho de ser mais sincera comigo mesma. Eu queria e precisava de desabafar com elas, mas… Tinha era medo do resultado da conversa, medo que se eu projectasse os meus sonhos, que se eu traduzisse as minhas emoções por palavras, eles se desvanecessem no ar.

A minha prima notou a minha hesitação e pegou carinhosamente na minha mão.

Timidamente perguntei-lhe "E se fossemos falar lá para fora?"

Ela acedeu e saímos silenciosamente dirigindo-nos ao jardim onde brincávamos em criança. Eu tentava organizar pensamentos e ideias, de forma a falar com ela de forma coerente.

Repentinamente eu virei-me para a Megumi:

"Lembras-te da nossa última conversa ao telefone?"

Ela acenou que sim e eu continuei "Falámos um pouco sobre tu e o Sano. Depois perguntaste-me do que é que eu achava dos rapazes da minha turma. Eu fugi da tua questão, não gosto de falar desses assuntos."

Olhei a natureza ao meu redor. Observei as crianças, ainda bastante distantes de nós a brincar nos baloiços, os mesmos onde eu tinha estado nessa mesma madrugada.

"Tu tentaste me forçar a dar a opinião sobre o que eu achava sobre os meus colegas." Continuei "fui muito evasiva e tentei deixar o assunto morrer."

A lembrança dessa noite estava bem presente na minha cabeça. Depois de uma breve pausa continuei "Tu comentaste que era impossível eu não ter uma queda por nenhum deles, por nunca me ter apaixonado."

Por fim encontrei a coragem necessária para fitar os teus olhos. E sorri. "Agora percebi que estou apaixonada à muito tempo, mas tentei esconder isso até de mim própria!"

Ela sorriu também. A Misao abriu muito a boca, admirada!

"Ui, ui! Quem é o felizardo?"

Eu baixei os meus olhos e murmurei "Kenshin…"

O sorriso congelou nos teus lábios. O vento parou de soprar por infindáveis momentos. Por fim, o mundo recomeçou calmamente a girar quando a Misao o repetiu lentamente, saboreando cada letra, a tentar compreender o nome, para que o seu cérebro registasse toda essa nova informação "Kenshin!" Megumi olhava-me incrédula. Os seus olhos castanhos estavam enormes. Li preocupação nos olhos da minha prima mas velha…

Eu olhei-as de frente e repeti novamente, agora com firmeza e força. "Sim." Confirmei a alto e bom som. "O Kenshin. O namorado da minha melhor amiga."

------------------------------------Continua---------------------------------

Notas da autora: Quero agradecer a todos vocês que me acompanharam nesta história, e espero que apreciem estas modificações. Mantenho aqui as respostas que tive ao primeiro capítulo.

Sf-chan: A minha primeira leitora a deixar um review! Muito obrigada pela força! É, entre o Português de Portugal e o de Brasil há muitas diferenças. Para mim, o Brasileiro escrito soa muito esquisito, mas torna-se engraçado! Eu adoro muito a cultura Brasileira, afinal de contas somos países irmãos. Obrigada também pela força para com a Selecção Portuguesa. Eu estou a gostar muito do técnico, ele conseguiu transmitir muita da alegria e fé brasileira aqui para Portugal, que é uma coisa que nós temos muito em falta. Somos muito pessimistas. Já não acreditávamos na vitória, depois da derrota no primeiro jogo. Mas estamos a conseguir! Quem sabe se no próximo mundial não assistimos a uma final entre Brasil e Portugal! Seria curtido! E que ganhe o melhor! Boa sorte para a sua história!

Lan Ayath: Para mim as histórias têm de ter um final feliz. E um final feliz é Kenshin ficar com Kaoru! K&K sempre! Para a minha história precisava de colocar uma série de personagens e lembrei-me de Misanagi. Ela faz uma aparição na anime, durante a saga dos Cavaleiros Negros em que o Kenshin-gumi procura o medicamento sagrado. Obrigada por leres a minha história e deixares um review!

Kenjutsu Komachi: Muito brigada pelo entusiasmo e a força! Espero que você goste deste capítulo e continue seguindo o trama! Bjs pra vc também!

Obrigada também a toda a gente que está lendo este fic sem deixar nenhum review! Aposto que são centenas... :-)