Disclaimer: tão certo quanto as estrelas brilham no alto do céu, os rios correm para o mar e o mundo gira à volta do sol, o Kenshin não é e nunca será meu...
Para a minha queridíssima amiga, crítica e tudo o mais Sf-chan!!! Tou com saudades tuas fofa…
6. Deixa voar os sonhos…
Acordei com o barulho de vozes distantes no corredor do hotel. Podia sentir a presença quente e agradável de Sayo deitada ao meu lado na cama.
Abri finalmente os olhos depois de uns minutos melosos e descobri a figura de Misanagi profundamente adormecida sobre a sua cama.
Lembranças da noite afloraram à minha cabeça e recordei-me vagamente de ter acordado algumas vezes durante a noite para verificar se Misanagi já se encontrava no quarto, tendo só conseguido descansar, depois de encontrar a sua figura solitária a dormir.
Espreguicei-me com cuidado para não acordar a minha companheira e deixei-me ficar preguiçosamente na cama. Afinal de contas, estava de férias e a liberdade de horários é um dos melhores benefícios das férias. Bem, sempre havia o horário das refeições, que se continuasse deitada perderia o pequeno almoço, mas valia a pena esse preço para poder ficar preguiçosamente na cama.
Não sei quanto tempo fiquei assim, embalada nos meus pensamentos optimistas. Ligeiros movimentos, indicando que a minha companheira estava suavemente a acordar, despertaram-me.
"Bom dia!" saudei-a, inclinando-me para ela.
Ela abriu os seus grandes olhos suaves, cor de avelã. O seu rosto abriu-se num sorriso luminosos quando os seus olhos capturaram os meus.
"Bom dia!" retribuíste simplesmente.
"Tá uma manhã radiosa…" eu disse com um sorriso.
"Que horas são?"
"Suficientemente tarde para termos perdido o pequeno-almoço… mas suficientemente cedo para fazermos o que quiseres!"
"Bem… eu não tenho fome nenhuma…" disseste com um suspiro "como é que vamos gastar a nossa primeira manhã por aqui?"
"Deixo isso à tua escolha… para mim, qualquer coisa está bem."
"Podíamos ir até à praia…" sugeriste.
"Não sei…" respondi-te, pensativa "Só nós as duas não seria tão divertido…"
"É…"
Ficamos neste impasse por alguns momentos…
"Bem, também podemos ir dar um mergulho na piscina do hotel!"
""ptima ideia!" respondi animada.
"Xiu!" avisaste. Depois, baixando o tom de voz explicaste "A Misanagi ainda está a dormir!"
Eu olhei para a cama ao nosso lado. Tinha-me esquecido completamente da presença dela…
Virei-me novamente para a Sayo "Já viste, coitada da Misanagi. Podia ter levado um susto enorme quando chegou ao quarto esta noite e viu a minha cama vazia…"
As nossas gargalhadas cristalinas encheram o ar, fazendo com que Misanagi se revolvesse na sua cama.
"É melhor irmo-nos embora, senão ainda a acordamos." Disseste. És sempre a mesma, sempre preocupada com os outros, colocando o seu bem-estar à frente do teu.
"Ok. Então vamos mudar-nos, em silêncio…"
"Não vale a pena" a voz melosa de Misanagi cortou-me a palavra. "Já estou acordada."
"Ups… Desculpa fofa, não queríamos acordar-te…"
Misangai virou-se na cama, voltando-se para nós. Os seus olhos sorridentes encontraram-nos. "Bom dia meninas! Não faz mal…"
"Então a noite foi boa?" perguntei-lhe.
""ptima!" foi a resposta alegre da Misanagi.
"Nós estávamos a ponderar se não ficaste assustada quando chegaste e deste com a cama da Kaoru vazia?" perguntou Sayo.
"Vazia?"
"Sim, nós dormimos juntas na cama da Sayo."
"Ai foi? Não dei conta. Estava tão cansada quando cheguei e além disso não vos queria acordar, portanto…" um enorme bocejo obrigou-te a fazer uma pausa "não liguei a luz…"
Eu sentei-me na cama da Misanagi e dei-lhe um beijo suave na face.
"Nós vamos até à piscina. Queres vir?"
"Não, obrigada. Acho que vou dormir um pouco mais. Estou ainda muito cansada."
"Fazes bem… então a gente vai, ok? Descansa, que precisas…"
Vestimo-nos em silêncio e dirigimo-nos para a piscina do hotel, deixando uma já adormecida Misanagi no quarto.
A piscina era enorme e bastante profunda no centro. Contudo, uma vez que era ainda muito cedo, a cristalina água estava gelada. Não podíamos ficar quietas, portanto fizemos vários jogos de natação, para aquecermos.
Estávamos sozinhas no recinto da piscina. Por vezes passavam por lá hóspedes do hotel, inclusive colegas nossos, mas nenhum tinha coragem de ficar… até que chegaram dois rapazes e nos viram ali sozinhas…
Para nos impressionar, um deles tirou a t-shirt, ficando só com calções de banho e mergulhou perfeitamente na água azul… mas que ao primeiro contacto, principalmente em alguém que andou ao sol, é completamente gelada!
Pois é, parece que o nosso amigo não gostou muito da temperatura, pois saiu logo no outro lado da piscina, dizendo para o seu companheiro "Parece que acabei de mergulhar num balde com gelo!"
E desapareceram os dois do recinto da piscina, sem sequer olharem para trás novamente…
Bem… também, nós as duas desatamo-nos a rir que nem umas perdidas quando eles desapareceram na ombreira da porta que os conduz para o interior do hotel…
Cansadas do esforço físico, saímos da água e dirigimo-nos para as cadeiras de praia que se encontravam no recinto e esticamo-nos lá ao sol quente da manhã.
Estávamos nós lá bem deitadinhas a aproveitar o calor, vegetando que nem répteis, quando uma voz por trás de nós chamou a nossa atenção.
"Olha que duas!"
Nem precisei de me virar para trás para ver quem tinha chegado, pois reconheci logo aquela voz inconfundível, que eu reconheceria em qualquer lugar do mundo e que pertence ao Kenshin.
"Oi!" saudei. Além do Kenshin, vinha também Tomoe, Okita e o Katsu.
Eles sentaram-se ao sol connosco. Vinham com as roupas de praia vestidas, indubitavelmente tinham lá passado toda a manh
E bem, é claro que durante o caminho do hotel à praia e também o caminho inverso, realizaram umas paragens obrigatórias (já que tinham a Tomoe no grupo) para compras.
A minha manita mostrou-nos toda empolgada as aquisições dessa manhã. Depois falou-nos do mar delicioso e do calor agradável que se fazia sentir na praia. Rimo-nos com histórias da noite anterior e partilhamos alguns dos episódios com os rapazes.
Eles também nos falaram da discoteca, a famosa Revolutiononde eles tinham ido a noite anterior. Quando demos por nós, já passava do meio-dia e ainda nos queríamos ir arranjar antes do almoço, bem como acordar a melga da Misanagi que tínhamos deixado na cama.
Foi com muita pena que deixamos o recinto da piscina e entramos no hotel, conversando animadamente. Dirigimo-nos para as escadas, passando pela recepção do hotel.
Apesar de só estarmos no hotel à um dia, já o conhecíamos suficientemente bem para nos abstrairmos do que nos rodeava. Por isso não reparamos na figura solitária ao balcão.
Qual não é o meu espanto quando ouço uma voz muito minha conhecida.
"Então Jou-chan, já não se fala aos amigos?"
Eu parei no meu lugar. Aposto que a minha surpresa e admiração estavam estampadas por todo o meu rosto. Não era possível, simplesmente não era. Será que eu estava a ouvir vozes?
Quando finalmente me recompus, consegui virar-me. A esta altura a pessoa já estava bem mais perto de mim e os meus amigos estavam a cumprimentá-lo.
Coloquei as minhas mãos na cintura, com a cabeça ligeiramente inclinada, tentando fazer uma cara de má.
"Sanosuke Sagara, mas que raio estás tu a fazer aqui?"
Ele veio até ao pé de mim e rodeou suavemente a minha cintura com uma dos seus braços fortes. Inclinou-se, depositando um beijo carinhoso na minha face.
"Achavas que te vias livre de mim assim tão facilmente?"
"Doido! Maluco! Mas o que é que tu estás a fazer? Como é que tu chegaste até aqui, a Osaka? Tonto…" as palavras atropelavam-se na minha boca, na sua ânsia de saírem.
Tu desataste a rir. Eu sei que estava a fazer uma figura idiota à tua frente, mas não o conseguia evitar… afinal de contas estava super curiosa.
"Bem.." começaste, ao mesmo tempo que coçavas a cabeça "Não aguentei ver-vos partir. Então, fui chatear os meus pais. Depois de alguma insistência eles deixaram-me vir. Peguei no carro a meio da noite e vim até aqui."
Lançaste um sorriso triunfante só para me provocares "Claro que a minha lata velha é muito mais rápida que o vosso autocarro, logo demorei muito menos que vocês a chegarem c"
Eu abanei a cabeça perante a tua façanha. Não sabia se admirar-te por teres desafiado os teus pais, já que não te dás muito bem com eles, ou se te repreender por teres vindo todo este caminho e ainda por cima de noite.
Tu olhaste para mim e desataste-te a rir.
"Eu conheço muito bem esse teu olhar Jou-chan. Não penses sequer em dizer algo porque eu já cá estou e nada consegue mudar esse facto"
Desatei-me a rir, claro, com essa tua tirada. Não que eu estivesse mal acompanhada, mas com o Sano em Osaka, a viagem seria completamente diferente…
"Agora minha amiga, já podemos apanhar uma boa bebedeira juntos." continuaste "Gatinhas, me aguardem! Sanosuke tá chegando!"
"Pronto, agora que o papa-todas está cá, não vai sobrar gajas para ninguém." Disse o Katsu, o melhor amigo de Sano.
"Katsu, meu amigo! É claro que elas até vão fazer fila para me admirarem mas… bem, tu és meu amigo, eu divido-as contigo…"
"Até parece…" disse Katsu com um sorriso céptico.
Sano olhou à volta, analisando os seus arredores.
"Bem, eu fico com as morenas. Tu podes ficar com as loiras…" rematou Sano. Pelo menos nisso demonstrou alguma sabedoria. É certo e sabido que a maioria dos japoneses são morenos…
"E o Kenshin pode ficar com as ruivas…" acrescentou com um sorriso sarcástico na cara.
Com esta tirada, só consegui abanar a cabeça. O Sano está igual, sempre foi assim, desde tempos remotos, desde que eu o conheço. E eu já o conheço há muito tempo. Mas ele consegue sempre sorrir apesar de todos os seus problemas… É o eterno optimista!
"Mas malta" disse Sano "tenho um problema…"
Nós entreolhamo-nos. Os problemas de Sano geralmente significavam falta de dinheiro.
"Ninguém aqui tem dinheiro para te emprestar" disse Tomoe, na brincadeira.
"Oh, quanto a isso não tou preocupado. Depois de tudo quanto a Jou-chan me chateou para eu vir, tenho a certeza que ela não se importará de pagar as minhas despesas por aqui…" disse Sano, fazendo uma cara de santinho, que deixa muito a desejar…
"Pois, pois. E não queres mais nada?" perguntei eu.
"O almoço era bem vindo" disseste tu muito depressa. Fizeste uma pausa "Mas claro que não pode ser cozinhado por ti!"
Eu cerrei os meus punhos, fingindo que te ia dar um murro. Porque é que tens de estar sempre a provocar-me e a gozar comigo e com os meus pobres cozinhados.
"Não te desejava outro mal…" ouvi Kenshin dizer em surdina.
"Tu também!" disse, virando-me para ele e fingindo dar-lhe um murro no estômago.
Ele apanhou o meu punho e com a sua mão livre, fez-me cócegas na barriga.
"Ei! Isso não vale!" foi a única coisa que consegui dizer.
O Sano abraçou-me por trás, prendendo-me os movimentos, impedindo-me de me proteger contra os ataques do Kenshin.
"Tudo é justo no amor e na guerra Jou-chan" ele disse.
Quando os rapazes se fartaram de me torturar, o Sano voltou à carga.
"Pronto, agora que isso está resolvido, quero falar-vos do meu outro problema." Fez uma pausa solene. Nós olhamos para ele, expectantes sobre o que iria sair dali. "O hotel está cheio."
De todos os problemas que poderíamos pensar, este era o único que não me tinha ocorrido.
"Parece que o teu problema é mais sério do que o que inicialmente julgamos" interveio Tomoe.
"Oh!" O meu desapontamento era evidente "E o que é que vamos fazer?"
"Bem, como os quartos têm as camas todas juntas, ele pode ficar connosco." Sugeriu Kenshin.
"É! Boa ideia!" apoiou Okita.
"Sim!" disse Tomoe "mais um para encher o nosso quarto!"
O Kenshin pareceu ligeiramente embaraçado. Acho que a ideia dele era recambiar Tomoe para um quarto de raparigas e o Sano ficar no deles. Reparei que se debateu com as suas ideias por alguns segundos, mas acabou por desistir perante o enorme sorriso de Tomoe.
Fiquei com um pouco de ciúmes. Eu não me importaria minimamente de dormir com Misanagi e lhe dar a minha cama. Afinal de contas, ele é principalmente meu amigo, Tomoe só o conheceu pela minha intervenção. Rapidamente afastei essas ideias. Todos eles são meus amigos… não tenho qualquer motivo para sentir ciúmes…
"Uau! Então, tá tudo combinado…" disse o Sano, sorrindo.
"Bem, mas temos que falar com o recepcionista" disse eu.
"Porque? Eu vou ficar com vocês. Não tenho de pagar quarto…"
"Não é bem assim Sano." Ajudou-me Kenshin "Deves ser honesto. E se surgir algum problema?"
"É verdade." Eu apoiei-o "além disso, se não fizeres isso, não tens direito às refeições."
Com o Sano já convencido, mandamos os outros irem arranjar-se, enquanto eu e o Kenshin tratávamos da situação do Sano. Demorou um pouco, mas por fim, subimos juntos as escadas do hotel.
Eu ia à frente dos rapazes e durante a subida, uma ideia afluiu-me à cabeça, por isso parei de rompante e virei-me. O rapaz que ia atrás de mim, não teve tempo de conter-se e embatemos. Mas com rápidos reflexos, amparou-me, impedindo que ambos caíssemos das escadas abaixo…
E foi assim que me deparei novamente nos braços do Kenshin… Fiquei assim apenas uns segundos, o tempo necessário para recuperar o equilíbrio… mas também o tempo necessário para que o seu perfume penetrasse no meu olfacto…
Apoiando-me nele, afastei-me do seu abraço. Os nossos olhares cruzaram-se, as nossas faces tão perto uma da outra que podia sentir a sua respiração quente a banhar o meu rosto, os seus lábios suaves assustadoramente, mas ao mesmo tempo tentadoramente, perto dos meus…
"Vocês tão bem?" perguntou Sano.
Ele ia um pouco atrás de nós, portanto não tinha sofrido neste "choque em cadeia." Eu tinha deslizado um degrau e encontrava-me ao mesmo nível que o Kenshin.
"Eu estou bem!" disse, assegurando ambos que me olhavam preocupados.
"Porque é que paraste tão subitamente, fofinha?" perguntou-me o Kenshin. A sua mão ainda rodeava carinhosamente a minha cintura, com medo que eu me tivesse sentido mal e que pudesse ter uma recaída.
"É que me lembrei…" fiquei corada num instante e não consegui continuar.
"O que é que foi Jou-chan?" perguntou o Sano. A sua preocupação comigo era evidente e surpreendeu-me.
Eu comecei a rir, para desanuviar o ambiente e consegui. "Eu estou bem" eu disse, mas apesar disso não afastei a mão do Kenshin da minha cintura…
"É que algo não bate certo Sanosuke." Fiz uma pausa "Então e a Megumi? Aconteceu alguma coisa entre vocês?"
"Ahahahahah!" riu-se estrondosamente o Sano. "Era isso que te preocupava? Doida…"
"Queres parar de rir e explicar-me o que se passa?" eu disse, não achando muita piada à situação.
"Bem, houve uma mudança de planos e a tua prima só chega na quinta-feira. Então, eu pensei o que é que eu ficaria a fazer naquele fim do mundo sem vocês? Aquilo lá está mesmo solitário…" uma leve sombra passou nos olhos do meu velho amigo, mas ele rapidamente a afastou "Então chateei os meus velhos e… cá estou eu!"
Com a minha mão acariciei apaziguadoramente o braço do Sano. "Ainda bem que o fizeste. Acho que esta viagem vai ser muito mais interessante do que o que eu julguei, agora que tas aqui…"
Recomeçamos a subida e a voz do Sano cortou o silêncio.
"Sabes Kaoru, tenho planos gigantescos para nós os dois, ou os três… bebedeiras todas as noites… quero te ver na night. Aqui, não tens maneira de nos escapar, não é verdade Kenshin?"
"Claro!" ajudou o Kenshin.
Abri a boca para responder à questão maliciosa do Seno, mas não fui capaz… eu e o Sano estamos sempre a picar-nos mutuamente, é uma constante na nossa vida, mas naquele momento não consegui responder-lhe.
"Bem, segundo andar, aqui estamos… Eu fico por aqui! Até já!" eu disse, e afastei-me correndo sem lhes responder ou olhar para trás. Não ouvi os seus passos a subir as escadas, por isso presumo que ficaram a ver-me desaparecer pelo corredor…
Parei na esquina, escorreguei pela parede e sentei-me no chão e limpei uma lágrima marota que me escapou e estava a escorrer pela minha face.
O Sano é um rapaz um pouco imaturo e brincalhão, mas é um rapaz de ouro, um amigo fiel… não merece nada do que vida lhe deu… o pai bêbado, que vingava nele todas as suas infelicidades, a mãe demasiado fraca para se intrometer… mas apesar do que se poderia pensar isso só o ajudou a crescer forte e seguro. Fiel a quem ele gosta, um amigo digno dos seus amigos… mas muito vulnerável por dentro…
Que sorte por o ter como amigo…
Levantei-me e compus-me. Agora a vida dele está melhor e tem amigos que o ajudem a suportar o seu peso. Tem-me a mim, pelo menos…
Dirigi-me ao meu quarto e pus um sorriso na minha cara. As raparigas estavam quase prontas.
Eu tomei um duche rápido e vesti a primeira roupa que me veio à mão. Em breve, estávamos já a descer e a encontrarmo-nos com os outros para almoçarmos juntos.
Uma refeição com o Sano ao lado, era muito diferente que sem ele. Ele fazia-nos rir com histórias e conversa, tornando-nos muito mais animados e eu dei por mim a comer mais do que nas refeições anterior, apesar do péssimo tempero da comida.
"Então o que é que vamos fazer logo à tarde?"
"Compras!" disse logo Tomoe, olhando directamente para os olhos do Kenshin. Ele acedeu ao seu pedido, sem ser necessário pronunciá-lo.
"Praia, garotas" disse Katsu.
"Sol, descanso e já agora Tomoe, podias preparar um lanchinho…" completou Sano.
"Estes dois são incuráveis!" comentou Misanagi.
"E nós Misa-chan?" perguntei, piscando o olho "Continuamos com o nosso desporto preferido, natação?"
Continuei, desta vez dirigindo-me a Sayo, sem deixar que Misanagi respondesse à minha questão "E tu, claro que nos fazes companhia, né Sayo-chan…"
"Bem, eu e as raparigas já temos umas coisas combinadas…" interrompeu Misanagi.
Eu olhei-te, um pouco magoada. Mais uma vez, não me estavas a incluir nos teus projectos…
"Por falar nelas, onde é que aquelas três se terão metido?" perguntou Sayo, cortando a minha conversa com Misanagi.
"Não faço a menor ideia" respondeu Misanagi "devem vir almoçar mais tarde…"
Decidi deixar passar o assunto (outra vez).
"Bem Sayo, parece que sobramos nós. O que é que vamos fazer esta tarde? Vamos para a praia com os rapazes, ou às compras com a Tomoe? Ou podemos fazer qualquer outra coisa…" perguntei à minha amiga, tentando esconder ao máximo o tom de mágoa na minha voz.
"Eu tenho de ir à farmácia, fazer umas comprinhas… Se me quiseres acompanhar…"
"Claro!" respondi.
E foi assim que o grupo acabou todo fraccionado nessa tarde. As raparigas desapareceram, sei lá eu para onde. Não perguntei. Os outros subiram para o seu quarto para se arranjarem para a tarde.
À ultima hora, Soujirou decidiu vir comigo e com a Sayo à farmácia. Nenhum de nós conhecia a cidade, portanto tivemos de percorrer várias ruas de Osaka até encontrarmos uma farmácia de serviço.
A Sayo entrou sozinha, para comprar não sei o que, que ela precisava… Pensando nisso, surpreendeu-me um pouco que ela tivesse de vir à farmácia, mas não fiz perguntas.
Eu fiquei com o Soujirou no exterior, a conversar. Apesar de sermos colegas, não o conheço muito bem. Ele dá-se mais com o grupo do Shogo e raramente falo com ele a sós, mas ele parece-me um rapaz interessante, inteligente e simpático. Tem sempre um sorriso simples a bailar-lhe nos lábios, um sorriso que transpira paz.
"Já está!" enunciou efusivamente Sayo, saindo da loja.
"E agora, onde é que as meninas querem ir?" perguntou educadamente Soujirou.
"Sei lá, Sou-chan. Ainda é muito cedo, podíamos ir dar uma volta…" sugeriu Sayo.
"Por mim tudo bem" acedi.
Descemos uma praça movimentada.
"Olha, o cinema! Bem que podemos vir ver um filme um dia destes…" eu disse.
"É! Até estão uns filmes fixes em cartaz…"
"A sessão da tarde começa ás 5h30 e a da noite é às 9h… temos de cá vir um dia."
"E agora, o que é que vamos fazer? Passa pouco das 2h da tarde…"
Eu encolhi os ombros… "Bem, podemos continuar a andar…"
A rua desembocava numa praceta onde se via um rio ao longe, e do outro lado do rio…
"Um parque de diversões!" gritou Sayo maravilhada, avistando diversos carrosséis na distância.
Em passo apressado transpusemos a bonita praça, em direcção ao rio, que era atravessado por uma ponte pedonal de pedra, e que parecia bastante antiga.
A alegria do ambiente invadiu-nos logo à chegada. Aquela hora, somente os carrosséis mais infantis estavam abertos.
Sorrisos de crianças chegam aos nossos ouvidos, enquanto que as luzes coloridas dos carrosséis atraíam os nossos olhos. Músicas infantis vibravam no parque.
Paramos a observar as crianças divertidas a passear em barquinhos, carros e motas no trilho definido do carrossel.
Um pequeno rapaz de cerca de três anos chamou a minha atenção. Ele conduzia um colorido carro de corrida e acenava entusiasticamente à sua família sempre que passava por eles. Mas o que mais me atraiu nele foi o seu grande sorriso, o sorriso de alguém que vê os seus sonhos serem satisfeitos.
Deixei que todo o ambiente familiar me envolvesse e lembrei-me do meu pai e das noites divertidas que passei com ele, quando era pequenina e ele me trazia a parques semelhantes.
Mais à frente, crianças montavam póneis verdadeiros. Ao princípio pareciam receosas, mas logo se habituavam ao jeito do animal.
"Bem, e nós? Parece que só a secção infantil está aberta…"
"O que é que vocês acham daquilo?" perguntou Sayo divertida.
Olhei para o carrossel que a minha amiga apontava. Era um típico carrossel de dois andares, onde figuravam girafas, cavalos, carros, chávenas numa alegre mistura de animais e objectos.
"Nós estamos aqui para nos divertirmos um bocado, não é verdade? Devemos aproveitar esta semana ao máximo!" eu disse.
Dirigimo-nos para o dito carrossel e após comprarmos as fichas, fomos escolher o nosso meio de transporte. A nossa escolha acabou por recair numa elegante chávena de chá.
Sentamo-nos bem juntinhos e como somos todos os três bastante elegantes, a chávena rodopiava alegremente ao som da música engraçada. As nossas gargalhadas elevavam-se no ar, apesar da música.
Os meus cabelos e os de Sayo rodopiavam alegremente ao sabor do vento! Decidimos repetir a viagem, confortavelmente sentados na nossa chávena, como se não pudesse haver outro meio de transporte mais confortável que aquela simples chávena cujos rebordos estavam pintados de um alegre tom vermelho!
Depois decidimos tentar os carrinhos de choque. Cada um adquiriu o seu carrinho e divertimo-nos com as nossas peripécias de condutores malucos, sem carta de condução (carteira, para os brasileiros, eu acho) nem nada parecido…
Também tentamos tiro ao alvo e posso dizer que eu e o Soujirou fomos muito bem sucedidos. Também, temos ambos um excelente treino em artes marciais, logo outra coisa não seria de se esperar…
A Sayo não nos ficou muito aquém, mas não conseguiu o tão desejado prémio. Mas o Soujirou, cavalheiro como sempre, ofereceu-lhe o bonito ursinho de pelúcia que ele tinha ganho. Eu transportava um lindíssimo cãozinho com olhos ternurentos que tinha adquirido. O Soujirou transportava uma enorme bengala quase da sua altura, cheia de chupa-chupas (pirulitos no Brasil, eu acho, ou qualquer coisa do género…).
À saída deparamo-nos com um enorme touro mecânico sobre um colchão de ar.
"Menina bonita, não quer tentar aguentar em cima do touro?" perguntou o vendedor para a Sayo.
"Porque é que não tentas?" provoquei-a.
"Eu?" perguntaste, com os teus lindos olhos castanhos super abertos, cheios de espanto a fitarem a minha cara.
"Tenho uma ideia. Podíamos tentar as duas…" eu disse.
"O que?! Tu tas maluca…"
Com sorrisos e palavras mansas, consegui convencer a Sayo a subir comigo para o touro. O objectivo era aguentarmos lá em cima por um minuto, enquanto ele rodopiava e mexia, tentando deitar-nos abaixo.
Deixamos os nossos animaizinhos de pelúcia com o Soujirou e fomos tentar "domar" o temível touro.
Eu sentei-me atrás da Sayo e rodeei a sua cintura com os meus braços, de forma a também me agarrar ao suporte de metal nas costas do touro, mas também para lhe dar segurança.
O animal mecânico começou a mexer-se devagar, para nos habituarmos. Aquilo até era divertido e para meu contentamento, passado o medo inicial, também Sayo estava a gostar da viagem.
A velocidade aumentou vertiginosamente à medida que o tempo passava, mas nós seguramo-nos firmemente no topo do touro, entre risos e gargalhadas!
Por fim acabou a viagem e tavamos ambas um pouco tontas, então sentamo-nos um pouco à beira do colchão, a rirmo-nos que nem umas perdidas com o Soujirou. O dono do touro veio ter connosco entregar-nos o nosso prémio: uma garrafa de vinho.
Extenuadas, deixamos que Soujirou nos conduzisse até ao hotel. Tivemos de dar umas voltitas para nos pormos no rumo certo, mas uma vez avistado o mar, conseguimos rapidamente encontrar o caminho de volta.
Decidimos ir até ao recinto da piscina, primeiro, para inspeccionar se algum dos nossos amigos lá se encontrava.
Num grupo de cadeiras um pouco afastadas, mas com uma óptima vista para os arredores, estava situado o grupo do Shishio e da Yumi, que obviamente estavam a criticar todo o ser vivo que se encontrava na área da piscina.
Numa mesa da esplanada, vi o grupo do Enishi a tomar uma bebida.
O grupo dos alemães do dia anterior também lá se encontravam a tomar banho de sol. Não me apetecia muito voltar a encará-los, portanto puxei os meus amigos para dentro do hotel.
Subimos ao nosso quarto, já que tínhamos ficado nós com o cartão da porta e pousamos lá as coisas. Já eram quase 5h30, tínhamos passado uma tarde muito divertida no parque e o tempo tinha passado num corrupio.
Por decisão mútua, resolvemos ir ter com os outros à praia, pelo menos para lanchar. Pegamos nas toalhas e eu juntei um livro na minha carteira para me entreter e emprestamos uma toalha suplementar ao Soujirou, pois o seu quarto estava vazio e ele não tinha o cartão para lá entrar. Nós tínhamos as nossas roupas de banho vestidas por baixo, portanto num instante estávamos prontos para partirmos.
Os nossos amigos estavam no mesmo lugar que no dia anterior, e junto a eles encontravam-se também os companheiros de quarto do Soujirou, o Shogo Amakusa (irmão da Sayo) e o Shouzo. As raparigas não estavam lá.
Esticamos as nossas toalhas na areia. Eu decidi ir dar um mergulho, acompanhado pelo Sano e pelo Kenshin, enquanto que a Sayo e o Soujirou se deitaram ao pé do Shougo.
O mar estava super calma e nadamos juntos para dentro do oceano, tendo depois começado a boiar, observando o sol incandescente sobre nós.
"Eu vou gastar um pouco mais as minhas energias" disse o Sano, afastando-se.
Eu e o Kenshin ficamos a vogar ao sabor das ondas, observando o maravilhoso espectáculo que a natureza nos oferece todos os dias ao entardecer, e que poucas vezes desfrutamos.
Sobre nós, no céu azul cintilante, voavam alegres gaivotas velozes, embaladas pela agradável brisa marinha que se tinha levantado durante a tarde.
Tentei, em vão, descortinar as diferentes cores que tingiam o céu, enquanto o reinado do Sol entrava em declínio. Espontaneamente, ergui a minha mão para o céu.
"Está tão perto…" eu disse num murmúrio.
"Dá a sensação que lhe podemos tocar…" retorquiu o Kenshin.
Eu olhei para o lado e reparei que ele não observava o céu, mas a mim… a minha garganta ficou como seca. Não que eu me sentisse envergonhada, era qualquer outra coisa, algo diferente, que não consigo explicar… mas fazia-me sentir especial, como se eu fosse a única mulher no mundo…
A minha mão tinha caído sobre a água, durante a minha deambulação pelos olhos do Kenshin, mas o meu gesto não lhe tinha passado despercebido.
Ele segurou a minha mão com cuidado e carinho como se de algo precioso e delicado se tratasse. Com o seu polegar acariciou-a.
O meu olhar fugiu para as nossas mão unidas, mas rapidamente regressou à sua face, onde figurava um sorriso sincero que atingia também o seu olhar. E foi neste que me perdi, no seu olhar… nos seus deliciosos lagos violetas que neste momento, iluminados pelo sol, possuíam alegres faíscas douradas a rodeá-los.
"Olha!" ele alertou-me repentinamente.
Com esta simples palavra eu fui retirada subitamente do estado de sonho em que me encontrava. Por alguns segundos não me lembrei onde estava e perdi o controlo dos meus movimentos, perdendo a estabilidade que me fazia flutuar, mantendo-me à tona da água.
Felizmente para mim, o Kenshin possui uns rápidos reflexos, e também ele deixou de boiar, não largando a minha mão, segurando-a e com ela puxou-me para ele, até me poder abraçar.
Eu comecei-me a rir. Tinha tudo acontecido tão depressa que nem tinha tido tempo para sentir medo algum. O Kenshin juntou-se ao meu riso.
Depois, delicadamente levantou o meu queixo e só então observei o que ele tinha tentado chamar-me a atenção.
Um bando de alegres gaivotas, muitas mesmo, acho que nunca tinha visto tantas juntas, rumavam ao sabor do vento em direcção à praia. O vento naquele local soprava mais forte e elas rodopiavam e dançavam no céu numa liberdade incrível que eu imediatamente ambicionei para mim…
Eu estava de costas para o Kenshin então encostei a minha cabeça no seu ombro para observar o espectáculo. Eu senti o peso bem-vindo do seu queixo a apoiar-se no meu cabelo.
O meu braço direito envolveu o meu corpo até encontrar o esquerdo do Kenshin, que me abraçava e acariciei-o instintivamente. E foi nesta intima posição que partilhamos a visão única daquele pôr-do-sol em Osaka…
------------------Continua----------------------------
Nota da autora: Oi gente!!!! Só queria dizer que ainda não morri!!! Desculpem ter demorado tanto tempo a postar este capítulo, mas é que ando cheia de trabalho, além disso, parecia que o capítulo não saía… mas agora descobri um truque, quando não consigo escrever, invento uma cena K&K bem bonita. Fico logo inspirada e espero que vocês gostem!!! Muitas surpresas (lindas!) estão à vossa espera nos próximos capítulos! Desculpem se este não está muito do vosso agrado, prometo que coisas melhores irão vir... Um beijão pra todo o mundo!
Resposta aos reviews:
Sayuri-chan: Então fofa! Espero que o capítulo esteja do teu agrado… (",) O que é que achaste da cena K&K? inicialmente tinha feito uma pequena barafunda com o Sano pelo meio, mas depois acresenctei a cena deles juntos a olhar pró céu e decidi cortar o capítulo nesse ponto (fica mais romântico…) e apaguei o resto que tinha escrito… Bjs super fofos pa ti…
Kenjutsu Komachi: Oi querida! Espero que você goste deste capítulo, não era o que eu tava pensando escrever, mas acho que ficou legal… Você é muito legal, sabia! E muito simpática… Beijos fofos!
Lan Ayath: Olá linda! Ainda bem que você tá gostando… eu tentei fazer a história uma coisa que se enquadrasse no nosso dia-a-dia, uma história que se identificasse de certa coisa connosco, algo real… acho que tou conseguindo… Espero que você goste… Bjs doces!
Twilight Chibi-lua: Olá!!!! Fiquei super surpreendida e entusiasmada por você tar lendo minha história… Você é uma das minhas escritoras preferidas… Adorei Racing, é lindo… Obrigada por tar lendo minha história… E não se preocupe, por nada no mundo eu vou desistir dela… pode demorar um pouco o capitulo a sair, mas eu não me esqueço dela… Bjs!!!!
Sf-chan: Oi menina! Como anda você? Não faço ideia de quando você lera este capítulo, mas espero que você goste tanto quanto eu gostei de escreve-lo… Beijos com saudades (sinto muito a falta dos seus excelentes comentários…)
Kenshin Himura in love forever: Oi!!!! Como é que vai o meu leitor número 1?? Espero que você tenha gostado deste capítulo… acho que os próximos vão começar a ser mais envolventes, mas a história ainda vai dar muitas voltas… Um beijo enorme pra você!!!
