Aviso: Este capítulo contém algumas referências que podem ser chocantes, mas eu não considero que seja necessário subir o rating do fic... Quem não se sentir à vontade, pode saltar este capítulo... ele não é essencial para o desenrolar da trama...

Disclaimer: Convido toda a gente que estiver lendo este fic para o meu casamento com o Kenshin Himura que se irá realizar futuramente no dia 33 de Junho do ano 3000. Só nesse dia, o Kenshin será meu. Peço para confirmarem as vossas presenças na festa, deixando um review no fim do capítulo... Obrigada! :-D

7. Esta noite promete...

"Knock knock".

O súbito ruído arrancou-me dos meus pensamentos...

Fiquei um pouco atordoada, sem saber que som era aquele nem de onde vinha.

"Knock knock". Insistiram.

É só a porta...

"Já não era sem tempo..." eu resmunguei, levantando-me da minha cama.

"Vou já!" gritei para a porta.

Peguei na toalha que tinha usado para me secar e enrolei-a à volta do meu torço. E foi assim, com uma toalha sobre o peito, outra a envolver o meu cabelo molhado após um relaxante banho de água quente e umas calças de ganga enfiadas, que me apresentei à porta.

"Estava a ver que..." comecei eu, abrindo a porta, mas interrompi a minha frase vendo que não era Misanagi como eu esperava, mas o Kenshin e o Sano.

""ptima recepção, Jou-chan" gozou o Sano. "Recebes sempre os teus convidados assim vestida... ou devo dizer despida?"

"Primeiro que tudo, vocês não são meus convidados. Segundo, estava a pensar que era a Misanagi."

"Ou seja, resumidamente, o que tu queres dizer é que se fosse a Misanagi, não tinha mal nenhum ela ver-te vestida dessa forma?" acrescentou o Kenshin.

Bem... os rapazes tinham acabado de chegar e já estavam a começar de conseguir enfurecer-me... E isso é perigoso...

Epá, tenho de controlar melhor estes ataques, ia-me esquecendo do estado em que estava e ia largando a toalha... o que seria desastroso... Nem quero pensar no que poderia ter sucedido...

Os rapazes devem ter percebido o meu embaraço, talvez eu tenha ficado corada... não sei... Sejamos sinceros, eles viram o malabarismo que eu fiz para impedir que a toalha fosse parar ao meio do chão...

Eu reparei no sorriso trocista do Sano a tornar-se maior. Ele entrou pela porta e parou ao pé de mim, a olhar-me de alto a baixo...

"Jou-chan", começou ele "já pensaste no que é que aconteceria se eu te puxasse a toalha agora?"

Eu trinquei o meu lábio inferior, tentando conter o meu sorriso.

"Bem Sano, verias o meu soutien..." não consegui suster mais o sorriso "e depois verias as estrelas, por causa do murro que levarias!"

O nosso olhar encontrou-se, como se estivéssemos a medir forças. Alguns segundos depois, o Sano desviou o olhar.

Ele entrou no quarto dizendo "anda Kenshin, não vais ficar aí na entrada a noite toda, pois não? Eu sei que a Jou-chan está muito sexy aí só com essa toalha, mas não é preciso tanto..."

Na cara do Kenshin era visível algum espanto para com a ousadia do Sano.

"Entra..." eu disse "E não te preocupes, eu e o Sano estamos sempre a discutir assim. Nós somos apenas primos, mas ele parece-se mais como se fosse meu irmão..."

"Primos?" gritou o Sano, confortavelmente instalado na cama da Sayo "Só se for nos teus sonhos Jou-chan! Até parece que eu quero alguma coisa com a insuportável da tua prima, aquela raposa velha..."

A porta de entrada é rodeada à esquerda pela casa de banho e à direita pelo guarda-fatos, e funciona como uma antecâmara do quarto, portanto não era possível visualizar o Sano do sítio onde estávamos. Que pena, apetecia-me tanto ver a cara de irritação do Sano neste preciso momento...

"Quanto mais me bates, mais eu gosto de ti..." eu retorqui, com este ditado popular.

Eu e o Kenshin desatamo-nos a rir. É óbvio que ele já tinha ouvido as histórias dos amores e desamores entre o Sano e a Megumi... sempre a discutir e coisa e tal, mas sei que eles têm uma história bem interessante a rolar entre eles...

Eu fiz um leve gesto com a minha mão, indicando o interior do quarto ao Kenshin.

"Estou a ver que te estavas a arranjar, talvez seja melhor irmos embora. Nós não queremos incomodar..."

"Que disparate... Tu não incomodas nada, só este cabeça oca, que nem sequer pede autorização para entrar", eu disse, aproximando-me do interior do quarto. "Está à vontade."

Eu dirigi-me para a minha cama, que ficava de frente para a porta de entrada. O Kenshin dirigiu-se para a única cama livre, a de Misanagi que está colocada à frente da minha.

"Então e vocês, o que é que andam a fazer? Foram expulsos do vosso próprio quarto?" eu perguntei, pegando no frasco de creme que tinha abandonado quando eles bateram à porta, e espalhei creme nos meus ombros e braços, tendo o cuidado de não deixar descair a toalha, pois só tenho por baixo um soutien do tipo cai-cai (não sei se esta expressão se utiliza no Brasil, mas serve para designar um soutien sem alças).

"Ao contrário de vocês, raparigas, que demoram uma eternidade para se arranjarem, nós rapazes somos muito rápidos. Então, como já estávamos mais que prontos, decidimos vir até aqui para nos distrairmos a ver televisão."

"E... tadinhos... quer dizer que vocês não têm televisão à borla como nós?" eu trocei.

Mas depois voltei ao assunto, pronta a defender com unhas e dentes a honra das raparigas.

"Nós raparigas, sabendo que ainda falta uma eternidade para o jantar, aproveitamos para tomar calmamente um banho super relaxante, tratarmos do nosso corpo, que é um importante passo para cuidarmos do nosso espírito." Eu disse calmamente, defendendo a minha raça "depois de nos pormos bem fresquinhas e cheirosinhas, vestimo-nos a preceito, com calma e ponderação."

Eu suspirei "Enfim, aproveitamos o nosso tempo para nos mimarmos e agraciarmos o nosso ego. Não o perdemos em frente a esta caixa ridícula como vocês..." levantei-me, dirigindo-me para o guarda-fatos, na entrada do quarto. "e podes fechar a boca Sanosuke Sagara!"

Apesar de eu não estar a olhar directamente para os rapazes, apercebi-me que eles estavam a fazer caretas nas minhas costas...

Eu virei-me para eles e deitei-lhes a língua de fora... depois tive de me desviar das almofadas que eles ma atiraram...

"Vá lá Jou-chan, sê boa rapariga e ajuda a tornar a estadia dos rapazes à frente desta caixa maravilhosa devolvendo as almofadas..." pedinchou o Sano, piscando-me o olho.

Ele é mesmo impossível...

Eu sorri perante isto... mas fiz o que ele pediu, agarrando as almofadas e devolvendo-as com toda a força que eu consegui... e voltei para o meu abrigo na entrada do quarto, sem lhes dar hipótese de ripostar...

Abri a porta do guarda-fatos, do lado que dá para o quarto.

Fiquei por momentos a pensar no que deveria usar naquela noite... não sei porque a hesitação...

Comecei a remexer na prateleira, entre as minhas camisolas, até encontrar o que pretendia.

Sorri ao tocar na lycra... Lembro-me tão bem daquele dia...

--------------------Flasback-----------------------

Eu corri a abrir a porta... A pessoa que se encontrava no exterior do meu apartamento atirou-se a mim, abraçando-me com força...

Eu retribuí o abraço. Não estava à espera daquela visita, principalmente aquela hora da noite.

"O que é que estás aqui a fazer?" perguntei.

"Estava com saudades tuas..." disse Misanagi .

Já passava da meia-noite daquela noite de sábado.

"Aconteceu alguma coisa pra me procurares assim tão tarde Misa-chan?" eu inquiri preocupada.

"Não... é que..." fizeste uma pequena pausa, olhando directamente para os meus olhos. "Esta tarde estava a passear e encontrei isto..."

Estendeste-me um lindo pacote, maravilhosamente embrulhado num papel azul império (seja lá que cor for esta...).

"E lembrei-me de ti..." acrescentaste. Estavas embaraçada, não era uma prática muito comum entre nós trocarmos presentes, pois ambas somos pouco materialistas. A nossa companhia é já um presente mais que suficiente uma para a outra...

"Misanagi..." eu disse desfazendo-me num enorme sorriso...

Não sabia o que pensar...

Desviaste o teu olhar e colocaste-me o pacote nas mãos.

"Abre!" disseste entusiasticamente.

Eu deixei-me levar pelo teu entusiasmo. Senti o peso do pacote, era bastante leve e era pouco consistente. Abanei-o, mais para prolongar o episódio que outra coisa...

Cuidadosamente, comecei a descolar o papel. O meu olhar subiu do pacote nas minhas mãos para a tua face. Tu observavas-me, ansiosa por saber a minha reacção.

"Vá lá!" incentivaste-me, colocando a minha mão sobre o meu braço.

Eu abri o pacote e descobri cinco tops, com diferentes feitios e cores. Abri-os um por um, observando-os pormenorizadamente com Misanagi.

"É para usares em Osaka" concluíste depois da inspecção aos diferentes tops.

A minha atenção recaiu novamente na tua pessoa.

"Esta tarde passei numa loja e vi-os. São tão a tua cara, o género de coisas que aprecias, lisos como tu gostas. Bem sabes que eu gosto de coisas mais estampadas... E as cores, mesmo as tuas preferidas! Depois não aguentei, queria te oferece-los o mais depressa possível..."

Eu larguei os tops de Lycra que eu ainda segurava fortemente apertados nas minhas mãos.

"Tonta.." eu disse, puxando-te para um novo abraço. "Eu adoro-te, sabias linda?"

"Eu também te adoro Kao-chan..."

Eu puxei-te pela mão, em direcção ao meu quarto, como uma criança ansiosa. "Anda, quero experimentá-los!"

"Bora lá! Eu também comprei umas coisinhas para mim. Nós as duas vamos arrasar em Osaka!"

Eu virei-me para ela, com um sorriso enorme a iluminar o meu rosto.

"Podes crer..."

-----------------Fim do Flasback--------------------

Agora estamos em Osaka e eu vou finalmente estriá-los...

Olhei para os seus cortes engraçados e as cores suaves, escolhendo o cor-de-rosa sem algas, a direito, rodeado em cima por uma leve prega que lhe dá uma certa graça.

Aproveitei a protecção da porta do guarda-fatos e vesti-o mesmo ali. Depois regressei ao quarto, e pousei a toalha na minha cama.

Virei-me e por um breve instante o meu olhar cruzou-se com o de Kenshin. Eu senti-me corar e virei-me rapidamente de costas para ele. Não fazia ideia que ele me estava a observar...

Dirigi-me à casa-de-banho, onde Sayo ainda tomava banho. Bati à porta e entreabri-a ligeiramente.

"Oi linda!" eu disse "era só para te avisar que os rapazes estão aqui no quarto. É melhor mudares-te aqui... Precisas de alguma coisa."

"Obrigada Kaoru" respondeu-me a voz suave e acolhedora da Sayo "mas enquanto tomavas banho eu recolhi tudo o que precisava e trouxe tudo comigo... mas se precisar de alguma coisa eu aviso-te."

"Ok." Eu disse, fechando a porta.

Voltei para a minha cama e retirei cuidadosamente a toalha da minha cabeça. O meu cabelo é muito liso, mas como é muito comprido, fica sempre bastante esquisito depois do banho.

Eu passei a minha mão por entre os meus cabelos e apercebi-me com desagrado que ele não estava nas suas melhores condições. Muito tem aguentado ele... num só dia sujeitei o meu cabelo a água com cloro da piscina, a água salgada do mar, ao sol e a água normal, e os efeitos agora notam-se... iria demorar um pouco para compô-lo...

Eu peguei na minha escova e iniciei a minha vã tarefa...

Isto prosseguiu por alguns minutos, até ouvir a voz do Kenshin.

"Queres ajuda?" perguntou ele.

Eu abri a boca mas por alguns segundos não consegui encontrar a resposta. Não me importava nada que o Kenshin me ajudasse, muito pelo contrário... e é isso que me assusta, o que ele me faz sentir quando se aproxima de mim...

Bem, mas eu realmente não estou a conseguir desembaraçar o meu cabelo sozinha...

Eu olhei para a tua cara... "Oh Kenshin..." eu disse em voz baixa, ainda insegura quanto ao que responder.

"Não me custa nada Kaoru" tu disseste, aproximando-te de mim e tirando-me a escova das mãos.

Ele sentou-se atrás de mim, apoiado sobre os seus joelhos e puxou-me para o centro da cama. Os nossos corpos encontravam-se bem perto um do outro, eu conseguia senti-lo atrás de mim, apesar de não nos tocarmos.

Deixei-me estar bem quietinha enquanto o Kenshin pacientemente desfazia os nós que se tinham formado no meu longo cabelo.

Com a sua mão esquerda segurava uma porção do meu cabelo e com a direita passava a escova para o desenlaçar. Quando isso se tornava difícil, pousava a escova e com as suas próprias mãos, procurava o maldito nó e calmamente desfazia-o, fio por fio...

Observei de relance o Sanosuke. Ele estava demasiado entretido a observar uma qualquer comédia na televisão e a comer umas bolachas que ele tinha encontrado perdidas pelo quarto, que não se tinha apercebido do que eu e o Kenshin estávamos a fazer... e nem sei porque é que isso me perturbava... afinal de contas, eu e o Kenshin não estávamos a fazer nada de mal...

Eu fechei os olhos, e a perda da visão aumentava a intensidade com que eu sentia eventuais toques do Kenshin no meu corpo... tal como quando ele pegava noutra porção de cabelo e as suas mãos roçavam a minha nuca... ou quando ele passava cuidadosamente a sua mão pelo meu cabelo sedoso já desenlaçado, como se quisesse garantir que esta já se encontrava suficientemente liso...

Ou quando os seus dedos acidentalmente roçaram ao de leve sobre o meu pescoço... este simples toque provocou um arrepio tão intenso que me desceu pela espinha... um simples toque que mais me pareceu uma descarga eléctrica...

Instintivamente encolhi os ombros e pousei a cabeça sobre o meu ombro direito.

O Kenshin começou a rir...

"Não me digas que este pequeno toque te fez cócegas..." troçou ele.

Não era bem a verdade, mas era um escape, portanto eu acenei afirmativamente com a minha cabeça... neste momento, não confiava plenamente na minha voz.

Rodei lentamente o meu corpo, de forma a poder olhar para o Kenshin.

Deixei-me cativar pelo seu sorriso, mas ainda mais pelos seus olhos cor púrpura, como dois lagos onde me deixem afundar em ternura...

"Knock knock".

Eu olhei à minha volta, perdida...

"Knock knock".

A porta...

Eu olhei novamente para Kenshin que me retribui um olhar... o que é que era aquilo reflectido nos seus olhos? Pesar...

Com certeza que percebi mal. Porque é que ele estaria com pena?

Bem, de certa forma eu também preferia ter permanecido assim com ele... mas o que é que eu tou para aqui a pensar?

"Knock knock".

"Vou já!" eu disse, levantando-me sem olhar novamente para o Kenshin.

Aposto que devia estar a fazer beicinho... mas a minha face abriu-se num grande sorriso ao ver quem estava do outro lado da porta...

"Estava a ver que nunca mais abrias!" disse Misanagi também ela com um sorriso...

"E eu estava a ver que nunca mais chegavas..." eu disse.

"Oi!" disse outra voz...

Ela estava com a Sura... Nem tinha reparado nela na semi-obscuridade do corredor...

Elas entraram, falando sem parar na tarde maravilhosa que tinham passado. Pelos vistos tinham ido até um bar...

"Vocês podiam ter ido connosco!" referiu Misanagi.

As palavras dela feriram-me... se elas quisessem mesmo que nós fossemos, ter-nos-iam convidado, né...

Chega! Já prometi a mim mesma que não vou pensar mais neste género de coisas... elas lá sabem da vida delas...

A Misanagi e a Sura tinham-se sentado na cama da Misa-chan, continuando a falar, mas eu não estava a ligar muito à conversa... não me interessa o que elas tinham andado a fazer...

De repente levantei os meus olhos do chão, o local onde eles se tinham fixado após a chegada das raparigas. Eu ainda estava à entrada do quarto e o meu olhar encontrou o de Kenshin que estava na minha cama, onde eu o tinha deixado.

De certa forma, o seu olhar tentava reconfortar-me... Como é que ele consegue ser tão sensível ao ponto de perceber quando eu estou mal, apesar de eu não lhe dizer nada? Eu sorri para ele...

Um grito alegre da Misanagi distraiu-me do olhar hipnotizante do Kenshin.

"Olhem só o que nós fizemos!"

Eu olhei para ela, tal como ela pediu. Ela virou-se de costas e levantou a camisola.

Na base da coluna estava uma tatuagem, um leão, feita nessa tarde.

"Eu também fiz uma!" referiu a Sura, mostrando-nos a imagem de um sol no ombro direito.

"Os teus pais não vão gostar muito disso Misa-chan." Eu referi. Os pais dela são pessoas do género conservador e tenho a certeza que não apreciarão o gesto da filha...

"Kaoru, não sejas cortes..." disse Misanagi de uma forma um pouco brusca "Tu também..."

Ela fez tipo um aceno, para goar comigo. Depois voltou-se novamente para Sura, como que esquecida de mim...

Eu desviei o olhar, triste pela forma como a Misangi me tratou. Mas porque é que ela está a ser tão ríspida?

Para não mostrar o meu embaraço, fui até à cómoda, onde eu tinha depositado os meus cremes e vários outros produtos do género e comecei a arrumá-los... ou melhor a fingir que os arrumava... desta forma, eu estava de costas para o resto do quarto e ninguém podia ver a minha face... é melhor assim pois tenho medo que algum deles consiga ler nos meus olhos a dor que as palavras de Misanagi me infringiram...

"Eu vou indo Misanagi" disse Sura.

"Ok!" concordou Misanagi e encaminhou-a até à porta.

O quarto ficou silencioso com a saída de Sura. Tenho a certeza que os rapazes se aperceberam do meu desconforto provocado pelas palavras da Misanagi, mas nenhum disse nada.

Ela também tinha notado e colocou uma mão sobre a minha cintura. Como eu não disse nada, abraçou-me por trás.

"Tas muito gira rapariga." Segredou-me ao ouvido "Fica-te muito bem esse top".

Depois olhaste prós rapazes.

"Esta noite é que os gajos vão ver, com nós as duas à solta em Osaka. Até vão fazer fila..." acrescentaste.

"Sim! Duas fufas como vocês à solta na noite de Osaka..." gozou o Kenshin.

"Como?" perguntei, fazendo-me despercebida. Eu sabia que eles estavam só a tentar quebrar o ambiente desagradável que se tinha criado.

"O que? Estas duas já andam assim?" acrescentou o Sano.

"Sano!" eu disse.

"O que é que queres..." continuou o Kenshin "e nós nem sabemos de metade. Juntas no mesmo quarto. Pobre Sayo que tem de segurar a vela..."

"Não se preocupem raparigas... não que eu esperasse uma coisa destas de vocês, principalmente de ti Jou-chan... mas a gente compreende e apoia totalmente as vossas opções..."

A Misanagi atirou-se a ele, fingindo esganar-lhe o pescoço.

"Ai é? De ela nunca esperarias, mas de mim sim?"

"De ti! Claro! Espero tudo e mais qualquer coisa..."

"Tu vais mas pagar, Sanosuke Sagara. E não é só isto... tu sabes bem ao que eu me refiro."

"Experimenta..."

"Depois não te queixes..."

Eu e o Kenshin observamos a cena, divertidos.

"Por falar nisso Misangi, nós ainda estamos a dever uma certa vingança a uma certa pessoa..." eu comecei, olhando para o Kenshin de lado.

"Pois claro! Ontem na praia..."

Olhamos ambas para o Kenshin com um sorriso trocista nos lábios.

Após estas palavras trocadas, a Misanagi voltou a ocupar-se da sua vítima mais recente, iniciando-se uma briga entre o Sano e ela, indo ambos parar aos rebolões ao chão do quarto...

Mas só uma ínfima parte da mim estava focada na algazarra que eles estavam a provocar... a restante estava novamente presa no Kenshin que respondia ao meu olhar trocista...

Ele levantou-se e veio na minha direcção. Parou mesmo à minha frente, quase a tocar-me.

"A sério?! Quero ver!" as suas palavras mal se ouviam...

"E vais ver!" eu disse, soprando as palavras na sua cara como ele tinha feito comigo.

Olhamo-nos nos olhos por algum tempo. Nenhum de nós queria dar parte de fraco, desviando o olhar.

Estávamos tão perto, tão terrivelmente perto um do outro...

O som da porta da casa-de-banho veio quebrar a nossa batalha.

Eu dei um pulo, sobressaltada...

"Oi!" disse a Sayo.

Eu virei-me para trás, na direcção da recém chegada.

Só então reparei que estava a segurar a minha respiração, há quanto tempo não faço a mais pequena ideia...

"Oi!" eu respondi. A Sayo sorriu-nos e encaminhou-se para dentro do quarto, onde a Misanagi e o Sano a olhavam do chão. Eu segui-a com o olhar.

"Mas o que é que se está aqui a passar?" ela perguntou divertida, colocando uma das mãos sobre a cintura.

De repente tive a percepção de estar a ser observada e virei-me subitamente, constatando que o olhar do Kenshin estava pousado sobre mim ...

Só agora que eu não estava monopolizada pelo olhar do Kenshin (e sinceramente não compreendo como é que ele tem este efeito sobre mim) eu tive consciência da nossa posição.

Posso afirmar que eu estava literalmente entre a parede e o Kenshin... Não sabia como agir...

Mas isto era de certa forma... como hei-de dizer... excitante?

Eu desviei o olhar! Que raio de pensamentos tinham de surgir logo agora quando ele está só a um passo de mim... eu devo estar a ficar maluca, ai devo, devo...

"Tas a ficar com medo?" provocou-me o Kenshin.

A sua questão foi como um desfio para mim... eu olhei-o novamente nos olhos. Agora encontrávamo-nos ainda mais próximos que anteriormente...

"Medo?" eu sorri "Quem devia estar com medo és tu..."

"De quem? De ti?"

Eu virei-me ligeiramente, a pensar numa resposta à altura. Por fim, virei a cabeça e disse-lhe sobre o ombro:

"Eu posso ser muito perigosa... não queiras cair nas minhas garras..."

Eu passei a minha mão com os dedos encolhidos na forma de garras sobre o seu peito. Ele agarrou a minha mão...

"E porque não? Não parece ser tão mal assim... mas não te esqueças que vingança só atrai mais vingança..."

"Para superares a minha, terias que me matar..."

"Há maneiras muito interessantes de matar alguém..."

"Ai sim? Pareces perito... qual era a forma ideal de me matares?"

"Sufocar-te..."

Eu olhei-o céptica... ele sorriu perante a minha incredulidade.

Ele aproximou-se mais de mim e sussurrou ao meu ouvido.

"Com a boca... até veres estrelas..."

Eu senti as minhas pernas a fraquejarem... por momentos não soube o que dizer... eu sei que ele estava só a provocar-me...

Sem pensar, murmurei ao seu ouvido respondendo-lhe: "Só isso? Eu acho que consigo pensar em maneiras bem mais interessantes de o fazer..."

"A mim podias-me matar de todas as maneiras interessantes que conheces..."

Mais uma vez a resposta dele apanhou-me desprevenida...

Por uma questão de segurança, tentei levar a conversa para um campo mais seguro...

"Por qual é que queres começar? Ser atropelado por um camião ou atirares-te de um poço abaixo?"

Vi pela sua cara que aquela não era o tipo de resposta que ele estava à espera...

Não pude resistir...

"Há outras hipóteses, bastante interessantes, não te preocupes." Eu disse, salientando bem o bastante.

O sorriso tipicamente provocador que bailava nos seus lábios fez-me continuar com esta conversa, apesar de ter plena consciência que ambos estávamos a ir longe de mais...

"Pronto..." eu disse, numa vozinha infantil, fazendo beicinho "para não ser tão má, eu prometo que dou beijinho no dói-dói..."

Ele olhou-me surpreendido por alguns segundos. Com a sua língua humedeceu vagarosamente os seus lábios, o que me fez enxergar que os meus também se encontravam super secos...

Ele aproximou a sua face da minha, para murmurar à minha orelha... senti a sua respiração quente sobre a minha pele sensível da zona da orelha, enquanto ele tentava encontrar as melhores palavras para dizer o que pretendia...

"E que tal eu começar por ir ter contigo à tua cama? Que achas? Acho que essa experiência iria ser bastante dolorosa para mim..."

Eu virei-me repentinamente. Os nossos narizes tocaram-se e eu afastei ligeiramente o meu tronco, de forma a por algum espaço entre nós...

"Sim, dolorosa..." acabei por dizer "Com os murros que irias receber se te atrevesses a fazer tal coisa..."

Porque é que as minhas palavras saíram pouco firmes e a minha voz parecia mostrar que eu queria exactamente o contrário?

"A sério?"

Xi...... não faço ideia até onde esta conversa irá, mas é melhor acabar por aqui... o Sano, a Misanagi e a Sayo ainda estão no quarto, apesar de por agora estarem tão distraídos que não deram pela nossa conversa provocadora sussurrada ao ouvido um do outro...

Eu olhei na direcção deles e decidi afastar-me do Kenshin... tinha que ser... se eu não parasse agora, mais tarde seria mais difícil...

Procurei um escape e decidi ir para a minha cama, acabar de me pentear...

Havia dois caminhos para ir até lá... contornar o Kenshin, ou deslizar entre ele e a parede...

Claro, que a segunda hipótese era mais apelativa... e ele não fez nada para me facilitar a tarefa...

Apesar da minha resolução, não consegui conter-me e parei para lhe segredar ao ouvido, com os nossos corpos encostados um ao outro "não te preocupes... se apareceres, eu depois dou beijinhos nos dói-dóis que eu te fizer..."

Senti o seu perfume indescritível e o cheiro a ginga do seu champô impregnado no seu cabelo...

Eu tenho de me segurar... não posso deixar ser levada pelos instintos... ou posso? Ou melhor? Poder posso, mas não devia...

Agora é tarde... Já está feito... tal como Eva há milhares de anos atrás trincou a maça, eu não consegui resistir à tentação e trinquei-lhe provocadoramente a orelha...

Eu voltei à minha cama e sentei-me, começando a escovar o meu cabelo, como se nada tivesse acontecido. Para disfarçar o meu embaraço, centrei a minha atenção na janela, de costas voltadas para o Kenshin...

Mas mesmo assim, eu sentia o seu olhar em mim...

Olhei à minha volta. Os outros não se tinham apercebido de nada do que se passara...

A Misanagi foi tomar banho e o Kenshin decidiu ir sentar-se na sua cama, local onde me podia continuar a observar, mas mais discretamente...

Eu senti-me corar com isto e virei-me ligeiramente, escondendo a minha face dos outros, fingindo-me subitamente interessada pela televisão.

"Ring ring!"

Salva pelo gongo!

Antes de eu conseguir atender a chamada para o nosso quarto, ouvi o comentário do Sano: "hoje as raparigas estão muito concorridas..."

Eu atirei-lhe a minha almofada e ele atirou-a ao Kenshin, que por sua vez ma devolveu... iniciando-se assim uma guerra de almofadas...

Como eu estava ocupada a desforrar-me, a Sayo foi atender a chamada...

Mal ela desligou, o Sano levantou-se, indo atrás da Sayo de forma a incluí-la também no jogo, começando uma luta de almofadas entre eles...

Eu e o Kenshin tavamos demasiado entretidos no chão para lhes prestar atenção.

O Kenshin atirou-me a almofada, mas falhando o alvo, ela foi parar atrás de mim... como todas as outras estavam demasiado longe, fomos ambos a rastejar atrás dessa mesma almofada...

Eu estava quase a conseguir agarrá-la, quando o Kenshin se atravessa sobre mim, suportando o seu peso numa mão e com a outra, agarra a almofada...

Ele desvia o seu olhar momentaneamente para mim, mas proximidade com que nos deparamos, baralhou-nos...

E como se nos tivessem lançado um feitiço, o resto do mundo desapareceu...

Só havia eu e ele, nós os dois, juntos... próximos, sei lá...

Ele olhou-me, como se me quisesse beijar...

"Ei vocês os dois..." começou o Sano, parando bruscamente. Creio que a pausa se deveu por ele só reparar nesse momento na esquisita posição em que nos encontrávamos...

Ambos olhamos imediatamente para ele. Eu involuntariamente tentei erguer-me, mas esqueci-me do corpo do Kenshin suspenso diagonalmente sobre mim...

À força do meu gesto inesperado, o Kenshin perdeu o balanço, caindo sobre o meu corpo...

Rapidamente ele levantou-se, estendendo-me a mão para me ajudar a levantar.

"Estás bem?" perguntou-me.

""ptima..." eu disse, com uma voz um pouco fraca... afinal de contas eu tinha acabado de levar com o Kenshin em cima...

Ele sorriu e afagou-me carinhosamente a bochecha.

O Sano pareceu esquecido do que tinha visto, ou talvez se tenha convencido que foi um acidente (o que é verdade) e que o resto, o nosso olhar preso e o clima entre nós, foi apenas uma partida da sua fértil imaginação...

"Era a Tomoe no telefone" ele disse "Era para nos avisar que eles já estão prontos."

"É!" continuou a Sayo "eu disse que nos encontrávamos todos lá em baixo na recepção."

"Mas ainda falta a Misa-chan" eu disse, esquecendo-me por momentos das aventuras daquela noite que ainda mal tinha começado.

"Será que ela ainda demora?" perguntou o Kenshin.

"Eu vou ver." Eu disse levantando-me.

Fui até à casa-de-banho e entrei.

"Misa-chan, já tá todo o mundo pronto. Ainda demoras muito?"

"As raparigas também ainda não devem tar prontas... afinal de contas viemos todas ao mesmo tempo e elas são três" respondeu-me a Misanagi "Vão vocês jantar, que eu depois vou com elas.

Seja como tu quiseres...

"Ok. Até logo..."

Fechei a porta da casa-de-banho atrás de mim e encostei por alguns segundos, respirando fundo...

Com um grande sorriso, saí da obscuridade dizendo: "Ela janta depois, com as raparigas..."

"Isso quer dizer que já podemos jantar! Que bom, estou esfomeado..." obviamente este comentário provinha do Sano.

Saímos do quarto e o Sano voltou à carga "Era só o que me faltava, ficar à espera dela, depois de ela ter andado a tarde toda na borga. Que viesse mais cedo..."

Eu estava ligeiramente para trás. O Kenshin apercebeu-se disso e ficou à minha espera.

"Não ligues..." ele disse, apertando-me ligeiramente o braço, tentando confortar-me.

Eu tentei sorrir, mas foi um sorriso fraco...

O Kenshin passou o seu braço sobre os meus ombros...

Os outros iam mais à frente, a conversar animadamente que nem se aperceberam de termos ficado mais para trás.

Nós descemos juntos, sem dizer uma palavra... a presença dele, ali ao meu lado, reconfortava-me mais do que qualquer palavra...

Eu encostei a minha cabeça no seu ombro...

Eu senti que ele depositou um suave beijo sobre os meus cabelos ainda húmidos...

-------------------Continua---------------------------------------

Nota da autora: Fui eu mesma que escrevi isto? Gente, por favor, não desesperem pela história parecer que não chega a lado algum... eu é que me prendo muito a pormenores... se continuar assim, este fic terá mais de 1000 capítulos... :-D

Em Setembro eu irei de férias com a família e infelizmente não irei ter acesso a um computador, por isso não poderei escrever por um tempo... mas espero aproveitar para colocar todas as minhas ideias no papel, para ser mais fácil a sequência...

Bjs pra todo o mundo!!!!

P.S: Eu também quero agradecer aos leitores que leram e deixaram uma review no meu songfic "Uma voz no vento."

Resposta aos reviews:

Sayuri-chan: Oi fofinha!!! Não, nunca ouvi falar da feira de Março... a referência da gente daqui de Viseu, é a feira de São Mateus, agora em Agosto... Se achas que o Sano promete, vais ver daqui a uns dois, três capítulos... acho que vais sair uma cena mesmo ao teu género... Desculpa a minha ausência, mas ando mesmo muito ocupada... mas deixa lá, vamos ter cinco anos para recuperar!!!

Kenjutsu Komachi: Olá linda!!! Vês, este capítulo tem mais K&K... O Kenshin não fica mesmo um gato, assim provocante?!?!?! Bjs!

Lan Ayath: Oi Kida! Obrigada por leres as minhas histórias... acho que um Kenshin assim é o sonho de todas as raparigas (ou pelo menos das amantes de RK...) Beijinhos!

Twilight Chibi-lua: Oi linda! Obrigada pelo seu apoio! Você é muito querida... Eu tenho umas cenas de ciúmes planeadas, mas ao ritmo em que escrevo... só para teres a noção eu quero que a história decorra num período de três meses... em 7 capítulos escrevi três dias incompletos... bem, mas não te preocupes, há tempo para tudo! :-D

Sf-chan: Oi fofinha! Parabéns pelas suas notas!!! Obrigada pela sua simpatia!!! Você me fez ganhar o dia com o seu review, não tava à espera que você continuasse acompanhando meu fic... muito obrigada!!! Boa sorte pra você... Beijos fofos!

Kenshin Himura in love forever: Oi lindo!!!! Ainda não foi o beijo que você pediu, mas...

LaDy-KaHoRuOi!Só lhe queria agradecer por você estar seguindo os meus fics!! Não sei qual é a sua opinião pela história, mas espero que você esteja gostando tanto dela, como eu tou gostando de a escrever... Bjs!

P.S: Quero agradecer também a toda a gente que está lendo esta história, que eu sei que são alguns, apesar de não costumarem deixar nenhum comentário... bjs para todos e espero que continuem a segui-la!