Capitulo 3 – Uma velha festa

Yu acordou com risadas vindas da sala e foi tomar café da manhã. Lá estavam as duas. Mirra colocava a mesa do café enquanto Dinast fazia ovos mexidos.

Atsuko as olhava com orgulho.

- Que meninas boazinhas.

Yusuke olhou para Dinast com cara de "o que estão planejando?".

Dinast olhou para ele, deu um sorriso disfarçado e disse:

- Prefere bem passados ou mal passados.

- Qualquer um dos dois. – disse Yu sentando-se a mesa.

Quase que instantaneamente foi servido de leite, bolo de laranja e torradas. Depois Dinast colocou ovos mexidos no canto do prato dele e de sua mãe e se sentou.

- Obrigado pela comida! – disseram as duas.

E começaram a comer na maior delicadeza. Pareciam não querem machucar os ovos e nem faz "dodói" nas torradas.

Yusuke não podia deixar de pensar o que elas estariam querendo agora.

- Bom, já que estamos todos de barriga cheia, eu gostaria de perguntar uma coisa, Yusuke...- disse Mirra.

"Começou..." pensou Yu.

- A gente ficou sabendo que tem uma festa hoje a noite e que você tem que estar lá em meia hora pra começar os preparativos. – disse Dinast

- MEIA HORA? – gritou Yu.

Ele olhou o relógio em desespero. Já era 1:00 h da tarde.

- Eu tenho que correr! – ele saiu em disparada para o quarto e voltou já pronto.

- Nós vamos com você! – disseram as duas.

- Mas não de pijama! – disse a mãe de Yu.

- Só um minuto...- pediu Mirra – A Botan trouxe uma roupa.

As duas subiram e voltaram "vinte minutos depois".

As duas usavam roupas idênticas. Causa jeans bem escura, com uma blusa regata preta. E ainda carregavam uma pulseira de cordas, só que Mirra a deixava no braço direito enquanto Dinast a colocou no braço esquerdo.

- Estamos prontas!

Yusuke já havia apodrecido de tanto esperar.

- Até que enfim! TEMOS 10 MINUTOS PARA ESTAR LÁ!

Os três saíram correndo, Mirra deu tchau para Atsuko e Dinast fechou a porta cuidadosamente atrás de si.

Keiko estava no centro do salão de ginástica da escola, monitorando tudo que acontecia, com uma prancheta na mão.

O mais impressionante era que não havia meninos no meio. Só menina e todas da turma de Keiko.

- Keiko, onde está o Yusuke? – disse o Diretor da escola para a garota.

- Eu não sei. Ele ainda não chegou.

O diretor substituto fez uma cara de indignação e foi embora. O diretor verdadeiro havia fraturado a perna e estava na U.T.I.

O substituto era um velho rancoroso e rabugento. Ele era o responsável por esta festa de idosos, para comemorar o dia do trabalho. Seriam convidados apenas idosos que ignoraram a aposentadoria e continuaram trabalhando.

Ele achava que esses velhos deveriam servir de exemplo para a juventude de hoje.

De repente a porta do salão se escancara.

Lá estava Yu. Com meio palmo de língua pra fora, de tanto correr.

Keiko foi até ele:

- Que bom que você chegou, achei que não iria vir. Venha Yu, vamos começar os preparativos!

E ela saiu arrastando o pobre coitado.

As irmãs sentaram em um canto e ficaram admirando a correria.

O relógio badalava sete horas da noite. Os velhos começavam a entrar.

Todos de bengala, cadeira de rodas, muleta. Corcundas, apodrecidos, velhos. Foram entrando naquela lentidão. Os músicos contratados começaram a tocar uma musica bem antiga e calma.

Keiko teve que ficar na porta para receber os convidados e Yu acabou ficando na cantina, servindo chá gelado para os convidados.

- Meu filho...- disse uma velhinha – poderia servir um chazinho para essa pobre senhora?

- S-Sim – disse Yu, servindo chá. Aquilo começava a ficar incrivelmente monótono.

De vez em quando aparecia um velho contando que a juventude de hoje é muito gorda e que no tempo dele, eles eram magrinhos e às vezes tinham que caçar sua própria comida.

E não faltou aquela típica vovó que aperta as bochechas dos netos até que eles chorassem. Yu ainda sentia os dedos finos e gelados da velha assassina que deixara seu rosto inchado e vermelho.

De repente ele ouviu seu nome.

Lá estava Kurama.

- Tá se divertindo? – perguntou o yoko, sorridente.

- Você só pode estar brincando. E alias, o que faz aqui?

- Dando um volta. Além disso, tive que acompanhar meu vô.

Kurama riu e Yusuke fez cara de cansaço.

De repente o Diretor chamou a atenção de todos no palco. Eles foram se sentando nas cadeiras que haviam sido colocadas e começaram a escutar o diretor:

- Meus senhores e minhas senhoras. Estamos reunidos aqui para comemorar a incrível persistência e dignidade...- e ele continuou ladainha.

Um ou dois velhos começaram a chorar de emoção. O resto dormia, quando não, babava.

Yusuke e Kurama estavam quase desmaiando de tédio quando toda a discussão foi interrompida:

- QUE CONVERSA FIADA É ESSA?

Todos olharam para a menina, agora de pé.

- ISSO AQUI É UMA TORTURA – disse uma outra menina.

Yusuke, imediatamente reconheceu as duas, e você também já deve ter descoberto quem seriam.

- Quem são vocês? – perguntou o diretor, com uma certa fúria nos olhos.

- Elas estão comigo, diretor – disse Yusuke timidamente – eu me responsabilizei em cuidar delas.

- Desculpe as duas, diretor – disse Kurama.

- Senhor Minamino e senhor Urameshi, no corredor agora! – trovejou o diretor.

Os dois engoliram seco.

Kurama foi indo à frente e Yusuke ainda olhou para as duas e disse:

- Não façam nada que eu não faria.

As duas concordaram. E Yu entrou na porta que levava ao corredor.

Elas olharam os velhos: todos entediados.

Elas olharam a orquestra: musica lenta e chata.

Elas olharam o microfone lá em cima e o espaçoso salão.

Depois se entreolharam e sorriram malignamente.

Yusuke e Kurama encaravam o diretor.

- Eu fiz essa comemoração em homenagem a gente digna e trabalhadora e não para pivetes.

- Sim, senhor. – concordaram.

- Espero que vocês compreendam que elas podem perturbar a mente de gente tão respeitada e nobre.

- Sim, diretor.

- E que isso sirva de lição. Nunca faltem com o respeito à gente mais sabia e mais velha que vocês.

- Sim, diretor.

E o velho foi em direção à porta do corredor que levava ao salão.

- Se ele soubesse quantos anos você tem, iria ficar aos seus pés – disse Yu para Kurama.

Kurama riu. Os dois foram para perto do diretor. Mas quando eles abriram a porta, os olhos quase saltaram das órbitas.

A banda agora tocava um mambo muito rítmico.

Mirra ia rebolando pelo salão, uma velha, com as mãos na cintura dela, ia dançando e atrás, todo o resto dos velhos faziam um fila dançante enorme. Um siga-o-mestre digno de manchete.

Todas as meninas voluntárias dançavam no palco, umas com as outras.

O diretor ficou boquiaberto.

- Como elas conseguem? – disse Yu para si.

- O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI? –gritou o diretor.

Mas ninguém pode ouvi-lo. Até que uma velha se aproximou dele:

- Cala a boca e dança, William!

- Mas, mamãe! Isso é um absurdo!

- Do que está falando William? Não me divirto tanto a mais de vinte anos!

E a velha fez o diretor rodopiar pelo salão dançando como louco.

Do meio dos dançarinos e da fila de mambo, surgiu Dinast.

- E ai, Yu? Quem é seu amigo?

- Esse é o Kurama. – disse Yu sem tirar os olhos do palco.

- E ai, Kura? Daria-me a honra desta dança? – ela fez uma reverencia. Kurama riu.

- Não seu dançar mambo... – disse Kurama.

- Eu te ensino. Vem. – ela o puxou pelo braço e os dois começaram a dançar.

Não demorou muito para que ele pegasse o jeito da dança. O yoko e a garota dançavam pelo salão, abrindo um buraco.

Todos os velhos que não participavam da fila de mambo batiam palmas para o casal.

Keiko apareceu dançando e tirou Yu para "abalar geral".

E ficaram aqueles montes de velhos dançando a noite toda.

Até que o asilo levasse alguns de seus pacientes, que foram rebolando dentro da vã.

No final da noite, Yusuke e Kurama saíram, acompanhado pelas gêmeas.

Yu e Kura andavam mais à frente, Yu aproveitou e sussurrou para Kurama:

- Poderia cuidar delas por um dia?

- Não sei, Yusuke.

- Elas não vão dar trabalho, estão quase dormindo.

Kurama olhou para trás, a tempo de ver o longo bocejo que Mirra deu.

- Tá certo, mais só por um dia. Amanhã de tarde eu as levo pra sua casa, ok?

- Beleza.

Yu olhou para elas:

- Meninas vocês vão passar esta noite na casa do Kurama, certo?

- Mas por que? – perguntou Dinast, esfregando o olho.

- Porque...Porque a casa dele é mais perto daqui e vocês estão quase caindo de sono.

- Tá bom então. Tchau, Yusuke! – disse Mirra.

- Tchau!

E ele saiu correndo.

As meninas foram andando atrás de Kurama ate chegarem a casa.

Era difícil de esquecer aquele lindo jardim de rosas que Shiori, a mãe de Kurama, cultivava.

Eles entraram na ponta dos pés e foram para a cozinha.

- Esperem aqui, vou ver se meus pais estão dormindo.

Ele subiu as escadarias, deixando as duas lá em baixo. Grande erro.

Abriu a porta vagarosamente e viu que os dois dormiam como bebes.

Depois ele desceu para a cozinha. As duas não estavam lá.

Ele subiu as pressas para o seu quarto e quando abriu a porta...

Congelou.

As duas estavam dormindo no tapete. Mirra estava encolhida em um canto e Dinast apoiava a cabeça em suas pernas.

Kurama foi andando em silencio. Cobriu as duas.

Mas não sabia se deveria acordá-las ou deixá-las lá. Preferia que dormissem na sua cama e ele iria para a sala.

Foi aí que Dinast abriu um olho e deu duas palmadas na própria barriga, indicando que ele poderia "estacionar" ali.

A solução foi se juntar a elas. Ele apoiou a cabeça na barriga de Dinast e os três youkais adormeceram no tapete do quarto, enquanto a cama ficara vazia...

Oi!
Que coisa... Você imagina um monte de velho dançando: Chá chá chá chá chá Hei, Chá chá chá chá chá Hei.

Ai, que lindo!

Hahahahaha

Me aguardem...

Eu voltarei...

Bijos...

Ary Koorime