Capitulo 8 – Um teste nada formal

- Mirra, para com essa timidez! – disse Yusuke

- Sai daí logo! – gritou Dinast para a irmã

Ela havia se trancado no banheiro depois de ter se trocado e transformado em Kurama.

- Eu não vou sair!

- Eu vou ser forçado a arrombar a porta? – disse Yusuke

- Tá bom, eu saio!

Ela saiu de fininho. Yusuke e Dinast ficaram inflados de tanto prender vontade de rir.

- Podem rir, eu não ligo...

Os dois rolaram no chão de tanto gargalhar.

- Tá bom, chega! Eu não me importo até certo ponto!

- Você esta divina, Mirra! Ou melhor, está lindo, Kurama.

Era uma copia perfeita. Não havia nada que distinguisse Kurama de Mirra. Desde que ela ficasse quieta, tudo estaria ótimo...

Ela colocou Kurama gato na mochila e rumou para a escola, seguindo as instruções dele.

Chegando lá, montes de meninas pularam em cima dela.

- Licença...Eu tenho um teste muito importante e eu preciso ir para aula – disse Mirra, imitando a voz de Kurama com tamanha precisão.

Na sala, as meninas gritavam e se matavam para tomar um lugar próximo dela.

- É sempre assim quando você chega na escola? – murmurou Mirra para Kurama.

- Não, só em dia de prova.

- Por que?

- Todas ficam pedindo cola...

O professor passou a prova. Kurama olhava pela fresta aberta da mochila, que Mirra deixara para que ele não morresse asfixiado.

Ela parecia estar indo bem, não roia o lápis, não apoiava a cabeça na mão, não dava sinais de desespero.

Muitas vezes as meninas pediram cola, e ela apenas olhava com cara de censura para elas e não falava mais nada.

Kurama já estava despreocupado. O professor recolheu as provas e ainda deu uma piscadela para Mirra.

Ela sorriu.

As duas próximas aulas foram normais. Mirra copiou tudo no caderno e não conversou com ninguém, talvez por não os conhecer.

Na aula de química, foi aplaudida por sua excepcional experiência com neblina, oxigênio ou outras fumaças e gases.

Estavam na ultima aula e Mirra pediu licença para ir ao banheiro.

Ela só teve que engolir a dignidade, entrando no banheiro masculino. Graças a Deus o local estava vazio.

"O Kurama vai me escalpelar se descobrir que a Dinast me passou cola por telepatia... Eu é que não sou louca! Vou ficar bem quietinha..." pensou Mirra.

Ela abriu a torneira, deixando que a água cristalina acalmasse seus nervos. Começou a lavar as mãos.

E ficou pensando em como causava problemas aos outros. Não era sua culpa, nem da irmã.

Elas nasceram com uma nuvem negra, que atacava todos ao redor. Era de fato, uma nuvem negra muito ciumenta.

Namorado, nem pensar. Todos eram atropelados, chumbados, seqüestrados, etc...

E o pior é que nenhum morria. Voltava sempre vivinho da silva pra dizer que desde que as conheceu só problemas apareceram.

Foi aí que sentiu algo gelado invadir seus sapatos. Ela meteu a cabeça debaixo da pia, a tempo de ver o buraco do cano aumentar drasticamente.

O chão começava a inundar.

Ela saiu às pressas do banheiro e ficou apoiada na porta. Teve sorte de não haver ninguém lá dentro para testemunhar o ocorrido.

A água começava a sair por baixo da porta.

Mirra não pensou duas vezes, saiu correndo em direção a classe.

Ela olhou para os lados, para ver se não havia ninguém no corredor. Usou seu Wild Wind numa versão mais fraca para secar os sapatos ensopados.

E entrou na classe como se nada tivesse acontecido. Sentou-se na carteira e calou-se.

Kurama nem notara a saída dela. Estava tão despreocupado que achava que nem mesmo o azar de Mirra lhe tiraria a calma.

O erro de Kurama foi esquecer do seu querido amigo: Konno. O valentão de dois metros de altura que adorava tirar-lhe a paz.

Gordão, fanfarrão. Cabelos loiros e olhos pretos.

Alto, porco, um monstro.

Kurama muitas vezes o confundia com Goki, pois a única diferença era a cor do cabelo.

Por acaso do destino, ou talvez da minha sede de encrenca, Konno estava apagando a lousa para a professora, para pagar por suas traquinagens.

Todos já haviam ido embora.

Só restava Konno, Mirra e a professora.

A mulher pegou as coisas e foi embora.

Mirra estava meio atrapalhada com as coisas de Kurama, tirá-las da mochila havia sido fácil, o problema seria enfiá-las lá de novo sem acertar nada na cabeça de Kurama.

Konno acabou de apagar a lousa e foi pegar sua mochila.

Mirra colocou a bolsa nas costas. E saiu em direção a porta. Foi aí que a mais nojenta e repugnante barata deste mundo cruzou seu caminho, passando por cima de seu sapato antes.

Mirra sentiu que os cabelos estavam quase alcançando a parede. Ela explodiu em gritos, e acabou caindo em cima de Konno, que esperava o ruivo sair da frente.

Os dois foram pra chão.

Konno levantou, como um pai levanta quando está prestes a socar o filho mal criado.

- M-me desculpe – disse Mirra numa ultima tentativa de salvar o couro.

- Tudo bem, Minamino. Te vejo na saída.

Mirra levantou lentamente.

- Ferrou, geral! Eu não quero morrer agora!

Kurama não via saída. Não podiam usar seus poderes na escola. E uma luta de corpo a corpo com ele seria o mesmo que assinar o testamento.

Mirra saiu choramingando até o pátio. E diante das pessoas voltou a assumir a postura de Kurama.

Ela olhou para o portão. Lá estava Konno. E não era só ele, mais uns oito marmanjos, todos socando a própria mão, se aquecendo pra espancar Mirra.

Mirra congelou no meio do pátio. Sua sorte foi que a multidão não permitiu que Konno a avistasse.

Muita gente já havia ido embora. Se Mirra ficasse ali, Konno a veria, e ai ela não conseguiria mais fugir dele.

Seria tudo ou nada. Ela amarrou bem firme o cadarço do sapato e apertou a mochila nas costas.

Respirou fundo e...

SALVE-SE QUEM PUDER!

Ela saiu correndo entre as pessoas, passando entre os valentões e correndo como louca.

Konno não tardou a percebê-la e foi aquele estouro de boiada para cima dela. Mirra corria em pânico total, procurando desesperadamente um jeito de despistar a gangue de malucos.

Ela dobrou numa esquina, numa subida. Mas não parava de correr de jeito nenhum.

Corria tão rápido que quase não se via suas pernas, só um tufão atravessando a cidade como um raio.

Até que ela arranjasse uma companheira de corrida. Dinast apareceu correndo na mesma velocidade que a irmã.

- Você...Vem sempre...Aqui? – disse Dinast ironicamente.

- Olha que lindo! A namorada de Minamino resolveu se juntar pra apanhar! – gritou um dos capangas de Konno.

- Dinast...O que...A gente faz?

- Vamos parar...De bancar as boazinhas...E voltar ao estilo das irmãs Dinamite...

- Que tal aquele plano...Que usávamos com Koema...O plano P.c.?

- Excelente.

Dinast arrancou a mochila das costas de Mirra e jogou para Yusuke, que aparecera de dentro de um barzinho.

Yusuke olhou enquanto as duas corriam dos trapizobas. Mais dois assistiam: Hiei, que estava sentado em seu ombro e Kurama, que botara a carinha pra fora da mochila, depois de ser arremessado.

- Vamos atrás, Yusuke! – ordenou Hiei.

- Tá bom, eu quero ver a pancadaria.

- Como pode dizer isso? – disse Kurama, indignado.

- Não, Kurama. Você não entendeu. Eu quero ver o Konno apanhar...

Mirra e Dinast ainda corriam na velocidade da luz. Até que chegassem a uma escadaria que levava ao litoral.

As duas se entreolharam. Elas pularam no corre-mão e foram deslizando, tomando uma dianteira.

Dobraram a esquina de um beco.

O grupo de Konno, que conhecia bem a cidade, já cantava vitória.

- Eles não vão escapar, agora! – falou Konno.

Eles entraram no beco. Mas não havia nada além de lixo no chão.

Yusuke chegou a uma distancia segura do grupo e pode ver que elas não estavam lá.

- Valentõõõões!!! – disse uma voz que ecoou pelo beco.

Os fortões deram alguns passos meio temerosos para trás.

Até que virassem e dessem de cara com Kurama(Mirra) e Dinast.

- Vou arrancar seus coros! – disse Konno.

Ele tentou agarrá-las, mas elas deslizaram por baixo dele.

- P.c. significa...

Elas subiram nas costas de Konno, aproveitando que ele ainda estava abaixado.

- PUXA CUECA!

Elas pegaram a cueca que aparecia por trás de sua blusa e puxaram até que alcançasse a cabeça.

E todos, inclusive Yusuke, puderam ver a cuequinha de corações cor de rosa que Konno usava.

Os marmanjos se puseram a rir.

- Seus...Seus...Bobos – disse Konno com uma vozinha fina, devido a...

Esquece...

Qualquer ser racional que se preze deve ter entendido...

E saiu correndo.

Os grandões riram tanto que deram tempo suficiente para que Mirra e Dinast se escafedessem, junto com Yusuke e os gatos.

No templo da mestra...

Yusuke ria tanto que seus pulmões doíam.

- Ai...Eu acho que nunca ri tanto na vida... – disse Yusuke, segurando a barriga, que também doía.

- Pobrezinho do Koema - murmurrou Kurama, imaginando: Se elas fazem isso pra salvar o couro, o que não fariam por brincadeira? Este capítulo da fic é em homenagem ao meu pai e suas aventuras de moleque... Ha ha... Imaginem: 11 marmanjos correndo atrás dele e do irmão... rsrsrsrsrsrs