Cap 3 - Conflitos

- O que faz aqui? - perguntou ela, sem disfarçar sua decepção.
- Vim me desculpar por ontem. Fiquei um pouco chocado, mas não quis ser grosseiro com você, nem com seu... seu.
- Namorado.
- É. Você me desculpa?
- Desde que você nunca mais ofenda o Seiya, está desculpado.
- Podemos continuar amigos, não é Saori?
Naquele exato instante, Seiya apareceu na sala e demonstrou todo o seu ciúme:
- O que esse cara tá fazendo aqui?
- Ele veio pedir desculpas, Seiya - disse ela, sem esconder sua felicidade ao vê-lo.
- E você desculpou, é claro! Olha aqui Saori, ou você manda ele embora agora ou eu vou!
- Não me obrigue a fazer isso, Seiya!
Olhando-a com mágoa, o cavaleiro disse:
- Se é assim... fique com ele!

Saiu apressadamente, e bateu a porta. Saori achou que aquilo era só uma representação dele para que Julian se afastasse de uma vez por todas, e foi atrás de Seiya para mostrar a Julian que ela estava mesmo apaixonada pelo cavaleiro. Chamou Seiya, mas ele já estava quase no portão e não deu a mínima.
Correu até ele, dizendo:
- Pode parar de fingir, ele não está aqui!
- Não estou fingindo. Você não quis mandar o Julian embora, e eu cansei de bancar o palhaço!
- Como assim!
Olhou-a com raiva:
- Eu já entendi tudo. Você diz que não gosta do assédio dele, mas a verdade é que adora ser paparicada pelo Julian! Se você quisesse mesmo se livrar dele, teria feito o que eu pedi! Eu nunca deveria ter inventado esse namoro de mentira! Você me humilhou na frente dele!
Ela não estava entendendo nada, mas tentou se explicar:
- Não sei de onde você tirou essas idéias, mas queria que você entendesse que o Julian é meu amigo, assim como você!
Ouvir aquilo o feriu ainda mais. Resolveu ser irônico:
- Então, eu gostaria de saber se você costuma beijar seus amigos do jeito que me beijou ontem?
Os olhos dela se encheram de lágrimas, e sua voz tremeu ao dizer:
- Não fale assim... foi meu primeiro beijo!
Ao vê-la chorar, imediatamente Seiya se arrependeu de ter dito aquilo. A fragilidade dela partiu seu coração, e o fez abraçá-la, dizendo:
- Me perdoe, eu não sabia... Não chore...
Saori o fitou, e desta vez tomou a iniciativa de beijá-lo, enquanto enlaçava seu pescoço carinhosamente.
Foi o bastante para derretê-lo de vez... Correspondeu ao beijo de maneira apaixonada, sentindo que apenas ela poderia completá-lo, que era a única capaz de fazer com que o resto do mundo desaparecesse...

Porém, ao abrir os olhos, percebeu que Julian os observava. Afastou Saori, e perguntou com rispidez:
- Você me beijou pra provocar o Julian?
- O quê? - perguntou ela, ainda meio zonza por causa do beijo.
- Não acredito que fui tão estúpido a ponto de deixar que você me usasse de novo!
- Seiya, eu não.
- Não diz mais nada. Vê se me esquece! - gritou, enquanto se afastava.
- Seiya! - gritou ela, desesperada.
Viu Julian parado, e compreendeu que Seiya tivera motivos para pensar que o beijo tinha sido uma encenação. Precisava se explicar, dizer a ele que o beijara simplesmente porque o amava!

Esperou um tempo e ligou para a casa dele. Ninguém atendeu. Insistiu várias vezes, sem sucesso.
"Talvez ele tenha ido ao orfanato", pensou. Resolveu ir até lá.
De fato, Seiya tinha ido ao orfanato para esfriar a cabeça. Jogou bola com os garotos, mas logo foi interrompido por Minu, que veio tomar satisfações a respeito do "namoro".
- Seiya, isso que eu li no jornal é verdade? Você e a Saori estão namorando!
Ele ficou em dúvida se desmentia a notícia, afinal o namoro tinha sido apenas uma farsa. Entretanto, preferiu manter a mentira:
- É verdade, sim.
Minu começou a chorar:
- Por quê, Seiya? Eu sei, ela é mais bonita, é rica... É por isso? Você quer dar um golpe do baú?

Indignado, Seiya ia dizer que jamais faria tal coisa e que estava realmente apaixonado, quando uma terceira pessoa interveio:
- Agora entendo sua "gentileza" em fingir que estávamos namorando. Achou que poderia se aproveitar da situação, não é mesmo?
Surpreso por vê-la ali, exclamou:
- Saori, não é nada disso!
- Agora eu sei quem estava usando quem!
Ela saiu correndo. Seiya tentou ir atrás, mas Minu o impediu.
- Então, era tudo uma farsa?
- Eu queria que fosse verdade, mas você estragou tudo! Agora ela vai achar que eu sou um interesseiro!
Sentou-se num banco, com a cabeça entre as mãos.
- Eu queria que as coisas fossem diferentes. Você seria a mulher ideal pra mim, mas meu coração não entende isso! Cada vez que eu me aproximo da Saori, é como se todo o resto perdesse a importância, e só ela fizesse minha vida valer a pena!
Tristemente, Minu murmurou:
- Você a ama.
- De quê adianta?! Ela perdeu a confiança em mim, nunca mais vai querer me ver!
- Por quê você não tenta esclarecer tudo? Se quiser, eu posso falar com ela e dizer que foi um mal-entendido.
- Ela não vai acreditar!
- Você deveria pelo menos tentar!

Apesar de ter certeza de que não conseguiria convencer Saori, Seiya voltou à mansão e pediu para vê-la. Tatsume, antipático como sempre, não quis deixá-lo ver sua patroa, que não queria ver ninguém. Mas Seiya fingiu que não ouviu, e subiu ao quarto da garota.
Bateu na porta, e ouviu Saori dizer:
- Já disse que quero ficar sozinha!
Ele entrou e a viu deitada, com o rosto enterrado no travesseiro. Chegou mais perto. Com cuidado, tirou o travesseiro. O lindo rosto da deusa estava todo vermelho, mostrando que ela tinha chorado muito.
Ao vê-lo, gritou:
- Vai embora, não quero te ver nunca mais!
- Saori, me deixa explicar.
- Não quero ouvir nada! Nunca pensei que você fosse capaz de algo tão baixo!
- A Minu falou aquilo porque tem dor de cotovelo! Antes de irmos para o santuário, eu dei a entender que ficaria com ela quando voltasse. Eu realmente pretendia fazer isso, mas.
- Pensou melhor e chegou à conclusão de que eu seria uma opção mais vantajosa, não é mesmo?

Obrigada a todos pelas reviews!
Mary: essa música do Caleidoscópio é bem fofys, mas fez sucesso no ano passado. Agora já naum toca muito nas FMs.