Antes de lerem este segundo capítulo do meu fic quero avisar que agora vocês verão o Harry com uma fome incrível de poder. Espero que todos gostem deste capitulo e dos que estão por vir. E novamente muito obrigado a minha maravilhosa namorada pro fazer o trabalho de beta para mim. Ah este capitulo foi encurtado por que ficou um pouquinho grande demais.

Fome de Poder

Harry acordou totalmente revigorado. Desde que Voldemort havia tentado possuí-lo e havia falhado, não apenas estava se mantendo afastado dos sonhos dele, como também estava fechando sua mente para impedir que o rapaz descobrisse mais alguma informação útil para a Dumbledore.

Outra coisa que também o mantinha livre dos pesadelos era estar com mente e corpo ocupados durante o dia. A exaustão funcionava como um ótimo antídoto, impedindo que os pesadelos atrapalhassem seu sono. Na verdade, Harry mal podia lembrar-se dos sonhos que tinha, fossem eles bons ou ruins.

Uma boa notícia era o fato de que estaria abandonando as aulas de Adivinhação naquele ano, porque senão teria problemas quando eles voltassem a estudar os diários de sonho, já que teria que inventar muito mais.

Harry se levantou calmamente e foi ao banheiro tomar um banho. Após se arrumar, desceu as escadas e encontrou seus tios sentados à mesa tomando o café da manhã. Não havia qualquer sinal de Duda. Ele provavelmente não acordaria até às 11 horas.

Os tios de Harry pareciam estar muito chateados com a presença dele ali, mas o ignoraram. E o rapaz sabia que era por causa do medo, que ele podia sentir nitidamente preenchendo as mentes dos seus tios. Tia Petúnia encheu o prato de Harry com bacons e ovos. Já havia um copo cheio de suco à frente dele.

Harry sabia que a tia apenas fazia aquilo para garantir que ele não reclamasse de não estar sendo bem alimentado, mas mesmo assim ele adorava poder esfregar na cara gorda de Duda que estava comendo bem mais que o primo agora. Ele comeu rapidamente o café da manhã. Não queria prolongar sua estadia no número 4 por mais tempo que o necessário.

- Tio Valter, eu estou indo para a casa de meu amigo Ron hoje - disse tentando não parecer completamente mal-educado. Não que ele realmente se importasse com o que os Dursley pensavam dele, mas ele não achava certo ir embora sem avisar.

Seus amigos vão vir aqui hoje? - perguntou o tio apavorado.

- Não, tio. Eu vou a Londres hoje, e eles vão me pegar lá - respondeu rindo por dentro do pavor do tio.

Com isso, Harry deixou o número 4 para trás por mais uma vez. Ele pegou seu malão e o carregou para a calçada da frente. Quando ia voltar para pegar a gaiola de Edwiges viu que sua tia havia lhe trazido esta, e sentiu que a mulher apenas queria se livrar dele o mais rápido possível.

Harry ergueu sua varinha discretamente, e do nada apareceu o Noitibus Andante. Como da última vez que ele o havia visto, durante o dia, o ônibus tinha bancos no lugar de camas, mas desta vez não havia quase ninguém lá dentro, além de Lalau e do condutor. Harry então pagou sua passagem e pegou um lugar no primeiro banco do primeiro andar. Assim poderia sair mais rápido. Ele estava com muita pressa, afinal, tinha muitos planos para pôr em prática naquele dia.

Com um novo "bang" o Noitibus não estava mais na Rua dos Alfeneiros. Agora se encontrava em alguma área rural da Inglaterra. O ônibus percorreu mais alguns metros, e então parou na frente de uma grande casa.

A casa tinha uns três andares, e um pequeno grupo de bruxos, uma família provavelmente, adentrou ao ônibus. Harry se encolheu, tentando não chamar atenção. Pelo reflexo do vidro ele viu uma das crianças olhar em sua direção. Ele reparou que a criança olhou para as suas roupas e então virou o rosto, e seguiu em frente.

Harry estava dando graças a Deus que a criança não havia olhado mais para ele. E então o ônibus mais uma vez seguiu em frente. Agora eles estavam percorrendo uma das movimentadas ruas de Londres. Com um giro rápido no volante, fez uma curva à esquerda, com o sinal fechado, mas os outros carros pareciam se desviar dele e nada acontecia. Harry notou mais de uma vez que os motoristas trouxas faziam caras de pânico quando viam que iam bater, e depois podia ver as caras de alívio e surpresa que faziam por não terem batido, e antes de desviarem o rosto ele podia ver pela expressão deles que a mágica estava funcionando, e eles se esqueciam do que havia recém-acontecido.

O ônibus parou na frente do Caldeirão Furado finalmente. Harry pegou seu malão e pulou para fora rapidamente. Lalau até tentou se despedir dele, mas a família que havia embarcado por último estava solicitando a ajuda dele para carregar algumas coisas, e havia dois outros bruxos que queriam embarcar no Noitibus esperando na calçada.

O bruxo da frente estava distraído reclamando do serviço do Noitibus, mas o segundo viu Harry desembarcando e prontamente o reconheceu. Antes que o garoto pudesse escapulir para dentro do Caldeirão Furado, este segundo bruxo se colocou em seu caminho, e se ofereceu para ajudar com o malão.

- Sr. Potter eu nunca acreditei nas besteiras que o "Profeta Diário" falava sobre o senhor - falou rapidamente o bruxo. Harry apenas para ter certeza olhou fundo nos olhos do homem e viu que ele estava sentindo medo, e que dizia aquilo apenas por que tinha ficado com medo dele.

Harry aceitou a falsa cortesia do bruxo, pois sabia que nem todos seriam honestos ou bons sobre o que havia acontecido nos anos anteriores, mas também sabia que caso cruzasse com aquele bruxo novamente, não lhe daria confiança ou desperdiçaria seu tempo com ele.

- Não sei como alguém poderia duvidar do senhor ou de Alvo Dumbledore - continuou o bruxo e Harry pôde perceber nitidamente a inveja que ele sentia de ambos. Cansado da falsidade do homem, Harry tomou o malão para si e adentrou o Caldeirão Furado, agradecendo a "gentileza" do bruxo.

Assim que Harry entrou no bar, viu alguns rostos se virarem em sua direção. Algumas pessoas até fizeram menção de alcançarem suas varinhas. Todos pararam e então reconheceram a cicatriz em sua testa. Alguns fizeram então pareceram que iam se dirigir a ele, mas antes que eles terminassem de se levantar Harry falou.

- Senhores, não precisam se levantar. Tudo que eu sei sobre Voldemort - as pessoas tremeram e se encolheram ao ouvir aquele nome, mas Harry não se importou e prosseguiu - está escrito no "Profeta Diário". Eu estou aqui para tratar de assuntos particulares em Gringotes e fazer as compras para o ano letivo, por isso eu não gostaria de ser incomodado - ele notou que usava novamente aquele mesmo tom de voz imponente que havia usado no dia anterior para apavorar seu primo.

Todos os fregueses que já estavam se levantando, sentaram-se no mesmo momento. Fossem movidos por medo ou respeito, deixaram Harry em paz, como ele havia pedido.

Harry se aproximou do balcão onde Tom se encontrava. Tom abriu um sorriso ao ver o rapaz se aproximar. Ele sentiu que dono do bar estava realmente feliz ao recebê-lo novamente em seu estabelecimento, e ficou satisfeito em saber que pessoas como Tom haviam acreditado nele e não no "Profeta Diário" no ano anterior.

- Tom, pode me fazer um favor? - perguntou ele. Mas sentindo que Tom faria o que quer que fosse, não esperou a resposta e continuou - Eu tenho umas coisas para fazer no Beco Diagonal, e um amigo ficou de me pegar aqui no fim da tarde. Você poderia guardá-lo para mim até eu voltar? - disse Harry terminado de fazer sua pergunta.

Tom pegou o malão e guardou-o atrás do balcão, tranqüilizando Harry para que não se preocupasse, já que estaria seguro com ele. O rapaz pediu uma cerveja amanteigada e deixou uma grande gorjeta para compensar o favor e a gentileza com que o dono do bar sempre o havia tratado.

Harry saiu do bar bebericando sua cerveja amanteigada. Tinha sua varinha no bolso e a carteira nova que Hagrid havia lhe dado de presente no ano anterior, já que depois de muito estudar um modo, finalmente havia descoberto como fazer para não ser mordido por ela. Isso era muito útil por que esta carteira ele podia carregar muito mais dinheiro do que em uma carteira normal e ele ia precisar disso naquele dia.

Harry seguiu para a loja da "Madame Malkin - Roupas para todas as ocasiões" mas decidiu que queria algo mais elaborado, então se direcionou para o "Gladrags" que tinha roupas mais caras. Afinal, já que ele ia aproveitar para refazer seu guarda roupa era melhor que fizesse isso com estilo.

Harry via que muitas pessoas estavam reparando em quem ele era, então apertou o passo. Muitas pessoas lançavam olhares de admiração e acenavam para ele, mas ele notou que uma ou duas pessoas tiveram que conter sua raiva. Ele tinha certeza de que se tratavam de parentes dos comensais capturados.

Assim que entrou na loja, Harry notou que a atendente principal apenas vislumbrou suas roupas com desdém, e mandou uma de suas vendedoras mais novas atendê-lo. Assim que a vendedora viu a cicatriz na testa dele, deu um gritinho de empolgação. A gerente da loja olhou novamente para ele e desta vez identificou quem era o cliente. Ela então correu para atender "o menino que sobreviveu".

- Me desculpe pelo inconveniente, Sr. Potter. Isso não vai mais se repetir... - Harry notou que a mulher estava se sentindo extremamente embaraçada por pensar que ele se tratava de um Sangue Ruim pobretão, e isso já o fez decidir que não queria ser atendido por ela.

- Não se preocupe, senhora. Eu estou sendo muito bem atendido - disse para ensinar uma lição à mulher.

- Ah! Desculpe-me, Sr. Potter. Mas ela se encontra ocupada agora... - Harry viu que a mulher estava sendo falsa e antipática, e realmente não queria ser atendida por uma interesseira como ela.

- Então eu voltarei mais tarde quando ela estiver livre - respondeu apontando para a atendente, antes de se virar para ir embora. Harry mal havia esticado a mão para alcançar a maçaneta, quando ouviu uma nova voz.

- O que está acontecendo aqui? - perguntou um homem que obviamente devia ser o dono da loja.

- Me desculpe senhor - disse Harry se virando rapidamente - Eu estava sendo atendido por aquela vendedora, mas agora ela tem coisas mais importantes a fazer, então eu retornarei quando ela puder me atender, gostei de ser atendido por ela.

- Não, Sr. Potter. Ela irá atendê-lo agora mesmo - ele fez uma cara feia para a gerente. - Onde já se viu ter alguma coisa mais importante do que atender um cliente? Ainda mais um cliente como o senhor? - disse o dono da loja puxando sua gerente com força pelo braço, e Harry percebeu que ela estava em sérios apuros agora.

- Muito obrigado Sr. Potter. Eu nunca posso atender os melhores clientes por isto não ganho muito... - disse a atendente de forma humilde com um pequeno, mas sincero, sorriso nos lábios.

- Pois então hoje é seu dia de sorte... - ele respondeu dando uma piscadela. - Porque eu quero um guarda-roupas novo, inteirinho - completou com um enorme sorriso. - Ah! E por favor, me chame de Harry.

- Como desejar, Harry - ela sacudiu a cabeça de modo simpático - Por onde você prefere começar? - ela disse mais segura de si, agora que tinha visto como Harry era uma pessoa simples e simpática.

- Eu realmente não sei. Para ser sincero é a primeira vez que faço algo assim... - a moça ficou surpresa, mas não deixou transparecer - Que tal começarmos por algumas calças e camisas? Depois alguns calçados e talvez uns pares novos de óculos, já que estes aqui - ele apontou para seu velho par de óculos - já estão mais do que acabados.

Cerca de duas horas depois, Harry possuía um enorme acervo de roupas novas. Com muitas peças comuns, como calças e camisas de uniforme, que ele iria usar no dia a dia; mas também algumas roupas mais exóticas e diferentes, como um traje inteiro feito em couro de dragão. Harry pediu que todas as suas roupas fossem entregues menos um pesado manto, e uma nova calça e camisa que ele sairia usando.

Seguindo a recomendação da vendedora Harry procurou a loja "Wacthkins Quinquilharias Mágicas". Assim que chegou na frente do estabelecimento, lembrou-se deste do verão anterior ao seu terceiro ano em Hogwarts. Era a loja que vendia um enorme modelo de sistema solar da Terra, mas desta vez, este item não o interessou, pois não estava mais tendo aulas de Astronomia.

Ao abrir a porta Harry ouviu o tilintar dos sinos que eram fixados atrás desta, para avisar quando um cliente tivesse adentrado a loja. Ele viu que um senhor de mais idade estava atendendo um pequeno garoto e sua mãe. Esta queria dar um relógio de presente para o filho, que havia recebido uma carta de Hogwarts. Uma moça mais nova se prestou a atender Harry.

- Olá Harry. Como vai? - perguntou a moça. Ele estranhou que ela falasse de um modo tão intimo assim com ele, mas a estava reconhecendo de algum lugar. Os cabelos eram loiros e curtos, e a garota era bem baixinha com os olhos castanhos claros.

- Você não se lembra de mim? - ela perguntou fazendo uma voz melosa, mas nem ao menos esperou pela resposta de Harry - Bem, eu não posso te culpar mesmo. Nós quase nunca nos falamos... Eu também sou da Grifinória. Um ano acima de você. Colega de quarto da Kátia, artilheira do time de quadribol... - Harry meneou a cabeça, parecendo se lembrar.

- Ah! Agora eu me lembro de você... Amanda, não é? - quando ela confirmou com um aceno ele prosseguiu - Mas você ainda não se formou. Por que então está trabalhando aqui? - perguntou curioso.

- Meu pai é o dono da loja - respondeu sem dar muita importância. - Eu só estou ajudando, sabe? - não parecia ofendida com a curiosidade do rapaz. - Então? O que você veio comprar, Harry?

- Eu preciso de um novo par de óculos, e também de um novo relógio. O meu quebrou quando eu entrei no lago de Hogwarts, durante o Torneio Tribruxo, e até hoje eu ainda não o substitui - respondeu um tanto quanto embaraçado.

- Bem, primeiro vamos escolher as armações de seu novo par de óculos, é claro - ela deu uma risadinha e piscou o olho para Harry, que fingiu não Ter notado nada de estranho. - Harry, eu estava pensando... - ela colocou a mão no queixo. - Acho que seria muito melhor se você usasse lentes de contato. - ela se aproximou dele. - Você tem um rosto tão bonito. E uns olhos de tirar o fôlego - segurou uma das hastes dos óculos de Harry, que engoliu em seco. - É um desperdício se esconder atrás, desse... Bem, atrás desta coisa - terminou tirando os óculos do rapaz, e acariciando seu rosto. Harry ficou completamente sem graça, e o mais gentil que pôde tomou os seus óculos de volta, aprumando-os no rosto. Amanda deu um sorriso amarelo.

Harry se afastou, incomodado com a carícia e a atitude da garota. Ele mal a conhecia, e também não era muito acostumado a receber carinhos de garotas. Cho, com quem ele havia namorado, dera apenas dois beijos nele, e só haviam andado de mãos dadas. Ela nunca havia tocado nele assim.

Harry sentiu que a garota notou o desconforto que causara nele, e que, pelo menos por hora, havia desistido da investida. Isso apenas o deixou mais incomodado, pois Harry sabia que a garota não havia desistido definitivamente dele.

- Experimente estas, Harry. Elas vão se regular automaticamente aos seus olhos e ao seu problema visual. Assim, você poderá usá-las a partir de já - disse a garota entregando a Harry um par de lentes de contato, em uma pequena caixinha fechada.

Harry colocou as lentes nos olhos, ajeitando-as com cuidado enquanto olhava no espelho. No início ardeu e incomodou um pouco, e ele fechou os olhos, esperando um pouco até que as lentes se adaptassem bem. Só então ele os abriu.

Harry não podia acreditar. O mundo parecia um lugar completamente diferente de quando ele usava óculos. As cores eram mais nítidas, as suaves nuances eram mais claras e vívidas, e ele podia até ver pequenas manchas de mofo e sujeira, que passariam despercebidas pela maioria das pessoas.

Harry estava encarando a parede, tentando testar os extremos da sua recém melhorada visão, observando algumas teias de aranha minúsculas, quando de repente ele atravessou a parede com o olhar. Pôde ver nitidamente o estoque da loja que ficava bem ao fundo, atrás daquela parede. Caixas empilhadas, uma mesa com instrumentos de relojoeiros de precisão, armações, lentes e diversos outros itens úteis.

- E então Harry? Gostou do que está vendo? - perguntou Amanda entrando novamente no campo de visão de Harry.

Ele rapidamente virou o rosto. Não queria ver o corpo da garota. Por mais que ela fosse de fato muito bonita e atraente, isto seria errado, e ele também não estava interessado nela dessa forma.

- Não se preocupe Harry. Estas lentes não vêem através das roupas. - ela piscou de novo. - Infelizmente... Ou eu mesma estaria usando uma par, sabia? - ela falou em um tom provocante e o rapaz não teve certeza se era sério. Mas ela riu ao final da frase e prosseguiu. - Normalmente itens como este que te dei são restritos, mas eu tenho certeza que elas vão lhe ser muito úteis, e de que ninguém vai saber sobre as habilidades extras delas, não é?

- Não se preocupe ninguém vai saber - ele sabia que a garota continuava flertando com ele, mas o fato de Ter um par de lentes daquele valiam o sacrifício de tolerar o flerte. - E sobre o relógio? - ele lembrou a garota.

- Bom eu acho que você deveria usar um relógio de bolso, eles são um pouco menos práticos é verdade, mas tem um charme todo especial. - ela disse sorridente e Harry deu um passo para trás. - Sem falar do status que eles normalmente tem, ou funções extras... Espere um pouco eu tenho aqui um relógio que eu sei que você vai adorar, Harry - disse Amanda fazendo um carinho de leve no braço de Harry, que rolou os olhos para cima disfarçadamente.

Harry estava novamente ficando desconfortável com o tipo de atenção de Amanda. Ela era bonita e atraente, mas Harry mal a conhecia. Ela estava tentando ser bem simpática e agradável, mas o rapaz simplesmente não sentia a mínima atração por ela.

- Veja este relógio Harry - disse Amanda, que havia retornado com um belo relógio de bolso. Totalmente em prata.

Ela abriu o relógio e mostrou o primeiro marcador com quatro ponteiros: três normais e um que apontava para pequenas réplicas dos planetas. Ela explicou.

- Este último ponteiro mostra quando uma oportunidade está se aproximando de quem o usa. Cada planeta tem um significado: Mercúrio representa viagens ou conhecimento; Vênus amor ou luxúria - ela deu uma piscadela para Harry, pois o ponteiro apontou para Vênus quando ela ajustou-o no bolso dele. Harry tremeu de nervosismo - Marte é o planeta do combate e da luta; Júpiter é o planeta da sorte e da riqueza. Bom, você faz Adivinhação não? Então você sabe os significados dos outros planetas... - ela sorriu, entregando o relógio na mão do rapaz. - Ficou muito bem em você...

Harry que queria muito se livrar de Amanda, disse que ficaria também com o relógio, afinal ele era muito bonito.

- Quanto vai custar? - perguntou. Estava com pressa de ir a Travessa do Tranco.

- Bom, Harry infelizmente estas lentes são muito caras, vai dar um total de 150 galeões - disse ela com uma cara de desalento.

Harry sabia que aquele valor era muito alto, mas ainda não havia gasto quase nada da herança que seus pais haviam lhe deixado, então decidiu que não teria muito problema se gastasse um pouco a mais ali. E aquele valor não chegava nem a um milésimo do valor que seus pais haviam lhe deixado.

- Sem problemas, Amanda. Mas como nós podemos fazer para eu buscar esta quantia toda ali no Gringotes? - Harry pode ver que Amanda estranhou que ele aceitasse facilmente um preço tão alto, e que ela havia ficado ainda mais impressionada ao ver que ele tinha tanto dinheiro.

- Você tem sua chave com você, Harry? Se tiver, basta colocar nesta máquina aqui, e o valor será debitado direto de sua conta - explicou Amanda mostrando a ele uma pequena caixa de metal, com um espaço para inserção da chave. Harry enfiou a chave e a girou. Um pergaminho saiu da máquina. Neste estava escrito o valor pago e o nome inteiro de Harry, além do número de seu cofre.

- Pronto Harry. Está pago. - disse Amanda com simplicidade. - Harry, você não quer almoçar comigo? - perguntou distraidamente, e Harry sentiu que ela disse aquilo num impulso, antes de perder a coragem.

- Olha Amanda, você é muito bonita, divertida e simpática, mas eu simplesmente não me penso em você dessa forma e... - disse Harry tentando se livrar da situação sem causar nenhum problema, mas a garota foi mais rápida e ousada.

Amanda correu sua mão suavemente pelo rosto de Harry, detendo os dedos abaixo do queixo dele. Ele viu a pontinha da língua da garota percorrer os lábios desta, e ela olhou para Harry com um olhar muito intenso e sedutor enquanto aproximava-se dos lábios dele. Foi quando ela disse - Tem certeza Harry?

Harry colocou uma de suas mãos no ombro de Amanda e disse do modo mais gentil que encontrou - Sim tenho muita certeza, Amanda. Obrigada pela ajuda com as compra e um bom dia...- Harry suspirou com força e se virou, saindo da loja.

Harry saiu da loja calmamente, mas assim que ficou fora do alcance de visão de qualquer pessoa, disparou-se a correr em direção à Travessa do Tranco. Estava com pressa. Ele ainda tinha que almoçar e ir ao Gringotes, e também queria muito pôr em prática seu plano. Mas acima de tudo, queria uma distância BEM confortável de Amanda.

Ao chegar perto da entrada da Travessa Harry começou a esgueirar pelas sombras. Essa habilidade ele havia aprendido e aperfeiçoado com os anos de "treino" em desaparecimento involuntário na casa dos Dursley. Ao ver que estava bem escondido, ajeitou o capuz de seu novo manto para que escondesse seu rosto. Então ele ergueu bem os ombros, de forma altiva, e ajeitou sua postura para adotar um ar mais imponente e ameaçador.

Harry desceu a escadas sujas, tortuosas e mal cuidadas que levavam a Travessa. Harry apenas olhava de relance para os vultos atirados na escadaria e nos vãos escuros pois não desejava chamar atenção para si, e muito menos esbarrar em alguma das criaturas ou bruxos que andavam nesta área.

Harry notou que havia uma grande diferença da Travessa atual para a de que ele se lembrava de seu segundo ano em Hogwarts. Havia muito mais mal- elementos nas ruas agora. Ele tinha certeza de que várias pessoas que usavam mantos pesados como o dele eram Vampiros, e bem acima das cabeças das pessoas podiam se ver um ou dois trasgos andando pelas ruas.

Harry avistou a loja "Borgin & Burkes", que ainda tinha em exposição as mesmas coisas em sua vitrine, mas se lembrando que Lúcio Malfoy tinha vindo a esta loja para negociar, sabia que era a mais importante de toda a Travessa.

Ao abrir a porta, Harry novamente ouviu o tilintar de sinos, mas os desta loja eram muito mais sinistros. Ele não precisou esperar muito para a mesma figura que atendera o pai de Draco anos atrás entrasse pela porta dos fundos. Ele mantinha o mesmo aspecto mumificado de antes.

- Bom dia Sr. Borgin - o velho olhou desconfiado para ele, mas Harry se apressou em falar, com o tom mais firme que pôde impingir à própria voz. - Eu tenho interesse em adquirir três itens razoavelmente obscuros, e ouvi dizer que o senhor seria a pessoa ideal para conseguí-los no curto prazo de que preciso deles - emendou com uma falsa educação, e uma voz fria e cheia de rancor que mal poderia ser reconhecida por seus amigos, se estes a ouvissem.
-Muito bem, senhor. Você ouviu falar muito bem... - ele retorceu algo nas mãos e enfiou no bolso, disfarçadamente. Provavelmente algo controlado ou proibido. - Eu posso conseguir o item que você quiser... - disse um tanto quanto orgulhoso. - Mas terei que cobrar um pouco mais, sabe? Por sua pressa, senhor... Er... Qual é mesmo seu nome? - perguntou Borgin disfarçando o item no bolso, que pareceu se mexer sozinho.

Harry sentiu a malícia do homem mesmo sem olhar diretamente para ele. Sabia que Borgin estava apenas esperando uma chance para extorquir mais galeões de qualquer um.

- Meu nome não é de seu interesse Sr. Borgin - ele respondeu em tom firme. - E eu não me preocupo em pagar a mais, se o senhor conseguir para mim sangue de Rês-Ma, Pseudo-flor de Murtisco e ovos de Faro-sutil. Até as 15 horas - emendou de forma quase ameaçadora.

Harry se virou para encarar o comerciante ao terminar sua frase. Ele viu os olhos dele se arriarem de espanto e surpresa, e sentiu a felicidade do bruxo a sua frente, pois ele pensava que poderia extorquir um grande lucro nesta negociação, passando Harry para trás.

- Eu posso conseguir estes produtos para o senhor neste prazo... - ele deu uma pausa significativa. - Por uma pequena taxa extra é claro.... Eu tenho dois deles aqui comigo e o outro com um contato útil meu. O preço total será de dois mil galeões - disse Borgin que nem mais conseguia disfarçar sua excitação, embora estivesse tentando fazer parecer que estava cobrando uma pechincha.

- O Sr. acha que pode me enganar?- disse Harry. E a tensão no ar aumentou subitamente. Os seus olhos brilharam de poder e fúria, e ele sentiu o pânico se espalhar pelo corpo de Borgin rapidamente - Eu vou lhe pagar mil galeões, que é o preço que me parece justo. E se o senhor pensar em me enganar vai se arrepender de ter nascido... - emendou seco e frio.

Sim senhor, não se preocupe senhor... Desculpe, eu me enganei... - disse Borgin tremendo de medo.

Enquanto estava a caminho da saída Harry reparou em uma estante cheia. Ele correu seus olhos sobre os livros, e viu alguns títulos que muito o interessaram. Retirou um tomo grande, com a capa em couro de dragão, e que na lombada tinha os dizeres "Caminhos para a mente". Abriu o tomo por cima, e viu que era todo escrito a mão em pergaminho velho e com uma caligrafia difícil e apressada. Um outro livro com capa dura e na borda escrito "Animagia" também interessou ao rapaz. Este parecia ter sido fabricado em série, mas Harry tinha certeza de que era restrito, e não conseguiria comprá-lo em outra loja. Por último, um livro sem título, que misteriosamente atraiu sua atenção para folheá-lo. Harry viu que era um manual com maldições e poções. Neste livro também existiam desenhos e sumários sobre "criaturas" mais perigosas, como gigantes, centauros, duendes e que maldições usar contra eles e em que pontos do corpo usar para ampliar o efeito. Ele achou bastante útil.

- Vamos fazer assim senhor Borgin. Coloque estes livros junto com minhas encomendas e eu acrescentarei 500 galeões ao nosso acordo... - o homem sorriu de modo sombrio. - Estarei aqui às 15 horas, e se você não tiver algum dos itens ira se arrepender muito do bom negócio que fez... - ele disse. E se virou para sair da loja. Harry mal havia se virado para sair pela porta quando mais alguém entrou na loja.

Cabelos loiros. Platinados e lisos. Olhos cinzentos e frios. Roupas impecavelmente novas, cabeça erguida com orgulho e fúria. Seria um perfeito Malfoy - orgulhoso e imponente - se não fosse apenas o "idiota do Draco", ou seria porque ele era muito baixo perto de Harry? Ou ambos? "De longe ele até passaria por uma figura de respeito. Apenas de longe", Harry pensou divertido.

Draco examinou Harry de cima à baixo, sem saber que se tratava do "infame" Harry Potter. Um pequeno sorriso apareceu no rosto do garoto, mas ele logo seguiu para o balcão, onde o sr. Borgin o estava esperando.

Harry seguiu rapidamente seu caminho não queria chamar atenção de Malfoy em um local onde tivesse desvantagem. Ele seguiu pela Travessa imponentemente sem prestar muita atenção ao seu redor, apenas estava cuidando para não ser seguido. Ao subir rapidamente às escadas, Harry tirou o capuz de seu manto. Ele correu os olhos pelo Beco Diagonal, e quando viu que ninguém estava observando a entrada da Travessa, então saiu dela. Tudo estava saindo a contento, e ele se apressou para a Sorveteria Florean Fortescue.