Capítulo Dois: Sob a Lua Prateada:
Lupin sentia-se entediado, ainda que esgotado fisicamente. Não gostava da idéia de passar aquela semana sozinho, dentro de um apartamento ainda menor do que aquele que dividia com Tonks. Aliás, Tonks era uma pessoa que fazia extrema falta. Não apenas porque era mais alguém na sua vida solitária, mas era, de alguma forma, especial. Ele sabia, no entanto, que tinha o dobro de sua idade, e certamente deveria considerá-la como uma filha, embora não fosse capaz de vê-la como tal. Nymphadora era bonita, e estava ainda mais sob aqueles longos cabelos cor de mel, que combinavam com a pele amorenada e a moldura simples de seu rosto. Seus olhos enormes e castanhos tinham um brilho de felicidade facilmente distinguível. E Remo gostava de olhá-la, apreciá-la, o que apenas fazia aumentar sua admiração por ela.
Ele sabia, no entanto, que Tonks não sentia-se da mesma forma por ele. E era nos momentos em que pensava sinceramente no assunto que dava-se conta da loucura que o possuía. Apaixonado por Tonks ele estava, afinal, e era uma coisa que ele não gostava, ainda que fosse inegável, ao menos para ele. Lupin não queria ter sequer um fiapo de esperança sobre um futuro relacionamento entre os dois, mas apesar disso, ele tinha. E quando pensava no que poderia ser e não era, aquelas esperanças vãs apenas faziam doer mais. Como naquele instante, em que esperava ansiosamente pelo final da semana apenas para vê-la, enquanto ela própria não havia ido sequer visitá- lo durante o dia.
Jaudy havia lhe mandado uma pequena carta, apenas porque ela própria não sabia de toda a situação. Para a agente norueguesa, Remo havia ido resolver problemas urgentes e secretos para Dumbledore, de origem secreta. Dissera à mulher que estava tudo bem, mas que não estava dando muito certo trabalhar ao lado de Tonks, porque ela era uma menina demasiadamente petulante. Remo mal pôde evitar um riso sonoro ao ler aquela expressão, porque no fundo ele sabia que não daria certo. Concluía dizendo que dividiram tarefas e ela mal tinha notícias de Tonks, mas que haviam combinado de encontrar-se na quinta- feira à noite para resolver os outros assuntos pendentes. No final, havia "um beijo enorme" que fez Remo pensar seriamente na teoria de Nymphadora.
Ele preferia, entretanto, gastar seus pensamentos com Tonks a devanear-se sobre a outra. Jaudy era superficial, simples e prática demais, e apesar da beleza desenhada em seu belo rosto pálido, era sinceramente sem graça. Compará-la com Nymphadora era desigual, ao passo que Tonks possuía um misterioso ar infantil em sua aparência de mulher. Era exatamente aquilo que a tornava tão bela, tão deliciosa de se apreciar. Havia uma felicidade nata nela, um brilho permanente naquele olhar penetrante e um sorriso constante nos lábios finos. E conversar com ela era diferente, porque era simplesmente surpreendedora, era dócil, delicada, e ainda assim possuía uma firmeza aparente. Ele sorriu inconscientemente ao lembrar-se da noite anterior, aquela em que ela lhe falara sobre sua beleza de surfista velho.
Haviam passado o dia inteiro na companhia de Jaudy, ao passo que logo que se separaram, Tonks estava terrivelmente mal humorada. E Remo soube que ela assim estava quando falou qualquer coisa e ela sequer deu-se ao trabalho de respondê-lo.
— Hey, o que há com você?
— Nada, Remo, nada — ela respondeu após um suspiro.
— Tudo isso porque você passou o dia ao lado de Jaudy? — Tonks limitou-se a olhá-lo longamente, até que deu um sorriso cálido.
— Como você sabe? — Remo respondeu com um sorriso divertido. — Sabe o que é? Ela me irrita! Profundamente!
— E o que eu te fiz pra você estar me ignorando?
— Nada, desculpa, eu só estou meio irritada, mas passa logo, 'tá?
— Só isso? — ele perguntou, enquanto estacionava seu carro trouxa em frente ao pequeno apartamento que dividiam.
— Não — ela respondeu, por fim. — Sabe o que também me deixa irritada? Você! Você a chama de superficial, e tudo o mais, e na hora em que chega na casa dela, abre um sorriso de orelha e orelha e fica caindo na conversa fútil dela!
— Você fica irritada com isso? O que eu posso fazer?! Você mal se limita a dar 'oi' a ela, vou deixá-la isolada, sem falar com ninguém?
— Antes ela do que eu!
— Ah, eu morro de pena dela, até porque ela mora sozinha. Não você. Às vezes ela precisa de alguém pra conversar, não acha não? — Nymphadora olhou- o emburrada.
— Deixa isso para lá, 'tá? Pronto, agora você conseguiu me deixar mais irritada! — Remo riu. E, enquanto subiam as escadas do prédio, ele aproximou-se dela e olhou-a diretamente nos olhos. Então, Tonks não pôde evitar um sorriso meigo enquanto abria a porta.
— Ainda irritada? — ele perguntou jogando-se no sofá. Ela sentou-se ao seu lado.
— Não, não estou mais.
Eles ficaram em silêncio até que um vizinho inoportuno colocou a música brega de Jaudy num volume escandaloso. Eles se olharam, reprimindo uma gargalhada.
— Música brega! — ela disse novamente irritada.
— Músicas bregas são boas para dançar a dois.
Tonks olhou longa e profundamente para Remo, até que sorriu, enfim, levantando-se e fazendo um sinal para que ele lhe tirasse para dançar. Levantando-se lentamente, Lupin estendeu a mão para ela, e eles se aproximaram, aconchegando-se desajeitadamente. Remo tinha consciência de que não sabia dançar, mas não pensou em nada mais quando sentiu a cabeça de Tonks recostada em seu ombro. Seu perfume era doce e suave, combinava perfeitamente com Nymphadora e ele achou-o perfeito. Por ele, horas poderiam ter-se passado sem que ele sentisse necessidade de parar. Era maravilhoso tê-la tão próximo, banhados apenas pelo brilho cintilante da lua nova, que entrava indiscretamente pela janela aberta.
Há muito a música havia acabado, e os dois continuavam dando passos desajeitados e ritmados no tapete da sala. Remo enlaçava-a pela cintura, enquanto as pequenas mãos de Tonks o seguravam pelo pescoço, seus dedos acariciando sua nuca, e outros alisando os poucos cabelos dele. Então, Tonks sussurrou em seu ouvido:
— Sentirei sua falta na lua cheia — Remo não pôde reprimir um sorriso.
— Eu também. Espero que me visite durante o dia, não haverá maiores problemas.
— Pode deixar — ela disse parando subitamente. Em seguida, ela segurou o rosto dele entre as mãos finas e Remo sinceramente acreditou que ela iria beijá-lo. E no entanto, a metamorfomaga deu-lhe um longo beijo estalado em seu rosto. — Obrigada pela dança — ela sorriu afastando-se por fim.
— Disponha.
— Eu vou dormir, boa noite — e ela desapareceu no corredor escuro.
Remo havia deixado-a sair lentamente, enquanto ele próprio torturava-se com a perspectiva de que não possuíra coragem suficiente para segurá-la pelo braço e beijá-la. Desapontado, ele finalmente moveu-se da sala e foi para seu próprio quarto. Não conseguiu dormir, entretanto. Olhando para o teto de seu quarto escuro, o que ele via era o rosto de Tonks. E foi apenas ela que ocupou seus pensamentos naquela noite.
Sorrindo com aquelas memórias cálidas, o lobisomem fechou os olhos, sentindo a transformação reagindo em seu corpo. Dali a dois dias, ele pensou conformado, poderia voltar para casa. E então, estaria tudo bem.
——————————————————————————
Abrindo a porta do pequeno apartamento na rua principal de Frankfurt, Remo estranhou a falta de barulhos. Talvez Nymphadora não estivesse em casa, e ele não deixou de sentir-se desapontado com isso. Então, aproveitando sua ausência, ele entrou no quarto originalmente ocupado por ela, tentado a mexer em seus pertences e senti-la mais real. Quando abriu a porta, no entanto, ele teve uma surpresa desagradável. Não havia nada ali. Nada de Tonks. Seu guarda-roupas estava vazio, sua cama estava desarrumada. Ele franziu o cenho, embora estivesse estranhando, ele estava decepcionado. Onde estaria Nymphadora?
Saiu da casa e foi até o apartamento de Jaudy. Tocou insistentemente, mas a agente norueguesa também não estava em casa. E ele voltou novamente sozinho para o apartamento vazio.
As semanas se arrastaram lentamente pelos dias de solidão. Remo não tinha capacidade de fazer qualquer coisa sem que a imagem de Tonks lhe viesse a cabeça. Ele já estava acostumado com a solidão, não era isso que lhe atormentava, mas sim a saudade terrível que sentia de uma mulher que ele sabia amar. Onde ela estava? Não havia nada, nem cartas, nem bilhetes, nem notícias. E naquele ritmo vagaroso, alguns messes transcorreram, só fazendo a saudade ainda maior.
Enfim, no final do mês de agosto, Jaudy apareceu. Remo não esperava receber visitas, e já saía para tomar seu desjejum no café ao lado, quando a campainha tocou. Ele sentiu-se extremamente estúpido quando sentiu seu coração acelerar-se, certo de que Tonks estaria do outro lado da porta. E então, tentou reprimir sua expressão decepcionada quando viu o rosto sorrindo da agente norueguesa, com seus olhos ansiosos encarando-o. E Tonks? Onde estava Tonks? Ele teve vontade de perguntar-lhe imediatamente, mas não pôde, porque Jaudy apressou-se para dentro da casa, com uma expressão quase feliz no rosto.
— Estava com saudades suas!
— Oh, eu também — Remo disse esforçando-se para abrir um sorriso também. — O que aconteceu com você? E com Tonks?
— Você ficou preocupado? — ela perguntou, obviamente referindo-se a ela própria.
— Lógico.
— Dumbledore. Ele me enviou para o sul da Inglaterra. Havia atentados aos trouxas lá. Tive de contê-los. E quanto a Tonks, eu não sei.
— Fico feliz que esteja de volta.
— Eu estou feliz em revê-lo. Eu achei que pudesse voltar antes. Na realidade, eu voltei há mais tempo, mas só pude vir até aqui hoje.
— Por quê?
— Tive de passar em Hogwarts para falar com Dumbledore, e resolver outras questões em Londres. Agora, acho que saio daqui de vez. Vou ajeitar minhas coisas aqui e vou embora ainda essa semana — ela disse, sentando-se no sofá. — E você? Ainda há trabalhos para você aqui?
— Não, não há mais nada. Acho que há mais de dois meses que eu não faço nada.
— E por que não voltou para a Inglaterra?
— Eu não sei... — ele respondeu vagamente, pensativo.
Na verdade, Remo sabia exatamente porque ainda não havia voltado para a Inglaterra. Havia, afinal de contas, uma esperança vã e tola de que Tonks poderia voltar a Frankfurt algum dia. Já que ela não estava em lugar nenhum. Nem na base da Ordem, na casa dos Black, ou em qualquer lugar conhecido. E mesmo após três meses, ele ainda mantinha-se convicto de que ela gostaria de revê-lo. E ali, ela o reencontraria.
— Por que não volta comigo para lá?
— Você está indo para Grimmauld Place? Eu não sei se volto...
— Estou sim — sorriu Jaudy. — Na verdade, acho que vou ficar por lá por alguns meses, segundo Snape — ela fez uma careta.
— Bom, eu não sei se devo permanecer aqui, já que Tonks...
— Ela não deve mais voltar aqui — ela disse com um gesto de dispensa da mão. — Ela está na Ordem. Todos os aurores estão concentrados lá, segundo Snape. E eu devo estar lá até o final da semana.
— É?
— Sim, Remo. Vamos comigo?
— Sim, eu vou — ele sorriu, mesmo que no fundo estivesse extremamente desapontado.
————————————
Tonks não via a hora de chegar a Frankfurt. Era terrível ter de disfarçar- se de trouxa e ter de seguir viagem de avião. Ela não gostava disso, o seu pânico de alturas foi uma coisa que sempre a perturbou. Logo, no entanto, o avião pousou no aeroporto da cidade, e a auror pôde pegar um táxi até o centro, onde localizava-se o pequeno apartamento que dividira com Remo.
E então, lá estava ela, novamente, com uma perspectiva doce de poder olhar mais uma vez nos olhos cálidos do lobisomem que a fascinava. Rapidamente venceu os dois lances de escadas que levavam ao apartamento, e com sua própria chave destrancou a porta sem fazer qualquer ruído. Ele estava ali, ela notou com um sorriso nos lábios. Ele estava ali, porque seu sobretudo estava jogado sobre o sofá. Tonks parou, no entanto, com as mãos nos bolsos de seu casaco, olhando carinhosamente para a sala. Com um suspiro nostálgico, ela seguiu para o quarto de Lupin, onde ela esperava encontrá- lo.
E o encontrou.
Ele não a podia ver, porque de alguma forma, o que ela via era o reflexo no espelho de Remo e Jaudy. E eles se beijavam. Para ela não foi preciso mais nada para que saísse do apartamento tão silenciosamente quanto entrara. Nada mais foi preciso ser visto ou escutado para que as lágrimas rolassem livres por seu rosto marcado pela decepção.
———————————
N/A: Ohh, não fiquem tristes! Nem tudo pode ser tão triste! Pensem pelo lado positivo, agora vcs vão ficar três mil vezes mais curiosos para ler o cap. 3 e, quem sabe?, vão querer me matar.
Nhaaa, o 3º capítulo já vem, tá?! =(( Mas vcs não vão ficar decepcionados! Eu juroooo!! Bom, e muiiitoo obrigada pelas reviews, tá?
- Lyra Black: Minha amigaaa linda! TiNhAmUuUU muito, tá? XD
- Bru Malfoy: Nhaa, que bom que vc gostou!! Brigada pela review tá?? X))))
- Ameria A. Black: Eu já disse que vc é a melhor beta do mundo? Nhaaa!! =DDD
- Framboesa: Ohh, Jaudy é um pé no saco... Vc sentiu como é ela nesse capítulo... Merece mais que ameaças de morte! Hauahauahauaha.. Kiss Me é a mais linda de todas! ótimo gosto musical! =D Valeu pelo comentário! =DDD
- Caileach: Nossa, quanta honra! A melhor??? Nhaaa, agora eu estou me sentido! XDDDDD E brigada pelas indicações!
- Lain Lang: Que bom que vc gostou! Brigadaaa!! C é do animagos, num é? Lembro de vc de lá! .
- Poly Malfoy: Yeah! 'Phoda' by Mione, minha miguxaa! Heueheuehueeh valeu, tá?? X]
- Jéssy: Viu, próximo cap. Nem demorou! XDD =
Agora eu vou ficando por aki, okay? O 3º capítulo demora só mais um pouquinho.. Vou caprichar nele! X)
CONTINUEM REVISANDOOOO!!
Bjokss!!
Lupin sentia-se entediado, ainda que esgotado fisicamente. Não gostava da idéia de passar aquela semana sozinho, dentro de um apartamento ainda menor do que aquele que dividia com Tonks. Aliás, Tonks era uma pessoa que fazia extrema falta. Não apenas porque era mais alguém na sua vida solitária, mas era, de alguma forma, especial. Ele sabia, no entanto, que tinha o dobro de sua idade, e certamente deveria considerá-la como uma filha, embora não fosse capaz de vê-la como tal. Nymphadora era bonita, e estava ainda mais sob aqueles longos cabelos cor de mel, que combinavam com a pele amorenada e a moldura simples de seu rosto. Seus olhos enormes e castanhos tinham um brilho de felicidade facilmente distinguível. E Remo gostava de olhá-la, apreciá-la, o que apenas fazia aumentar sua admiração por ela.
Ele sabia, no entanto, que Tonks não sentia-se da mesma forma por ele. E era nos momentos em que pensava sinceramente no assunto que dava-se conta da loucura que o possuía. Apaixonado por Tonks ele estava, afinal, e era uma coisa que ele não gostava, ainda que fosse inegável, ao menos para ele. Lupin não queria ter sequer um fiapo de esperança sobre um futuro relacionamento entre os dois, mas apesar disso, ele tinha. E quando pensava no que poderia ser e não era, aquelas esperanças vãs apenas faziam doer mais. Como naquele instante, em que esperava ansiosamente pelo final da semana apenas para vê-la, enquanto ela própria não havia ido sequer visitá- lo durante o dia.
Jaudy havia lhe mandado uma pequena carta, apenas porque ela própria não sabia de toda a situação. Para a agente norueguesa, Remo havia ido resolver problemas urgentes e secretos para Dumbledore, de origem secreta. Dissera à mulher que estava tudo bem, mas que não estava dando muito certo trabalhar ao lado de Tonks, porque ela era uma menina demasiadamente petulante. Remo mal pôde evitar um riso sonoro ao ler aquela expressão, porque no fundo ele sabia que não daria certo. Concluía dizendo que dividiram tarefas e ela mal tinha notícias de Tonks, mas que haviam combinado de encontrar-se na quinta- feira à noite para resolver os outros assuntos pendentes. No final, havia "um beijo enorme" que fez Remo pensar seriamente na teoria de Nymphadora.
Ele preferia, entretanto, gastar seus pensamentos com Tonks a devanear-se sobre a outra. Jaudy era superficial, simples e prática demais, e apesar da beleza desenhada em seu belo rosto pálido, era sinceramente sem graça. Compará-la com Nymphadora era desigual, ao passo que Tonks possuía um misterioso ar infantil em sua aparência de mulher. Era exatamente aquilo que a tornava tão bela, tão deliciosa de se apreciar. Havia uma felicidade nata nela, um brilho permanente naquele olhar penetrante e um sorriso constante nos lábios finos. E conversar com ela era diferente, porque era simplesmente surpreendedora, era dócil, delicada, e ainda assim possuía uma firmeza aparente. Ele sorriu inconscientemente ao lembrar-se da noite anterior, aquela em que ela lhe falara sobre sua beleza de surfista velho.
Haviam passado o dia inteiro na companhia de Jaudy, ao passo que logo que se separaram, Tonks estava terrivelmente mal humorada. E Remo soube que ela assim estava quando falou qualquer coisa e ela sequer deu-se ao trabalho de respondê-lo.
— Hey, o que há com você?
— Nada, Remo, nada — ela respondeu após um suspiro.
— Tudo isso porque você passou o dia ao lado de Jaudy? — Tonks limitou-se a olhá-lo longamente, até que deu um sorriso cálido.
— Como você sabe? — Remo respondeu com um sorriso divertido. — Sabe o que é? Ela me irrita! Profundamente!
— E o que eu te fiz pra você estar me ignorando?
— Nada, desculpa, eu só estou meio irritada, mas passa logo, 'tá?
— Só isso? — ele perguntou, enquanto estacionava seu carro trouxa em frente ao pequeno apartamento que dividiam.
— Não — ela respondeu, por fim. — Sabe o que também me deixa irritada? Você! Você a chama de superficial, e tudo o mais, e na hora em que chega na casa dela, abre um sorriso de orelha e orelha e fica caindo na conversa fútil dela!
— Você fica irritada com isso? O que eu posso fazer?! Você mal se limita a dar 'oi' a ela, vou deixá-la isolada, sem falar com ninguém?
— Antes ela do que eu!
— Ah, eu morro de pena dela, até porque ela mora sozinha. Não você. Às vezes ela precisa de alguém pra conversar, não acha não? — Nymphadora olhou- o emburrada.
— Deixa isso para lá, 'tá? Pronto, agora você conseguiu me deixar mais irritada! — Remo riu. E, enquanto subiam as escadas do prédio, ele aproximou-se dela e olhou-a diretamente nos olhos. Então, Tonks não pôde evitar um sorriso meigo enquanto abria a porta.
— Ainda irritada? — ele perguntou jogando-se no sofá. Ela sentou-se ao seu lado.
— Não, não estou mais.
Eles ficaram em silêncio até que um vizinho inoportuno colocou a música brega de Jaudy num volume escandaloso. Eles se olharam, reprimindo uma gargalhada.
— Música brega! — ela disse novamente irritada.
— Músicas bregas são boas para dançar a dois.
Tonks olhou longa e profundamente para Remo, até que sorriu, enfim, levantando-se e fazendo um sinal para que ele lhe tirasse para dançar. Levantando-se lentamente, Lupin estendeu a mão para ela, e eles se aproximaram, aconchegando-se desajeitadamente. Remo tinha consciência de que não sabia dançar, mas não pensou em nada mais quando sentiu a cabeça de Tonks recostada em seu ombro. Seu perfume era doce e suave, combinava perfeitamente com Nymphadora e ele achou-o perfeito. Por ele, horas poderiam ter-se passado sem que ele sentisse necessidade de parar. Era maravilhoso tê-la tão próximo, banhados apenas pelo brilho cintilante da lua nova, que entrava indiscretamente pela janela aberta.
Há muito a música havia acabado, e os dois continuavam dando passos desajeitados e ritmados no tapete da sala. Remo enlaçava-a pela cintura, enquanto as pequenas mãos de Tonks o seguravam pelo pescoço, seus dedos acariciando sua nuca, e outros alisando os poucos cabelos dele. Então, Tonks sussurrou em seu ouvido:
— Sentirei sua falta na lua cheia — Remo não pôde reprimir um sorriso.
— Eu também. Espero que me visite durante o dia, não haverá maiores problemas.
— Pode deixar — ela disse parando subitamente. Em seguida, ela segurou o rosto dele entre as mãos finas e Remo sinceramente acreditou que ela iria beijá-lo. E no entanto, a metamorfomaga deu-lhe um longo beijo estalado em seu rosto. — Obrigada pela dança — ela sorriu afastando-se por fim.
— Disponha.
— Eu vou dormir, boa noite — e ela desapareceu no corredor escuro.
Remo havia deixado-a sair lentamente, enquanto ele próprio torturava-se com a perspectiva de que não possuíra coragem suficiente para segurá-la pelo braço e beijá-la. Desapontado, ele finalmente moveu-se da sala e foi para seu próprio quarto. Não conseguiu dormir, entretanto. Olhando para o teto de seu quarto escuro, o que ele via era o rosto de Tonks. E foi apenas ela que ocupou seus pensamentos naquela noite.
Sorrindo com aquelas memórias cálidas, o lobisomem fechou os olhos, sentindo a transformação reagindo em seu corpo. Dali a dois dias, ele pensou conformado, poderia voltar para casa. E então, estaria tudo bem.
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Abrindo a porta do pequeno apartamento na rua principal de Frankfurt, Remo estranhou a falta de barulhos. Talvez Nymphadora não estivesse em casa, e ele não deixou de sentir-se desapontado com isso. Então, aproveitando sua ausência, ele entrou no quarto originalmente ocupado por ela, tentado a mexer em seus pertences e senti-la mais real. Quando abriu a porta, no entanto, ele teve uma surpresa desagradável. Não havia nada ali. Nada de Tonks. Seu guarda-roupas estava vazio, sua cama estava desarrumada. Ele franziu o cenho, embora estivesse estranhando, ele estava decepcionado. Onde estaria Nymphadora?
Saiu da casa e foi até o apartamento de Jaudy. Tocou insistentemente, mas a agente norueguesa também não estava em casa. E ele voltou novamente sozinho para o apartamento vazio.
As semanas se arrastaram lentamente pelos dias de solidão. Remo não tinha capacidade de fazer qualquer coisa sem que a imagem de Tonks lhe viesse a cabeça. Ele já estava acostumado com a solidão, não era isso que lhe atormentava, mas sim a saudade terrível que sentia de uma mulher que ele sabia amar. Onde ela estava? Não havia nada, nem cartas, nem bilhetes, nem notícias. E naquele ritmo vagaroso, alguns messes transcorreram, só fazendo a saudade ainda maior.
Enfim, no final do mês de agosto, Jaudy apareceu. Remo não esperava receber visitas, e já saía para tomar seu desjejum no café ao lado, quando a campainha tocou. Ele sentiu-se extremamente estúpido quando sentiu seu coração acelerar-se, certo de que Tonks estaria do outro lado da porta. E então, tentou reprimir sua expressão decepcionada quando viu o rosto sorrindo da agente norueguesa, com seus olhos ansiosos encarando-o. E Tonks? Onde estava Tonks? Ele teve vontade de perguntar-lhe imediatamente, mas não pôde, porque Jaudy apressou-se para dentro da casa, com uma expressão quase feliz no rosto.
— Estava com saudades suas!
— Oh, eu também — Remo disse esforçando-se para abrir um sorriso também. — O que aconteceu com você? E com Tonks?
— Você ficou preocupado? — ela perguntou, obviamente referindo-se a ela própria.
— Lógico.
— Dumbledore. Ele me enviou para o sul da Inglaterra. Havia atentados aos trouxas lá. Tive de contê-los. E quanto a Tonks, eu não sei.
— Fico feliz que esteja de volta.
— Eu estou feliz em revê-lo. Eu achei que pudesse voltar antes. Na realidade, eu voltei há mais tempo, mas só pude vir até aqui hoje.
— Por quê?
— Tive de passar em Hogwarts para falar com Dumbledore, e resolver outras questões em Londres. Agora, acho que saio daqui de vez. Vou ajeitar minhas coisas aqui e vou embora ainda essa semana — ela disse, sentando-se no sofá. — E você? Ainda há trabalhos para você aqui?
— Não, não há mais nada. Acho que há mais de dois meses que eu não faço nada.
— E por que não voltou para a Inglaterra?
— Eu não sei... — ele respondeu vagamente, pensativo.
Na verdade, Remo sabia exatamente porque ainda não havia voltado para a Inglaterra. Havia, afinal de contas, uma esperança vã e tola de que Tonks poderia voltar a Frankfurt algum dia. Já que ela não estava em lugar nenhum. Nem na base da Ordem, na casa dos Black, ou em qualquer lugar conhecido. E mesmo após três meses, ele ainda mantinha-se convicto de que ela gostaria de revê-lo. E ali, ela o reencontraria.
— Por que não volta comigo para lá?
— Você está indo para Grimmauld Place? Eu não sei se volto...
— Estou sim — sorriu Jaudy. — Na verdade, acho que vou ficar por lá por alguns meses, segundo Snape — ela fez uma careta.
— Bom, eu não sei se devo permanecer aqui, já que Tonks...
— Ela não deve mais voltar aqui — ela disse com um gesto de dispensa da mão. — Ela está na Ordem. Todos os aurores estão concentrados lá, segundo Snape. E eu devo estar lá até o final da semana.
— É?
— Sim, Remo. Vamos comigo?
— Sim, eu vou — ele sorriu, mesmo que no fundo estivesse extremamente desapontado.
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Tonks não via a hora de chegar a Frankfurt. Era terrível ter de disfarçar- se de trouxa e ter de seguir viagem de avião. Ela não gostava disso, o seu pânico de alturas foi uma coisa que sempre a perturbou. Logo, no entanto, o avião pousou no aeroporto da cidade, e a auror pôde pegar um táxi até o centro, onde localizava-se o pequeno apartamento que dividira com Remo.
E então, lá estava ela, novamente, com uma perspectiva doce de poder olhar mais uma vez nos olhos cálidos do lobisomem que a fascinava. Rapidamente venceu os dois lances de escadas que levavam ao apartamento, e com sua própria chave destrancou a porta sem fazer qualquer ruído. Ele estava ali, ela notou com um sorriso nos lábios. Ele estava ali, porque seu sobretudo estava jogado sobre o sofá. Tonks parou, no entanto, com as mãos nos bolsos de seu casaco, olhando carinhosamente para a sala. Com um suspiro nostálgico, ela seguiu para o quarto de Lupin, onde ela esperava encontrá- lo.
E o encontrou.
Ele não a podia ver, porque de alguma forma, o que ela via era o reflexo no espelho de Remo e Jaudy. E eles se beijavam. Para ela não foi preciso mais nada para que saísse do apartamento tão silenciosamente quanto entrara. Nada mais foi preciso ser visto ou escutado para que as lágrimas rolassem livres por seu rosto marcado pela decepção.
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N/A: Ohh, não fiquem tristes! Nem tudo pode ser tão triste! Pensem pelo lado positivo, agora vcs vão ficar três mil vezes mais curiosos para ler o cap. 3 e, quem sabe?, vão querer me matar.
Nhaaa, o 3º capítulo já vem, tá?! =(( Mas vcs não vão ficar decepcionados! Eu juroooo!! Bom, e muiiitoo obrigada pelas reviews, tá?
- Lyra Black: Minha amigaaa linda! TiNhAmUuUU muito, tá? XD
- Bru Malfoy: Nhaa, que bom que vc gostou!! Brigada pela review tá?? X))))
- Ameria A. Black: Eu já disse que vc é a melhor beta do mundo? Nhaaa!! =DDD
- Framboesa: Ohh, Jaudy é um pé no saco... Vc sentiu como é ela nesse capítulo... Merece mais que ameaças de morte! Hauahauahauaha.. Kiss Me é a mais linda de todas! ótimo gosto musical! =D Valeu pelo comentário! =DDD
- Caileach: Nossa, quanta honra! A melhor??? Nhaaa, agora eu estou me sentido! XDDDDD E brigada pelas indicações!
- Lain Lang: Que bom que vc gostou! Brigadaaa!! C é do animagos, num é? Lembro de vc de lá! .
- Poly Malfoy: Yeah! 'Phoda' by Mione, minha miguxaa! Heueheuehueeh valeu, tá?? X]
- Jéssy: Viu, próximo cap. Nem demorou! XDD =
Agora eu vou ficando por aki, okay? O 3º capítulo demora só mais um pouquinho.. Vou caprichar nele! X)
CONTINUEM REVISANDOOOO!!
Bjokss!!
