Capítulo Três: Conduza-me para fora, no solo enluarado:
Tonks olhou-se mais uma vez no espelho antes de sair de casa. Era estranho, e ela não sabia exatamente porque estava transfigurada daquela forma. Já fazia tanto tempo desde que voltara de Frankfurt, mas ela estava realmente gostando de ter novamente os cabelos compridos e lisos, que embaraçavam a toa. E, novamente, possuía os olhos redondos de um mel suave, e a pele morena. Sua boca possuía uma forte tonalidade avermelhada e seus lábios eram carnudos. Estava bonita assim.
Soltou um suspiro cansado e fechou a porta do guarda-roupa onde estava o espelho. Ela nunca deixaria de saber o porquê de tudo aquilo. Tonks sabia, ainda que fosse completamente estranho para ela. Por que ainda pensar em Remo, mesmo após tanto tempo? Mesmo após tantas decepções? E por que ele ainda se fazia tão presente em sua vida quando ela tentava esquecê-lo? As lembranças eram significativamente vivas e presentes quando não deveriam ser nada mais que apenas memórias. Tonks sentia-se frustrada, porque lutar contra aquelas lembranças era uma luta vã. Vã e completamente inútil.
Já fazia realmente bastante tempo desde que vira Remo pela última vez. Tinham se passado dois meses após tê-lo encontrado com Jaudy, no apartamento de Frankfurt. Era uma reunião da Ordem, logo após Voldemort ter sido derrotado por Harry Potter. Hogwarts estava bastante cheia e, mesmo assim, cada auror pôde ter seu quarto separado. Tonks só pôde aparecer no final da reunião, já que estava com problemas em Azkaban. Sentou-se ao fundo da sala e, sem prestar a mínima atenção, esperou que Dumbledore terminasse seu longo discurso. Quando foram finalmente liberados, ela tentou sair rapidamente para que Remo não a visse, ou para que ela própria não precisasse vê-lo com Jaudy. Mas não conseguiu.
— Ei, nem cumprimenta mais? — ela escutou a voz dele um tanto perto demais.
— Oi, Remo — ela disse sem emoção, notando que ele não estava mais transfigurado.
— Nós nunca mais nos vimos... e já faz tanto tempo desde que...
— Realmente — ela cortou, fria. — Se não se importa, eu tenho muitas coisas para fazer, sim? — ele ergueu uma sobrancelha.
— Sim.
— Ah, e onde está Jaudy? — Tonks deu um sorriso felino, fingindo procurar por ela atrás dele.
— Eu não sei — Remo deu de ombros.
— Oh, que pena! Bom, eu tenho que ir.
E então, ela saiu a passos rápidos, sentindo seu coração pulsar mais rapidamente à medida que se afastava dele. Como pôde ser tão fria, afinal? Mesmo quando estava ansiosa para olhá-lo novamente nos olhos após tanto tempo sem vê-lo. Mesmo quando seu coração ficava tão apertado, ao ver seus olhos escurecidos pela decepção. Mas Remo devia sentir o que ela própria tinha sentido. E onde estava Jaudy? Eles não deveriam estar juntos? Talvez ele estivesse aproximando-se dela para dizer que Jaudy estava na Noruega para dar pessoalmente a notícia aos pais de que Remo havia pedido-a em casamento. Limpando a última lágrima de seu rosto, ela sacudiu a cabeça e foi para seu quarto.
Nymphadora afastou aquelas lembranças de sua cabeça, pegou sua bolsa e saiu de casa. A noite estava muito bonita, as estrelas pareciam mais incandescentes sob aquele manto negro. Um vento levemente frio abateu-se sobre ela, fazendo-a ter arrepios agradáveis. Alguns instantes depois, Gina chegou conduzindo o carro de Hermione, que seguia ao seu lado. Sorrindo, Tonks entrou no carro.
— Meninas, vocês não sabem como eu estava com saudades!
— Se estava, por que não apareceu? — disse Gina enquanto saía da vaga com dificuldade. — Nós também estávamos com saudades, mas você nunca aparecia.
— Gina, tome cuidado! — exclamou Hermione com os olhos fechados, quando Gina quase bateu no carro da frente.
— Eu estou tomando, Mione, que coisa! Até parece que eu nunca dirigi antes. Bom, Tonks, mas o que houve com você?
— Comigo? Nada. Eu voltei da Alemanha já faz muito tempo, fui para a Espanha e voltei de lá há alguns bons meses.
— E por que não nos procurou e nem apareceu? — perguntou Hermione contorcendo a boca num ricto, acentuando uma incrível semelhança com McGonagall.
— Bom, eu fui tirar férias — Nymphadora disse com um sorriso.
— Onde?
— Em Veneza — Tonks riu quando Gina pareceu sinceramente revoltada. — E onde estão os namorados de vocês?
— Gina e Harry já terminaram há muito tempo.
— Não! O que houve com vocês dois? Eu jurava que iriam se casar!
— Ah, eu também — disse Mione. — Quando os dois terminaram, eu fiquei chocada.
— Mas o que aconteceu?
— Harry não era pra mim. Ele é muito devagar, ele se acostuma muito com as coisas. Ele é... enjoativo. E eu não agüento isso, não suporto rotina, não suporto coisas iguais, vida de marido e mulher. Não era isso que eu queria para mim.
— Mas se você realmente gostasse dele, você suportaria tudo — disse Hermione.
— Tudo — concordou Tonks. — Menos traição.
————————
A noite estava agradável, e Tonks teve a impressão de que não se divertia tanto há muito tempo. Era bom reencontrar os amigos. Talvez tenha sido apenas este motivo que a levou a ir naquela pequena (bastante grande, na verdade) reunião na casa dos Weasley. Na verdade, Tonks só foi realmente convencida quando Gina decretou que estaria buscando-a às sete. Caso contrário, ela não iria, provavelmente, porque a presença de Remo a incomodava de alguma forma. E ele não havia aparecido, por isso estava tudo bem.
Até aquele momento.
Nymphadora não gostava de sentir-se da forma que se sentiu quando Remo entrou. De algum modo, ela sabia, que se ele tivesse entrado sozinho seria um tanto menos pior. Mas vê-lo de mãos dadas com uma garota não era bom. Ainda mais se essa garota era Jaudy. Poderia ser qualquer uma, menos Jaudy! Bom, na verdade, não deveria haver ninguém com Remo. Tonks fingiu não vê- lo, e seguiu de cabeça baixa para a cozinha atrás de Gui. O mais velho dos filhos de Molly deixou uma garrafa de cerveja amanteigada vazia em cima da pia, pegou outra na geladeira, deu meia volta e saiu. Mas Tonks estava em seu caminho.
— Oh! Desculpe-me! — ela disse, agachando-se para catar os cacos de vidro no chão. — Meu Deus, como eu sou desastrada!
— Oh, Tonks, deixe isso! Eu posso arrumar — com os olhos arregalados, Nymphadora olhou-o do chão interrogativamente. — Com a varinha.
— Oh, claro! Como eu sou estúpida.
— Não, de forma alguma. Só está um pouco atrapalhada — ele sorriu.
— Estou?
— Tudo bem, você é — Gui disse após alguns instantes, abrindo um largo sorriso em seguida.
— Minha mãe, ela também era bem assim. Não consigo evitar essas coisas.
— Sem problemas, já está tudo arrumado. Vamos voltar para a sala — ele disse, e, inconscientemente, Tonks o seguiu.
— Para a sala, sim, vamos voltar — ela disse sorrindo. — Oh, não, eu acho que quero ficar aqui — Tonks virou-se e sentou-se forçadamente num banco, que, no entanto, parecia pouco seguro.
— Mas não tem nada aqui.
— Mas eu gosto daqui. Pode ir, se quiser.
— Eu posso te fazer companhia. Isto é, se você quiser.
— Só se você me trouxer uma cerveja.
— Divida essa comigo — Gui disse, sem jeito. — Acho que calculamos mal, Carlinhos ficou de buscar mais.
— Molly é bastante metódica. Acho que ela não iria gostar disso.
— Ela não precisa saber — retrucou com um sorriso.
— Ela não saberá! — Tonks falou, enquanto tomava a garrafa dele. — Pelo menos não por mim.
— Então, como vão... — ele começou, mas batidas fortes na porta dos fundos o interrompeu. — Oh, devem ser as cervejas!
— Muito bom, porque eu acabei com essa já — ela gritou, recolocando a garrafa vazia na mesa. Com um sorriso cansado, recostou a cabeça na parede, fechou os olhos e esperou que Gui voltasse. Mas ele estava demorando.
— Pensei que não estivesse aqui.
— Mas eu estou — ela deu um sorriso frustrado. — Bom vê-lo novamente, Remo.
— Não parece.
— Ah, não é com você, não se preocupe. Eu estou realmente cansada — ele franziu o cenho.
— Eu não estaria se tivesse voltado de Veneza. E — Remo disse, sentando no banco anteriormente usado por Gui —, você não parecia tão cansada enquanto conversava com Carlinhos.
— Gui — ela corrigiu, e não disse mais nada em seguida.
— Então — ele recomeçou com um suspiro —, como foram as férias?
— Maravilhosas. Veneza é... fantástica!
— Deve ser.
— Você também deveria tirar férias, não?
— Eu gostaria, mas...
— Com Jaudy, eu quis dizer. Convença-a a ir com você. Tenho certeza que ela vai adorar. Quando eu estive lá, sozinha, eu soube que é uma boa viagem para se fazer a dois.
— Por que não levou alguém com você?
— Quem?
— Um amigo. Gina ou Hermione. Não sei — Remo sugeriu, dando de ombros.
— Não seja tolo. Você entendeu o que eu quis dizer.
— Sim, eu entendi — ele respondeu, olhando para o chão, parecendo pensar em algo para dizer.
— Oh, Tonks, já encontrou uma nova companhia? — sorriu Gui, segurando duas garrafas de cerveja amanteigada.
— Na verdade, não — ela falou olhando fixamente para Remo. — Ele acabou de me dizer que vai ver sua namorada, não é, Lupin?
— Sim, é — Lupin disse, parecendo magoado. — Vejo vocês depois.
————————
Aquela comemoração parecia que não ia acabar tão cedo. As pessoas pareciam favoráveis a beber mais e mais, e Tonks já não estava gostando daquilo. Sua dose de álcool já estava ultrapassada, sua cabeça estava dolorida e ela sentia seu coração descompassado. Como pôde, mais uma vez, tratar Remo daquela forma? Doía vê-lo com os olhos magoados. Doeu vê-lo saindo da cozinha, cabisbaixo. Mas doeu ainda mais vê-lo entrar naquela casa com Jaudy. Por que ela tinha que amá-lo tanto?
Soltou um suspiro frustrado, e caminhou para fora da casa. Era um imenso jardim, a lua nova iluminava todo o pátio colorido, coberto pelas flores da estação. Lentamente, sentou-se num pequeno banco de cimento e permaneceu olhando fixamente para a pequena paisagem a sua frente. Tonks só queria um descanso naquele momento. Paz.
— Eu sei, eu sei, eu estou sendo inconveniente — Nymphadora não se virou para saber que Remo estava novamente ali. Limitou-se a conter seu suspiro cansado e disse:
— Não se preocupe — então, ela colocou a mão ao lado de seu assento, convidando-o a sentar-se também. Remo sentou-se.
— Eu tenho certeza que, se fosse lua cheia, esse pátio estaria ainda mais bonito — ele comentou. De repente. Tonks sentiu-se incomodada com o cheiro dele, porque era terrivelmente maravilhoso. — Mas eu não estaria aqui.
— E talvez a noite estaria mais sem graça.
— Estaria? Para você, talvez não.
— Ah, acredito que às vezes precisamos de alguma emoção — ela respondeu, limitando-se a olhá-lo em seguida.
— Emoção? Por que eu causaria emoção? — Lupin olhou-a interrogativamente. Então, Tonks respirou profundamente, como que se preparando para dizer algo.
— Se você não tivesse aparecido hoje, eu não teria me sentido tão ansiosa quando você passou por aquela porta. Ou então, eu não teria me sentido tão decepcionada quando vi sua mão atada na de Jaudy. Ou eu não teria me sentido tão estúpida quando fui muito grossa com você. Bom, e eu também não estaria com o coração acelerado só porque você está do meu lado.
— Por quê? — ele perguntou após alguns instantes em silêncio.
— Por que o quê?
— O que aconteceu conosco? Por que você foi embora? Você não me procurou?
— Eu acho — ela começou com um sorriso nostálgico no rosto — que tudo já está perdido.
— Eu não acho — Lupin afirmou com convicção. — Eu acho que não posso acreditar nisso porque só penso em te encontrar o tempo todo. Parece que é uma coisa mais que inevitável, mais que racional. É quase instintivo acordar de manhã e esperar que nos encontremos na mesa do café.
— Eu sinto falta daquele Remo com quem convivi em Frankfurt.
— Por que você diz isso, especificamente? Eu ainda sou o mesmo. Eu ainda posso assobiar músicas bregas e te fazer ter ciúme de Jaudy, inconscientemente.
— Eu olho para Jaudy e não sinto ciúme. Eu olho para você e sinto a decepção bater no meu rosto. É quase insuportável. E dói.
Remo não disse nada e nem deu margens à sua vontade incontrolável de olhá- la mais uma vez. Tonks, por sua vez, permitiu que seus olhos procurassem pelos dele, sem realmente obter algum sucesso.
— Você não é o mesmo, meu amor. Eu voltei da missão que Dumbledore me mandou esperando encontrar você, mas já não era mais o Remo que eu queria.
— O que você queria?
— Eu queria o Remo que nunca que me decepcionaria — Tonks não conteve um suspiro. — Eu queria... uma utopia.
— Eu esperei por você por mais de dois meses. Eu dormia na sua cama para sentir o seu cheiro, e você nunca aparecia. Nunca apareceu.
— Mas eu... eu estou aqui, agora — Nymphadora disse num sussurro.
— Sim, você está. E eu não poderia pedir mais que isso.
— Não? — novamente, sua voz não passou de um sussurro.
E ela sentia o peso dos olhos de Remo sobre si, enquanto sentia sua própria mão procurando inconscientemente a dele, e enquanto sentia seu hálito tão perto de si própria. Instintivamente, ela fechou os olhos, sentido a boca macia de Remo na sua. Ele apertou-a mais contra si, ao passo que Tonks acariciava seus cabelos curtos, apenas desejando que aquele momento não terminasse nunca. Não deveria terminar, porque então toda a magia também teria desaparecido e ela não poderia sequer notar mais a beleza que estava diante de seus olhos.
Então, no instante seguinte, Lupin separou-se lentamente dela, suas mãos ainda acariciando o rosto de Tonks. Ele olhou-a longamente, e permitiu-se abrir um enorme sorriso quando ela também o fez. E, num sussurro quase inaudível, ele disse, olhando profundamente nos olhos dela:
— Eu acho que eu queria isso há muito tempo.
Para Tonks, aquilo foi como um balde de água fria. Ela quase podia sentir a sinceridade de Remo em seus próprios olhos, mas as imagens apenas lhe voltavam à mente, sucessivamente, e, de repente, Nymphadora sentiu-se impotente. Como ele estaria esperando tanto tempo para aquilo? Se ele não a havia procurado, se havia beijado Jaudy ainda em Frankfurt, se ele estava com ela naquele momento? Tonks sabia que apenas não queria sofrer de novo, que não queria sentir seu mundo desabar mais uma vez, e ver seus sonhos jogados ao vento. Era uma dor insuportável demais para se repetir a dose. Seus olhos procuravam uma orientação, e seu coração estava mais uma vez descompassado. Então, ela levantou-se subitamente.
— Eu também, mas já é tarde — ela disse, sentindo sua garganta fechar-se. — É tarde demais para nós dois.
Sem perder mais qualquer tempo naqueles olhos tão cheios de desapontamento, ela correu em direção à casa e não se virou para ver o amor da sua vida, que ela estava deixando para trás. Os seus sonhos, o seu coração, e as estrelas que, só perto dele, ela era capaz de ver.
N/A: Espero que tenham gostado desse capítulo. Era para ser o último, mas acabei caindo na tentação de fazer vocês sentirem um pouco mais de raiva de mim. Ou da Jaudy. Hahahahahaha
Não sei quando vem o próximo capítulo. Provavelmente vai demorar um pouco mais, já que semana que vem as férias terminam, e eu volto ao meu ritmo normal. =PP Além do mais, eu quero fazer o capítulo o mais lindo e romântico possível, portanto, vai demorar mesmo. Eu não ando com muito clima para isso.
Eu queria agradecer as pessoas mais fofas e lindas que deixaram uma review pra mim. Isso realmente me motiva, vocês não sabem o quanto!! X]
- Amanda: Agora é vc vai querer ver a Jaudy morta, né? Hauahauahauahaua Valeu pela review! =)
- Gabriele Delacour: Graças a vc, eu resolvi fazer ela um pouco maior! O/ Que bom que tá gostando, eu vou adorar receber mais reviews!!
- Ameria: Vc eh dimais, girl! =))
- caaarol: matou a curiosidade? Brigada, fofa, pelo coment!
- Moon: Que bom que vc gostou, lindaa!! Ti adoro!!
- Paulinha Granger: Eu tb acho que eles naum vaum ficar juntos no livro, mas vale a pena sonhar! =D Brigada pela review!
Fui agora, brigada a quem tá lendo! =))
Becitos!
Lara
Tonks olhou-se mais uma vez no espelho antes de sair de casa. Era estranho, e ela não sabia exatamente porque estava transfigurada daquela forma. Já fazia tanto tempo desde que voltara de Frankfurt, mas ela estava realmente gostando de ter novamente os cabelos compridos e lisos, que embaraçavam a toa. E, novamente, possuía os olhos redondos de um mel suave, e a pele morena. Sua boca possuía uma forte tonalidade avermelhada e seus lábios eram carnudos. Estava bonita assim.
Soltou um suspiro cansado e fechou a porta do guarda-roupa onde estava o espelho. Ela nunca deixaria de saber o porquê de tudo aquilo. Tonks sabia, ainda que fosse completamente estranho para ela. Por que ainda pensar em Remo, mesmo após tanto tempo? Mesmo após tantas decepções? E por que ele ainda se fazia tão presente em sua vida quando ela tentava esquecê-lo? As lembranças eram significativamente vivas e presentes quando não deveriam ser nada mais que apenas memórias. Tonks sentia-se frustrada, porque lutar contra aquelas lembranças era uma luta vã. Vã e completamente inútil.
Já fazia realmente bastante tempo desde que vira Remo pela última vez. Tinham se passado dois meses após tê-lo encontrado com Jaudy, no apartamento de Frankfurt. Era uma reunião da Ordem, logo após Voldemort ter sido derrotado por Harry Potter. Hogwarts estava bastante cheia e, mesmo assim, cada auror pôde ter seu quarto separado. Tonks só pôde aparecer no final da reunião, já que estava com problemas em Azkaban. Sentou-se ao fundo da sala e, sem prestar a mínima atenção, esperou que Dumbledore terminasse seu longo discurso. Quando foram finalmente liberados, ela tentou sair rapidamente para que Remo não a visse, ou para que ela própria não precisasse vê-lo com Jaudy. Mas não conseguiu.
— Ei, nem cumprimenta mais? — ela escutou a voz dele um tanto perto demais.
— Oi, Remo — ela disse sem emoção, notando que ele não estava mais transfigurado.
— Nós nunca mais nos vimos... e já faz tanto tempo desde que...
— Realmente — ela cortou, fria. — Se não se importa, eu tenho muitas coisas para fazer, sim? — ele ergueu uma sobrancelha.
— Sim.
— Ah, e onde está Jaudy? — Tonks deu um sorriso felino, fingindo procurar por ela atrás dele.
— Eu não sei — Remo deu de ombros.
— Oh, que pena! Bom, eu tenho que ir.
E então, ela saiu a passos rápidos, sentindo seu coração pulsar mais rapidamente à medida que se afastava dele. Como pôde ser tão fria, afinal? Mesmo quando estava ansiosa para olhá-lo novamente nos olhos após tanto tempo sem vê-lo. Mesmo quando seu coração ficava tão apertado, ao ver seus olhos escurecidos pela decepção. Mas Remo devia sentir o que ela própria tinha sentido. E onde estava Jaudy? Eles não deveriam estar juntos? Talvez ele estivesse aproximando-se dela para dizer que Jaudy estava na Noruega para dar pessoalmente a notícia aos pais de que Remo havia pedido-a em casamento. Limpando a última lágrima de seu rosto, ela sacudiu a cabeça e foi para seu quarto.
Nymphadora afastou aquelas lembranças de sua cabeça, pegou sua bolsa e saiu de casa. A noite estava muito bonita, as estrelas pareciam mais incandescentes sob aquele manto negro. Um vento levemente frio abateu-se sobre ela, fazendo-a ter arrepios agradáveis. Alguns instantes depois, Gina chegou conduzindo o carro de Hermione, que seguia ao seu lado. Sorrindo, Tonks entrou no carro.
— Meninas, vocês não sabem como eu estava com saudades!
— Se estava, por que não apareceu? — disse Gina enquanto saía da vaga com dificuldade. — Nós também estávamos com saudades, mas você nunca aparecia.
— Gina, tome cuidado! — exclamou Hermione com os olhos fechados, quando Gina quase bateu no carro da frente.
— Eu estou tomando, Mione, que coisa! Até parece que eu nunca dirigi antes. Bom, Tonks, mas o que houve com você?
— Comigo? Nada. Eu voltei da Alemanha já faz muito tempo, fui para a Espanha e voltei de lá há alguns bons meses.
— E por que não nos procurou e nem apareceu? — perguntou Hermione contorcendo a boca num ricto, acentuando uma incrível semelhança com McGonagall.
— Bom, eu fui tirar férias — Nymphadora disse com um sorriso.
— Onde?
— Em Veneza — Tonks riu quando Gina pareceu sinceramente revoltada. — E onde estão os namorados de vocês?
— Gina e Harry já terminaram há muito tempo.
— Não! O que houve com vocês dois? Eu jurava que iriam se casar!
— Ah, eu também — disse Mione. — Quando os dois terminaram, eu fiquei chocada.
— Mas o que aconteceu?
— Harry não era pra mim. Ele é muito devagar, ele se acostuma muito com as coisas. Ele é... enjoativo. E eu não agüento isso, não suporto rotina, não suporto coisas iguais, vida de marido e mulher. Não era isso que eu queria para mim.
— Mas se você realmente gostasse dele, você suportaria tudo — disse Hermione.
— Tudo — concordou Tonks. — Menos traição.
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A noite estava agradável, e Tonks teve a impressão de que não se divertia tanto há muito tempo. Era bom reencontrar os amigos. Talvez tenha sido apenas este motivo que a levou a ir naquela pequena (bastante grande, na verdade) reunião na casa dos Weasley. Na verdade, Tonks só foi realmente convencida quando Gina decretou que estaria buscando-a às sete. Caso contrário, ela não iria, provavelmente, porque a presença de Remo a incomodava de alguma forma. E ele não havia aparecido, por isso estava tudo bem.
Até aquele momento.
Nymphadora não gostava de sentir-se da forma que se sentiu quando Remo entrou. De algum modo, ela sabia, que se ele tivesse entrado sozinho seria um tanto menos pior. Mas vê-lo de mãos dadas com uma garota não era bom. Ainda mais se essa garota era Jaudy. Poderia ser qualquer uma, menos Jaudy! Bom, na verdade, não deveria haver ninguém com Remo. Tonks fingiu não vê- lo, e seguiu de cabeça baixa para a cozinha atrás de Gui. O mais velho dos filhos de Molly deixou uma garrafa de cerveja amanteigada vazia em cima da pia, pegou outra na geladeira, deu meia volta e saiu. Mas Tonks estava em seu caminho.
— Oh! Desculpe-me! — ela disse, agachando-se para catar os cacos de vidro no chão. — Meu Deus, como eu sou desastrada!
— Oh, Tonks, deixe isso! Eu posso arrumar — com os olhos arregalados, Nymphadora olhou-o do chão interrogativamente. — Com a varinha.
— Oh, claro! Como eu sou estúpida.
— Não, de forma alguma. Só está um pouco atrapalhada — ele sorriu.
— Estou?
— Tudo bem, você é — Gui disse após alguns instantes, abrindo um largo sorriso em seguida.
— Minha mãe, ela também era bem assim. Não consigo evitar essas coisas.
— Sem problemas, já está tudo arrumado. Vamos voltar para a sala — ele disse, e, inconscientemente, Tonks o seguiu.
— Para a sala, sim, vamos voltar — ela disse sorrindo. — Oh, não, eu acho que quero ficar aqui — Tonks virou-se e sentou-se forçadamente num banco, que, no entanto, parecia pouco seguro.
— Mas não tem nada aqui.
— Mas eu gosto daqui. Pode ir, se quiser.
— Eu posso te fazer companhia. Isto é, se você quiser.
— Só se você me trouxer uma cerveja.
— Divida essa comigo — Gui disse, sem jeito. — Acho que calculamos mal, Carlinhos ficou de buscar mais.
— Molly é bastante metódica. Acho que ela não iria gostar disso.
— Ela não precisa saber — retrucou com um sorriso.
— Ela não saberá! — Tonks falou, enquanto tomava a garrafa dele. — Pelo menos não por mim.
— Então, como vão... — ele começou, mas batidas fortes na porta dos fundos o interrompeu. — Oh, devem ser as cervejas!
— Muito bom, porque eu acabei com essa já — ela gritou, recolocando a garrafa vazia na mesa. Com um sorriso cansado, recostou a cabeça na parede, fechou os olhos e esperou que Gui voltasse. Mas ele estava demorando.
— Pensei que não estivesse aqui.
— Mas eu estou — ela deu um sorriso frustrado. — Bom vê-lo novamente, Remo.
— Não parece.
— Ah, não é com você, não se preocupe. Eu estou realmente cansada — ele franziu o cenho.
— Eu não estaria se tivesse voltado de Veneza. E — Remo disse, sentando no banco anteriormente usado por Gui —, você não parecia tão cansada enquanto conversava com Carlinhos.
— Gui — ela corrigiu, e não disse mais nada em seguida.
— Então — ele recomeçou com um suspiro —, como foram as férias?
— Maravilhosas. Veneza é... fantástica!
— Deve ser.
— Você também deveria tirar férias, não?
— Eu gostaria, mas...
— Com Jaudy, eu quis dizer. Convença-a a ir com você. Tenho certeza que ela vai adorar. Quando eu estive lá, sozinha, eu soube que é uma boa viagem para se fazer a dois.
— Por que não levou alguém com você?
— Quem?
— Um amigo. Gina ou Hermione. Não sei — Remo sugeriu, dando de ombros.
— Não seja tolo. Você entendeu o que eu quis dizer.
— Sim, eu entendi — ele respondeu, olhando para o chão, parecendo pensar em algo para dizer.
— Oh, Tonks, já encontrou uma nova companhia? — sorriu Gui, segurando duas garrafas de cerveja amanteigada.
— Na verdade, não — ela falou olhando fixamente para Remo. — Ele acabou de me dizer que vai ver sua namorada, não é, Lupin?
— Sim, é — Lupin disse, parecendo magoado. — Vejo vocês depois.
————————
Aquela comemoração parecia que não ia acabar tão cedo. As pessoas pareciam favoráveis a beber mais e mais, e Tonks já não estava gostando daquilo. Sua dose de álcool já estava ultrapassada, sua cabeça estava dolorida e ela sentia seu coração descompassado. Como pôde, mais uma vez, tratar Remo daquela forma? Doía vê-lo com os olhos magoados. Doeu vê-lo saindo da cozinha, cabisbaixo. Mas doeu ainda mais vê-lo entrar naquela casa com Jaudy. Por que ela tinha que amá-lo tanto?
Soltou um suspiro frustrado, e caminhou para fora da casa. Era um imenso jardim, a lua nova iluminava todo o pátio colorido, coberto pelas flores da estação. Lentamente, sentou-se num pequeno banco de cimento e permaneceu olhando fixamente para a pequena paisagem a sua frente. Tonks só queria um descanso naquele momento. Paz.
— Eu sei, eu sei, eu estou sendo inconveniente — Nymphadora não se virou para saber que Remo estava novamente ali. Limitou-se a conter seu suspiro cansado e disse:
— Não se preocupe — então, ela colocou a mão ao lado de seu assento, convidando-o a sentar-se também. Remo sentou-se.
— Eu tenho certeza que, se fosse lua cheia, esse pátio estaria ainda mais bonito — ele comentou. De repente. Tonks sentiu-se incomodada com o cheiro dele, porque era terrivelmente maravilhoso. — Mas eu não estaria aqui.
— E talvez a noite estaria mais sem graça.
— Estaria? Para você, talvez não.
— Ah, acredito que às vezes precisamos de alguma emoção — ela respondeu, limitando-se a olhá-lo em seguida.
— Emoção? Por que eu causaria emoção? — Lupin olhou-a interrogativamente. Então, Tonks respirou profundamente, como que se preparando para dizer algo.
— Se você não tivesse aparecido hoje, eu não teria me sentido tão ansiosa quando você passou por aquela porta. Ou então, eu não teria me sentido tão decepcionada quando vi sua mão atada na de Jaudy. Ou eu não teria me sentido tão estúpida quando fui muito grossa com você. Bom, e eu também não estaria com o coração acelerado só porque você está do meu lado.
— Por quê? — ele perguntou após alguns instantes em silêncio.
— Por que o quê?
— O que aconteceu conosco? Por que você foi embora? Você não me procurou?
— Eu acho — ela começou com um sorriso nostálgico no rosto — que tudo já está perdido.
— Eu não acho — Lupin afirmou com convicção. — Eu acho que não posso acreditar nisso porque só penso em te encontrar o tempo todo. Parece que é uma coisa mais que inevitável, mais que racional. É quase instintivo acordar de manhã e esperar que nos encontremos na mesa do café.
— Eu sinto falta daquele Remo com quem convivi em Frankfurt.
— Por que você diz isso, especificamente? Eu ainda sou o mesmo. Eu ainda posso assobiar músicas bregas e te fazer ter ciúme de Jaudy, inconscientemente.
— Eu olho para Jaudy e não sinto ciúme. Eu olho para você e sinto a decepção bater no meu rosto. É quase insuportável. E dói.
Remo não disse nada e nem deu margens à sua vontade incontrolável de olhá- la mais uma vez. Tonks, por sua vez, permitiu que seus olhos procurassem pelos dele, sem realmente obter algum sucesso.
— Você não é o mesmo, meu amor. Eu voltei da missão que Dumbledore me mandou esperando encontrar você, mas já não era mais o Remo que eu queria.
— O que você queria?
— Eu queria o Remo que nunca que me decepcionaria — Tonks não conteve um suspiro. — Eu queria... uma utopia.
— Eu esperei por você por mais de dois meses. Eu dormia na sua cama para sentir o seu cheiro, e você nunca aparecia. Nunca apareceu.
— Mas eu... eu estou aqui, agora — Nymphadora disse num sussurro.
— Sim, você está. E eu não poderia pedir mais que isso.
— Não? — novamente, sua voz não passou de um sussurro.
E ela sentia o peso dos olhos de Remo sobre si, enquanto sentia sua própria mão procurando inconscientemente a dele, e enquanto sentia seu hálito tão perto de si própria. Instintivamente, ela fechou os olhos, sentido a boca macia de Remo na sua. Ele apertou-a mais contra si, ao passo que Tonks acariciava seus cabelos curtos, apenas desejando que aquele momento não terminasse nunca. Não deveria terminar, porque então toda a magia também teria desaparecido e ela não poderia sequer notar mais a beleza que estava diante de seus olhos.
Então, no instante seguinte, Lupin separou-se lentamente dela, suas mãos ainda acariciando o rosto de Tonks. Ele olhou-a longamente, e permitiu-se abrir um enorme sorriso quando ela também o fez. E, num sussurro quase inaudível, ele disse, olhando profundamente nos olhos dela:
— Eu acho que eu queria isso há muito tempo.
Para Tonks, aquilo foi como um balde de água fria. Ela quase podia sentir a sinceridade de Remo em seus próprios olhos, mas as imagens apenas lhe voltavam à mente, sucessivamente, e, de repente, Nymphadora sentiu-se impotente. Como ele estaria esperando tanto tempo para aquilo? Se ele não a havia procurado, se havia beijado Jaudy ainda em Frankfurt, se ele estava com ela naquele momento? Tonks sabia que apenas não queria sofrer de novo, que não queria sentir seu mundo desabar mais uma vez, e ver seus sonhos jogados ao vento. Era uma dor insuportável demais para se repetir a dose. Seus olhos procuravam uma orientação, e seu coração estava mais uma vez descompassado. Então, ela levantou-se subitamente.
— Eu também, mas já é tarde — ela disse, sentindo sua garganta fechar-se. — É tarde demais para nós dois.
Sem perder mais qualquer tempo naqueles olhos tão cheios de desapontamento, ela correu em direção à casa e não se virou para ver o amor da sua vida, que ela estava deixando para trás. Os seus sonhos, o seu coração, e as estrelas que, só perto dele, ela era capaz de ver.
N/A: Espero que tenham gostado desse capítulo. Era para ser o último, mas acabei caindo na tentação de fazer vocês sentirem um pouco mais de raiva de mim. Ou da Jaudy. Hahahahahaha
Não sei quando vem o próximo capítulo. Provavelmente vai demorar um pouco mais, já que semana que vem as férias terminam, e eu volto ao meu ritmo normal. =PP Além do mais, eu quero fazer o capítulo o mais lindo e romântico possível, portanto, vai demorar mesmo. Eu não ando com muito clima para isso.
Eu queria agradecer as pessoas mais fofas e lindas que deixaram uma review pra mim. Isso realmente me motiva, vocês não sabem o quanto!! X]
- Amanda: Agora é vc vai querer ver a Jaudy morta, né? Hauahauahauahaua Valeu pela review! =)
- Gabriele Delacour: Graças a vc, eu resolvi fazer ela um pouco maior! O/ Que bom que tá gostando, eu vou adorar receber mais reviews!!
- Ameria: Vc eh dimais, girl! =))
- caaarol: matou a curiosidade? Brigada, fofa, pelo coment!
- Moon: Que bom que vc gostou, lindaa!! Ti adoro!!
- Paulinha Granger: Eu tb acho que eles naum vaum ficar juntos no livro, mas vale a pena sonhar! =D Brigada pela review!
Fui agora, brigada a quem tá lendo! =))
Becitos!
Lara
