Atravessando os Sete Mares

Capítulo I – Algo para se Lembrar

- Lorde Winner!

- O encontraram, Rashid?

- Sinto muito senhor, não há nenhuma notícia até o momento.

- Compreendo. Obrigado, e avise-me assim que os homens trouxerem alguma

novidade.

- Será avisado senhor. Com licença.

- Pode ir.

O jovem Quatre era o único herdeiro do falecido Marquês Winner. Ele esperava ansioso

por notícias de seu velho amigo. Já havia passado-se dois anos desde a ultima vez que

tivera novidades pessoais dele. Sabia que seu amigo ainda estava vivo, pois notícias sobre

embarcações saqueadas, pelo navio Deathscythe, chegavam a todo o momento a cidade.

Mas Quatre desejava saber o porquê de Duo não ter enviado nenhuma correspondência e ter

cortado as relações com ele sem nenhuma explicação.

Não que o pirata mais temível dos mares tivesse a obrigação de justificar seus atos, mas

Quatre achava que seu amigo - pelo menos é o que acreditava que Duo era - e por respeitar

a amizade que tinham, poderia ter-lhe mandado noticias, uma vez que se conheciam há seis

anos. Quatre acreditava merecer essa resposta.

Por onde anda meu amigo? Faz tanto tempo que não tenho notícias suas. Por qual mar

estará a navegar, que não pode dispor de alguns dias para me informar como estás. Ainda

me lembro do dia que nos conhecemos.

*******

Em alguma parte do Oceano Indico ano de 1484

O navio Sandrock, pertencente ao Marquês Winner, estava levando mercadorias para o

porto de Azbakur. A família Winner era conhecida por transportar mercadorias de um porto

a outro. Muitos mercadores utilizavam seus navios para um transporte seguro. Neste dia em

especial o Sandrock levava uma carga ainda mais valiosa: o filho do Marquês Winner. Um

jovem de olhos tão azuis quanto o céu e cabelos dourados como o sol; ele estava abordo do

navio a caminho de casa, uma vez que eles passariam pelo porto de Zurshi. O jovem

Winner adorava o mar, ele se sentia fascinado pelo seu tamanho e força. O Marquês não

gostava que seu único filho viajasse nos navios de transporte, era perigoso já que o mar era

um território livre, governado por piratas perigosos. Mas Quatre não se importava com os

perigos que o mar apresentava. Sempre que ia visitar sua prima em Marrahás, Quatre

arrumava uma maneira de voltar no Sandrock para o desespero de seu pai. Felizmente

Rashid estava sempre em sua companhia. E dessa vez, para a infelicidade de Rashid, ele

tinha duas pessoas com que se preocupar: Quatre e sua prima Dorothy que viera com eles

conhecer a cidade no porto de Zurshi.

- Jovem Mestre não deveria se debruçar na amurada [1] do navio. O Sr pode cair

no mar.

- Eu não vou cair Rashid, não se preocupe. Onde está Dorothy?

- A Srta Catalonia ainda não está se sentindo bem jovem Mestre.

- Ah é uma pena ela não poder apreciar essa vista magnífica Rashid. Não entendo

o porque de meu pai se preocupar tanto. Os homens disseram que estaremos em

Zurshi em 15 dias.

- 15 dias? Chegaremos adiantado então.

Um dos marujos do navio que estava limpando o convés ouviu a conversa entre o filho do

dono da embarcação e seu empregado. Era um menino muito educado e bondoso sempre

disposto a ajudar em qualquer coisa que fosse. Todos a bordo do navio estimavam muito o

jovem Winner.

- O tempo tem estado bom Sr.

- Entendo, ainda assim estamos muito adiantados, deveriam chegar a Zurshi em

20 dias.

- O capitão não quer se arriscar ainda mais com uma carga tão valiosa, por isso

estávamos navegando a toda a velocidade.

O marujo olhou para o jovem Winner e piscou, fazendo com que Quatre sorrisse. Ele havia

escutado na noite anterior, enquanto observava o céu estrelado, uma conversa entre dois

marujos sobre alguém chamado Shinigami, que havia sido visto navegando na mesma área

onde estavam. Eles pareciam temer falar o nome como se a qualquer momento ele pudesse

aparecer na frente deles, isso fez com que Quatre ficasse curioso a respeito.

- Vynce, quem é Shinigami?

No mesmo instante o marujo que conversava com eles ficou pálido e olhou de um lado para

o outro como se procurasse algo. Rashid olhou para o jovem mestre, Quatre não sabia o que

tinha feito, mas pela expressão do homem a sua frente ele deveria ter perguntado alguma

coisa que não deveria ter sido mencionada.

- Desculpe-me acho que não deveria ter perguntado. Eu sinto muito.

Quatre se curvou levemente em um pedido de desculpas. Vynce deixou o esfregão e se

ajoelhou na frente do jovem Winner, ele sabia que o menino estava apenas curioso,

provavelmente ele ouvira alguém da tripulação falar o nome de Shinigami.

- De forma alguma, apenas fiquei surpreso por vê-lo mencionar esse nome. Não

há nenhum problema em saber quem ele é meu jovem, mas não fale esse nome

alto e na presença de ninguém.

- Tudo bem.

- Venham comigo vamos falar em outro lugar.

Rashid e Quatre seguiram Vynce pelo convés em direção ao castelo de popa onde ficavam

as acomodações do capitão e onde o jovem Winner ,e as suas duas companhias, estavam

acomodados no momento, pois Rashid se recusava a permitir que o jovem Quatre ficasse

com o restante da tripulação. Vynce bateu na porta da cabine do capitão, já que ele achava

que seria melhor o capitão dizer ao menino que era Shinigami.

- Sim quem é?

- Sou eu ,Vynce, capitão, trago o jovem mestre para falar-lhe.

- Entrem.

Vynce abriu a porta da cabine e se afastou para o menino e seu empregado entrarem. O

capitão Tragos [2] era um homem de aproximadamente 49 a 50 anos cabelos grisalhos e

olhos verdes. Ele levantou-se para receber o menino. Quatre achava a cabine do capitão

estranha, mas interessante: havia uma mesa de madeira, com mapas desenrolados por cima

dela; atrás da mesa ficava a janela que dava para o convés e do lado esquerdo da cabine,

ficava a cama do capitão, onde no momento Dorothy estava dormindo. Havia um baú

grande encostado no lado direito da cabine e várias outras coisas espalhadas pelo chão e

laterais da cabine.

- Em que posso lhe ajudar meu jovem?

- Ele deseja saber quem é Shinigami capitão.

- Hum... provavelmente você deve ter ouvido falar esse nome por alguém da

tripulação, não é.

- Eu ouvi sem querer, mas fiquei curioso.

- Venha meu rapaz sente-se e vou contar-lhe sobre o mais perigoso e temido

pirata dos sete mares.

Quatre sentou-se em uma cadeira enquanto Rashid verificava como Dorothy estava. Vynce

pediu permissão para voltar para o convés e deixou o jovem conversando com o capitão.

- Shinigami é o mais temível e perigoso pirata que existe, dizem que já pilhou

tantos navios e matou tantos homens que é impossível fazer a conta. Ninguém

que tenha cruzado seu caminho sobreviveu a sua fúria.

- Ele é um pirata ou um monstro marinho?

- Ah! Meu jovem, ele é muito pior que um monstro marinho. Pois se tiver sorte o

monstro marinho ainda o deixa com vida, no entanto quem encontra com ele é

preciso muito mais do que sorte, para sobreviver as suas garras. Ele é a morte

em pessoa.

- O senhor já o encontrou alguma vez?

- Não! E nem quero. Já encontrei muitos piratas, e todos os que encontrei tremem

apenas em ouvir o seu nome.

- Ele deve ser horrível então para causar tanto terror.

- Não sei como ele é. Apenas que quando seu navio de velas negras é visto nas

águas todos rezam para que ele não o alcance, embora seja impossível, uma vez

que ele o vê, você se torna sua caça.

- Mas se poucos o conhecem, como saber se ele existe realmente? Poderia ser

apenas alguém usando o nome dele.

- Bem meu jovem, verdade ou não, eu prefiro não arriscar minha carga e minha

tripulação, ainda mais tendo vocês a bordo. No que depender de mim, nós

cruzaremos estas águas o mais rápido possível para escapar de sermos atacados

por ele.

- Acha que ele nos atacará?

- Os navios de seu pai e as cargas que carregam são conhecidos em todo o mar e,

sendo o mar território dele, não duvido que nos ataque. O navio dele foi visto

por essas águas há duas semanas atrás.

- Então devemos torcer para que não cruzemos o caminho dele.

- Sim, meu jovem faça isso.

- E como é o navio dele?

- Veloz e traiçoeiro como um demônio. Em um momento não está ali e no outro

ele o está abalroando. O Deathscythe como é conhecido possui quatro mastros.

- Quatro?

- Sim o traquete que fica à proa [3] , o contra-traquete entre o grande e o traquete,

o grande é o do meio, e da mezena que fica à re-consoante. E ainda possuir na

proa, quase na horizontal, um gurupés, pau de bujarrona e pau de giba [4] e em

cada um deles velas escuras como a mais negra das noites.

- Velas negras?

- Sim meu jovem. Negras como a noite.

Quatre ficou pensando por alguns minutos que tipo de navio possuiria velas negras como a

noite, pois elas não eram fáceis de se conseguir e não eram baratas. A maioria dos navios

usava velas brancas, até mesmo os navios piratas. Sem dúvida o Shinigami era um pirata

interessante. Não querendo mais atrapalhar o capitão, Quatre resolveu aspirar um pouco o

ar da noite.

- Obrigado capitão e desculpe por tomar o seu tempo.

- De maneira alguma jovem Winner.

Não muito longe dali um navio de velas negras seguia em direção ao Sandrock tendo o

barlavento [5] como vantagem.

****

- Acha que eles sabem que estamos aqui capitão.

- Não, os fanais estão cobertos, não há lua no céu hoje e o vento está a nosso

favor isso facilita nossa aproximação.

- As estrelas estão enevoadas esta noite.

- É eu sei, e logo deverá chover, mas isso não vai me impedir de alcançar aquele

navio. Diga aos homens que temos mercadorias a pilhar. Esta noite nós teremos

algo para nos divertir.

- Sim capitão.

*****

Quatre saiu da cabine do capitão sozinho deixando Rashid cuidando de Dorothy. Ele ficara

fascinado com a historia do pirata Shinigami, seria possível tal pirata existir e ser tão

temido? Seu pai sempre lhe contará historia sobre piratas, mas nunca lhe contará nada sobre

o Shinigami. Quatre estava curioso para encontrar o tal pirata. Tão temido entre todos.

Quatre olhou para o céu não havia lua, as estrelas pareciam um tanto enevoadas e o vento

soprava fresco. Quatre olhou em direção ao escuro e nada viu, no entanto ele tinha um

estranho pressentimento quanto à escuridão a sua frente, era como se eles estivessem sendo

observados.

"Deve ser apenas impressão minha não há nada nos observando já teríamos visto algo,

mas então por que essa sensação estranha".

****

- WuFei eu quero que coloque o Deathscythe próximo o bastante para disparar os

canhões contra o Sandrock, apenas para avariá-lo, não quero afunda-lo, apenas

impossibilita-lo de usar os canhões contra nós.

- Tudo bem eu direi aos homens.

- Diga-lhes para fazerem silêncio até que estejamos ao alcance de aborda-los.

- Sim senhor.

"Vamos ver se eles são capazes de enfrentar o Deathscythe".

****

Quatre resolveu voltar para a cabine quando um som alto o fez parar, logo alguma coisa se

chocou contra o navio o fazendo balançar fortemente e o som de homens ecoou na

escuridão. O capitão estava na cabine quando escutou um som e sentiu o impacto de uma

bala de canhão contra o Sandrock, ele sabia que o demônio dos mares, chamado Shinigami,

estava atacando seu navio, ele foi até a parede e pegou o sabre presa nela e duas pistolas na

gaveta.

- O que foi isso?

- Fique aqui com a menina. Onde está o jovem Quatre?

- Acho que no convés...

- Droga.

Rashid viu o capitão sair da cabine e imaginou o que estaria acontecendo, quando ouviu os

sons de luta. Eles estavam sendo abordados por piratas no meio da noite.

Quatre tinha caído no convés quando o navio foi atacado. Logo uma outra embarcação

apareceu do nada na amurada a bombordo do Sandrock. Ele viu que eram piratas; os

homens, contratados por seu pai para fazer a proteção do navio, chegaram ao convés no

instante em que os piratas colocavam as pranchas de abordagem e entravam no navio. Uma

mão pousou no ombro do jovem o assustando.

- Não deve permanecer aqui volte para minha cabine e fique lá, os homens de seu

pai os protegerão.

Um dos homens pegou Quatre pelas mãos e correu em direção ao castelo de popa, mas eles

foram interceptados por um dos piratas, ele fez sinal para que Quatre continuasse ainda

assustado ele correu em direção a cabine do capitão, enquanto um jovem com uma longa

trança o observava. Quando estava se aproximando do castelo Quatre foi parado por um

pirata.

- A onde você pretende ir.

Quatre olhou assustado para o homem a sua frente ele tinha uma aparência grotesca, o olho

esquerdo tinha uma cicatriz que vinha até o pescoço, faltavam lhe alguns dentes, seu cabelo

era preto e seu olho direito tinha uma ligeira deformidade que não permitia ao homem abri-

lo completamente. O homem olhou Quatre de cima embaixo e um sorriso malicioso se

formou em seus lábios. Quatre não gostou da forma como aquele homem o observava, não

era a primeira vez que via aquele tipo de olhar e ele sabia muito bem o que aquele pirata

estava pensando.

- Você é uma gracinha menino.

- Deixe-me ir.

- E se eu não deixar o que você vai fazer.

Quatre olhou ao redor tentando encontrar algo com que pudesse se defender ou alguém que

pudesse ajuda-lo, no entanto todos estavam ocupados duelando com os piratas tentando

impedir que eles o sobrepujassem. Então seu olhar se encontrou com o olhar de um outro

garoto de aproximadamente 16 anos vestido de preto, ele segurava um sabre e tinha duas

adagas nas costas e uma pistola presa a cintura, o garoto estava se segurando em um dos

cabos do traquete. O rapaz pareceu sorrir e desceu do cabo vindo em sua direção, o jovem

de extrema beleza andava com distinta elegância pelo convés como se nada estivesse

acontecendo. O pirata já tinha esperado muito tempo e percebendo que o menino não tinha

como se defender, segurou-o pela gola e o puxou, quando sentiu algo pontudo em suas

costas e ouviu uma voz fria, que reconheceu de imediato.

- Deixe o menino em paz.

O pirata soltou o jovem loiro e resmungou alguma coisa e correu em direção a escada que

levava ao porão do navio. O garoto sorriu apontando com a cabeça o castelo de popa.

- Ë melhor se abrigar lá, era para onde você estava indo não é.

- Sim, obrigado.

- Melhor não me agradecer ainda.

O jovem virou-se e começou a lutar com os marujos do Sandrock. Quatre ficou admirado

não apenas pela beleza exótica do garoto, mas por saber que ele era um dos piratas. O rapaz

de trança olhou novamente para ele e Quatre correu para a cabine. Rashid estava

preocupado com seu jovem mestre até que ouviu sua voz e abriu a porta da cabine

- Rashid!

- Mestre Quatre.

- Como está Dorothy?

- Ainda com febre. O que está acontecendo?

- Piratas!

Rashid ficou preocupado o que poderia acontecer se eles descobrissem sobre Quatre, eles

poderiam seqüestrar o jovem mestre e a menina, até mesmo vende-los. Alguns minutos se

passaram até que o capitão chegou á cabine bastante ferido. O navio já havia sido tomado

pelos piratas não havia mais nada a fazer, mas era sua, a responsabilidade de proteger o

menino e seus acompanhantes.

- Capitão! O senhor está muito ferido.

- Tudo bem meu jovem, vocês devem pegar um dos escaler e fugir.

- Mas é noite como iremos sobreviver.

- Seria mais perigoso se ficassem, não sabemos o que eles podem fazer se

descobrirem quem você é meu jovem.

- E quem é o menino capitão Tragos?

Todos olharam para o garoto de olhos violeta e cabelos trançados parado a porta. O jovem

observou cada um deles com curiosidade, sua intuição não lhe enganará quando achou que

deveria ajudar o menino. Dois piratas se aproximaram da porta, um deles possuía traços

orientais, seu cabelo era preto amarrado em um pequeno rabo de cavalo. O outro tinha um

rosto anguloso, cabelos ruivos e duas vezes mais alto que os outros dois.

- Já pegamos a carga capitão.

- Ótimo diga aos homens que se preparem para deixar o Sandrock.

- Sim senhor.

Todos olharam surpresos para o garoto então ele era o capitão do navio pirata. Sem saber o

por quê, Quatre não pode impedir-se de perguntar quem era o jovem que o salvará e que era

o capitão do navio pirata. Mesmo já tendo o pressentimento do que ele diria, Quatre

precisava confirmar suas suspeitas.

- Quem é você?

O jovem olhou para o menino de cabelos claros como o sol e olhos azuis como safiras, seu

olhar transmitia bondade e pureza além de uma indisfarçável curiosidade. Sem se conter o

rapaz de olhos raros riu e se aproximou do menino. Sendo interceptado pelo capitão que o

desafiou com o sabre, ele não deixaria que o pirata se aproximasse do garoto. Shinigami

não ficou surpreso pelo fato do capitão Tragos ter se colocado em seu caminho, não era a

primeira e não seria a ultima vez que alguém resolvia enfrentá-lo. O outro, de traços

orientais se adiantou, mas foi impedido pelo jovem de cabelos compridos.

- Tudo bem WuFei, vejamos o que o capitão tem a me dizer.

Shinigami achava engraçada a forma como as pessoas costumavam subestima-lo por causa

de sua aparência, afinal muitos esperavam que o Shinigami fosse um homem já feito e não

um garoto. O capitão achava que poderia contra o jovem a sua frente, pois ele não deveria

ser mais do que dois anos mais velho que o jovem Winner. Mesmo que o jovem fosse um

pirata e que fosse o próprio Shinigami, Tragos tinha certeza que poderia derrotá-lo e reaver

o controle de seu navio, afinal ele navegava a anos, já enfrentará muitos piratas e

sobrevivera, não seria agora derrotado por um garoto. O jovem de olhos raros sorriu e se

afastou.

- Acho melhor vocês ficarem afastados senão quiserem se machucar. Então

capitão, o que pretende fazer.

O capitão Tragos partiu para cima do jovem de tranças que bloqueou o ataque com seu

sabre. O capitão ficou surpreso do jovem ter bloqueado seu ataque com facilidade.

Shinigami riu, o que deixou o capitão furioso. Tragos começou a atacar o pirata uma vez

atrás da outra, tendo sempre seus ataques bloqueados pelo rapaz que ria. Shinigami após ter

bloqueado um dos golpes que quase lhe feriu o braço, elevou sua mão atrás das costas e

pegou uma das adagas que carregava e num golpe preciso o cravou no ombro do capitão

quando ele abriu sua guarda. Pego de surpresa o capitão largou o sabre, e Shinigami se

aproximou e chutou o sabre para longe, enquanto enterrava a adaga ainda mais no ombro

do capitão arrancando um urro de dor do mesmo. O pirata voltou os olhos para o menino

loiro que tremia devido a cena do capitão no chão com o ombro ferido. Como se nada

tivesse acontecido o pirata retomou a conversa com o menino.

- Sou conhecido por vários nomes. Demônio dos mares, fantasma das águas,

alguns acreditam que sou um monstro marinho, mas eu atendo apenas por um

nome, menino.

- Shinigami!

- Exatamente.

O pirata então reparou na jovem deitada, ela parecia muito pálida. Ele se aproximou dela e

Rashid fez menção de impedir sua aproximação, mas Quatre não permitiu que ele

interferisse. Por algum motivo ele sabia que o pirata não iria ferir sua prima. Shinigami

olhou para o menino e bagunçou os cabelos dele. Ele se ajoelhou ao lado da garota e tocou

sua testa, ela estava ardendo em febre, no mesmo instante os olhos dele se escureceram.

- A quanto tempo ela esta com febre?

Rashid demorou algum tempo para responder e quando, o fez notou que o pirata não ficou

muito contente com a informação.

- Acho que seis ou oito dias talvez mais.

O pirata voltou sua atenção para menina ainda mais preocupado com a informação. A

menina estava muito doente, ele sabia o que ela tinha e ao que parecia ela não tinha muito

tempo. Shinigami se levantou e pegou a menina nos braços.

- O que você vai fazer?

- Essa menina está muito doente será que vocês não perceberam isso.

- Nós...

O pirata ignorou o empregado e se virou para o capitão Tragos que havia sido amarrado

pelo outro pirata.

- Onde está o médico desta embarcação.

- Ele sofreu um acidente antes de sairmos do porto, então viajamos sem um a

bordo.

- Droga. WuFei diga aos homens para deixar o navio e leve a menina até J.

Quatre viu o pirata carregando sua prima e entregando ao outro pirata e resolver perguntar

o que ele estava fazendo. Shinigami olhou para o menino e para a menina nos braços de um

de seus homens, ele não queria complicações, mas se não fizesse alguma coisa a menina

morreria.

- Para onde vai levar Dorothy?

- Ela será levada a um homem em meu navio, ele possui conhecimentos médicos

que a ajudaram. Você e o homem ao seu lado virão comigo para o Deathscythe.

- Senhor não faça isso, o que poderá esperar em um navio pirata, com certeza ele

o venderá...

- Cale-se homem, caso não tenha percebido essa menina está morrendo.

O capitão calou-se e olhou para o menino Winner, que estremeceu ao ouvir o que o jovem

de olhos violeta falara. O pirata pode notar o temor nos olhos do menino, ele se aproximou

e olhou dentro dos olhos dele.

- Não se preocupe eu farei de tudo para salva-la, mas vocês terão de confiar em

mim.

O menino pareceu pensar por alguns minutos e sacudiu a cabeça e começou a juntar suas

coisas sob o olhar de Rashid e do capitão. Quatre se virou para Rashid que ainda o estava

observando.

- Rashid junte suas coisas e as de Dorothy nós iremos com ele.

- Mas senhor...

- Agora!

Sem outra alternativa Rashid começou a arrumar as coisas. O capitão tentou se levantar

para impedir, mas não conseguiu, seu ombro sangrava e doía terrivelmente com a adaga

ainda presa nele. Quatre olhou para o capitão e para o pirata. Quatre não sabia se veria seu

pai novamente, mas ele não poderia deixar o pirata levar sua prima mesmo que fosse para

salvar sua vida. Quatre não sabia se poderia confiar no restante dos outros piratas.

Shinigami pareceu entender a preocupação que viu nos olhos do menino, ele colocou sua

mão no ombro do menino e se agachou.

- Qual o seu nome?

- Senhor não...

- Quatre Raberba Winner.

Shinigami olhou com surpresa para o menino então e sorriu.

- Winner? Você é o filho do Marquês Winner?

- Sim, sou.

- Qual era o seu destino?

- O porto de Zurshi. Eu...eu estava voltando para casa.

- Entendo. Bem Quatre assim que Dorothy, não é?

- Huh-huh.

- Bem, quando Dorothy estiver melhor eu prometo leva-los para Zurshi. Está

bem?

Quatre abaixou os olhos por um instante, ele sabia que seu pai ficaria preocupado. fora que

não sabia quanto tempo poderia levar a recuperação de Dorothy e nem que perigos

enfrentariam em um navio pirata, mas por algum motivo ele sentia que poderia confiar no

garoto a sua frente. Shinigami sabia que o menino deveria estar em uma dilema sobre

confiar ou não em suas palavras, ele não podia censura-lo, não seria uma viagem fácil ainda

mais tendo-os abordo. Ele sabia como era sua tripulação, sabia que o menino e a menina

deveriam ser vigiados noite e dia, eram poucos os marujos a quem poderia confiar a

segurança dos dois, mas ele não permitiria que nada acontecesse aos seus convidados.

- Está bem sei, que cumprirá sua palavra. Capitão Tragos diga a meu pai que não

nos encontraremos no tempo previsto, mas que voltaremos a nos ver em breve.

Rashid vamos.

Shinigami sorriu levantando-se deixou que o menino e o empregado seguisse na frente, ele

se virou novamente se aproximando do capitão puxou a adaga fazendo com que o capitão

deixasse escapar um gemido de dor. Shinigami se virou deixando o capitão curvado sobre o

próprio abdômen dentro de sua cabina. Ao saírem para o convéns Quatre viu os homens do

Sandrock sob a mira de sabres e mosquetes, os piratas ficaram olhando para o capitão na

companhia do menino loiro e do outro homem, eles ficaram a espera da ordem para

retornarem ao Deathscythe.

- Vamos homens.

- Sim capitão.

Shinigami voltou para dentro do Deathscythe e ajudou o menino a vir abordo. Assim que

subiu abordo Quatre pode sentir os olhares da tripulação sobre si o fazendo sentir-se

desconfortável. Rashid pode notar os olhares de cobiça nos olhos dos marujos, o menino e a

jovem Dorothy não estariam seguros naquele navio. O capitão viu a luxúria nos olhos de

seus homens e não gostou disso.

- O que estão esperando para retirarem as pranchas de abordagem? Elas não

saírão sozinhas. Içar e bracear [6] velas! Eu quero estar a pelo menos 8 milhas

[7] de distância do Sandrock antes de chegar a minha cabina ou vocês se

arrependerão por isso.

Após o grito os homens começaram a recolher as pranchas e bracear as velas colocando-os

a uma boa distancia do outro navio, nenhum deles queria sentir a fúria do Shinigami. O

capitão olhou e viu que os homens haviam começado a obedecer suas ordens, no entanto

ele notou o olhar de um dos homens ainda no menino que seguia a sua frente. Quatre

sentiu-se melhor quando Shinigami ordenou aos marujos que se mexessem, mas ele ainda

podia sentir que alguém o observava, ele olhou ao redor e viu quem o observava e sentiu

um arrepio correr por seu corpo, abaixando os olhos continuou caminhando pelo convéns.

Shinigami viu WuFei se aproximando e resolveu deixar que ele levasse Quatre e Rashid a

sua cabina para que pudesse deixar claro certas coisas a tripulação.

- WuFei leve Quatre e ...

- Rashid.

- Leve Quatre e Rashid até minha cabina e os deixe confortáveis eu preciso

conversar com a tripulação.

- Sim capitão.

- Venham comigo.

Quatre olhou em direção ao Sandrock que estava ficando para trás. Olhou para o rapaz a

sua frente que o aguardava e seguiu. Shinigami notou o olhar triste do menino, ele sabia o

que o menino estava sentindo, ele sentira a mesma coisa a um ano atrás quando perdera sua

família e seus sonhos.



"Bem acho que tenho que colocar a tripulação a par de certas coisas".



- Senhores eu gostaria de deixar claro certas coisas.

Os marujos pararam e prestaram atenção no capitão que havia subido no tombadilho.

Esperando que todos prestassem atenção no dizia ele abaixou a cabeça um instante e

quando a ergueu novamente seus olhos tinham adquirido um brilho sinistro e sua voz saiu

perigosamente fria e sem emoção.

- Como todos devem ter notado temos...convidados abordo.

Todos berraram e riram quanto a afirmação do capitão, mas logo pararam ao notar que o

mesmo continuavam com uma expressão fria no rosto. Assim que a tripulação silenciou o

capitão continuou a falar.

- Notei alguns olhares em direção aos MEUS convidados. Olhares que não me

agradaram nem um pouco.

Shinigami frisou bem a palavra meu para que nenhum dos homens tivessem duvidas quanto

ao significado de suas palavras. Os homens começaram a olhar um para o outro até que um

deles se pronunciou.

- E o que isso significa Capitão?.

Todos olharam para o homem que havia perguntado de maneira quase debochada ao

capitão sobre suas palavras. Shinigami olhou para o homem, seu rosto uma mistura de ira e

frieza, deixando o tombadilho caminhou até o grande onde estava localizado o homem. O

capitão notou o ar e o deboche nas palavras dele, nunca gostara daquele homem desde que

ele havia embarcado em seu navio, ele parecia provoca-lo a todo o instante com palavras

sutis. Ele sabia que o homem de cabelos pretos não perderia a oportunidade de desafia-lo,

uma vez que ele parecia ter um interesse no menino de cabelos claros. O capitão ficou

frente ao homem que era muito mais alto e aparentemente mais forte que ele sem

demonstrar nenhum sinal de medo.

- Significa, Smith, que se qualquer um de vocês tocar em um fio de cabelo deles

sem minha permissão, os tubarões terão com o que se alimentar sem precisarem

caçar, mesmo que eu tenha que atirar cada um de vocês ao mar.

- Se atirar a todos nós capitão, não sobrara ninguém para tripular o navio.

- Humpf! Existem outros homens que podem tripular MEU navio Smith. Não

duvide disso. Qualquer um que desafiar deliberadamente minhas ordens há de

conhecer minha fúria, e ninguém escapa do Shinigami. Ninguém. Fui claro Sr

Smith.

- Sim.

- Sim?

- Sim...capitão.

- Ótimo todos aos seus postos.

Shinigami se virou e caminhou a passos lentos em direção a sua cabina, os homens

silenciosos abrindo caminho para o capitão. Quando ele ouviu um resmungo baixo, mas

não o suficiente para que ele não escutasse.

- Em outras palavras ele quer o menino para ele.

Shinigami pegou a adaga na sua cintura e virando o corpo rapidamente jogou-a .A arma

passou próximo ao rosto do homem, o cortando e ficando presa ao mastro. O homem

colocou a mão no rosto e seus olhos transmitiam raiva. O capitão retornou e encarou o

homem nos olhos, tendo todo o restante dos marujos observando-os. WuFei voltou ao

convéns no momento em que o Shinigami atirava a adaga. Ele caminhou até onde estava o

capitão, ficando a alguns passos de suas costas.

- Mesmo que eu deseje o menino, não creio que é da sua conta marujo. Eu sou o

capitão desta embarcação e se eu quiser o menino ou menina para mim, eles

serão mesmo. Volte a questionar meus atos pelas minhas costas e eu o mato

pessoalmente.

O capitão retirou sua adaga do mastro e limpou o sangue na camisa do marujo antes de se

retirar novamente sendo seguido por WuFei. A tripulação se afastou, alguns deles olhando

para o homem que sangrava no rosto, com desprezo, outros com cinismo e muitos poucos

tinham o mesmo olhar de raiva que o homem e olhavam na direção do capitão que seguia

para sua cabina.

- WuFei.

- Sim capitão.

- Quero que vigie o menino e a menina. Principalmente o menino.

- Sim senhor.

- E vigie Smith e os outros, eles certamente me causaram problemas antes que eu

possa cumprir minha palavra junto ao menino.

- Acha que eles planejam alguma coisa.

- Sim, ele deseja meu navio e meu comando, mas eu não pretendo entrega-lo.

- Não se preocupe Shinigami, eles serão vigiados.

- Ótimo eu vou ver como esta a menina

Quatre ouvira tudo o que se passara no convés através da escotilha. Ele ficou um pouco

mais calmo em saber que o Shinigami se preocupava com a segurança deles e que tinha

notado os olhares daquele homem que o havia interceptado no Sandrock.



"Que Alá permita que cheguemos em segurança".



****

Quatre estava perdido em suas lembranças de quando conheceu o amigo pirata, quando a

voz de Rashid o trouxe de volta ao presente.

- Lorde Winner.

- Sim Rashid.

- Nós o encontramos.

- Onde?

- O Deathscythe foi visto próximo ao porto de Auclândia á três semanas.

- Três semanas! Mas isso foi há muito tempo Rashid. Ele pode estar em qualquer

parte agora.

- É verdade, mas creio eu não esteja tão longe, ao ponto de que você não possa

falar comigo.

Quatre se levantou ao ouvir a voz suave e brincalhona. Ele viu uma pessoa em pé na porta

coberta por uma capa acinzentada, a pessoa tinha um falcão de asas negras pousado sobre o

ombro esquerdo. O visitante assobiou duas vezes fazendo com que o pássaro voasse e

pousasse na janela. Assim que o visitante retirou a capa Quatre pode ver quem era. Ele

vestia uma calça cinza, uma camisa branca com acabamento em renda da mesma cor na

gola e nas mangas, que cobriam parte das mãos, botas pretas até a altura do joelho e uma

faixa azul clara na cintura o visitante passaria por um nobre se Quatre não o conhecesse.

Ele não havia mudado muita coisa: a trança estava mais comprida, mas os olhos e as belas

feições continuavam as mesmas. Quatre se aproximou e abraçou o velho amigo que

retribuiu o abraço.

- Duo, não sabe como me alegra vê-lo novamente.

- Eu também. Soube que andava me procurando.

Afastando ligeiramente o jovem loiro, Duo o observou por alguns instantes, o menino que

conheceu há seis anos atrás. Havia mudado um pouco, seu rosto havia perdido as feições de

criança e adquirido feições mais maduras, no entanto o olhar puro e a aparência angelical

continuavam os mesmos. Duo ficará tentado a ignorar o fato de que seu amigo o estava

procurando, eles não mantinham contato há dois anos e muita coisa havia acontecido neste

tempo, mas ele estava com saudades do único amigo que sabia toda a verdade sobre seu

passado e decidiu voltar a cidade de Alfard [8] uma vez que tinha assuntos a tratar na

cidade.

- Apesar de viver quase um ano em meu navio você não aprendeu nada quando

esteve comigo. Não é sábio procurar o Shinigami, sabia.

O jovem fez uma cara zangada, para logo em seguida sorrir. O jovem loiro também sorriu

antes de responder.

- É eu sei, mas não pude resistir em fazê-lo. Venha vamos até o gabinete para

conversar. Rashid poderia trazer-nos alguma bebida por favor.

- Sim senhor.

Duo assobiou e o falcão voltou a pousar no seu ombro, eles caminharam até o gabinete que

tinha as paredes revestidas com madeira de lei, diversas estantes decoradas com livros. Na

parede da direita havia diversas armas medievais, entre as estantes estavam diversos

quadros. Quatre sentou-se atrás de uma mesa, em imbuia entalhada à mão, e aguardou que

Duo se sentasse na cadeira a sua frente. Duo deu dois assobios curtos e o falcão voou

pousando na janela do gabinete.

- E o que houve para me chamar com tanta urgência? Não me diga que vai se

casar e deseja que eu seja seu padrinho?

- Não, este não é o motivo pelo qual o estava procurando...

- Então é a senhorita Catalonia? Por Deus, não diga isso ela prometeu casar-se

comigo quando nos encontrássemos novamente?

- Não, ela também não vai se casar, pelo menos eu acredito que não, apesar dela

ansiar vê-lo novamente. A última vez que nos falamos ela me perguntou sobre

você.

- Dorothy é uma jovem adorável eu suponho, mas não creio que deseje uma

esposa ou uma noiva no momento. Acha que o voto que fizemos era válido?

Pois se for partirei antes que a encontre e ela se lembre dos votos.

- Há há... não creio que os votos trocados por uma menina de 12 anos e um pirata

bêbado sejam válidos perante a igreja.

- Hei! Eu não estava bêbado, apenas não estava totalmente sóbrio...

Quatre ergueu uma das sombracelhas e cruzou os braços olhando para Duo que abaixou a

cabeça enquanto batia a ponta de um dos pés no chão. Ele olhou para o jovem que tinha um

sorriso nos lábios e levantou as mãos para o alto e revirou os olhos violeta.



- Tudo bem eu estava bêbado, mas você também não estava sóbrio.

- Acho que todos no navio com exceção do professor, Dorothy e Rashid estavam

bêbados.

- É verdade, mas foi uma farra maravilhosa como há muito tempo não se faz a

bordo.

Quatre notou que por um momento o semblante de seu amigo tornou-se triste e sombrio

para logo depois ele voltar a sorrir. Rashid retornou ao gabinete trazendo dois copos, uma

garrafa de rum, alguns pães e pedaços de carne, que colocou sobre a mesa e se retirou. Duo

serviu um pouco de rum para si e Quatre.

- Então vai me dizer por que estava me procurando?

- Você ficará aqui não é?

- Apenas por alguns dias, sabe que a marinha quer minha cabeça, por isso não

posso me arriscar em terra.



- Eu sei. Onde está o Deathscythe?

- Eu o deixei há duas semanas em um lugar seguro. Eu devo me encontrar com

eles em quinze dias, por isso ficarei por uns dias apenas o suficiente para

conversarmos e para que eu resolva certos assuntos pendentes na cidade.

- Não é muito tempo não é.

- Eu sei que não, mas eu não venho a terra há muito tempo, me sinto estranho e

não gosto disso.

- Entendo. Então vou pedir a Rashid que prepare um quarto, você deve estar

cansado.

- Não é necessário Quatre, eu não ficarei aqui hoje. Eu tenho um compromisso,

mas eu volto amanhã à tarde.

Quatre não achou estranho Duo ter alguma coisa a resolver em terra, uma vez que ele

conhecia o passado do pirata e, mesmo que ele costumasse dizer que o mar era seu lar,

sabia que o mesmo tinha certas responsabilidades, por isso o jovem loiro não perguntou

aonde Duo iria. Para Quatre era natural que Duo aproveitasse sua estadia em terra para

resolver determinados assuntos.

- Tudo bem, eu fico feliz em vê-lo novamente e saber que está bem.

- Eu digo o mesmo, então eu vou indo, assim quando mais cedo eu terminar o que

vim fazer na cidade, mais cedo eu retorno e poderemos conversar.

Duo se levantou e abraçou o jovem loiro passando a mão em sua cabeça. Duo se afastou

quando pareceu lembrar de alguma coisa.

- Ah! Quatre você se importa de tomar conta de Hell apenas por hoje? É que a

pessoa com quem vou me encontrar não gosta muito dele e sei que Hell gosta de

você.

- Tudo bem eu não vejo problema algum em cuidar dele por esta noite, mas tem

certeza que ele não vai estranhar ficar aqui.

- Hum...Hell está acostumado ao ar livre e ao Deathscythe, ele não ficará quieto

em uma gaiola, deixe-o solto dentro do quarto creio que ele agüenta por uma

noite não é amigão.

Duo assobiou e logo o pássaro veio pousar em seu braço. Duo deu um pedaço de carne e

acariciou as penas em baixo do bico do bonito animal, depois caminhou até Quatre

depositando o pássaro no ombro do amigo. O falcão por um instante estranhou e agitou as

asas como se fosse levantar vôo, mas Duo o acalmou acariciando a cabeça do pássaro e

sussurrou algumas palavras.

- Tudo bem Quatre.

- Sim, tudo.

- Não se preocupe ele o está estranhando um pouco, mas logo ele se habitua, basta

conversar com ele um pouco. Eu acho que ele se habituou a ficar me ouvindo

falar por isso se ele ficar um pouco agitado basta sussurrar algumas palavras que

ele se acalma.

- Ok eu vou tentar me lembrar disso. Você não quer um cavalo?

- Não é necessário Quatre.

- Tem certeza?

- Tenho obrigado.

Duo deixou o gabinete seguido por Quatre que carregava o falcão no ombro direito, o

pássaro enterrou o bico nos cabelos do loiro como se procurasse alguma coisa. Duo olhou

para o amigo e riu, pegou sua capa na entrada, a vestiu cobriu o rosto e deixou a casa.

Duo chegou na rua e procurou se localizar ele deveria seguir em direção ao centro da

cidade, onde se localizavam as casas longe do porto. Fazia muito tempo que não vinha a

cidade, muitas coisas haviam mudado. Ele não tivera muita dificuldade para encontrar a

casa de Quatre uma vez que todos conheciam os Winner. A casa era próxima ao porto o que

lhe permitia observar os navios que chegavam e saiam, dando-lhe assim a oportunidade de

partir da cidade caso avistasse um certo navio da marinha real.



"Bem eu não tenho muito tempo a perder e ficar parado não vai me ajudar a chegar onde

preciso ir. O lugar deve continuar o mesmo".



Continua....

Lien Li obrigada pela betagem.





[1] Amurada é a parte interna dos costados, onde começa o estreitamento para formar a

proa..

[2] Tragos significa "bode" em Grego e é o nome de um móbile suit.

[3] Proa é a parte dianteira de um navio.

[4] Gurupés: Mastro que sai da proa na direção do eixo longitudinal do navio.

Pau da Bujarrona: É uma haste do gurupés

Pau da Giba - É uma haste correspondente do pau da bujarrona.

[5] Barlavento direção de onde sopra o vento.

[6] Bracear significa orientar as velas

[7] Uma milha eqüivale a 1.852 metros

[8] Alfard nome da estrela que compõe a constelação de Hidra