Capítulo 7: O Ataque dos Orcs.
Em outra parte do mundo virtual do jogo online Fantasy, materializam-se as silhuetas de três garotas aparentemente comuns e uma tartaruga voadora nada comum.
Devido a um erro de lógica na hora em que a Kaolla reconfigurou a partida para poder salvar Keitarô e Naru, o game entendeu que apenas ela, Sarah e Shinobu faziam parte do mesmo time, como de fato estavam.
Quanto a Kitsune, Tama-chan, Otohime e Motoko, embora tivessem sido conectadas ao mesmo tempo com as meninas, elas foram consideradas como pertencentes a outro grupo e caíram na missão tutorial que a versão do console da Su possuía.
Motoko aparece no jogo online trajando o seu tradicional conjunto de Gii (túnica) e Hakama (calça larga), com cores idênticas ao que utilizava em seus treinos. E se surpreendeu ao ver sua espada Shisui - que havia sido destruída numa luta anterior com sua irmã mais velha - novamente intacta.
Naturalmente sua classe era de Samurai, um guerreiro especializado em armas orientais - e capaz de fazer devastadores ataques com sua energia "ki", de forma similar às magias dos magos.
Kitsune estava trajando um traje estranho, que consistia num bustier feito de seda, uma saia estilo cigana ornamentada com várias jóias e pedras brilhantes e sapatos de plataforma alta. E trazia em sua mão um estranho véu longo, semelhante ao que as odaliscas usavam.
A garota-raposa pertencia à bizarra classe de Enchanter, um tipo de personagem que era considerado fraco em combate corporal, mas que possuía excelentes habilidades sociais e para a obtenção de informações com outros personagens, podendo ainda encantar ou enganar os inimigos usando sua lábia.
Além disto, era capaz de usar magias como as de mago ou de sorcerer, só que em escala limitada.
A classe Enchanter era considerada a equivalente feminina da classe de personagem Bard, pertencente aos homens.
Mutsumi estava usando um vestido longo que lembrava uma túnica medieval, botas de cano alto, um chapéu esquisito e um manto tipo poncho.
Ela era uma Sorcerer, uma classe que podia lançar magias de proteção e de ataque, como o mago.
Só que diferentemente do mago tradicional - que aprendia magias usando grimórios ou observando outros magos - o sorcerer dependia do avanço de seu nível para ganhar novas magias ou aprender novas técnicas.
E o estilo de magia do Sorcerer era totalmente intuitivo, não dependendo de gestos ou técnicas aprendidas como o Mago ou de focus em cristais energizados como o Tecnomago.
Por outro lado, o Sorcerer dependia da experiência adquirida para dominar suas magias, limitando o poder e efetividade das mesmas ao nível atual do personagem.
Se esta classe tentasse usar uma magia acima de seu nível atual, corria grande risco dela dar errado, tornando-se imprevisível seus efeitos.
E finalmente, a Tama-chan não ganhou novas habilidades.
O programa virtual de seleção de classes não conseguiu enquadrar a pequena tartaruga em qualquer uma das categorias, por ela não ser humana. Sem muita alternativa, o sistema de RPG classificou-a como uma mascote do jogo (Pet), pertencente ao grupo.
Mesmo sem ter ganhado novos poderes, Tama-chan estava longe de ser indefesa.
Ela conservou seus poderes de vôo e super blindagem, assim como sua inteligência muito acima do padrão tartaruguês.
Como mascote, o programa permitiu a ela ganhar pontos de vida e de experiência à medida que o jogo transcorria, melhorando suas chances de sobrevivência nas batalhas que ainda iam acontecer.
- Hmmmm... Minha Shisui, novamente intacta? Até que não foi de todo ruim... - Monologa Motoko ao examinar sua espada.
De repente ela sente algo tocando seu ombro direito... Algo como um braço... ou uma pata.
- Mutsumi? Kitsune? - Motoko evita se virar, para não entrar em pânico, embora já intuisse quem havia tocado nela.
- Mew, Mew. - Responde o pequeno ser que estava empoleirado em seu ombro.
- IIHHKKHHH! Tar-ta...! Socorro! Tirem este bicho de meu ombro! - Grita Motoko freneticamente agitando seus braços.
- Tama! Venha com a titia Mutsumi. A Aoyama-san não está acostumada com sua presença. - Diz carinhosamente Mutsumi.
- Eheheh... Ei, Motoko, a Tama-chan está tentando ser apenas gentil com você. - Comenta Kitsune.
- Eu sei, mas, por favor! Eu achei que ela estava com a Shinobu ou a Kaolla!
- Por falar nisto, onde estamos? - Pergunta Mutsumi com aquele seu jeito ingênuo.
- Hmmmm... Tenho a leve impressão de que as meninas conseguiram chegar na cidade e nós não. - Responde Kitsune ao enxergar a vastidão erma que lembrava a paisagem desolada do Velho Oeste Americano.
- Não, de novo não! Espero que a gente não tenha sobrevivido naquela viagem até Okinawa e na aventura nas Ilhas Pararacelso só para nós ficarmos perdidas para sempre dentro de um maldito videogame! - Pragueja Motoko.
- De qualquer jeito, se ficarmos aqui, não saberemos. Motoko, Mutsumi, Tama, vamos indo.
O quarteto liderado pela Kitsune caminha durante alguns minutos naquela área desértica, até encontrarem uma estrada que serpenteava no meio de umas colinas.
Uma placa escrita em caracteres desconhecidos indicava nomes de localidades e distâncias, mas era de pouca valia.
- Uma placa, mas que significa estas letras? Bem, pelo menos as distâncias estão em algarismos ocidentais... - Comenta Motoko.
- Mas de qualquer jeito vamos ter que bater perna, meninas... A localidade mais próxima mencionada na tabuleta está a 30 km daqui. Será que vou ter que usar minha astúcia e charme para conseguirmos nos livrar de algumas bolhas no pé?
Para a jovem Kitsune não agradava em nada a perspectiva de andar durante vários quilômetros uma estrada e cheia de perigos.
- Mew,Mew, Meewwww!!! Grita a pequena mascote, agitando os braços no ar.
- O que foi Tama, entendeu alguma coisa da tabuleta? - Pergunta Mutsumi.
Na realidade, a pequena tartaruga onsen detectou a presença de um bando de inimigos. Cinco orcs, liderados por um orc chieftain armado com um poderoso machado de duas lâminas.
Eles eram os inimigos desta fase, que servia para testar as armas e habilidades dos personagens antes de entrarem no jogo propriamente dito.
- Acho que eles entenderam nossa língua! - Exclama ingenuamente a Mutsumi ao verem os humanóides cochicharem entre si enquanto se aproximam.
- Ataquem as humanas! Não deixem ninguém viva! - Grita o líder dos orcs.
- Ara,ara... Não era bem isto que esperava... - Conclui a ingênua jovem de Okinawa.
Com um rugido bestial, os orcs rompem a formação e investem contra as meninas e a pequena tartaruga Tama.
Mesmo com sua enorme habilidade com a espada, Motoko não iria conseguir dar conta de todos eles ao mesmo tempo.
O líder dos humanóides decidiu atacar a jovem samurai, brandindo contra ela com seu poderoso machado duplo.
A jovem de Kyoto somente tem tempo para erguer sua Shisui bloqueando o ataque.
Frustrado, o orc chieftain faz um giro de corpo e tenta acertar o flanco direito da guerreira, mas a samurai evita o golpe, seguindo-se uma sucessão de violentos choques entre ambas as armas.
O segundo monstro investe contra Otohime, acreditando ser um alvo fácil, por estar desarmada.
Sem se deixar levar pelo pânico, Mutsumi assume uma posição de defesa meio desengonçada, inspirada num filme chinês que ela vira na TV, mas acaba por tropeçar num pedregulho, caindo de lado.
O orc atacante já havia saltado e não consegue impedir de cair de boca no chão aonde supunha estar a jovem desajeitada.
Frustrado e furioso, ele se levanta, tendo perdido parte de seu orgulho e um dente durante a queda e se prepara para investir novamente.
O terceiro orc tenta comer literalmente Tama-chan, abrindo a bocarra diante dela, só que surpreendentemente a tartaruga não somente consegue evitar a mordida como também dá um tapa com sua pata jogando o monstro longe.
Antes que ele se recuperasse da queda, Tama voa na sua velocidade máxima e dá uma cabeçada na barriga do monstro, fazendo-o vomitar os restos do seu jantar.
Kitsune tenta se esquivar, mas em breve se vê cercada pelos dois orcs restantes, que olham maliciosamente sobre sua figura pouco vestida.
O primeiro dos orcs tenta atacá-la com seu machado de batalha e ela instintivamente rodopia o seu lindo corpo para a esquerda, ao mesmo tempo em que usando seu estranho véu como chicote golpeia o rosto do ser brutal, arrancando dele um grunhido de dor.
Ela mesma fica impressionada com a agilidade incomum que ganhara e com a potência do véu enquanto arma.
Desde a época do colégio, Kitsune não treinava educação física, tendo perdido sua forma gradativamente entre tardes regadas a cerveja e salgadinhos diante da tela de TV, geralmente assistindo corridas de cavalos e shows.
Só que não há tempo para comemorações.
Embora o primeiro monstro tenha sido posto fora de combate, o segundo orc toma certa distância e arremessa sua machadinha contra Kitsune que grita de pavor.
Porém o machado nunca irá atingi-la. Ao ver sua amiga em perigo, em uma fração de segundo, Motoko gira seu corpo para se desviar do ataque do líder dos orcs e em seguida, no mesmo movimento, executa o Zan-Kuu-Sen à distância.
Sua técnica faz com que o machado arremessado contra Kitsune se desintegre no ar e a onda de choque resultante esmague o autor do ataque num paredão de pedra, próximo à estrada.
Tentando aproveitar o breve instante de distração de sua adversária, o orc chieftain salta sobre a aparentemente desprotegida Motoko, só que esta já tinha previsto seu movimento e com um movimento súbito de sua lâmina, corta o machado duplo de seu oponente, acertando-o na altura do capacete.
O golpe termina por cortar um dos chifres do rude elmo de metal que o líder dos orcs usava.
Furioso por ser humilhado por uma humana frágil, o monstro se enfurece e faz um ataque em carga contra Motoko, tentando atingi-la com seus poderosos punhos. Mas tal investida é inútil.
Motoko simplesmente se esquiva e estende o seu pé, fazendo o monstruoso adversário tropeçar e cair no chão. E em seguida encerra o combate nocauteando-o com o cabo de sua katana em seu crânio.
- Rápido, Kitsune, vamos salvar a Mutsumi! Grita Motoko para uma aliviada e apavorada Kitsune.
Ao mesmo tempo em que Motoko dirige seu apelo à sua colega, ouve-se um estrondo demolidor.
Uma bola de energia azulada explode, carregando o último orc para cima. Durante seu último ataque, o machado do orc remanescente havia rasgado de leve a túnica de Mutsumi.
Esta fez instintivamente um gesto para tentar cobrir seus peitos à mostra, só que acabou liberando uma magia chamada "Energy Blast" que pôs fora de combate seu adversário.
Esta magia era a mais simples de todas e a mais fraca do repertório dos magos, porém era mais do que suficiente para derrotar um monstro ou guerreiro de baixo nível que fosse apanhado de surpresa
- Hihihi, como eu fiz isto? - Sorri a jovem garota sem entender direito o que aconteceu.
- Interessante, acho que ganhamos algumas habilidades quando entramos neste mundo... Decerto deve ser coisa da Kaolla. - Comenta Kitsune admirada por ter adquirido uma agilidade que levaria anos para ser adquirida.
- Bem, de minha parte, não senti muita diferença... Mas acho melhor a gente sair deste lugar maldito. Estes monstros não estão mortos, apenas inconscientes e se a gente demorar muito, eles irão acordar. - Responde Motoko embainhando sua espada.
- Ah, dá um tempo, Motoko! Deixe-me testar estes pozinhos! Acho que devem ser mágicos... Kitsune percebera que carregava uma algibeira com vários saquinhos contendo diversos pós de cores diversas dentro e decide experimentá-los.
A garota-raposa assopra um pó cor de rosa no rosto da Mutsumi julgando ser algo inocente.
Um leve perfume - com aroma de flores - preenche o ar. De repente os olhos amendoados de Mutsumi se arregalam. Ela fica com uma expressão de tarada no rosto e sai correndo atrás da Motoko tentando agarrá-la a qualquer custo.
- Ahá, estes pós devem ter propriedades mágicas! Pelo visto, o cor-de-rosa faz com que a pessoa fique imediatamente apaixonada pela primeira que aparecer na frente... - Pondera Kitsune guardando o pozinho restante na algibeira.
- Não tem graça nenhuma, Kitsune! Faça a garota-melancia voltar ao normal, antes que... Grita Motoko tentando inutilmente se desvencilhar dos carinhos e beijos de Otohime, que estava tentando enfiar uma de suas mãos por dentro da túnica da samurai.
- Mew! - Exclama uma atônita Tama-chan com uma gota enorme na cabeça, sem saber o que fazer.
Em outra parte do mundo virtual do jogo online Fantasy, materializam-se as silhuetas de três garotas aparentemente comuns e uma tartaruga voadora nada comum.
Devido a um erro de lógica na hora em que a Kaolla reconfigurou a partida para poder salvar Keitarô e Naru, o game entendeu que apenas ela, Sarah e Shinobu faziam parte do mesmo time, como de fato estavam.
Quanto a Kitsune, Tama-chan, Otohime e Motoko, embora tivessem sido conectadas ao mesmo tempo com as meninas, elas foram consideradas como pertencentes a outro grupo e caíram na missão tutorial que a versão do console da Su possuía.
Motoko aparece no jogo online trajando o seu tradicional conjunto de Gii (túnica) e Hakama (calça larga), com cores idênticas ao que utilizava em seus treinos. E se surpreendeu ao ver sua espada Shisui - que havia sido destruída numa luta anterior com sua irmã mais velha - novamente intacta.
Naturalmente sua classe era de Samurai, um guerreiro especializado em armas orientais - e capaz de fazer devastadores ataques com sua energia "ki", de forma similar às magias dos magos.
Kitsune estava trajando um traje estranho, que consistia num bustier feito de seda, uma saia estilo cigana ornamentada com várias jóias e pedras brilhantes e sapatos de plataforma alta. E trazia em sua mão um estranho véu longo, semelhante ao que as odaliscas usavam.
A garota-raposa pertencia à bizarra classe de Enchanter, um tipo de personagem que era considerado fraco em combate corporal, mas que possuía excelentes habilidades sociais e para a obtenção de informações com outros personagens, podendo ainda encantar ou enganar os inimigos usando sua lábia.
Além disto, era capaz de usar magias como as de mago ou de sorcerer, só que em escala limitada.
A classe Enchanter era considerada a equivalente feminina da classe de personagem Bard, pertencente aos homens.
Mutsumi estava usando um vestido longo que lembrava uma túnica medieval, botas de cano alto, um chapéu esquisito e um manto tipo poncho.
Ela era uma Sorcerer, uma classe que podia lançar magias de proteção e de ataque, como o mago.
Só que diferentemente do mago tradicional - que aprendia magias usando grimórios ou observando outros magos - o sorcerer dependia do avanço de seu nível para ganhar novas magias ou aprender novas técnicas.
E o estilo de magia do Sorcerer era totalmente intuitivo, não dependendo de gestos ou técnicas aprendidas como o Mago ou de focus em cristais energizados como o Tecnomago.
Por outro lado, o Sorcerer dependia da experiência adquirida para dominar suas magias, limitando o poder e efetividade das mesmas ao nível atual do personagem.
Se esta classe tentasse usar uma magia acima de seu nível atual, corria grande risco dela dar errado, tornando-se imprevisível seus efeitos.
E finalmente, a Tama-chan não ganhou novas habilidades.
O programa virtual de seleção de classes não conseguiu enquadrar a pequena tartaruga em qualquer uma das categorias, por ela não ser humana. Sem muita alternativa, o sistema de RPG classificou-a como uma mascote do jogo (Pet), pertencente ao grupo.
Mesmo sem ter ganhado novos poderes, Tama-chan estava longe de ser indefesa.
Ela conservou seus poderes de vôo e super blindagem, assim como sua inteligência muito acima do padrão tartaruguês.
Como mascote, o programa permitiu a ela ganhar pontos de vida e de experiência à medida que o jogo transcorria, melhorando suas chances de sobrevivência nas batalhas que ainda iam acontecer.
- Hmmmm... Minha Shisui, novamente intacta? Até que não foi de todo ruim... - Monologa Motoko ao examinar sua espada.
De repente ela sente algo tocando seu ombro direito... Algo como um braço... ou uma pata.
- Mutsumi? Kitsune? - Motoko evita se virar, para não entrar em pânico, embora já intuisse quem havia tocado nela.
- Mew, Mew. - Responde o pequeno ser que estava empoleirado em seu ombro.
- IIHHKKHHH! Tar-ta...! Socorro! Tirem este bicho de meu ombro! - Grita Motoko freneticamente agitando seus braços.
- Tama! Venha com a titia Mutsumi. A Aoyama-san não está acostumada com sua presença. - Diz carinhosamente Mutsumi.
- Eheheh... Ei, Motoko, a Tama-chan está tentando ser apenas gentil com você. - Comenta Kitsune.
- Eu sei, mas, por favor! Eu achei que ela estava com a Shinobu ou a Kaolla!
- Por falar nisto, onde estamos? - Pergunta Mutsumi com aquele seu jeito ingênuo.
- Hmmmm... Tenho a leve impressão de que as meninas conseguiram chegar na cidade e nós não. - Responde Kitsune ao enxergar a vastidão erma que lembrava a paisagem desolada do Velho Oeste Americano.
- Não, de novo não! Espero que a gente não tenha sobrevivido naquela viagem até Okinawa e na aventura nas Ilhas Pararacelso só para nós ficarmos perdidas para sempre dentro de um maldito videogame! - Pragueja Motoko.
- De qualquer jeito, se ficarmos aqui, não saberemos. Motoko, Mutsumi, Tama, vamos indo.
O quarteto liderado pela Kitsune caminha durante alguns minutos naquela área desértica, até encontrarem uma estrada que serpenteava no meio de umas colinas.
Uma placa escrita em caracteres desconhecidos indicava nomes de localidades e distâncias, mas era de pouca valia.
- Uma placa, mas que significa estas letras? Bem, pelo menos as distâncias estão em algarismos ocidentais... - Comenta Motoko.
- Mas de qualquer jeito vamos ter que bater perna, meninas... A localidade mais próxima mencionada na tabuleta está a 30 km daqui. Será que vou ter que usar minha astúcia e charme para conseguirmos nos livrar de algumas bolhas no pé?
Para a jovem Kitsune não agradava em nada a perspectiva de andar durante vários quilômetros uma estrada e cheia de perigos.
- Mew,Mew, Meewwww!!! Grita a pequena mascote, agitando os braços no ar.
- O que foi Tama, entendeu alguma coisa da tabuleta? - Pergunta Mutsumi.
Na realidade, a pequena tartaruga onsen detectou a presença de um bando de inimigos. Cinco orcs, liderados por um orc chieftain armado com um poderoso machado de duas lâminas.
Eles eram os inimigos desta fase, que servia para testar as armas e habilidades dos personagens antes de entrarem no jogo propriamente dito.
- Acho que eles entenderam nossa língua! - Exclama ingenuamente a Mutsumi ao verem os humanóides cochicharem entre si enquanto se aproximam.
- Ataquem as humanas! Não deixem ninguém viva! - Grita o líder dos orcs.
- Ara,ara... Não era bem isto que esperava... - Conclui a ingênua jovem de Okinawa.
Com um rugido bestial, os orcs rompem a formação e investem contra as meninas e a pequena tartaruga Tama.
Mesmo com sua enorme habilidade com a espada, Motoko não iria conseguir dar conta de todos eles ao mesmo tempo.
O líder dos humanóides decidiu atacar a jovem samurai, brandindo contra ela com seu poderoso machado duplo.
A jovem de Kyoto somente tem tempo para erguer sua Shisui bloqueando o ataque.
Frustrado, o orc chieftain faz um giro de corpo e tenta acertar o flanco direito da guerreira, mas a samurai evita o golpe, seguindo-se uma sucessão de violentos choques entre ambas as armas.
O segundo monstro investe contra Otohime, acreditando ser um alvo fácil, por estar desarmada.
Sem se deixar levar pelo pânico, Mutsumi assume uma posição de defesa meio desengonçada, inspirada num filme chinês que ela vira na TV, mas acaba por tropeçar num pedregulho, caindo de lado.
O orc atacante já havia saltado e não consegue impedir de cair de boca no chão aonde supunha estar a jovem desajeitada.
Frustrado e furioso, ele se levanta, tendo perdido parte de seu orgulho e um dente durante a queda e se prepara para investir novamente.
O terceiro orc tenta comer literalmente Tama-chan, abrindo a bocarra diante dela, só que surpreendentemente a tartaruga não somente consegue evitar a mordida como também dá um tapa com sua pata jogando o monstro longe.
Antes que ele se recuperasse da queda, Tama voa na sua velocidade máxima e dá uma cabeçada na barriga do monstro, fazendo-o vomitar os restos do seu jantar.
Kitsune tenta se esquivar, mas em breve se vê cercada pelos dois orcs restantes, que olham maliciosamente sobre sua figura pouco vestida.
O primeiro dos orcs tenta atacá-la com seu machado de batalha e ela instintivamente rodopia o seu lindo corpo para a esquerda, ao mesmo tempo em que usando seu estranho véu como chicote golpeia o rosto do ser brutal, arrancando dele um grunhido de dor.
Ela mesma fica impressionada com a agilidade incomum que ganhara e com a potência do véu enquanto arma.
Desde a época do colégio, Kitsune não treinava educação física, tendo perdido sua forma gradativamente entre tardes regadas a cerveja e salgadinhos diante da tela de TV, geralmente assistindo corridas de cavalos e shows.
Só que não há tempo para comemorações.
Embora o primeiro monstro tenha sido posto fora de combate, o segundo orc toma certa distância e arremessa sua machadinha contra Kitsune que grita de pavor.
Porém o machado nunca irá atingi-la. Ao ver sua amiga em perigo, em uma fração de segundo, Motoko gira seu corpo para se desviar do ataque do líder dos orcs e em seguida, no mesmo movimento, executa o Zan-Kuu-Sen à distância.
Sua técnica faz com que o machado arremessado contra Kitsune se desintegre no ar e a onda de choque resultante esmague o autor do ataque num paredão de pedra, próximo à estrada.
Tentando aproveitar o breve instante de distração de sua adversária, o orc chieftain salta sobre a aparentemente desprotegida Motoko, só que esta já tinha previsto seu movimento e com um movimento súbito de sua lâmina, corta o machado duplo de seu oponente, acertando-o na altura do capacete.
O golpe termina por cortar um dos chifres do rude elmo de metal que o líder dos orcs usava.
Furioso por ser humilhado por uma humana frágil, o monstro se enfurece e faz um ataque em carga contra Motoko, tentando atingi-la com seus poderosos punhos. Mas tal investida é inútil.
Motoko simplesmente se esquiva e estende o seu pé, fazendo o monstruoso adversário tropeçar e cair no chão. E em seguida encerra o combate nocauteando-o com o cabo de sua katana em seu crânio.
- Rápido, Kitsune, vamos salvar a Mutsumi! Grita Motoko para uma aliviada e apavorada Kitsune.
Ao mesmo tempo em que Motoko dirige seu apelo à sua colega, ouve-se um estrondo demolidor.
Uma bola de energia azulada explode, carregando o último orc para cima. Durante seu último ataque, o machado do orc remanescente havia rasgado de leve a túnica de Mutsumi.
Esta fez instintivamente um gesto para tentar cobrir seus peitos à mostra, só que acabou liberando uma magia chamada "Energy Blast" que pôs fora de combate seu adversário.
Esta magia era a mais simples de todas e a mais fraca do repertório dos magos, porém era mais do que suficiente para derrotar um monstro ou guerreiro de baixo nível que fosse apanhado de surpresa
- Hihihi, como eu fiz isto? - Sorri a jovem garota sem entender direito o que aconteceu.
- Interessante, acho que ganhamos algumas habilidades quando entramos neste mundo... Decerto deve ser coisa da Kaolla. - Comenta Kitsune admirada por ter adquirido uma agilidade que levaria anos para ser adquirida.
- Bem, de minha parte, não senti muita diferença... Mas acho melhor a gente sair deste lugar maldito. Estes monstros não estão mortos, apenas inconscientes e se a gente demorar muito, eles irão acordar. - Responde Motoko embainhando sua espada.
- Ah, dá um tempo, Motoko! Deixe-me testar estes pozinhos! Acho que devem ser mágicos... Kitsune percebera que carregava uma algibeira com vários saquinhos contendo diversos pós de cores diversas dentro e decide experimentá-los.
A garota-raposa assopra um pó cor de rosa no rosto da Mutsumi julgando ser algo inocente.
Um leve perfume - com aroma de flores - preenche o ar. De repente os olhos amendoados de Mutsumi se arregalam. Ela fica com uma expressão de tarada no rosto e sai correndo atrás da Motoko tentando agarrá-la a qualquer custo.
- Ahá, estes pós devem ter propriedades mágicas! Pelo visto, o cor-de-rosa faz com que a pessoa fique imediatamente apaixonada pela primeira que aparecer na frente... - Pondera Kitsune guardando o pozinho restante na algibeira.
- Não tem graça nenhuma, Kitsune! Faça a garota-melancia voltar ao normal, antes que... Grita Motoko tentando inutilmente se desvencilhar dos carinhos e beijos de Otohime, que estava tentando enfiar uma de suas mãos por dentro da túnica da samurai.
- Mew! - Exclama uma atônita Tama-chan com uma gota enorme na cabeça, sem saber o que fazer.
