Capítulo 13:
FOGO E GELO
Enquanto isto, a centenas de quilômetros de onde o pessoal da pensão Hinata estava lutando contra Tarsius, uma figura perdida na vastidão lutava desesperadamente pela sua vida.
Diferentemente do clima semi-arido e seco da Fronteira Leste onde Smallville ficava, fazia muito frio e nevava nas encostas das montanhas Stormwind, que demarcava o limite da civilização e a chamada Fronteira Sul do mundo de Fantasy.
Nesta região inóspita e deserta, somente os mais fortes sobreviviam. Mesmo grupos de aventureiros entre seis a nove pessoas corriam o risco de serem derrotados pelas feras que abundavam na região, bem como grupos de mercenários e caçadores de recompensas rivais.
Perto da margem de um rio semicongelado, uma silhueta feminina vestida de branco tenta recuperar o seu fôlego, depois de uma tentativa desesperada para depistar seus perseguidores. Pelos trajes e o cetro que carregava, tratava-se de uma maga.
Embora ainda iniciante, ela possuía alguns itens mágicos, amuletos e poções, bem como um robe que a protegia do frio extremo da região. Ela deveria estar pelo terceiro para o quarto nível.
A maga branca tratava-se de Mieko, a mesma jovem que se declarou naquela tarde de domingo para Motoko. Ela também estava jogando uma partida do RPG Fantasy e havia progredido bastante desde o início. Só que nem tudo eram flores para ela.
Mieko cometera o erro estratégico de tentar ganhar níveis de experiência rapidamente e escolhera como início de sua partida uma região muito difícil para iniciantes, e mesmo jogadores experientes.
A chamada Fronteira Sul tinha como características ser escassamente habitada e encontrar mesmo uma aldeia era muito difícil.
Os poucos jogadores que se aventuravam por lá tinham a fama de serem pouco amistosos e confrontos para um grupo roubar os equipamentos de terceiros ou mesmo matar outros rivais eram comuns.
No começo havia sido fácil para a frágil estudante do 2o colegial obter equipamentos e armas. Usando suas magias, ela emboscou e aniquilou à traição dois grupos de aventureiros novatos que não tinham usuários de magia no meio.
Com isto, ela ganhou uma vantagem em termos de poções e itens mágicos. Contudo, usar esta tática foi um erro fatal.
Sem um lugar seguro para repousar ou mesmo repor suas energias, Mieko começou a ser caçada por mercenários ou caçadores de recompensa - tanto jogadores on-line, como os controlados pelo computador.
Embora a mecânica deste jogo fosse mais flexível do que o conservador e Dungeons e Dragons, ainda assim, um aventureiro tinha que pensar duas vezes antes de cometer um ato covarde e cruel.
Em cada servidor existia pelo menos um clã especializado em caçar "cheaters" (trapaceiros) e quanto maior fosse o nível do alvo e dos itens que carregava, maior a recompensa oferecida.
Mieko estava exausta, não dormindo há mais de vinte horas - pelo tempo do jogo, não o tempo real - Sua reserva de magias estava no limite e há muito ela tinha tomado o último frasco de poção que recuperava seus pontos de magia.
Para piorar, o clima e as condições de terreno influíam bastante neste sistema de RPG virtual. A neve constante dificultava a visibilidade e os movimentos e o ar rarefeito aumentava a fadiga.
Apenas sua força de vontade e o pensamento fixo em sua amada Motoko Aoyama faziam com que ela continuasse sua caminhada.
Diferentemente do Keitarô e dos outros que estavam perdidos, Mieko podia simplesmente resetar e sair do jogo, só que perderia tudo o que conseguira, não podendo usar mais o seu avatar original, que iria para a lista de mortos. Ela era muito orgulhosa para pensar nesta saída tão inglória.
Um silvo quase imperceptível corta o ar. Apenas o seu instinto de sobrevivência o faz desviar de um projétil de besta que ainda acerta de raspão a sua perna.
Ela foi descoberta e sabia que seus captores estariam a menos de cem metros de distância.
- Motoko-chan, é uma pena que nós não encontramos... Queria ser tão forte como você... Pensa Mieko, tentando ignorar a dor na perna e concentrando-se ao máximo para enfrentar os seus inimigos.
Saindo da escuridão da floresta, três figuras com trajes de inverno e poderosamente armadas aparecem, confiantes de que esta será uma luta fácil. Um deles está armado com uma espada longa encantada e um escudo largo que lhe dá resistência à magia. O segundo perseguidor está armado com uma espada curta e uma adaga e tem um casal de lobos como companhia. E finalmente o terceiro membro do grupo está com uma besta pesada nas mãos, além de estar armado com uma adaga e uma maça leve de infantaria.
- Então você é a franguinha que anda aterrorizando toda Stormwind, não é? Acho que chegou o fim de sua carreira. - Diz o cara armado de espada longa, supostamente o líder do grupo. Ele se chamava Nimrod e era o avatar de um jogador inglês que adorava enfrentar seus semelhantes e não criaturas controladas pelo game. Experiente, em sua ficha constava cerca de quinze "cabeças" abatidas desde que a rede online começou a funcionar.
- Putz! Ainda não acredito como esta japonesinha conseguiu destroçar dois grupos de aventureiros, além de matar um Ranger, dois ladrões e um caçador de recompensas em pouco tempo de jogo... - Diz o senhor dos lobos, andando cautelosamente. Seus animais estão prontos para dar o bote na Mieko, a uma ordem sua. Seu apelido era Graywolf e tinha um recorde de treze "cabeças", afora muitos monstros abatidos.
- Ahahah! Pensando bem, até que ela dá pro gasto! Ei, gatinha, que tal se render e a gente fazer algo para "aquecer" neste frio? Se for boazinha, a gente dá uma maneirada contigo, que tal? - Diz sorrindo maliciosamente o cara da besta, chamado Kain.
Dos três, Kain chamava mais a atenção pelo seu "background" da vida real, um sociopata que vinha de quatro divórcios seguidos e gastava pelo menos um quarto de seu salário para satisfazer suas fantasias sádicas.
Chauvinista, ele tinha em seu currículo oito cabeças, quase todas de jogadoras inexperientes, fazendo todo tipo de horrores virtuais com elas.
Mieko repara que ele não está mirando mais em sua direção, certo de que ela não representa mais uma ameaça.
- Pare com isto, Kain! A gente veio para prender esta perva, não para fazer uma orgia! - Grita Nimrod.
- É isto aí. Depois pode pegar sua parte da recompensa para gastar no melhor bordel de Brightstone! - Comenta Graywolf, o senhor dos lobos.
- Dane-se vocês dois! Eu vou arrombar esta galinha aqui mesmo. Ei vagabunda! Pode ir se deitando no chão e abrindo as pernas, pois você não tem chance ne... Aiiii! Sua piranha!
Enquanto o falastrão do Kain soltava seus instintos inconfessáveis, Mieko aguardou o momento certo para disparar uma Magic Arrow bem no meio das pernas do caçador de recompensas, antes que ele esboçasse qualquer reação.
O impacto da magia foi tamanho que fez Kain largar sua besta.
A julgar pela maneira que Kain colocou desesperadamente suas mãos naquela área sensível do corpo masculino, ele iria ter que desistir de qualquer impulso erótico nos próximos meses.
Furioso, Graywolf ordena aos seus lobos que ataquem Mieko, ao mesmo tempo em que Kain - mancando um bocado - saca a sua adaga para matar a jovem maga.
Infelizmente, esta foi o último ataque mágico à disposição de Mieko. Embora seus pontos de vida estivessem ainda no máximo, ela sabia que era uma luta sem esperanças. Sacando sua adaga, ela pensa amorosamente na Motoko-chan e pretende cair lutando perante os seus agressores.
De súbito, dois silvos rompem o silêncio do ar. Em rápida sucessão, ambos os lobos caem mortos em pleno salto, com flechas cravadas em suas gargantas, para desespero do dono dos mesmos.
O Nimrod olha para os lados, em desespero, tentando ver de onde surgiu o ataque inesperado. Mas não havia ninguém...
Kain pula, tentando rasgar o belo rosto de Mieko, mas esta se esquiva no último momento, ao mesmo tempo em que contra-ataca o caçador de recompensas, cortando pele e veias do seu antebraço.
Kain solta um urro de dor e cai, tingindo a neve de vermelho.
Só que Mieko não tem mais tempo para nada.
Os dois caçadores de recompensa sobreviventes avançam contra ela, num movimento desesperado. Sua adaga seria inútil num combate corpo a corpo deste tipo, pois ambos os oponentes estavam protegidos com armaduras mágicas e ela somente tinha o seu robe, que oferecia proteção mínima contra ataques físicos.
De súbito, o senhor dos lobos arregala os olhos e põe as mãos no pescoço. Uma flecha de ponta serrilhada acabou de perfurar o seu pomo de adão. Ainda correndo como um boneco desarticulado, seu corpo cai de rosto no chão duro coberto de neve.
O líder do dizimado grupo faz um último esforço para matar Mieko. Ele sabe que agora está em desvantagem e precisa reverter a inferioridade numérica antes que ele seja a próxima vítima do inimigo desconhecido.
Mieko desvia-se a tempo do golpe fatal, mas a espada rasga parte da manga do robe e ela sente o braço arder com o golpe de raspão. No instante seguinte, ela se esquiva de lado e atira a sua adaga contra o guerreiro.
Infelizmente, o escudo que ele carrega impede que a lâmina atinja o seu tronco.
Ganhando tempo, Mieko consegue pegar a besta pesada do agora agonizante Kain e carrega a arma, mesmo sabendo que suas chances de sair viva seriam remotas.
- Pare imediatamente ou eu atiro!
- Eheheh... Acha que com esta arma pode me derrotar? Mesmo sem estes dois idiotas eu irei matar você e pegar a sua cabecinha linda como troféu! Eu...
- Se fosse você não diria isto!
- ?
O líder dos mercenários somente tem tempo de se virar e se defender de um disparo de flecha que era destinado ao seu olho direito. Finalmente, ele vê a identidade do franco-atirador que matou seu grupo. Era uma mulher. Alta e fortemente armada.
Além do arco longo que ela carregava e de uma alijava repleta de flechas encantadas, ela possuía uma espada estilo Rapier e um gládio, além de adagas.
Com um grito selvagem, o caçador de recompensas esquece-se de Mieko e investe contra a desconhecida, que larga o arco e saca suas espadas em frações de segundo. Segue-se uma dança mortal de rara beleza.
Por um breve instante a luta está equilibrada. A desconhecida ataca agressivamente usando a rapier e o gládio, mas Nimrod é experiente o bastante para se defender. Aquele escudo parecia impenetrável.
Mieko pensa em atirar um projétil na cabeça do mercenário, só que desiste, já que sua estranha salvadora encontra-se na linha de tiro.
Após vários entrechoques de lâminas, o mercenário percebe em minutos que está na defensiva.
A jovem desconhecida não somente está conseguindo bloquear seus ataques com a Rapier, como também está obrigando-o a recuar.
Suando frio, ele faz um contra-ataque arriscado, crendo que momentaneamente sua adversária abriu a guarda...
Só que este é o seu derradeiro erro. Abaixando-se no último instante, a jovem lutadora não somente bloqueia o último ataque com a Rapier, como também aproveita para enfiar mais de 40 centímetros de puro aço na barriga de Nimrod. Sua cota de malha se rompe com o corte afiadíssimo do gládio.
O mercenário grita de dor e deixa derrubar o seu escudo, tentando colocar instintivamente a mão na ferida. Esta é a deixa para a desconhecida encerrar o combate, cortando-lhe o pescoço com um movimento preciso.
O corpanzil do mercenário cai num baque seco no chão coberto pela neve. A salvadora de Mieko encerra o combate cortando definitivamente a cabeça de Nimrod e em seguida limpa suas lâminas cobertas de sangue com um pano.
Mieko certifica-se dos danos sofridos em combate. Ela tivera muita sorte. Apenas o ferimento de raspão causado pela besta de Kain e o arranhão da adaga durante o combate corpo a corpo.
Contudo, era evidente de que se não fosse a intervenção inesperada de sua desconhecida salvadora, ela teria se transformado em mais uma estatística de jogadores mortos em ação do Game Fantasy.
Ela corre para abraçar sua aliada, esquecendo-se momentaneamente dos horrores da luta. Ao se aproximar, percebe que a guerreira que o salvara era alta, forte e tinha um rosto lindo, se não fosse seu olhar sombrio.
- Eu lhe devo a minha vida, amiga. Eu me chamo Mieko e teria sido morta por estes bastardos se não fosse...
- Deixe os agradecimentos para depois. Ainda existem caçadores nesta área. Ajude-me a pegar as poções, armas e itens mágicos destes três e vamos partir.
Meio contrariada pela atitude ríspida e rude da desconhecida, Mieko obedece. De Nimrod, ela retira duas poções de cura e uma de velocidade. Por sorte ele não tivera a chance de usá-las. O cinturão mágico que aumenta os pontos de vida poderia ser de alguma utilidade, bem como a espada. O escudo encantado foi deixado de lado, por não servir a nenhuma das duas sobreviventes.
Do cadáver de Graywolf, foram encontradas duas poções de cura, uma que combatia os efeitos da fadiga e várias flechas encantadas em sua alijava. Infelizmente, suas armas eram comuns e não valeria a pena carregá-las.
Ao se aproximarem do corpo de Kain, as duas aventureiras têm um choque: Ele estava ainda vivo, embora agonizante. O golpe que levara de Mieko rompera várias veias de seu antebraço e ele tinha perdido muito sangue. Apenas uma poção de cura iria retardar sua agonia.
- Me ajudem... E-eu... - Balbuciava o depravado aventureiro, perdido em dores terríveis.
A desconhecida aventureira preparava-se para dar o golpe de misericórdia - Kain não carregava nada de útil no momento, só que Mieko a impediu:
- Não. Deixe-o sangrar até morrer. Este desgraçado tentou me humilhar. Ele é um sujeito que odeia mulheres e deve pagar caro por isto.
- Já que é assim... - A guerreira anônima abaixa a sua arma e cospe no rosto de Kain em desprezo. Em silêncio ambas se afastam dele.
- Não!... Por favor... Voltem! Não... quero... morrer... - Implorava ele, se arrastando como um verme.
A última visão que Kain teve antes de morrer foi a de ver duas figuras femininas saindo da clareira onde estavam e cruzando o rio congelado, penetrando floresta adentro. O seu "eu real" quando saísse do mundo de Fantasy teria uma bela dor de cabeça no dia seguinte e pensaria duas vezes antes de atacar mulheres solitárias.
A dupla feminina caminhou durante várias horas até chegarem numa caverna situada nas montanhas. Mieko somente conseguiu suportar a penosa caminhada devido à poção que combatia a fadiga. Sua salvadora não apresentava o mínimo sinal de cansaço, pelo menos aparentemente.
Ao entrar na caverna, Mieko notou que o interior dela estava relativamente limpo. A desconhecida acendeu uma tocha, revelando que o local havia sido transformado num esconderijo. Além de uma esteira e um saco de dormir, haviam um pequeno baú, vários sacos, um pequeno caldeirão e um lugar para se acender o fogo.
- Agora que estamos a salvo, posso ao menos saber o seu nome?
- Silverstar. Alicia Silverstar, sou uma Fighter. - Disse a desconhecida enquanto retirava o capuz, revelando seus cabelos loiros encaracolados.
- Por que me salvou?
- Não podia deixar você morrer nas mãos daqueles mercenários... E depois... - Alicia lança um olhar provocante como que estivesse estudando as feições e o corpo de Mieko.
- ?
- Acho que uma maga seria de muita ajuda nestas montanhas. Com minhas habilidades somadas às suas, poderemos invadir a câmara dos Anões de Stonehall e possuirmos mais ouro e jóias do que podemos carregar...
- Não entendi direito...
- Pelo visto você deve ser nova no jogo, não? Existe um boato de que há trinta quilômetros daqui existe uma antiga câmara construída pelos anões que habitam Stormwind, repleta de tesouros e artefatos antigos. Também achava que isto era um boato até roubar um mapa de um explorador que assassinei dias atrás.
- Mas estas montanhas devem ser muito perigosas... E ainda, como podemos derrotar todos os guardas e as armadilhas?...
- Eu tenho um plano... Espere e verá... Só preciso de sua colaboração, pois um mago é fundamental para o sucesso.
- Bem... Estou em débito com você. Devo a minha vida... Tudo bem, eu aceito o risco, Alicia.
Em seguida, Alicia trata dos ferimentos de Mieko, com um kit de primeiros socorros. Devido à escassez de poções de cura, elas não poderiam dar ao luxo de desperdiçar o precioso líquido.
O posto comercial mais próximo ficava a 40 km de distância e cobrava um absurdo por itens mágicos para aventureiros, sendo de duas a três vezes a mais do que o valor de mercado.
A seguir, Alicia acende um fogo e faz uma refeição improvisada, à base de carne defumada, uma sopa rala com raízes, pão duro e rações desidratadas. Tudo isto acompanhado de uma garrafa de vinho.
Mieko não reprime uma careta, acostumada que estava a jantar nos melhores restaurantes de Tóquio, mas sobrevivência era sobrevivência. Com tanta fome, ela agüentaria comer até um cavalo se preciso fosse.
Terminada a refeição, Alicia troca seu traje de batalha por uma roupa de inverno e cede um casaco para Mieko.
Durante este momento, Mieko percebe que a armadura de Alicia ocultava suas formas generosas. Ela deveria ter a mesma altura de sua Motoko-chan e quase as mesmas medidas de cintura e quadris, embora os seios fossem maiores e mais cheios. Alicia deveria ter por volta de uns vinte e dois a vinte e quatro anos de idade e poderia passar muito bem por garota da Playboy se quisesse.
Alicia repara no tímido olhar da Mieko e num relance começa a entender as preferências de sua parceira. Tudo bem, ela também gostava de meninas.
De súbito, a jovem oriental sente seu corpo esquentar-se rapidamente... Seria efeito do calor da fogueira ou do vinho que tomara? - este bem mais forte e encorpado do que a champagne que estava acostumada a beber em festas e recepções.
Alicia estende-lhe uma garrafinha e dá lhe de beber a ela, tocando sutilmente nas mãos da jovem de óculos. Mieko quase espirra o conteúdo, de tão forte que era. Mas depois se acostuma e começa a ingerir o líquido, em pequenos goles.
Passados alguns segundos, ela sente-se estranhamente bem, embora a sua face ardesse como se estivesse pegando fogo.
Mieko solta a faixa que prendia os seus cabelos e por instantes, ela esquece dos problemas que a atormentavam agora há pouco.
E ela não se opõe quando Alicia se aproxima dela e a beija de forma apaixonada, ao mesmo tempo em que uma de suas mãos começa a se infiltrar por dentro de seu robe, acariciando o seu corpo...
No meio do início da noite daquela vastidão gelada, dentro de uma caverna esculpida em rude rocha, fogo e gelo se misturavam - num ritual de amor e paixão, ternura e luxúria, angústia e certeza, dor e prazer.
Escrito por: Calerom
myamauchi1969@yahoo.com.br
FOGO E GELO
Enquanto isto, a centenas de quilômetros de onde o pessoal da pensão Hinata estava lutando contra Tarsius, uma figura perdida na vastidão lutava desesperadamente pela sua vida.
Diferentemente do clima semi-arido e seco da Fronteira Leste onde Smallville ficava, fazia muito frio e nevava nas encostas das montanhas Stormwind, que demarcava o limite da civilização e a chamada Fronteira Sul do mundo de Fantasy.
Nesta região inóspita e deserta, somente os mais fortes sobreviviam. Mesmo grupos de aventureiros entre seis a nove pessoas corriam o risco de serem derrotados pelas feras que abundavam na região, bem como grupos de mercenários e caçadores de recompensas rivais.
Perto da margem de um rio semicongelado, uma silhueta feminina vestida de branco tenta recuperar o seu fôlego, depois de uma tentativa desesperada para depistar seus perseguidores. Pelos trajes e o cetro que carregava, tratava-se de uma maga.
Embora ainda iniciante, ela possuía alguns itens mágicos, amuletos e poções, bem como um robe que a protegia do frio extremo da região. Ela deveria estar pelo terceiro para o quarto nível.
A maga branca tratava-se de Mieko, a mesma jovem que se declarou naquela tarde de domingo para Motoko. Ela também estava jogando uma partida do RPG Fantasy e havia progredido bastante desde o início. Só que nem tudo eram flores para ela.
Mieko cometera o erro estratégico de tentar ganhar níveis de experiência rapidamente e escolhera como início de sua partida uma região muito difícil para iniciantes, e mesmo jogadores experientes.
A chamada Fronteira Sul tinha como características ser escassamente habitada e encontrar mesmo uma aldeia era muito difícil.
Os poucos jogadores que se aventuravam por lá tinham a fama de serem pouco amistosos e confrontos para um grupo roubar os equipamentos de terceiros ou mesmo matar outros rivais eram comuns.
No começo havia sido fácil para a frágil estudante do 2o colegial obter equipamentos e armas. Usando suas magias, ela emboscou e aniquilou à traição dois grupos de aventureiros novatos que não tinham usuários de magia no meio.
Com isto, ela ganhou uma vantagem em termos de poções e itens mágicos. Contudo, usar esta tática foi um erro fatal.
Sem um lugar seguro para repousar ou mesmo repor suas energias, Mieko começou a ser caçada por mercenários ou caçadores de recompensa - tanto jogadores on-line, como os controlados pelo computador.
Embora a mecânica deste jogo fosse mais flexível do que o conservador e Dungeons e Dragons, ainda assim, um aventureiro tinha que pensar duas vezes antes de cometer um ato covarde e cruel.
Em cada servidor existia pelo menos um clã especializado em caçar "cheaters" (trapaceiros) e quanto maior fosse o nível do alvo e dos itens que carregava, maior a recompensa oferecida.
Mieko estava exausta, não dormindo há mais de vinte horas - pelo tempo do jogo, não o tempo real - Sua reserva de magias estava no limite e há muito ela tinha tomado o último frasco de poção que recuperava seus pontos de magia.
Para piorar, o clima e as condições de terreno influíam bastante neste sistema de RPG virtual. A neve constante dificultava a visibilidade e os movimentos e o ar rarefeito aumentava a fadiga.
Apenas sua força de vontade e o pensamento fixo em sua amada Motoko Aoyama faziam com que ela continuasse sua caminhada.
Diferentemente do Keitarô e dos outros que estavam perdidos, Mieko podia simplesmente resetar e sair do jogo, só que perderia tudo o que conseguira, não podendo usar mais o seu avatar original, que iria para a lista de mortos. Ela era muito orgulhosa para pensar nesta saída tão inglória.
Um silvo quase imperceptível corta o ar. Apenas o seu instinto de sobrevivência o faz desviar de um projétil de besta que ainda acerta de raspão a sua perna.
Ela foi descoberta e sabia que seus captores estariam a menos de cem metros de distância.
- Motoko-chan, é uma pena que nós não encontramos... Queria ser tão forte como você... Pensa Mieko, tentando ignorar a dor na perna e concentrando-se ao máximo para enfrentar os seus inimigos.
Saindo da escuridão da floresta, três figuras com trajes de inverno e poderosamente armadas aparecem, confiantes de que esta será uma luta fácil. Um deles está armado com uma espada longa encantada e um escudo largo que lhe dá resistência à magia. O segundo perseguidor está armado com uma espada curta e uma adaga e tem um casal de lobos como companhia. E finalmente o terceiro membro do grupo está com uma besta pesada nas mãos, além de estar armado com uma adaga e uma maça leve de infantaria.
- Então você é a franguinha que anda aterrorizando toda Stormwind, não é? Acho que chegou o fim de sua carreira. - Diz o cara armado de espada longa, supostamente o líder do grupo. Ele se chamava Nimrod e era o avatar de um jogador inglês que adorava enfrentar seus semelhantes e não criaturas controladas pelo game. Experiente, em sua ficha constava cerca de quinze "cabeças" abatidas desde que a rede online começou a funcionar.
- Putz! Ainda não acredito como esta japonesinha conseguiu destroçar dois grupos de aventureiros, além de matar um Ranger, dois ladrões e um caçador de recompensas em pouco tempo de jogo... - Diz o senhor dos lobos, andando cautelosamente. Seus animais estão prontos para dar o bote na Mieko, a uma ordem sua. Seu apelido era Graywolf e tinha um recorde de treze "cabeças", afora muitos monstros abatidos.
- Ahahah! Pensando bem, até que ela dá pro gasto! Ei, gatinha, que tal se render e a gente fazer algo para "aquecer" neste frio? Se for boazinha, a gente dá uma maneirada contigo, que tal? - Diz sorrindo maliciosamente o cara da besta, chamado Kain.
Dos três, Kain chamava mais a atenção pelo seu "background" da vida real, um sociopata que vinha de quatro divórcios seguidos e gastava pelo menos um quarto de seu salário para satisfazer suas fantasias sádicas.
Chauvinista, ele tinha em seu currículo oito cabeças, quase todas de jogadoras inexperientes, fazendo todo tipo de horrores virtuais com elas.
Mieko repara que ele não está mirando mais em sua direção, certo de que ela não representa mais uma ameaça.
- Pare com isto, Kain! A gente veio para prender esta perva, não para fazer uma orgia! - Grita Nimrod.
- É isto aí. Depois pode pegar sua parte da recompensa para gastar no melhor bordel de Brightstone! - Comenta Graywolf, o senhor dos lobos.
- Dane-se vocês dois! Eu vou arrombar esta galinha aqui mesmo. Ei vagabunda! Pode ir se deitando no chão e abrindo as pernas, pois você não tem chance ne... Aiiii! Sua piranha!
Enquanto o falastrão do Kain soltava seus instintos inconfessáveis, Mieko aguardou o momento certo para disparar uma Magic Arrow bem no meio das pernas do caçador de recompensas, antes que ele esboçasse qualquer reação.
O impacto da magia foi tamanho que fez Kain largar sua besta.
A julgar pela maneira que Kain colocou desesperadamente suas mãos naquela área sensível do corpo masculino, ele iria ter que desistir de qualquer impulso erótico nos próximos meses.
Furioso, Graywolf ordena aos seus lobos que ataquem Mieko, ao mesmo tempo em que Kain - mancando um bocado - saca a sua adaga para matar a jovem maga.
Infelizmente, esta foi o último ataque mágico à disposição de Mieko. Embora seus pontos de vida estivessem ainda no máximo, ela sabia que era uma luta sem esperanças. Sacando sua adaga, ela pensa amorosamente na Motoko-chan e pretende cair lutando perante os seus agressores.
De súbito, dois silvos rompem o silêncio do ar. Em rápida sucessão, ambos os lobos caem mortos em pleno salto, com flechas cravadas em suas gargantas, para desespero do dono dos mesmos.
O Nimrod olha para os lados, em desespero, tentando ver de onde surgiu o ataque inesperado. Mas não havia ninguém...
Kain pula, tentando rasgar o belo rosto de Mieko, mas esta se esquiva no último momento, ao mesmo tempo em que contra-ataca o caçador de recompensas, cortando pele e veias do seu antebraço.
Kain solta um urro de dor e cai, tingindo a neve de vermelho.
Só que Mieko não tem mais tempo para nada.
Os dois caçadores de recompensa sobreviventes avançam contra ela, num movimento desesperado. Sua adaga seria inútil num combate corpo a corpo deste tipo, pois ambos os oponentes estavam protegidos com armaduras mágicas e ela somente tinha o seu robe, que oferecia proteção mínima contra ataques físicos.
De súbito, o senhor dos lobos arregala os olhos e põe as mãos no pescoço. Uma flecha de ponta serrilhada acabou de perfurar o seu pomo de adão. Ainda correndo como um boneco desarticulado, seu corpo cai de rosto no chão duro coberto de neve.
O líder do dizimado grupo faz um último esforço para matar Mieko. Ele sabe que agora está em desvantagem e precisa reverter a inferioridade numérica antes que ele seja a próxima vítima do inimigo desconhecido.
Mieko desvia-se a tempo do golpe fatal, mas a espada rasga parte da manga do robe e ela sente o braço arder com o golpe de raspão. No instante seguinte, ela se esquiva de lado e atira a sua adaga contra o guerreiro.
Infelizmente, o escudo que ele carrega impede que a lâmina atinja o seu tronco.
Ganhando tempo, Mieko consegue pegar a besta pesada do agora agonizante Kain e carrega a arma, mesmo sabendo que suas chances de sair viva seriam remotas.
- Pare imediatamente ou eu atiro!
- Eheheh... Acha que com esta arma pode me derrotar? Mesmo sem estes dois idiotas eu irei matar você e pegar a sua cabecinha linda como troféu! Eu...
- Se fosse você não diria isto!
- ?
O líder dos mercenários somente tem tempo de se virar e se defender de um disparo de flecha que era destinado ao seu olho direito. Finalmente, ele vê a identidade do franco-atirador que matou seu grupo. Era uma mulher. Alta e fortemente armada.
Além do arco longo que ela carregava e de uma alijava repleta de flechas encantadas, ela possuía uma espada estilo Rapier e um gládio, além de adagas.
Com um grito selvagem, o caçador de recompensas esquece-se de Mieko e investe contra a desconhecida, que larga o arco e saca suas espadas em frações de segundo. Segue-se uma dança mortal de rara beleza.
Por um breve instante a luta está equilibrada. A desconhecida ataca agressivamente usando a rapier e o gládio, mas Nimrod é experiente o bastante para se defender. Aquele escudo parecia impenetrável.
Mieko pensa em atirar um projétil na cabeça do mercenário, só que desiste, já que sua estranha salvadora encontra-se na linha de tiro.
Após vários entrechoques de lâminas, o mercenário percebe em minutos que está na defensiva.
A jovem desconhecida não somente está conseguindo bloquear seus ataques com a Rapier, como também está obrigando-o a recuar.
Suando frio, ele faz um contra-ataque arriscado, crendo que momentaneamente sua adversária abriu a guarda...
Só que este é o seu derradeiro erro. Abaixando-se no último instante, a jovem lutadora não somente bloqueia o último ataque com a Rapier, como também aproveita para enfiar mais de 40 centímetros de puro aço na barriga de Nimrod. Sua cota de malha se rompe com o corte afiadíssimo do gládio.
O mercenário grita de dor e deixa derrubar o seu escudo, tentando colocar instintivamente a mão na ferida. Esta é a deixa para a desconhecida encerrar o combate, cortando-lhe o pescoço com um movimento preciso.
O corpanzil do mercenário cai num baque seco no chão coberto pela neve. A salvadora de Mieko encerra o combate cortando definitivamente a cabeça de Nimrod e em seguida limpa suas lâminas cobertas de sangue com um pano.
Mieko certifica-se dos danos sofridos em combate. Ela tivera muita sorte. Apenas o ferimento de raspão causado pela besta de Kain e o arranhão da adaga durante o combate corpo a corpo.
Contudo, era evidente de que se não fosse a intervenção inesperada de sua desconhecida salvadora, ela teria se transformado em mais uma estatística de jogadores mortos em ação do Game Fantasy.
Ela corre para abraçar sua aliada, esquecendo-se momentaneamente dos horrores da luta. Ao se aproximar, percebe que a guerreira que o salvara era alta, forte e tinha um rosto lindo, se não fosse seu olhar sombrio.
- Eu lhe devo a minha vida, amiga. Eu me chamo Mieko e teria sido morta por estes bastardos se não fosse...
- Deixe os agradecimentos para depois. Ainda existem caçadores nesta área. Ajude-me a pegar as poções, armas e itens mágicos destes três e vamos partir.
Meio contrariada pela atitude ríspida e rude da desconhecida, Mieko obedece. De Nimrod, ela retira duas poções de cura e uma de velocidade. Por sorte ele não tivera a chance de usá-las. O cinturão mágico que aumenta os pontos de vida poderia ser de alguma utilidade, bem como a espada. O escudo encantado foi deixado de lado, por não servir a nenhuma das duas sobreviventes.
Do cadáver de Graywolf, foram encontradas duas poções de cura, uma que combatia os efeitos da fadiga e várias flechas encantadas em sua alijava. Infelizmente, suas armas eram comuns e não valeria a pena carregá-las.
Ao se aproximarem do corpo de Kain, as duas aventureiras têm um choque: Ele estava ainda vivo, embora agonizante. O golpe que levara de Mieko rompera várias veias de seu antebraço e ele tinha perdido muito sangue. Apenas uma poção de cura iria retardar sua agonia.
- Me ajudem... E-eu... - Balbuciava o depravado aventureiro, perdido em dores terríveis.
A desconhecida aventureira preparava-se para dar o golpe de misericórdia - Kain não carregava nada de útil no momento, só que Mieko a impediu:
- Não. Deixe-o sangrar até morrer. Este desgraçado tentou me humilhar. Ele é um sujeito que odeia mulheres e deve pagar caro por isto.
- Já que é assim... - A guerreira anônima abaixa a sua arma e cospe no rosto de Kain em desprezo. Em silêncio ambas se afastam dele.
- Não!... Por favor... Voltem! Não... quero... morrer... - Implorava ele, se arrastando como um verme.
A última visão que Kain teve antes de morrer foi a de ver duas figuras femininas saindo da clareira onde estavam e cruzando o rio congelado, penetrando floresta adentro. O seu "eu real" quando saísse do mundo de Fantasy teria uma bela dor de cabeça no dia seguinte e pensaria duas vezes antes de atacar mulheres solitárias.
A dupla feminina caminhou durante várias horas até chegarem numa caverna situada nas montanhas. Mieko somente conseguiu suportar a penosa caminhada devido à poção que combatia a fadiga. Sua salvadora não apresentava o mínimo sinal de cansaço, pelo menos aparentemente.
Ao entrar na caverna, Mieko notou que o interior dela estava relativamente limpo. A desconhecida acendeu uma tocha, revelando que o local havia sido transformado num esconderijo. Além de uma esteira e um saco de dormir, haviam um pequeno baú, vários sacos, um pequeno caldeirão e um lugar para se acender o fogo.
- Agora que estamos a salvo, posso ao menos saber o seu nome?
- Silverstar. Alicia Silverstar, sou uma Fighter. - Disse a desconhecida enquanto retirava o capuz, revelando seus cabelos loiros encaracolados.
- Por que me salvou?
- Não podia deixar você morrer nas mãos daqueles mercenários... E depois... - Alicia lança um olhar provocante como que estivesse estudando as feições e o corpo de Mieko.
- ?
- Acho que uma maga seria de muita ajuda nestas montanhas. Com minhas habilidades somadas às suas, poderemos invadir a câmara dos Anões de Stonehall e possuirmos mais ouro e jóias do que podemos carregar...
- Não entendi direito...
- Pelo visto você deve ser nova no jogo, não? Existe um boato de que há trinta quilômetros daqui existe uma antiga câmara construída pelos anões que habitam Stormwind, repleta de tesouros e artefatos antigos. Também achava que isto era um boato até roubar um mapa de um explorador que assassinei dias atrás.
- Mas estas montanhas devem ser muito perigosas... E ainda, como podemos derrotar todos os guardas e as armadilhas?...
- Eu tenho um plano... Espere e verá... Só preciso de sua colaboração, pois um mago é fundamental para o sucesso.
- Bem... Estou em débito com você. Devo a minha vida... Tudo bem, eu aceito o risco, Alicia.
Em seguida, Alicia trata dos ferimentos de Mieko, com um kit de primeiros socorros. Devido à escassez de poções de cura, elas não poderiam dar ao luxo de desperdiçar o precioso líquido.
O posto comercial mais próximo ficava a 40 km de distância e cobrava um absurdo por itens mágicos para aventureiros, sendo de duas a três vezes a mais do que o valor de mercado.
A seguir, Alicia acende um fogo e faz uma refeição improvisada, à base de carne defumada, uma sopa rala com raízes, pão duro e rações desidratadas. Tudo isto acompanhado de uma garrafa de vinho.
Mieko não reprime uma careta, acostumada que estava a jantar nos melhores restaurantes de Tóquio, mas sobrevivência era sobrevivência. Com tanta fome, ela agüentaria comer até um cavalo se preciso fosse.
Terminada a refeição, Alicia troca seu traje de batalha por uma roupa de inverno e cede um casaco para Mieko.
Durante este momento, Mieko percebe que a armadura de Alicia ocultava suas formas generosas. Ela deveria ter a mesma altura de sua Motoko-chan e quase as mesmas medidas de cintura e quadris, embora os seios fossem maiores e mais cheios. Alicia deveria ter por volta de uns vinte e dois a vinte e quatro anos de idade e poderia passar muito bem por garota da Playboy se quisesse.
Alicia repara no tímido olhar da Mieko e num relance começa a entender as preferências de sua parceira. Tudo bem, ela também gostava de meninas.
De súbito, a jovem oriental sente seu corpo esquentar-se rapidamente... Seria efeito do calor da fogueira ou do vinho que tomara? - este bem mais forte e encorpado do que a champagne que estava acostumada a beber em festas e recepções.
Alicia estende-lhe uma garrafinha e dá lhe de beber a ela, tocando sutilmente nas mãos da jovem de óculos. Mieko quase espirra o conteúdo, de tão forte que era. Mas depois se acostuma e começa a ingerir o líquido, em pequenos goles.
Passados alguns segundos, ela sente-se estranhamente bem, embora a sua face ardesse como se estivesse pegando fogo.
Mieko solta a faixa que prendia os seus cabelos e por instantes, ela esquece dos problemas que a atormentavam agora há pouco.
E ela não se opõe quando Alicia se aproxima dela e a beija de forma apaixonada, ao mesmo tempo em que uma de suas mãos começa a se infiltrar por dentro de seu robe, acariciando o seu corpo...
No meio do início da noite daquela vastidão gelada, dentro de uma caverna esculpida em rude rocha, fogo e gelo se misturavam - num ritual de amor e paixão, ternura e luxúria, angústia e certeza, dor e prazer.
Escrito por: Calerom
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