CAPÍTULO 16:

UMA NOITE ALUCINANTE.

Keitarô teria que se preocupar não com a evolução dos seus sentimentos com relação à Narusegawa ou das outras meninas da pensão Hinata naquela noite, mas sim com um problema mais imediato.

Um problema de 22 anos, com cabelos loiros, sorriso encantador, corpo sensual e um olhar entre inocente e misterioso.

Nesta noite ele teria que repartir o quarto com aquela misteriosa garota loira de cabelos curtos chamada Yuri.

Embora parte dele sentisse atraída pela beleza inata e pela personalidade forte da aventureira misteriosa, um pedaço de sua alma sentia receio - até medo - da forma como Yuri se relacionava com os homens em geral e com ele em particular.

Sua única esperança era a de que Narusegawa ou qualquer uma das garotas não fosse no seu quarto naquela noite e no começo da manhã seguinte. E que a misteriosa aventureira fosse embora, para sempre.

Só que por outro lado, seu coração sentia-se apertado ao imaginar a possibilidade de nunca mais ver ou falar com a misteriosa garota. Ela o tinha tratado muito bem e até feito um elogio indireto, apesar de seu estilo desinibido o intimidar, às vezes.

Com este pensamento, ele se dirigiu para o seu quarto.

- Puxa, pensei que você não fosse sair da Casa da Guarda... Estava ficando preocupada com você. Se demorasse mais, iria dar um jeito de invadir aquele quartel e libertar vocês.

-

Yuri estava vestida apenas com um roupão de banho - sem nada por dentro - e estava terminando de pentear seus cabelos.

- B-bem... Tivemos alguns problemas, mas está tudo resolvido... Como você soube? - Pergunta Keitarô morrendo de medo ao ver o perfil dos seios proeminentes da loira, se destacando no blusão.

- Fácil. Quando vi o chato do Eldrick e seus guardas abordando vocês, imaginei que não seria para conversar amenidades. E depois acompanhei do lado de fora, a manifestação do povo pedindo a liberdade de você e de seu grupo.

- A-ainda bem que no f-final deu tudo c-certo... - Keitarô fica com o rosto corado ao ver as coxas bem delineadas da moça.

- Ué, meu rapaz? Está um pouco nervoso? - Yuri percebera o embaraço evidente de Keitarô olhando suas pernas e parecia se divertir com a cara dele.

- N-Não, não é isto... Yuri, eu posso fazer uma pergunta?

- Claro que pode.

- De onde você vem e o que veio fazer em Smallville?

- Engraçado, eu iria fazer esta mesma pergunta a você, Keitarô. Eu te responderei se você prometer que responderá a minha pergunta.

- T-tudo bem...

- De acordo. Como você percebeu antes, sou americana e moro em L.A... - Sorri a loira mostrando seus dentes alvos e perfeitos.

- L.A.? Não conheço...

- Los Angeles, meu amigo.

- Ahh... Certo. Continue. - Keitarô se envergonha da sua pergunta e abaixa a cabeça.

- Apesar de ter nascido numa família de posses, gosto muito de aventura e de novidades, tanto na vida real como na virtual...

- Aventuras? - Keitarô fica curioso.

- E estou aqui em busca de excitação e perigo. Amanhã vou ter que conversar com um empregador e dependendo do rumo da conversa, verei se consigo aqui um serviço ou não.

- Que tipo de serviço é este?

- Hmmm... Como direi? Algo no ramo de "como conseguir informações dos outros sem fazer muito barulho". Serviços de mercenária, guarda-costas ou coisas do gênero são muito triviais para meu gosto. - Sorri a jovem loira, olhando nos olhos de seu interlocutor.

- V-você é uma agente secreta, espiã, ou algo do tipo?

- Se eu te responder que sim, estaria negando o que sou. E se responder que não, passaria por mentirosa. Em todo o caso, já falei. Agora é sua vez, meu querido.

Keitarô limpa a garganta e após uma breve pausa, começa a falar:

- B-bem, como disse, meu nome é Keitarô e sou estudante da Universidade de Tóquio... Moro atualmente no distrito de Hinata, na região metropolitana de Tóquio, na hospedaria de minha avó, do qual sou gerente...

- Hospedaria? Vocês recebem todo tipo de gente ou este lugar é reservado para apenas um dos sexos? - Entusiasma-se a loira.

- Bem... Na verdade... A Hospedaria Hinata atualmente é um dormitório feminino... - Neste momento o rosto de Keitarô estava ardendo de vergonha.

- Você é um rapaz de sorte! Um homem no meio de tantas garotas!... - Ri a loira imaginando se o seu parceiro de quarto não teria tentado seduzir as hóspedes...

- Não, não é isto que você está pensando, Yuri! - A Face de Keitarô fica ardendo de vergonha.

- Eheheh. Fica frio, querido. Não disse nada demais, apenas que você é um cara de sorte...

- Bem, para quem antes nunca namorou na vida... Pode até ser... - Conclui o jovem Urashima com um suspiro de decepção ao lembrar dos vários anos em que ficou sem uma namorada sequer.

Yuri faz uma expressão séria e pensativa e olhando no fundo dos olhos de Keitarô, pergunta em um tom de voz quase sussurrante:



- Você disse que estuda na Universidade de Tóquio... É a Toudai?

- É, é isto mesmo.

- Por acaso pretende tornar-se membro do governo, jurista ou economista famoso?

- Não! Não é bem isto... Acabei passando no vestibular, só que fiquei todo o primeiro semestre sem assistir às aulas devido a um acidente na perna.

- Que pena... Sinto pelo seu acidente...

- E-eu tive que trancar a matrícula e estou pensando ver se me transfiro para o curso de Arqueologia...

- Arqueologia? Gosta de procurar artefatos raros, civilizações perdidas e tesouros ocultos?

- Mais ou menos... - Keitarô fica imaginando se estaria passando por tonto ou idiota diante da jovem americana.

- É por este motivo que você veio parar neste mundo? Ouvi dizer que existem itens mágicos poderosos...

- Não, Yuri. Na realidade, viemos parar aqui por acaso... Eu e a Naru acabamos nos perdendo e estamos tentando sair daqui...

- A Naru é aquela garota ruiva de cabelo comprido? É sua namorada?

Ante a pergunta feita pela loira, Keitarô sente o sangue subir no seu rosto, tornando-o semelhante a um pimentão humano.

- Sim! Não! Não!... Na realidade, a Narusegawa e eu somos apenas amigos, eu... - Neste instante ele fica totalmente confuso sem saber direito se esconde ou fala a verdade.

- Ahahah! Conta outra, Keitarô. Só pelo seu olhar dá para perceber que você gosta muito dela!...

- Não, não é isto!... Bem, na realidade, gosto mesmo da Naru. Só que nunca descobri o que ela sente por mim...

Neste momento Keitarô abaixa a cabeça com uma expressão de tristeza e incerteza. Yuri queria fazer mais algumas perguntas a respeito da ruiva, porém percebe o sentimento de seu interlocutor e decide mudar de conversa.

- E quem é a garota sorridente de cabelos negros compridos e que segura uma tartaruguinha?

- Seu nome é Mutsumi Otohime. Ela... tem um ano a mais do que eu. Nós estudamos e fizemos o vestibular junto com a Narusegawa. Ela também é nossa amiga de infância e...

- Desculpe te contrariar, meu caro, mas também acho que esta Mutsumi deve gostar muito de você.

- Mas...

- Se o brilho que eu vi no olhar dela dissesse o quanto gosta de ti, você ficaria cego.

- Será? - Indaga Keitarô evidenciando sua falta de sutileza para certos fatos óbvios, em contraste com sua compreensão para com os sentimentos dos outros.

- E aquela garota de rosto sério e que vive com uma espada na mão?

- Bem... Ela se chama Motoko Aoyama. E é uma das residentes da hospedaria. Cursa o terceiro colegial...

- Ela parece ser bastante orgulhosa e pouco emotiva, só que acho que algo no seu olhar a trai... Ela nunca sentiu algo de especial para você, meu amigo?

Keitarô fica evidentemente embaraçado, pensando nos acontecimentos dos meses anteriores, especialmente a crise pela qual Motoko passou junto com a sua irmã e a posterior e a viagem a Kioto.

Esta tal de Yuri seria uma vidente?

- O que está pensando, Yuri? A Motoko no passado vivia tentando me fatiar por causa de uns mal-entendidos... Ela...

- Ela parece não demonstrar nada, mas é uma garota carente e frágil que tenta compensar sua carência emocional e afetiva no treino com armas, certo?

- Bem... O que você disse parece ser verdade... - Admite relutantemente o jovem.

- A moça de cabelos castanhos curtos e cara de raposa mora também com vocês ou é apenas uma amiga? - Continua Yuri, demonstrando que mesmo casualmente ela era ótima observadora.

- Ah, a Kitsune? Seu nome verdadeiro é Mitsune Konno, mas a gente chama-a de Kitsune. Ela também é moradora da pensão...

- E ela nunca deu em cima de você?

- Como assim? Isto é uma pergunta que se faça? - Tenta protestar Keitarô.

- Ahahah, eu vejo que você tem muito a aprender sobre as mulheres, Keitarô. Só pela cara de sua amiga, digo que se pudesse, ela teria passado a perna na tal da Naru.

- Não diga uma coisa destas! Tenta desconversar Keitarô, só que sem muita convicção.

De fato, nos últimos tempos Kitsune tem se mostrado bem desinibida desde que ele passou na Toudai. Ele se lembra da última vez em que a garota de olhos de raposa tentou seduzi-lo usando o uniforme de ginásio da Naru.

- Todas aquelas garotas que estavam com você são hóspedes do estabelecimento que você dirige?

- Bem... Quase todas. Conheci a Mutsumi numa viagem ao sul do Japão. Depois ela veio para Tóquio tentar o vestibular novamente e acabou arranjando serviço na casa de chá de minha tia Haruka. A Mutsumi mora junto com ela...

- Para quem diz nunca ter namorado na vida, até que você tem sorte estar cercado por tantas garotas lindas, sem falar naquelas lindas mocinhas que vocês estavam amparando... - Sorri Yuri.

- O quê? Como você sabia da Su, Shinobu e Sarah? - Keitarô fica incrédulo. Aquilo já era demais!

- Ué, eu vi vocês carregando elas desacordadas no braço quando cheguei nesta cidade. - Desculpa-se Yuri.

- Yuri, eu posso fazer uma pergunta? - Agora seria a sua vez de apertar a loira com perguntas embaraçosas.

- Com todo o prazer.

- Você tem namorado?

- No momento, não. Mas já namorei bastante, de sério mesmo, foram cinco ou seis... Fora as paqueras que não deram certo ou foram muito curtas.

- Cinco ou seis? Puxa, até que namorou bastante... - Keitarô fica admirado pensando se ela não seria um clone da Kitsune.

- Nem tanto. Muitas de minhas amigas tiveram o dobro de namorados que eu. E olha que comecei namorar um pouco tarde, por volta dos quinze anos.

Keitarô tem vontade de continuar a conversa, só que percebe que em termos de assuntos amorosos, sua "experiência" o põe em séria desvantagem perante a Yuri. Antes que o papo enverede pelos tortuosos assuntos ligados ao sexo, ele decide mudar de tática.

- Yuri, foi bom conversarmos, mas acho que está ficando tarde, e amanhã eu terei que voltar para conversar com o Eldrick, a respeito de uma missão...

- Como quiser, Keitarô, foi um prazer conversar com você. Faz meses que não conhecia alguém tão... Interessante. Bem, agora só temos que resolver um problema prático.

- Que problema?

- Aonde iremos dormir.

- ???

Keitarô olha para o quarto e percebe que não existem camas no aposento, apenas uma espécie de esteira, dois travesseiros jogados num canto e alguns cobertores com alguns remendos.

A esteira de dormir parecia meio estragada e dormir diretamente nela seria um belo convite para muito desconforto e dores musculares na manhã seguinte.

Usando de alguma improvisação, Yuri e Keitarô decidem cobrir a esteira com os cobertores, assegurando um mínimo de condições de conforto.

Após a arrumação, infortunadamente - Para o Keitarô - havia sobrado apenas um cobertor, embora este fosse grande demais para uma pessoa.

- Yuri, eu acho melhor você ficar com o cobertor. Deixe-me que eu me viro esta noite... - Disse o rapaz ao pensar na estranha circunstância que se delineava e na incrível semelhança deste acontecimento com o ocorrido entre ele e a Naru naquela hospedagem na viagem a Osaka, meses atrás.

- Você por acaso tem vocação para faquir ou asceta? Deixa de frescuras, e vamos deitar na esteira. Qual é o problema? - Pergunta Yuri, já praticamente pronta para deitar no colchão improvisado.

- Mas... Mas...

- Mas o quê, Sr. Keitarô?

- Não fica direito um homem e uma mulher dormir juntos no mesmo quarto e no mesmo cobertor! O que os outros vão achar?

- Os outros só vão achar alguma coisa se você sair correndo falando isto. Anda logo, não seja tão tímido assim... - Yuri faz um gesto convidativo.

- Mas, Yuri, eu acho sacanagem demais de minha parte... Eu...

- Sacanagem o quê? De você sentir o que todo homem sente? Olha, Keitarô, se concordei em repartir este quarto por esta noite juntos é porque fui com a sua cara. Do contrário já teria mudado de quarto. Você nunca dormiu com uma garota antes no mesmo quarto?

- Não! S-sim..., Mas nunca rolou nada entre a gente... É que foi um acidente!

- Entendo... Olha, talvez você esteja pensando que seja muito liberal ou até sacana, mas se você está se sentindo assim, vou respeitar sua vontade.

- Yuri... eu...

- Mas peço que não vá dormir em pé ou na cadeira. Vai fazer muito frio nesta madrugada e você pode ficar com dores pelo corpo todo se fizer esta bobagem.

Yuri se aproxima de Keitarô e antes que ele diga algo, faz um ligeiro cafuné na cabeça. Depois sorri para ele com um tom de graça mesclada com compreensão.

Sentindo-se menos intimidado, Keitarô resolve preparar-se para dormir.

Era pouco mais de onze e meia da noite quando os dois aventureiros desligam as luzes.

Yuri pega facilmente no sono, vestida com o seu roupão.

No canto, a jovem aventureira havia deixado uma besta leve, uma alijava com vários virotes, cinco adagas de arremesso, um nunchaku e uma espada curta. Equipamento inconvencional mesmo para um aventureiro de RPG, mas altamente eficaz.

Keitarô tenta fazer o mesmo, mas as emoções do dia e a estranha circunstância de estar dormindo junto com uma garota recém-conhecida e - ainda por cima - linda, impediam-no de repousar.

Sua cabeça era um emaranhado de emoções conflitantes.

De um lado, estava contente por rever a turma e todos estarem bem. Do outro, ele estava inseguro quanto à natureza da missão ordenada por Eldrick e das chances deles escaparem deste mundo virtual.

Da mesma forma, estava contente por ter conhecido uma linda garota que o respeitava como homem e não como um bananão, mas por outro, estava com um receio íntimo de que nunca mais iria encontrá-la no amanhecer de um novo dia.

Alguns minutos se passaram, quando finalmente o rapaz consegue relaxar e cochilar por alguns minutos.

Contudo, o brilho do luar que atravessa a rústica janela - sem cortinas - o incomoda e Keitarô vira o seu rosto para o lado.

Sob o encanto da lua, o rosto de Yuri - completamente adormecida - parece angelical, diáfano.

- Como ela é bonita... Admira o jovem, ao perceber a harmonia dos traços do rosto, seus cabelos cacheados, a pele perfeita, os lábios bem delineados e os dentes impecáveis.

- Hmmmf... Kei... Ta... rô... Suspira a jovem loira, voltando o seu rosto para o lado em que Urashima estava.

- (Não! Não é possível! Isto não pode estar acontecendo!) Arrepia-se o jovem oriental ao perceber que Yuri estava falando o seu nome durante o sono.

Keitarô se lembra daquele episódio embaraçoso no qual ele e Narusegawa tiveram que dormir juntos no mesmo quarto num hotel em Osaka - para onde tinham viajado quando fracassaram no vestibular de 1999.

Naquela ocasião, os dois se hospedaram no mesmo local e a dona do hotel confundiu-os com noivos, já que ambos deram o mesmo endereço.

Não foi possível pegar aposentos separados - devido a chegada de uma comitiva de visitantes na última hora, que lotou o hotel - e como resultado, os dois tiveram que compartilhar o mesmo quarto numa época em que ambos estavam meio brigados devido a uma discussão boba que tiveram logo quando souberam do resultado do vestibular.

Naquela noite Keitarô teve que manter seu autocontrole no máximo para evitar que ele cedesse às tentações de sua carne.

Narusegawa usava naquela noite memorável um pijama curtíssimo e estava sem sutiã. E durante o sono ela se remexia, tendo agarrado o pescoço de Keitarô.

Esforçando se ao máximo para girar o seu corpo para o lado oposto sem chamar a atenção, Keitarô tenta desviar o seu olhar. Os segundos parecem uma eternidade e ele finalmente volta à extremidade da esteira.

Contudo, a sua curiosidade fala mais alta e ele dá uma olhadinha rápida. Para seu infortúnio, Keitarô percebe que puxou em demasia o cobertor e deixou Yuri parcialmente descoberta.

A visão que ele teve era atordoante: As suas coxas e pernas estavam bem à mostra e o roupão que ela usava estava desarranjado, denunciando evidentemente que Yuri estava sem o sutiã.

- Kei... Ta... rô... Suspira novamente a jovem loira, voltando o seu rosto para o lado em que o objeto de seu sonho estava.

- (Não! De novo, não! Ela não pode estar sonhando! Ainda mais comigo!) - O coração de Urashima estava batendo apressadamente e ele estava à beira do pânico.

- Keitarô... Não me deixe... Sozinha... Balbuciava Yuri perdida em seus devaneios.

A esta altura, Keitarô estava totalmente perdido.

Parte dele queria entrar em pânico, gritar, sair e fugir daquele quarto.

Se Naru ou qualquer uma das meninas presenciasse aquela cena, ele perderia a confiança delas para sempre, além de correr o risco de ser linchado vivo.

Contudo, a outra parte de sua personalidade estava em estado de total desvario hormonal.

Criando um pouco de coragem e deixando o seu lado instintivo aflorar - o que há tempos não acontecia - Keitarô se aproxima sem fazer barulho e passa a mão nos cabelos loiros de Yuri, com mais ternura do que desejo.

Embora curtos para o seu gosto - ele adorava garotas com cabelos compridos - ele acaba gostando da textura macia e da cor dos mesmos.

Ela suspira profundamente como resposta, como se estivesse aprovando.

Em seguida, ele tenta delicadamente ajeitar a parte de cima do roupão da garota, mas Yuri se vira bruscamente e o resultado é que todo o seio esquerdo fica à mostra.

Por muito pouco Keitarô não espirra sangue do nariz ao ver aquele seio com forma de pêra, com auréola bem delineada e mamilo carnudo.

Embora Yuri não ganhasse do volume dos seios da Kitsune ou da Mutsumi, ela vencia as duas nos itens firmeza e maciez.

A muito custo, Keitarô consegue ajeitar o roupão de Yuri sem que ela perceba, mas a angústia que ele sentira ao ver aquela "obra prima" era tão grande que já estava com todo seu corpo ardendo.

Com um misto de desejo e sentimento de culpa, ele toca os seios de Yuri com a ponta dos dedos e sente o corpo dela estremecer em resposta.

Sem saber direito no que está pensando, Keitarô aproxima seus lábios e beija os da Yuri.

Embora o gesto em si fosse rápido, demorou quase uma eternidade para ser concretizado.

Enquanto o toque fosse leve, delicado, quase respeitoso, ele sente o hálito fresco e gélido da respiração da garota.

Com a mão esquerda Keitarô toca de leve nas coxas nuas de Yuri, deslizando sobre elas com o dedo mindinho, enquanto com a direita ele toca no seu corpo e vai apalpando até reparar que ele próprio estava excitado.

Em instantes, o rapaz tímido e acanhado está abraçando a cintura de Yuri e beijando sua boca, suas faces e seu pescoço.

Enquanto homem, a vida sexual do jovem universitário da Toudai era pouco mais do que um zero à esquerda.

Algumas idas ocasionais ao banheiro devidamente acompanhado de sua coleção privada de revistas de sacanagem (que a Kaolla descobriu certa vez, causando um grande transtorno a ele) e raros devaneios, aonde ele sonhava com a Narusegawa ou Mutsumi em trajes sumários.

Afora isto, Keitarô nunca teve oportunidade para ter qualquer contato físico de forma voluntária, exceto nos incidentes nos quais se envolvia e que quase sempre terminavam com um soco ou um chute da Narusegawa, ou uma espadada da Motoko ou coisas ainda piores.

Embora tivesse sido sublimado pela ânsia de passar na Toudai e durante o período em que ficara com uma perna fraturada, esta era a primeira vez em que seu desejo voltava com força total, provando que ele era muito mais do que um verme assexuado.

- "Não. Não posso mais continuar! É sacanagem demais o que estou fazendo. Não posso me aproveitar da carência de uma garota, sem falar no meu relacionamento com a Narusegawa e as meninas... Por quê? Que espécie de besta eu sou?" - Pensa quase falando em voz baixa Keitarô assustado com suas reações.

A única vez que chegara muito perto de fazer isto era naquela noite em Osaka com a Naru e ainda por cima sob o efeito de todas aquelas comidas afrodisíacas que havia comido.

Keitarô deixa escapar uma lágrima de tristeza e gentilmente afaga o cabelo de Yuri com delicadeza, mas sem qualquer conotação sensual.

Ele decide por conta própria renunciar a qualquer aventura mais ousada naquela noite.

Só que neste momento, Yuri, ainda sob o efeito do seu sonho, estende o seu braço direito e tenta agarrar Keitarô - que havia voltado ao seu lugar - balbuciando palavras desconexas.

Keitarô tenta recuar, mas a mão dela ainda toca em seu peito, arrepiando-o por completo.

- Yuri... Ele murmura com grande dificuldade, com o seu rosto angustiado em sentimentos intraduzíveis. Crucificado entre o sentimento que tem por Narusegawa - nebuloso, conflitante, quase masoquista - e uma atração súbita por alguém que mal conhecia.

- Keitarô... Yuri neste momento abre os olhos e nota a fisionomia de dor e incerteza do seu parceiro.

Sem dizer mais palavra, ela gentilmente afaga lhe os cabelos e o abraça, aproximando os seus lábios aos dele. Keitarô não resiste.

Escrito por: Calerom

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