SEDUÇÃO E DESEJOS - PARTE 2

Naquele instante, três batidas rápidas e secas na porta interrompem o idílio do casal. Se Yuri tivesse demorado mais dois ou três minutos, toda a história futura do relacionamento entre Naru e Keitarô teria mudado de forma irreversível.

- Hã, o que foi? - Como que saísse de um estado de sonho e delírio, Naru volta ao seu self habitual, para frustração de Keitarô. Ela se afasta de forma brusca e instintiva daquele corpo, sentindo-se envergonhada, as faces do rosto ganhando colorações fortes.

- Yuri? - Exclama Urashima, meio assustado e meio aborrecido. Era como se tivesse sido acordado bruscamente de um idílio interminável.

- Sou eu, Yuri. Posso entrar ou... - Logicamente, pelo tom de voz de ambos, a ranger aventureira já desconfiava de que algo importante havia acontecido. Mesmo assim, ela se finge de desentendida.

- Claro, claro, Yuri-san. - O coração de Naru estava batendo num ritmo forte e acelerado, rapidamente voltando para a sua almofada.

- Então, com licença.

A loira volta, carregando uma pequena pilha de toalhas, roupões de banho, pedaços grandes de sabão, escovas de diversos tamanhos, e vidrinhos de sais de bainho dispostos numa bacia. No chão, ela havia deixado uma garrafa de licor de morango e três copos. Um empregado da estalagem - que a acompanhava - havia se encarregado de trazer até bem perto da porta, duas tinas extras de água quente.

- Oi, Acho que atrapalhei em alguma coisa... - Supõe Yuri com o ar mais inocente do mundo, embora pela reação abobalhada da dupla à sua frente, tivesse mentalmente deduzido uns sessenta por cento do que ocorrera em sua ausência.

- Bem, a gente... mmmmphpphphphph - Keitarô ia falar algo desastroso, como sempre, mas astutamente Naru tapa a boca do pouco sutil rapaz para evitar dele dizer o óbvio.

- Ah, não seja por isto, Yuri-San. Não se precisava incomodar! - Comenta Naru com um sorriso amarelo ao ver Yuri carregar os acessórios de banho para dentro do quarto.

- Mew! - Só então ela nota que na cabeça da Yuri estava uma figura conhecida por todos.

- Tama-chan! - Exclama a ruiva.

- O quê, a Tama-chan está aqui? - Keitarô, lerdo como sempre, só então percebe a presença de sua tartaruga de estimação.

- Hehehe... Estava vindo para cá e ela resolveu pousar em minha cabeça. Esta tartaruguinha parece ser bem amistosa...

- Sim, a Tama faz amizade com todo mundo - Comenta Naru.

- Infelizmente a Mutsumi e a Kitsune estavam dormindo e não quis incomodá-las. Bem, pelo menos agora você pode ficar tranqüila que temos companhia extra. Vamos, Naru. - Comenta Yuri fazendo um gesto para que a ruiva fosse com ela.

- Bem... - Naru hesita, pensando se aquilo seria uma boa coisa.

- O "senhor" Keitarô precisa trocar de roupa antes que a gente faça uma massagem caprichada nele... - A voz da loira sai insinuante e com um leve tom musical.

- Mas, Yuri !... Bem, tudo bem... Vou ajudar você a trazer estas tinas e depois o "senhor" Keitarô Urashima vai ter que trocar de roupa e se enrolar numa toalha. - Naru fica claramente desconcertada, falando em voz baixa para a loira, enfatizando o tom irônico na palavra "senhor".

Qual das "Yuris" que conheceu era a verdadeira? Pensava a jovem Narusegawa: A guia ranger experiente, madura e corajosa da aventura contra os orcs ou a menina sapeca e nada recatada à sua frente agora? Ou ambas as coisas?

- Ei, o que vocês estão... - Keitarô, como sempre, tenta entrar na conversa, no momento mais impróprio possível.

- E ai de você se não enrolar a toalha direito, seu malandro! Se fizer isto, vai ver uma coisa só!!! - Naru volta a ficar zangada como sempre.

- Hehe, pode crer, minha amiga! Anda Keitarô, não enrole muito não! - Malicia Yuri, dando um tapinha nas costas para acalmar a ruiva.

- Ei, esperem!

Enquanto o empregado da estalagem termina de colocar as pesadas tinas de água quente dentro da área de banho do quarto, Naru e Yuri saem, junto com Tama, sem olhar para trás. Keitarô estava tão confuso quanto empolgado. Aquela Yuri... Que plano maluco ela estava arquitetando desta vez?

Finalmente o serviçal se retira. Agora chegara o momento. A hora da verdade.

- Yuri, você pode me explicar o que está acontecendo? Eu ainda acho que - A jovem ruiva se recusava a acreditar diante dos fatos irrefutáveis. Aquela americana à sua frente era uma liberal ou era doida?

- Naru-san. Parece-me que no lugar aonde vocês moram tem umas fontes de águas termais, não? Elas nem devem se comparar com este banho aqui, mas bem que a gente... - Yuri abre o jogo, apoiando-se nos costumes japoneses que conhecia. Em Los Angeles, aonde ela morava no mundo "real", a colônia nipônica era bem expressiva a ponto de ser chamada de "Liitle Tokyo".

- Mas... O que tem a ver uma coisa com outra? - Pergunta Naru, sem conseguir deduzir o que sua amiga queria lhe dizer.

- Pelo que a Mitsune me disse, vocês tomam banho lá todos os dias, deste jeito, não? - Comenta Yuri lembrando-se de uma conversa que ela teve com a esperta amiga da ruiva durante a viagem de ida ao Platô.

- Ah, sim, mas... - Naru tenta arranjar uma saída diante daquela questão embaraçosa, mas como sempre, a sua mente não está preparada para isto.

- E o Keitarô? Como ele se vira? - Pergunta Yuri como se não soubesse de nada.

- Ah, aquele bobão? A gente deixou-o de castigo, para aquele tarado sem-vergonha não pensar em espionar a gente, como andou fazendo nos primeiros tempos! Ele tem que tomar banho sozinho numa banheira no andar superior.

- Puxa, mas deve ser difícil para ele, não? - Comenta a loira de cabelos curtos com o ar mais inocente possível.

- Não fica conveniente a um homem de nosso país tomar banho junto com uma mulher a não ser que eles sejam casados... - Naru faz uma de suas costumeiras expressões de zanga só de lembrar dos incontáveis "acidentes" aonde Keitarô era socado e atirado aos céus por ter passado na hora errada e no momento errado nas termas.

- Hum... Deve ser uma dureza para ele, não? Nada de uma massagem relaxante para tirar as tensões dos músculos, de uma conversa amiga... - Yuri, neste momento, se aproxima da Naru, colocando a sua mão direita no ombro da companheira.

- Yuri... O que você está imaginando? - Naru fica entre surpresa e escandalizada. Será que todas as americanas eram tão atiradas assim?

- A sua amiga Mitsune estava me explicando a respeito de alguns costumes de seu país... Se o rapaz estiver decentemente coberto e a gente também, e se nós três entramos... Acho que náo tem nada demais, certo? - Yuri começa a sorrir, mostrando que de boba não tinha nada. Era evidente que Kitsune não havia falado nada disto, mas Yuri estava se baseando nos relatos de amigos e conhecidos seus.

- Três? - Naru finge-se de desavisada.

- Sim, eu, você e a Tama. - Sorri a loira fechando os olhos azuis.

- "Aquela Kitsune e suas idéias..." - Suspira a ruiva, confessando-se derrotada. Na realidade, ela não queria dar o braço a torcer para a linda estrangeira. Se ela se recusasse, iria passar por insensível e chata e com certeza Yuri iria ganhar "pontos" na cotação sentimental do Urashima.

- Ora, convenhamos... Vocês, garotas, ficam muito bem à vontade quando tomam banho em conjunto. E o Keitarô, como um bom rapaz e excelente gerente, tem também o direito de receber um pouco de atenção... - Agora ela deixa claro o que tinha em mente desde o começo.

- Yuri, eu não acho que a gente deveria se expor de uma forma tão arriscada! E se alguma das meninas acordar e ... - Naru tenta uma última cartada.

- Não, não vai acontecer nada de mais. A gente entra com os roupões e fazemos companhia para Keitarô, ajudando a lavar suas costas, massagear seus ombros e conversar um pouco com ele. Nada de mais. Como estaremos vestidas e ele também, não estaremos fazendo nada de errado.

- Por um momento pensei que... - Naru fica com uma cara de tacho, diante da esperteza de Yuri, temendo passar por uma neurótica que só ficava imaginando coisas.

- Eu também sou uma moça de família, Naru-san. - Yuri fita o rosto de Naru e com a ponta de seus dedos acaricia levemente os fios longos e avermelhados do cabelo de Narusegawa, como se estivesse admirando-os.

- Tudo bem, mas espero que o Keitarô não faça nada de safadezas ou ele vai parar na torre da igreja! - Vendo-se definitivamente vencida, Naru faz o seu biquinho característico de criança mimada.

- Eheheh... Tudo bem, Naru-san. Eu assumo a responsabilidade! - A sagaz aventureira de origem desconhecida, tendo mostrado que quando ela deseja uma coisa, luta até consegui-la.

- Mew! - Tama fica com a pulga atrás da orelha, imaginando o que iria acontecer daqui para frente com estas duas moças tão diferentes, unidas apenas pela atração mútua ao mesmo rapaz.

Apesar de ser apenas uma tartaruga-onsen de Okinawa, a pequena Tama-chan já tinha sacado mais da metade do que estava acontecendo, com sua inteligência acima do normal.

Enquanto Keitarô termina de tirar a sua roupa e se cobre com uma das toalhas que estava no quarto, a loira americana e a ruiva japonesa voltam aos seus aposentos, para usarem os roupões de banho. Por sorte, tanto Kitsune como Mutsumi estavam dormindo o sono dos justos após terem virado metade da garrafa. E a severa Motoko não havia voltado com as traquinas Sarah e Kaolla. Keitarô estava começando a achar que tudo havia sido uma brincadeira da loira com ele, quando ouve três batidas na porta.

- Hã, quem é?

- Sou eu, a Naru. Keitarô, já se apron... ou melhor, podemos entrar? - Diz Naru, não sabendo aonde enfiar a cara, de tão constrangida que estava.

- Vou abrir já a porta.

- Então venha depressa! - Reclama Naru, impaciente, ansiosa por acabar com aquilo antes que as outras meninas percebessem.

Keitarô sente a sua libido subir ao ver a visão da Naru e Yuri vestidas com trajes de banho que mal ocultavam suas formas. Se o jovem universitário da Toudai havia ficado muito contente com a conversa anterior com Narusegawa, agora ele tinha motivos para acreditar que aquela maré de azar que o afligira no início de suas aventuras virtuais tenha desaparecido em definitivo. Embora ainda não tivesse desistido em conquistar Keitarô, Yuri sabia esperar por uma chance. Apesar de quase sempre sentir uma pontinha de ciúmes quando via o objeto de seus afetos paparicando a Narusegawa, ela parecia não demonstrar isto. Na realidade, a loira de cabelos curtos havia deixado os dois a sós de propósito, não apenas para avaliar as reações de como um sentia o outro, mas também para entender melhor o modo de pensar de Keitarô e as suas preferências.

E a proposta de convencer Naru a acompanhá-la para fazer companhia ao rapaz no seu banho era também parte desta estratégia. A esperta Yuri sabia que seria difícil fazer isto sozinha. Além do risco de serem descobertos, a loira de cabelos curtos sabia que Keitarô não iria aceitar tomar banho com ela de livre e espontânea vontade, baseado no que ocorreu no seu primeiro encontro. Mas com a presença de Naru como "aliada", ele não teria como se opor.

Embora tecnicamente fosse a vencedora neste embate pelo coração do rapaz, até aquele momento, Naru se sentia um pouco intranqüila. De um lado estava sumamente feliz por ter melhorado seu relacionamento com Keitarô. Em parte, a agressividade que demonstrara no início das aventuras nada mais era reflexo do medo de que a coisa fugisse ao seu controle, ou que ele desse mais atenção às outras meninas do que ela mesma.

Às vezes, nem mesmo Naru entendia bem as reações emocionais dela mesma com o Urashima.

Só que algo havia mudado, com a chegada de Yuri no grupo.

Naru não era uma idiota e ela estava começando a deduzir que Yuri tinha algum tipo de atração por ele, por ser o único rapaz do Hinata Attack Team. Por outro lado, Keitarô parecia evitá-la, na opinião dela. A ruiva queria em primeiro lugar conhecer como era o jeito de agir e de pensar da americana, que era uma novidade. Embora a loira parecesse amistosa e acessível, a jovem Naru sabia quase nada do passado dela, de como era a família dela e a sua forma de pensar e encarar as pessoas, diferentemente de sua amiga Kitsune e de outras meninas. Naquele momento, Narusegawa estava se comportando de acordo com o estereótipo de que - via de regra, as americanas eram bem mais liberais do que as japonesas no tocante a assuntos amorosos e sexuais. Yuri, embora tivesse um ar angelical e inocente, não era nenhuma puritana, pelo visto. E o fato dela ter prestado serviço militar em Brightstone - pelo que ela dizia - comprovava esta tese.

E que remédio Naru tinha no momento a não ser aceitar a proposição da aventureira loira naquele momento? Certo que a presença dela e da Tama inibiria Keitarô de fazer besteiras. Só que a jovem Narusegawa tinha medo de que Motoko ou Shinobu - que também demonstravam alguma coisa com o rapaz - chegassem naquele momento. Se alguma das duas abrisse aquela porta e visse todos juntos numa banheira, seria o caos completo. Era bom nem pensar nisto para atrair o azar.

Um tanto que acanhado, Keitarô começou a fazer a sua higiene individual, ajudada pela prestativa dupla feminina - enquanto Tama tomava outro banho de água morna numa bacia menor.

Devidamente protegido por uma toalha, Keitarô fazia força para não ficar excitado diante das garotas - que usavam roupões de banho curtos - e ia se ensaboando e esfregando a pele como podia.

Yuri ajudava o rapaz a passar uma esponja em suas costas, enquanto que uma constrangida Naru fazia o mesmo com as suas pernas e pés.

Em instantes, Keitarô estava livre de toda a sujeira que impregnara em seu corpo durante a viagem, e estava tão limpo quando um recém nascido.

Em seguida, o rapaz enxágua o seu corpo, antes de entrar na tina, que havia sido providencialmente substituida por um modelo maior (sugestão da Yuri), capaz de comportar duas ou no máximo três pessoas. Já devidamente acomodados, Yuri oferece malandramente para Naru, Keitarô e Tama uma dose de licor de morango para cada um, servindo-se ela mesma em seguida.

Enquanto o ex-ronin da Toudai descansava, as garotas se revezavam fazendo massagens diversas na nuca e nos ombros doloridos do rapaz.

Naru não era tão boa neste ponto, mas se esforçava como podia. Já, Yuri tinha uma pegada mais firme e decidida, lembrando um pouco a técnica de Motoko neste quesito.

Terminado o delicioso banho, as garotas saem da tina para tomar um novo drinque fora do quarto, enquanto Keitarô - depois de enxugar o seu corpo - se apressa a colocar uma roupa de baixo e uma bermuda.

Assim que ele avisa que está pronto, as garotas entram e começam a segunda parte da massagem, desta vez, na esteira de dormir.

Yuri se encarrega das pernas, enquanto Naru dá um jeito como pode nas costas, morrendo de vergonha diante da maior experiência da colega.

A pequena Tama entra no meio, massageando com suas patinhas os ombros do rapaz, que mal acreditava no milagre que estava acontecendo. Em minutos, o cansaço e a tensão acumulada de dias se desfaz e Keitarô sente-se novinho em folha.

O quarteto relaxa, todos sentados ao melhor estilo japonês. Estavam conversando e rindo muito, bem à vontade, até mesmo porque a garrafa de licor tinha passado da metade do seu conteúdo.

- Por favor, Keitarô, tome mais um gole... - Sorri Yuri enquanto coloca mais um pouco do delicioso néctar no copo que o rapaz usava. Notava-se um certo rubor nas faces do seu rosto.

- Ei, Yuri-san, não acha que estamos exagerando um pouco?... - Comenta Narusegawa, com o resto de lucidez que ainda lhe restava, mas com o seu braço direito acariciando as costas do Urashima, mostrando o que o seu inconsciente queria, mas cuja razão negava.

- Hihihi... Vamos ter que aproveitar, Naru-chan, já que só vamos ter uma chance como esta só daqui a uns dias... Quando chegarmos na capital... - Responde Yuri, chamando Naru de uma forma íntima até demais.

- Eheh... Obrigado, garotas. Vocês são realmente muito gentis... - Comenta Keitarô, um pouco mais abobalhado do que o habitual, devido ao efeito do licor.

Certo que ele havia se reconciliado com a Naru durante a viagem, mas ela nunca iria ter a iniciativa de tomar um banho junto com ele e fazer-lhe massagem. E Yuri parecia estar meio que distante depois que ele contou a verdade... A pobre cabeça do rapaz tentou pensar coisas. Mas como sempre, ele não tinha a experiência suficiente para desvendar os mistérios da mente feminina.

- Ei, Yu-Yuri-san, aquele rapaz, o Jake, o que acha dele? Não acha ele um pão? - Pergunta Naru provocando a sua "concorrente", depois de tomar mais meio copo. A verdade é que ela sempre teve estômago fraco para bebidas alcoólicas.

De fato, Jake era alto, atlético e mais bonito do que Keitarô, arrancando suspiros por onde ele passava. Só que isto não era suficiente para a americana.

- Heh... Realmente ele era uma gracinha... -Comenta a loira de forma vaga, mas demonstrando não estar nem um pouco interessada por ele.

- Ah, por que não... Tenta com ele? Talvez vocês... possam ficar bem de novo... - Raramente Naru mostrava o seu outro lado, o de garota sapeca e maliciosa, exceto quando estava a sós com Keitarô. Mas a bebida inebriante fez ela começar a provocar Yuri de forma inconsciente, alfinetando-a.

- Ah, tem razão, a Yuri-san não pode ficar sem namorado... - Também Keitarô começa a falar, sem raciocinar direito.

- Aiaiai... O Jake é um cara legal, bom papo e gente fina... Mas era um mulherengo de carteirinha! Não dava para acreditar em nenhuma conversa dele. Já o Sammy era mais legal, só que... (hic) acobertava demais as sacanagens do Jake... - Esquecendo-se de seus pudores e segredos, Yuri abre o jogo, demonstrando também que já estava começando a ficar meio alterada.

- Humpf... Se ele fosse o meu namorado (hic), ele ia ver uma coisa só!... - Naru mais uma vez mostra o seu lado "selvagem", como Keitarô falava a respeito dela nos primeiros tempos.

- Heh (hic), Naru-chan, Por que você não namora o Keitarô?... Ele não é um gato? - Pergunta Yuri devolvendo a provocação do início.

- Hã, Do que está falando, Yuri-san? O Kei... (hic), Keitarô é um boboca mulherengo, feioso e chorão e ele não fica muito atrás do seu ex, não!

- Também não é assim... Naru... - Keitarô fica subitamente desanimado diante da bravata da ruiva.

- Ah, mas ele não tem um rosto bonitinho, Naru-chan? Por que vocês dois não dão um beijo, agora? Vamos! - Responde Yuri com o ar mais doce e inocente do mundo.

- Yuri-san, esta brincadeira está ficando... perigosa. - Diz Naru visivelmente encabulada e sem muita convicção.

- Yuri!... Eu não... - Keitarô também foi pego com a guarda baixa.

Apesar dos protestos de ambos, Yuri, um pouco alterada pelo forte teor adocicado da bebida, se aproxima e dá um beijo em cada um, primeiro na boca da Naru e em seguida no Keitarô. Narusegawa começa a sentir um estranho calor em suas entranhas à medida que a língua da americana brincava com a sua. Os mamilos de seus seios acabaram por ficar nítidos pelo roupão leve que cobria seu lindo corpo.

De sua parte, Keitarô sente o calor e o toque daquela língua macia e daqueles lábios sensuais, enquanto mal percebia a mão de Yuri apoiada na sua virilha. Em fração de segundos, o "trip" havia se armado de forma instintiva. Mas ele pouco podia fazer para impedir isto. Ambos não resistem, devido à embriaguez que começava a assaltar os seus sentidos.

- Meeewww? - A pequena Tama - que também estava mais para lá do que para cá - fica atônita ao ver a cena surreal que se desenrolava diante de seus olhinhos.

E sem se fazer de rogada, Yuri acaba beijando também a própria tartaruguinha, que fica com uma mancha avermelhada na boca, devido ao licor de morango.

Em seguida, Yuri - usando os seus braços - tenta aproximar Naru e Keitarô para que ambos dessem um beijo.

Keitarô não quer participar, só que ao ver o rosto da ruiva - e também ao efeito da bebida - ele vai se aproximando mais e mais...

Naru fica com medo desta brincadeira louca e tenta recuar, só que Keitarô parece estar mais bonito, mais viril... E mais desejável. Ela começa a olhar languidamente para ele

- Narusegawa...

- Keitarô...

As faces de ambos se aproximam, desta vez, sem a interferência da loira. O casal se beija, a princípio de forma tímida, e depois, de forma apaixonada, deixando tocar suas línguas e lábios.

Embora sentisse mais uma vez o veneno do ciúme, a própria Yuri fica encantada e embevecida diante da cena - o mesmo ocorrendo com Tama-chan.

Só que o idílio insólito é interrompido da forma mais brutal com a porta se abrindo de forma brusca:

- Urashima, eu preciso conversar com... NÃÃÃOOO!!! - A jovem samurai tinha acabado de entrar no quarto, sem avisar, e fica escandalizada ao ver a cena do beijo de Naru e Keitarô - ambos meio que embriagados - sem falar na presença da Yuri como cúmplice.

O grito da Motoko (reforçado ainda com a visão da Tama-chan) é suficiente para despertar os quatro de seu transe sensual.

- Motoko-chan! - Fica surpreso Keitarô, percebendo a burrada que acabara de fazer e sem saber aonde enfiar a cara.

- Motoko-San! - Exclama Yuri.

- Motoko-chan! - Naru grita de puro susto, sentindo-se uma idiota. Logo... a Motoko?

- Mew!?

As Lágrimas começam a sair - copiosas - do rosto da praticante do estilo Shinmei, e sem dizer palavra, Motoko sai do quarto, correndo sem destino.

Assustados e meio que envergonhados, Keitarô, Yuri, Naru e Tama-chan seguem - sem muito sucesso - a desvairada Motoko pelas escadarias da estalagem, até atingirem a entrada da mesma. Só que ela era muito rápida. Com a Tama-chan junto deles, eles nunca iriam convencer a jovem samurai a voltar.

- Motoko-chan, Espere! Não é o que você... - Keitarô grita, tentando alcançar inutilmente a garota, quase tropeçando na escadaria.

- Não me siga (chuif), Urashima! Não me siga! - Grita ela reprimindo um soluço.

O interior da alma da valente samurai estava num caos completo, misturando surpresa, raiva, fúria, decepção, medo, ciúme, pavor e um estranho sentimento que ela não conseguia definir pelo desastrado rapaz.

- E agora?.. Eu não sabia que podia machucar os sentimentos da Motoko-chan daquele jeito. - Constata, envergonhado, o rapaz, desacelerando momentaneamente a corrida.

- A culpa é toda sua, Keitarô! Eu não disse que algo podia dar de errado? Vá correndo atrás da menina e peça desculpas a ela! - Protesta Naru, como sempre, descarregando a culpa no seu parceiro

- Mas eu nunca achei que ela fosse aparecer daque!.. - Tenta-se defender o jovem kanrinin.

- Não discuta comigo, seu tonto! Vá e converse com ela! - Naru fica irritada por tamanha indecisão e dá um empurrão no rapaz.

- Mas... Naruse... - Keitarô hesita mais uma vez, sabendo que quando Motoko ficava brava, era quase impossível argumentar com ela.

- Eu estou deixando você falar com ela! Vá, antes que a Motoko-chan faça uma bobagem! - Exclama Naru de forma incisiva.

- É melhor você ir e explicar o ocorrido, Keitarô! Depois a gente segura as pontas com a Motoko. Não se preocupe com a gente! - Responde Yuri com o resto de sensatez que lhe sobrara após o porre alcóolico.

Keitarô começa a andar pelas redondezas, chamando pela garota-samurai e perguntando aos transeuntes. Um mendigo anônimo dá uma pista por onde Motoko teria ido, e o rapaz agradece.

Em cinco minutos, Keitarô encontra Motoko ajoelhada num parquezinho ao lado da Igreja de Smallville, chorando silenciosamente perto de uma árvore envolta por uma trepadeira florida que cobria-lhe mais da metade do tronco, mas cujas flores se mantinham fechadas. Um passarinho estava apoiado no ombro direito dela como se quisesse consolá-la.

De repente, a aguda percepção da guerreira do estilo Shimeiryu capta com os sentidos da alma, a presença de uma aura familiar. Embora ela estivesse algo maculada pelo efeito do álcool - que começava a se desvanecer - e cheia de inseguranças, no entanto, a sua presença era boa e reconfortante para o seu espírito.

Só que o seu orgulho ferido e a sua rígida educação ancestral impediam-a de aceitar aquela presença.

- Vá embora Urashima! Deixe-me em paz, ou eu te mato! EU TE MATO!!! - Motoko grita, extravasando a sua decepção e choque.

- Motoko-chan, eu... - Keitarô se aproxima de maneira cautelosa.

- Vá embora! Maldito! Desgraçado! Antes que eu... (chuif) - Ela tenta imprimir mais raiva no seu tom de voz, mas subitamente deixa-se entregar pelo desamparo mais absoluto.

- Vim pedir desculpas a você! Aquilo lá foi um... - Keitarô se aproxima ainda mais da jovem alta de cabelos negros compridos, sem mais se importar com nada.

- Seu safado!

Motoko dá um forte tapa no rosto do Keitarô, mas não a ponto de mandá-lo para os ares, como de costume. De qualquer maneira, o rosto dele fica dolorido e marcado de vermelho.

- Sem-Vergonha!!

Segundo tapa no Keitarô. Mais forte do que o anterior. Ele não reage.

- Pervertido!!!

Terceiro e último tapa. Quase que Keitarô cai no chão macio do parque.

- Eu achava que você estava melhorando, tornando-se um homem de verdade e você... (chuif) você... Como pode (chuif) me decepcionar? - Após ter descarregado toda sua raiva e frustração, a sua voz torna-se embargada e ela quase se arrepende do que fizera.

- Motoko-chan.

- Você traiu a confiança que depositei em você! Por quê teve a coragem de fazer aquilo com a Naru-sempai? E ainda envolver a pobre Yuri-san em suas safadezas? (chuif...). - Embora no fundo soubesse que ele não era o culpado, Motoko argumentava isto mais pelo seu aspecto emocional e pelo seu sentimento de inferioridade e rejeição.

- Motoko-chan, escute! Não aconteceu nada demais entre a gente naquele momento, além do beijo. Eu sei que fizemos uma bobagem perigosa, mas não foi intecional! - Keitarô tenta ser o mais sincero possível, sabendo que qualquer outra coisa poderia por tudo a perder.

- Eu não acredito... Mentiroso!!! E por que vocês estavam seminus naquele momento? E aquela garrafa de bebida? Queriam (chuif) por acaso fazer uma orgia naquele quarto? - A mente puritana e rígida da Motoko estava simplesmente transtornada e ela estava começando a exagerar em suas afirmações.

- A Yuri-san resolveu fazer uma massagem comigo, por achar que estava cansado e esgotado após aquela luta. Como ela não queria ir sozinha e dar margem a mal-entendidos, ela conversou com a Narusegawa e decidiram ir juntas, junto com a Tama-chan. A Kitsune, a Shinobu-chan e a Mutsumi-san não foram lá porque estavam todas dormindo de cansaço. - Responde Keitarô sem hesitar e com um tom de seriedade na voz que impressionou a moça.

- Mas... E aquela garrafa de bebida alcoólica? Foi idéia sua? - Tenta fingir-se de zangada a Motoko, embora sem a mesma convicção de antes.

- A culpa foi toda nossa. Yuri-san queria fazer uma gentileza e ofereceu um drinque para a gente. Só que admito que acabamos passando um pouco da conta. Mas eu te garanto que não aconteceu nada além daquele beijo. - Responde Keitarô fechando os olhos no final e abaixando a cabeça em raro gesto de humildade, diante da orgulhosa samurai difícil de se lidar.

Não se sabe por quantos segundos ou minutos a jovem Motoko ficou em silêncio, com a cabeça baixa, evitando olhar para aquele rosto contrito e humilhado, mas ainda belo. Novas lágrimas começaram a cair, regando as florzinhas que embelezavam aquele jardim.

- Jura que... - O tom de voz da Motoko muda, e torna-se mais íntimo.

- Motoko-chan? - Keitarô fala de forma baixa, mas segura, como naquele dia em que saiu atrás de uma desesperada Motoko, numa tarde de chuva.

- Jura que além do beijo não aconteceu nada de mais entre vocês? - A voz da praticante da Arte da Esgrima Shinmei parecia sumida, quase inaudível.

- Motoko-chan... - Keitarô começa a se emocionar também. - Jura? - O tom da Motoko era quase que apelativo e angustiante.

Motoko volta a chorar e esquecendo-se de seus escrúpulos e pudores, abraça Keitarô de forma impulsiva, molhando-o com suas lágrimas. O passarinho que estava no seu ombro alça vôo, ao ver a sua companheira esperando por ele.

Como que por milagre, as flores que cobriam a trepadeira se abrem, exalando um perfume doce, forte e hipnoticamente relaxante.

A garota alta de cabelos negros compridos sabia perfeitamente que ele gostava da sua amiga Naru e que ela - mesmo não admitindo abertamente - gostava dele. Após a luta decisiva contra a sua irmã Tsuruko, em Kyoto, a jovem guerreira dos Aoyama começou a demonstrar que sentia algo a mais com o pervertido, safado e fracassado do Urashima. Só que disfarçava isto em excesso de zelo e orgulho.

Mas as consultas sobre dúvidas da Toudai e a freqüência de conversas entre ambos havia aumentado significantemente desde o incidente de Kyoto.

Sim. Motoko morria de ciúmes quando via outras garotas "dando em cima" do desastrado kanrinin da pensão Hinata. Ela até não se negaria de ser mais gentil e mais atenciosa com ele, mas a sua educação rígida e a influência do seu código de honra samurai que foi passado para ela desde a infância impediam-no de fazer isto.

Mas quanto ao verdadeiro motivo de sua reação violenta e impulsiva diante de uma suposta cena de imoralidade envolvendo Urashima, era o seguinte:

Após ter "catado" as bagunceiras Sarah e Kaolla pelas ruas de Smallville e trazido ambas para o quarto delas, Motoko sentia-se cansada e esgotada - não apenas pela perigosíssima missão empreendida nas terras orcs, como também pelo cansaço acumulado de dias.

A guerreira se sentia um pouco solitária e precisava se abrir com alguém, desabafar os seus pensamentos... A seu ver, só tinha uma pessoa adequada: Justamente aquela que ela mais temia. O "tarado", "safado" e "incorrigível" Urashima, que - a despeito de tudo isto - era a única pessoa paciente o bastante para ouvi-la.

Embora parecesse amistosa e afável, Yuri-san era apenas pouco mais do que uma conhecida para ela. Uma verdadeira caixinha de surpresa, como diziam os ocidentais. Naru-Sempai deveria estar muito aborrecida e chateada, ainda mais depois de ter passado por aquele trauma de quase se "casar" com o monstruoso Grommir. Não era a ocasião mais propícia para importuná-la.

Kitsune era pouco confiável e a garota-melancia não lhe inspirava maturidade suficiente. Quanto à Shinobu, Sarah e Kaolla? Nem pensar. Apesar de Motoko-chan gostar muito delas, não iriam compreender o que estava passando. Shinobu era emotiva e inexperiente demais. Kaolla, uma criançona. E se qualquer notícia caísse nos ouvidos da jovem Mac Dougal, ela correria a pensão inteira em segundos.

Assim, Motoko decidiu fazer uma pequena surpresa para Keitarô. Ela iria lá como quem não quer nada e pediria uns conselhos para ele. Se a conversa engrenasse, ela se abriria a respeito dos seus problemas e sentimentos.

E se desse tudo certo, ela convenceria a Shinobu, sua amiga, a acompanhá-la até o quarto do Urashima, para lhe fazer companhia durante o banho e Motoko se ofereceria para fazer uma deliciosa massagem Shiatsu no corpo do rapaz.

Só que deu tudo errado. Antes mesmo de abrir a porta, a jovem Aoyama sentira que algo estava estranho. Ela não precisou de seus sentidos superaguçados para deduzir que havia pelo menos três pessoas naquele quarto e elas estavam fazendo um pouco de barulho.

Só que ela ficou petrificada ao ver Naru-sempai em pessoa beijando Urashima na boca - que absurdo! - e ainda Yuri-san com um traje escandalosamente sumário de banho (Pelo menos para os padrões convervadores dela!

Esta imagem libertou alguns fantasmas ocultos em sua mente. Motoko havia naquele momento recordado-se de uma cena semelhante e que estava como um esqueleto no armário de sua mente.

Quando ela era ainda uma criancinha e seus pais ainda estavam vivos, a menina-samurai estava procurando por sua mãe, chamando-a por todos os cantos da enorme residência do clã Aoyama, em Kyoto. A samurai-criança escutou a voz dela nas termas e qual não foi a surpresa ao ver sua mãe conversando com o seu pai e tomando Sakê, ambos bem à vontade!

Resultado: a pequena Motoko não apenas apanhou naquele dia por ter interrompido o colóquio de ambos os adultos, como também recebeu uma baita bronca da "oneechan" Tsuruko por ter entrado nas termas sem avisar.

Embora as lembranças do incidente tenham sido apagadas na sua mente consciente, com a passagem do tempo, a jovem Motoko acabou associando a cena como algo proibido, virando mais um tabu dentro dela.

- Eu... Eu... Jamais deveria ter entrado no seu quarto naquele momento! Eu... Sou uma menina má... - Soluça Motoko com a cabeça posta no colo de Keitarô, estando ela sentada na grama. Embora tivesse parado de chorar, ainda soluçava um pouco e estava com muita, muita vergonha após ter contado o que ocorrera na sua infância.

- Não, Motoko-chan. Você não é uma menina má. Não tinha como saber. Não imaginava que tivesse acontecido uma coisa destas em sua vida.

- Urashima... Eu... Queria tanto conversar com você.

- Hã? - Preciso de mais tempo. E mais privacidade. - Diz Motoko, um pouco envergonhada por causa de sua impulsividade. Ainda que a contragosto, ela se afasta daquele colo confortável.

- O que te aflige, Motoko-chan?

- O que vai ser da gente? - Diz ela, em voz baixa e indistinta.

- Desculpe-me, mas não entendi direito a sua pergunta.

- Você sabe... Quase que morremos naquele lugar maldito dos orcs!... Eu, Eu... Imaginei que estava pronta para a luta, mas.

- Acalme-se, Motoko-chan. Já passou. O que importa é que tudo deu certo. - Diz Keitarô tentando encontrar forças.

- Hah! Não diga uma bobagem destas, Urashima! A verdade é que nós acabamos sendo derrotados por um bando de seres primitivos!... - Motoko fica irritada pela resposta de Keitarô não ter sido o que ela no fundo desejava dele, e deixa novamente o seu orgulho falar mais alto.

- Ainda bem que Yuri-san teve a idéia de separar o grupo em dois.

- Nem diga isto! Se você chama de sorte a gente ser salva pela Kaolla e companhia! Elas poderiam ter morrido antes da gente, do jeito que são!... - Exaspera-se Motoko.

- Motoko, por favor, não seja dura consigo mesma... O que nos salvou foi a união do nosso grupo! É verdade que sozinhos não somos grande coisa, mas em equipe poderemos ter uma chance de escapar deste mundo e voltar para casa. - Responde com calma Keitarô, medindo bem suas palavras.

- E você tem certeza disto?

- Se não tivesse, já teria desistido. - Diz Keitarô com o máximo de convicção possível.

- E como você pensa que a gente vai conseguir sair deste jogo insano? Vou dizer o que eu acho: Não sei até que ponto a tal da Yuri é confiável e se vai realmente ajudar a gente. Você e a maioria das meninas não têm experiência de combate. Já, a Kitsune, a garota-melancia e a Kaolla não tem muito juízo e... - Argumenta Motoko com uma franqueza até brutal, até começar a se arrepender pela dureza de suas palavras.

- Motoko-chan, pretende carregar o peso do mundo nas costas? Não é bem assim! - Estranhamente, Keitarô soltara estas palavras com uma decisão que não era a sua habitual. Porém eram sinceras e calaram fundo na alma da jovem Aoyama.

- Então me diga, me diga o que devo fazer? Há outra alternativa? - Novamente ela se deixa entregar pela incerteza que assalta seu coração e novas lágrimas saem do seu rosto.

- Uma coisa que aprendi, é que muito daquilo que a gente acha que é impossível pode tornar-se possível. E isto não aprendi sozinho, mas junto com vocês todas!

- Urashima, quero que saiba de uma coisa... - Motoko se ajeita, e senta-se novamente na relva, mas com a postura característica dos antigos japoneses.

- Pode falar, Motoko-chan.

- Eu sou Motoko Aoyama, herdeira do Estilo Shinmei. Desde criança, eu treinei para aperfeiçoar a minha técnica de combate, lutar contra o mal e defender as pessoas. E no entanto... - Responde Motoko, de forma lenta e pausada.

- No entanto...?

- Eu me sinto uma inútil neste mundo de mentira! Do que adianta conhecer várias técnicas de luta se não posso vencer um vil orc! Se não pude salvar todos vocês quando fomos descobertos! Eu... - Uma Expressão forte, misto de raiva e impotência, começa a macular aquele rosto tão belo e instintivamente, quase Motoko machuca sua mão direita ao dar um soco na árvore.

- Motoko-chan... - Keitarô dá um suspiro fundo, e inesperadamente, ele apóia o seu braço direito no ombro esquerdo da assustada filha de samurais.

- Por favor, pare de me chamar deste jeito, Urashi... ! - Se fosse em outra ocasião, Motoko não teria somente repelido aquele atrevimento como também dado um soco nas fuças do pervertido. Só que no fundo, ela não apenas deixou como no fundo desejava aquilo.

- Não tenha medo de si mesma.

- Por favor, você está me irritando!

- E de suas limitações... A gente têm que conhecê-las e lidar com elas antes de superá-las. E tenho certeza que, mais do que uma guerreira, você é uma pessoa admirável.

- Heh... E pensar que um fracote, fracassado e inútil como você passou na Toudai... E ainda nem tive o meu primeiro desafio de verdade... - Suspira Motoko, com um tom de decepção.

- Talvez o segredo para que fracotes, fracassados e inúteis como eu possam fazer acontecer o "impossível", seja dar o melhor de nós mesmos, mas sem forçar os limites.

- Não entendo... Quando a Naru-Sempai e você se mataram de estudar naquele primeiro vestibular, vocês falharam. E no segundo, que achei que estavam relaxando, ambos passaram? Há lógica nisto? - Motoko começa a se acalmar novamente e decide mudar de assunto, até para por os pensamentos em ordem.

- Não sou psicólogo e nem doutor nisto, mas o que penso é que houve uma pequena diferença. Na primeira vez, eu e a Narusegawa estávamos muito nervosos e tentamos ir só com nossas próprias forças, mas deixamos que o medo de falhar dominasse a gente. Na segunda tentativa, a gente não estava tão preocupado em passar a qualquer custo, mas fazer o melhor possível. E depois, Mutsumi, Narusegawa e eu estudamos juntos o tempo todo. - E qual é a conclusão, Urashima?

- Talvez a nossa união e o incentivo mútuo tenha sido o fator decisivo, não as horas gastas.

- Ah, se a nossa busca fosse tão simples quanto o Vestibular da Toudai... - Comenta a jovem Aoyama, cruzando as mãos atrás da cabeça, tentando relaxar.

- Os objetivos podem ser diferentes, mas se nós pensarmos bem, temos um desafio. E nossa vida é cheia de desafios.

- Kei... Ou melhor, Urashima, eu prometo pensar nisto... Acho que temos que ir. Já está escurecendo e as meninas podem ficar preocupadas... - Comenta Motoko, percebendo o adiantado da hora, e fitando Keitarô com uma expressão misto de perdão, simpatia e ternura.

- Tudo bem, Motoko-chan.

Estendendo a mão, Keitarô ajuda Motoko a se levantar da relva do parquinho. Os últimos raios de Sol - que já havia desaparecido - tingiam o horizonte com cores alaranjadas e avermelhadas. A temperatura estava começando a cair e a noite prometia ser fria.

Motoko e Keitarô andaram o trajeto de volta como se fossem velhos amigos íntimos.

A forma como ela olhava para ele, indicava que havia um certo interesse de sua parte, muito mais do que a mera amizade.

Contudo, ao dobrarem a esquina da estalagem, Motoko ficou um pouco envergonhada de demonstrar os seus sentimentos e voltou ao seu self normal, assumindo o papel da guerreira recatada e auto-suficiente que tentava ser.

Enquanto o ex-ronin e a samurai conversavam, desenrolou-se o seguinte diálogo entre Naru e Yuri, no quarto onde estavam.

- Ai meu Deus! Que queimação de filme!... A Motoko nunca vai perdoar a gente por isto... - Responde Naru, apreensiva.

- Isto o quê, Naru-san? - Comenta Yuri, tendo acabado de trocar o roupão de banho pelos seus trajes de aventureira.

- Se eu soubesse o que iria acontecer, teria pedido para não levar aquela garrafa! Ela vai achar que a gente, a gente... - Comenta a ruiva, totalmente envergonhada.

- Mas a gente não estava fazendo nada de mais. E depois, exceto pela Tama, não tinha nenhum menor de idade lá dentro.

- Ai, como posso te explicar, Yuri? É o seguinte... A Motoko vem de uma família tradicional da cidade de Kyoto e é descendente de um clã de samurais! O código de conduta dela é muito rígido e... - Tentando refrear sua impaciência, Naru suspira fundo e tenta dar a explicação menos embaraçosa possível sobre o comportamento da Motoko para Yuri.

- Ainda existem estas coisas no Japão?

- Por incrível que pareça, sim. Quando ela veio para a pensão, quase não falava com a gente e, fora do horário de aula, vivia treinando com sua espada.

- É, percebi que ela é muito dedicada nesta parte. Mas o que tem a ver com... - Comenta Yuri, tentando adivinhar o que a ruiva iria dizer a seguir.

- Apesar daquele tamanhão, para certas coisas, ela é tão inocente quanto uma criança. Ela tem um senso de pudor muito forte e... - Normalmente, quando não estava envolvida emocionalmente, Naru podia se dar ao luxo de ser objetiva.

- Como assim?

- Ah, sei lá, Yuri! Uma vez, eu e o Keitarô saímos para passear no centro e resolvemos tomar um sorvete. A gente estava tomando uma taça de geladinho e resolvi fazer uma brincadeira com o Keitarô, oferecendo uma colher em sua boca. Para quê fui fazer isto? Naquele instante a Motoko-chan e a Su-chan apareceram! A Motoko ficou com uma cara de brava achando que eu estava namorando escondida e a Su espalhou isto por toda a pensão! Naquela semana foi um sufoco!

- É, eu imagino... Se ela reagiu assim só com isto, imagine se ela visse um casal se beijando... - Comenta Yuri.

- Nem pensar! Acho que ela tem um ataque se ver uma coisa destas!... - Responde Naru com um tom meio irônico, meio de compaixão. - Tudo bem, peço desculpas pelo meu comportamento, Naru-san. Vou tomar mais cuidado com minhas atitudes.

- Não esquente a cabeça não, Yuri... Aconteceu. Só uma coisa, você se acha liberal? - Aproveitando a deixa, Naru respira fundo e decide tirar de vez uma dúvida que a atormentava. Mas, mesmo que perdesse a amizade com Yuri, ela tinha que arriscar.

- Liberal? Em que sentido?... - Yuri fica instintivamente curiosa com a pergunta que lhe foi feita, respondendo com o tom de voa mais falsamente ingênuo que lhe era possível.

- Ahn... como posso dizer... Em termos de relacionamento homem-mulher. - Responde Naru com a face ruborizada. Em matéria de argumentação e de malícia implícita, não podia ganhar da loira.

- Um relacionamento casual ou... algo mais... íntimo? - Yuri se aproxima novamente da Naru. Desta vez o seu tom de voz é musical e "caliente".

- É. É isto mesmo. Algo mais... íntimo. - Confirma Naru, sem muita convicção.

- Nem tanto. - Responde Yuri à pergunta de Naru, com uma expressão séria.

- Fala sério? Como é que são as coisas lá? - Nos Estados Unidos?

- Sim.

- Bem, não dá para generalizar. Cada cabeça é uma sentença. Você pode até me achar meio liberal ou arrojada, mas as minhas colegas me diziam que era meio careta e bobona... - Sorri a aventureira loira, como que recordasse de episódios jocosos de sua adolescência.

- Mas você não deixava os rapazes aproveitarem de você, não é? - Pergunta Naru, ainda não totalmente convencida.

- Evidentemente que não. Voltando ao assunto, tive amigas que somente namoravam no esquema tradicional, ou seja, no sofá e com a presença dos pais e que o máximo de ousadia que havia era um rápido selinho no rosto do rapaz. E outras que... Trocavam de namorado toda semana, depois de terem transado 4 ou 5 vezes. Às vezes, numa noite só - Responde Yuri.

- Nossa! Que coisa! E eu achava que minha amiga Kitsune era o máximo de ousadia!... - Comenta Naru, surpresa e escandalizada.

- Mitsune?... Eh... Depende. Não posso dizer muito dela, porque a gente não saiu juntas, até agora.

- Outra coisa, Yuri, é verdade que na América, depois de uns 4 a 6 meses a menina tem que... (ai que coisa)... ficar mais "íntima" do rapaz, senão ele a abandona? - Pergunta Naru, toda envergonhada, temendo passar-se por caipira e antiquada diante de Yuri.

- Ah, Naru, também não é deste jeito. Tem gente que logo no primeiro ou segundo encontro já vão para a cama, mas pouquíssimos destes relacionamentos duram muito... Não posso falar das outras meninas, mas no meu caso, nunca os meus ex-namorados me pressionaram a isto. Acho que em primeiro lugar, tem que ter respeito mútuo.

- Ah, mas você já chegou a levar cantada, não? - Malicia um pouco Naru, pensando ter pego a Yuri "na reta".

- Bem, isto é verdade. - Admite a ranger.

- E o que faz quando o rapaz leva para o lado da malícia?

- Se é uma brincadeira, levo na esportiva. Mas se o rapaz querer dar mole, corto na hora.

- E se insistir muito?

- Acho que um bom simancol na parte posterior do corpo resolve. - Sorri Yuri, com os olhos fechados, imitando a Kitsune.

- Ai... Se um garoto me der uma cantada, juro que não sou responsável pelos meus atos! Não gosto de caras abusados! - Responde a ruiva, toda indignada, simulando um "Naru-Punch" no ar.

- Heh, imagino, minha amiga! Mas quando a gente é bonita, é meio difícil passar despercebida. - Comenta Yuri, satisfeita por ter se saído bem. Pelo visto, Naru precisava de mais experiência e malícia para a derrotar no jogo da verdade.

- Ah, nem me fale! Na época do cursinho andava de um jeito para não chamar atenção: Usava um par de óculos fundo de garrafa, um mínimo de maquilagem e o uniforme mais tosco que tinha à mão. E você?

- Ah, desde os meus 13 anos, eu sempre usei os cabelos meio curtos. E depois gostava de andar no estilo camiseta mais calça jeans e tênis. Saia e blusa, somente nas festas e olhe lá.

- É, neste ponto, você lembra a minha amiga Kitsune. - Comenta Narusegawa, imaginando a similaridade entre sua aloprada melhor amiga e a aventureira loira.

- Bem, nem tanto. - Responde Yuri secamente, ao melhor estilo da Haruka, a tia do Keitarô.

- Como assim?

- Pelo visto, ela tem uma coleção de lingeries bem sexy, não? - Malicia Yuri, mudando subitamente de expressão facial..

- Co-como sabe disto, Yuri-san? - Exclama Naru, surpresa.

- Oras? A gente já não tomou banho juntas? Lá deu para perceber isto.

- É... Bem que a Kitsune tem que tomar cuidado... Já avisei a ela que aquelas lingeries são muito apelativas... - Responde Naru com uma enorme gota na cabeça. - Não que seja contra, mas tudo tem a sua ocasião.

- Eu, heim? Se um dia usar isto, é perigoso o Keitarô tentar me espionar só para pensar em safadezas! Jamais!

- Ahahah! - Gargalha Yuri, se divertindo com a bravata de Narusegawa.

Enquanto isto acontecia, Kaolla e Sarah descansavam no térreo da estalagem. Após Motoko ter levado elas de volta ao prédio, há vários minutos atrás, as endiabradas garotas ficaram apenas um pouco de tempo - o suficiente para ver Tama, Keitarô, Narusegawa e Yuri correndo atrás da abalada Samurai, para a diversão de ambas.

- Nyah... Na certa o Keitarô taradão deve ter feito uma bobagem daquelas para a Motoko sair correndo daquele jeito, não acha, Sarah? - Comenta Kaolla enquanto fica com a boca aberta pensando nas deliciosas iguarias que a esperavam na hora da janta.

- É. - Responde secamente a jovem MacDougal, com os braços cruzados.

- Ei, baixinha, o que achou da gente ter explorado esta cidadezinha perdida, hein? - Pergunta Kaolla dando um forte tapa nas costas da Sarah, que revida com um croque.

- Acho que foi a coisa mais emocionante que fizemos... - Prossegue Sarah, com a expressão do rosto fortemente entediada. Ela ansiava por sangue, aventura, perigo e morte, mas ultimamente as coisas andavam meio que monótonas para o seu espírito sedento de adrenalina.

- É uma pena que os componentes do kit de invenções quase acabou... Nyahhh... Eu queria inventar mais coisas... Ei, baixinha, no que está pensando? Nunca vi você tão séria... - Finalmente a "ficha" da exótica estudante cai e ela percebe que Sarah estava mais séria e calada, como se tivesse articulando algo.

- É naquela tal da Yuri... - Comenta a jovem californiana, com ar desconfiado.

- O que tem a Yuyu? Ela parece ser uma pessoa legal, apesar de ser um pouco parecida com a Motoko! Nyaah, e acho que ela deve gostar de bananas também!

- Não sei. Pode até ser, mas tem alguma coisa na história dela que não cola... - Comenta Sarah.

- Como assim?

- Hmmm... Como posso dizer, Kaolla? A Yu tem sotaque de californiana, jeito de quem morou na Costa Oeste do meu país, mas algo não bate... O físico dela, o jeito dela ser parece ser bem europeu... - Finalmente a garota prodígio se abre, embora duvidasse que a sua amiga de confusões sacasse na hora o que ela estava pensando.

- Mas só isto?

- Depois... O jeito que ela lutou na aldeia não é como de uma amadora, eu senti isto no nosso treino. E garanto que ela não usou a força total dela contra a Motoko! - Completa Sarah. Quando ela queria ser fria e objetiva, a "pestinha" sabia ser fria e objetiva.

- Nya? Será que ela não é alguma ninja com cabelo tingido de loiro? - Pergunta Kaolla com o seu jeito infantil como sempre.

- Se papai estivesse aqui, ele identificaria o estilo de luta dela. É diferente do Karatê, do Judô e mesmo do Jet Kune Do... - Murmura Sarah, se referindo ao Professor Seta, seu pai adotivo.

- E se...?

- Já pensou se ela for uma assassina? Ou alguma agente secreta que nem o Senhor Smith do filme Matrix? - Finalmente Sarah conclui o seu raciocínio, com os olhos brilhando e expressão sorridente, voltando ao seu "self" habitual.

- É mesmo, não tinha pensado nisto! Aquela empresa que fez o game de RPG online "Fantasy" trabalhava antes na produção de módulos de Realidade Virtual para o Pentágono dos EUA! - Empolga-se Kaolla.

- Eles podem muito bem criar um personagem controlado pela Rede fingindo ser um jogador de verdade só para pegar hackers e abelhudos como a gente. - Continua a jovem MacDougal, traçando similaridades entre o game virtual onde elas estavam presas - juntamente com o resto do pessoal - e a realidade monstruosamente artificial do Matrix.

- Mas a gente não fez nada de errado! O nosso CD-ROM é original e ... - Tenta-se defender a jovem estudante morena.

- Mas, Kaolla, e quanto aqueles downloads piratas de coisas que você andou pegando? - Malicia Sarah, dando uma cotovelada de leve no braço de sua amiga.

- Nya-ah-ah-ah! Puxa! É mesmo... Já pensou se... - Kaolla gargalha a princípio, mas em seguida ela fica inesperadamente séria e apreensiva.

- Vamos ter que ficar espertas. Só o fato dela não ter falado quase nada do seu passado pode ser sinal que ela é uma personagem Non-Player-Character movida por Inteligência Artificial que nem aqueles replicantes do Blade Runner. - Comenta MacDougal fazendo uma autêntica salada de filmes e de referências de jogo de RPG com a realidade que eles estavam vivendo.

- É pode ser. É melhor a gente avisar as outras? - Pergunta Kaolla.

- Por enquanto não. Elas não iriam acreditar na gente. Depois que a gente sair da reunião do tal do Eldrick, vamos dar uma espionada na Yuyu. Precisamos de provas para descobrir a verdade sobre ela. - Finalmente Sarah resolve expor o seu louco e arriscado plano para sua companheira de bagunças.

- To contigo, baixinha! Sabe, você é muito inteligente! Só fica atrás de minha genialidade!!! - Empolga-se Kaolla, fazendo um sinal de positivo.

- Sabe, não são poucas as pessoas que entendem uma garotinha superdotada como eu! - Responde Sarah, toda convencida.

- Eu sei! Só uma gênia doida como você para me compreender! Nya-ah-ah-ah! - Após soltar este comentário, Kaolla corre dando risada, como se fosse uma gazela.

- Kaolla-Baka! - Grita Sarah, tentando perseguir a sua "amiga" com suas armas e apetrechos

Sem ter nada mais o que fazer, as duas endiabradas garotas voltam ao quarto para descansar, embora não aparentassem sinais de cansaço, devido ao excesso de adrenalina que tiveram nos últimos dias na terra dos orcs. Contudo, aqueles dias foram realmente empolgantes e bem diferentes da monotonia do calendário escolar e da ausência de emoções que se apoderara da Pensáo, depois das aventuras passadas em Okinawa e nas Ilhas Pararacelso.

De qualquer forma, teriam muito o que fazer daqui para a frente. O retorno para a casa e o mundo real poderiam esperar. No que dependesse das duas, iriam se divertir bastante.

NOTAS DO CAPÍTULO:

01 - Assim como o capítulo 31, ele foi esboçado no início deste ano até meados de abril. Em relação a versão antiga, alguns diálogos foram alterados e foi acrescentado um pouco mais de "pimenta" nas cenas do banho. Também o final envolvendo a Kaolla e Sarah foi modificado agora, tendo em vista os capítulos seguintes.

02 - Agradecimentos para a Márcia Fantini ("Hikaru" no fórum ) pelo parecer e comentários do capítulo 31. Ela tem me ajudado no beta-test de vários textos desde julho, além de ser uma fic-writer promissora. A Márcia possui uma excelente fic de Harry Potter no , cujo link transcrevo

03 - Neste capítulo, procurei dar uma atenção especial à Motoko e aos seus sentimentos com relação ao Keitarô, Estava na hora dela merecer um papel maior na Saga, mais do que ser a "boa de briga" nas cenas de luta.

Procurei afastar um pouco do estereótipo de "garota machona" e mostrar um lado mais humano dela, o que transparece na cena da árvore da Igreja. Esta cena foi um pouco inspirada no que acontece no mangá, logo após o Keitarô a encontrar vagando sem destino na chuva - após a derrota para a irmã dela. Mas também procurei personalizar os diálogos, com base em fatos pessoais.

04 - A partir deste capítulo começa a ser enfocado a misteriosa origem da Yuri e os seus objetivos.

Quem conhece bem o mangá, sabe que a jovem Sarah MacDougal não é apenas uma pestinha insuportável, mas também é bem inteligente para a idade e sabe ser objetiva quando lhe convém. E muitas surpresas irão aguardar os capítulos finais desta saga, que completou 1 ano no mês de junho passado, apesar de ter começado a ser publicada a partir de Agosto.

05 - Dedico este capítulo ao colega Alleran, pela sua decidação, companheirismo e sobretudo, pelas suas excelentes fics de Love Hina. E espero que ele volte a publicá-las em breve! Um abraço!

Também dedico esta fic - especialmente a cena do banho - para a colega Primulla, uma excelente fic-writer e amiga. Quem ler os capítulos 31 e 32 vai entender de onde busquei a inspiração para fazer as cenas do "affair" Keitarô-Naru-yuri. Hehehe... Pri-san, parabéns pela sua excelente fic "O Fulgor dos Deuses"!

E para uma pessoa querida, espero que tenha gostado da cena da Motoko-chan e Keitarô e a menção especial sobre a relva, a árvore e as flores. Obrigado por ter mostrado uma outra visão sobre a profundidade dos sentimentos da garota-espadachim. See Ya!

06 –Glossário:

Kanrinin: É o cargo que o Keitarô ocupa na pensão Hinata. Embora seja traduzido como "gerente" na versão brasileira, na prática, ele é uma espécie de "faz-tudo", cuidando da administração, compras, limpeza e manutenção do alojamento.

Oneechan: Tratamento carinhoso dedicado à Irmã mais velha, em japonês;

Sempai: Título de respeito dado a pessoas que estudam na mesma escola ou colégio, só que de turmas mais elevadas ou ainda, a colegas de serviço com mais tempo de casa. A Shinobu utiliza muito este termo para se referir ao Keitarô. Enquanto que a Motoko faz o mesmo em relação à Naru.

Escrito por: Calerom

Data: 29/08/2004 - 15: 07 Hrs.

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