Capítulo 8 - Gregory Goyle
- Gina! - exclamou Harry. - Quanto tempo meu amor!
Gina se atirou nos braços de Harry. Depois, voltou-se para Honey e para Kat e disse com orgulho:
- Este é Harry Potter. Harry, estas são as minhas companheiras, Honey Taft e Kat Turner.
- Muito prazer. - disse Harry, voltando-se para a mulher que estava ao seu lado.
- Estávamos ansiosas em conhecê-lo, senhor Potter. - falou Honey.
- Gina fala tanto de você, Potter. Parece que já o conhecíamos a tempos. - disse Kat.
- Gina também falava de vocês nas cartas.
- Bem Gina, vamos sair e deixar os pombinhos a sós. Eu e Honey precisamos mesmo comprar algumas coisas na cidade.
- Ah tudo bem.
E assim Harry e Gina ficaram sozinhos.
- Quanto tempo! Estava tão ansioso.
- Eu também Harry. Eu também. - disse Gina o abraçando-o.
- Gina vim para ficar pouco tempo. Mas dentro de meses poderei ser transferido para cá. Você ainda quer se casar comigo?
- Sim.
Os dias se passaram como relâmpagos e chegou o dia da partida de Harry.
- Tchau meu amor! Eu voltarei logo. Mais rápido do que você possa imaginar.
Nesse momento, rolaram lágrimas pelo branco rosto de Gina.
Durante os meses seguintes, Gina esteve poucas vezes com Kat e Honey. Tomavam juntas um café da manhã rápido na cantina do hospital e às vezes cruzavam-se nos corredores.
Comunicavam-se principalmente através de notas deixadas no apartamento.
- O jantar está no freezer.
- O microondas está desligado.
- Desculpem, não tive tempo para limpar tudo.
- Que tal irmos as três jantar fora no sábado?
O horário impossível continuou a ser castigador, pondo à prova a resistência de todos os residentes.
Virgínia agradeceu a pressão. Não lhe sobrava tempo para pensar em Harry e em quanto gostaria que ele estivesse ali.
Uma sexta-feira, quando Virgínia foi ao vestiário para vestir o sobretudo branco, estava escrito a palavra "cabra" com marcador preto.
Na manhã seguinte, quando Gina foi procurar o bloco de notas, não conseguiu encontrá-lo. Todos os seus apontamentos tinham desaparecido. "Talvez o tenha colocado em outro lugar" - pensou Virgínia.
Mas não conseguia acreditar nisso.
O mundo fora do hospital tinha deixado de existir. Virgínia sabia que o Ministério estava atacando os Comensais da Morte e que isso tinha sido abafado pelos cuidados exigidos por um doente de quinze anos com leucemia. O que tornou tudo suportável foram os medi-bruxos com quem Gina trabalhava. Com algumas exceções, se dedicavam a aliviar as dores e a salvar vidas. Gina assistiu aos milagres que eles efetuavam todos os dias e isso fazia sentir-se orgulhosa. A pressão maior vinha da Sala de Urgências. A sala de urgências estava constantemente cheia de pessoas, que sofriam de todas as formas imaginárias de traumas.
As prolongadas horas no hospital e as pressões causavam tensão nos medi-bruxos e enfermeiras que ali trabalhavam. A taxa de divórcios entre os medi-bruxos era extraordinariamente elevada e as relações extraconjugais eram comuns.
Tom Chang era um dos que tinham problemas. Falou disso a Gina durante a pausa para um café.
- Consigo suportar as horas - confidenciou Chang -, mas a minha mulher não consegue. Queixa-se que já não me vê e que sou um estranho para a minha filhinha. Ela tem razão. Não sei o que fazer.
- Sua esposa já visitou o hospital? - perguntou Gina.
- Não.
- Por que não convida ela para almoçar aqui um dia, Tom? Será bom que ela veja o que você faz aqui e a importância que isso tem.
Chang animou-se:
- Boa idéia. Obrigado, Virgínia. Vou fazer isso. Gostaria que a conhecesse. Quer almoçar conosco?
- Com todo o prazer.
A mulher de Chang, Sye, era uma encantadora jovem de beleza clássica. Chang mostrou-lhe o hospital e depois almoçaram com Gina na cantina.
Chang disse a Virgínia que Sye nascera e fora criada em Hong Kong.
- Gosta de Londres? - perguntou Virgínia.
Houve um breve silêncio:
- É uma cidade interessante - respondeu Sye, delicadamente - mas me sinto como se fosse uma estranha aqui. É uma cidade muito grande e barulhenta.
- Mas, segundo me disseram Hong Kong também é grande e barulhenta.
- Sou de uma pequena aldeia situada à uma hora de Hong Kong. Ali não há barulho nem automóveis e todos se conhecem.
Olhou para o marido:
- Lá, Tom, eu e a nossa filhinha éramos muito felizes. Tudo é muito bonito na ilha de Lamma. Possui praias de areia branca e pequenas quintas e muito próximo encontra-se uma pequena aldeia de pescadores. É muito pacífica.
A voz soou muito nostálgica:
- Eu e o meu marido ficávamos juntos a maior parte do tempo, tal como deve estar uma família. Aqui, quase nunca o vejo.
Virgínia respondeu:
- Senhora Chang, sei que neste momento tudo é difícil para a senhora, mas dentro de alguns anos, Tom poderá abrir o seu próprio consultório e então tudo será mais fácil.
Tom Chang pegou na mão da mulher:
- Está vendo? Tudo ficará bem, Sye. Só terá que ter paciência.
- Eu compreendo. - respondeu ela, mas não havia convicção na voz.
Enquanto conversavam entrou um homem na cantina e, quando este parou junto à porta, Virgínia apenas conseguiu ver-lhe a parte de trás da cabeça. O coração começou a bater mais depressa. Ele virou-se. Era um completo estranho.
Chang olhava para Virgínia:
- Está sentindo-se bem?
- Sim. - mentiu Virgínia.
Numa das correrias, Gina encontrou-se com Honey no corredor. Esta arfava e parecia preocupada.
- Está tudo bem? - perguntou Virgínia.
Honey tentou sorrir:
- Sim. Tudo bem. - E continuou a correr.
Recentemente, Honey fora designada para assistir um medi-bruxo de nome Charles Isler, conhecido no hospital como militar severo.
No primeiro dia de rondas de Honey, ele dissera:
- Tenho estado ansioso para trabalhar com a senhora, doutora Taft. O doutor Schober falou-me do seu registro espetacular na escola de medicina. Foi-me dito que vai praticar medicina interna.
- Sim.
- Muito bem. Então, vou tê-la aqui por mais três anos.
Começaram a ronda.
O primeiro doente era um jovem mexicano. O Dr. Isler ignorou completamente todos os outros residentes e voltou-se para Honey:
- Acredito que este será um caso interessante para você, doutora Taft. O doente possui todos os sinais e sintomas clássicos: anorexia, perda de peso, paladar metálico, fadiga, anemia, hiperirritabilidade e descoordenação. Como diagnosticaria? - sorriu, expecativamente.
Por um momento, Honey olhou para ele:
- Bem, podem ser uma série de coisas, não é?
O Dr. Isler olhou para ela, confuso:
- É um caso claro de...
Um dos outros residentes interrompeu:
- Envenenamento por chumbo?
- Exato. - respondeu o Dr. Isler.
Honey sorriu:
- Claro. Envenenamento por chumbo.
O Dr. Isler voltou-se novamente para Honey:
- Como o trataria?
Honey respondeu evasivamente:
- Bem, existem vários métodos de tratamento, não é?
Um outro residente afirmou:
- Se o doente esteve exposto por muito tempo, deverá ser tratado como um caso potencial de encefalopatia.
O Dr. Isler concordou:
- Exato. É isso que estamos fazendo. Estamos corrigindo a desidratação com um poção específica.
O doente seguinte era um homem de cerca de oitenta anos. Tinha os olhos vermelhos e as pálpebras praticamente coladas.
- Daqui a pouco iremos tratar-lhe dos olhos. - garantiu-lhe o Dr. Isler. - Como se sente?
- Oh, não estou tão mal assim para um velho.
O Dr. Isler puxou o cobertor a fim de destapar os joelhos e tornozelos inchados. Havia lesões nas solas dos pés.
Voltando-se para os residentes:
- O inchaço é causado pela artrite. - Olhou para Honey: - Em combinação com as lesões e a conjuntivite, tenho a certeza que sabe qual é o diagnóstico.
Honey respondeu lentamente:
- Bem, pode ser... sabe...
- É a síndrome de Reiter - afirmou um dos residentes. - A causa é desconhecida. Normalmente é acompanhada de febres baixas.
O Dr. Isler concordou:
- Exatamente. - Olhou para Honey: - Qual é o seu prognóstico?
- O prognóstico?
O residente respondeu:
- O prognóstico é incerto. Pode ser tratado com anti-inflamatórios.
- Muito bem. - elogiou o Dr. Isler.
Visitaram uma dúzia de doentes e, quando terminaram, Honey perguntou ao medi-bruxo:
- Poderei falar um momento o senhor a sós, doutor Isler?
- Sim. Venha ao meu gabinete.
Quando já se encontravam comodamente sentados, Honey começou:
- Sei que ficou desapontado comigo.
- Admito que fiquei um pouco surpreendido por...
- Eu sei, doutor Isler. - interrompeu Honey. - Não dormi a noite passada. Para dizer a verdade, fiquei tão satisfeita por trabalhar com o senhor que eu... Não consegui dormir.
Olhou para ela, surpreendido:
- Oh. Compreendo. Sabia que tinha de haver uma explicação para... Quero dizer, o seu registro da faculdade de medicina era tão fantástico. O que a fez decidir ser medi-bruxa?
Por momentos Honey baixou a cabeça e depois respondeu, suavemente:
- Tive um irmão mais novo que ficou aleijado num acidente. Os medi-bruxos fizeram tudo o que puderam para o salvar... mas eu o vi morrer. Durou muito tempo e senti-me inútil. Foi então que decidi passar a minha vida a ajudar os outros a melhorar. - Os olhos encheram-se de lágrimas.
"É tão vulnerável" - pensou Isler.
- Estou satisfeito por termos tido esta conversa.
Honey olhou para ele e pensou: "Ele acreditou em mim".
Numa outra parte da cidade, jornalistas de todos os jornais bruxos esperavam na rua por Gregory Goyle quando este saiu do Tribunal, sorrindo e acenando de forma imponente para os que ali se encontravam. Estavam dois guarda-costas ao seu lado: um alto e magro, conhecido por Sombra, e o outro de aspecto pesado, chamado Rhino.
Como sempre, elegante e demasiadamente bobo, Gregory Goyle vestia uma veste de seda cinzenta com camisa branca, gravata azul e sapatos de pele de crocodilo. As suas roupas tinham de ser cuidadosamente talhadas para o fazerem parecer bem alinhado, uma vez que era baixo e corpulento, com pernas arqueadas.
Tinha sempre um sorriso e um gracejo pronto para a imprensa e estes gostavam de o citar. Tinha conseguido ser tudo o que queria ter sido em Hogwarts e Draco não havia deixado. Goyle tinha sido indiciado e julgado três vezes por acusações que iam de lançamento de maldições imperdoáveis a incêndio proposital, chantagem e assassinato. Mas conseguia, não se sabia como, livrar-se de todas elas.
Naquele momento, quando ele saía do Tribunal, um dos jornalistas gritou:
- Sabia que ia ser absolvido, senhor Goyle?
Goyle deu uma gargalhada:
- Claro que sabia. Sou um homem de negócios inocente. O Ministério não sabe fazer mais nada a não ser me perseguir. Essa é uma das razões por que os nossos impostos são tão elevados.
Uma câmara de televisão estava apontada para ele. Ao saber-se focado, Gregory Goyle deixou de sorrir.
- Senhor Goyle, pode explicar porque é que duas testemunhas que iriam depor contra si no julgamento por assassinato não compareceram?
- É claro que posso - disse Goyle. - Eram cidadãos honestos que decidiram não prestar falsos testemunhos.
- O Ministério afirma que o senhor é parte dos Comensais da Morte de Voldemort e que foi o senhor que organizou...
- A única coisa que eu organizei foi o lugar onde as pessoas se sentam no meu restaurante. Quero que todos se sintam confortáveis. - Sorriu para o grupo de jornalistas. - A propósito, esta noite estão todos convidados para jantar e beber à vontade no restaurante.
Avançou em direção à rua, onde um carro trouxa demasiadamente grande o esperava.
- Senhor Goyle...
- Senhor Goyle...
- Senhor Goyle...
- Vejo vocês logo à noite no meu restaurante, rapazes e meninas. Todos sabem onde fica.
E Gregory Goyle entrou no carro, acenando e sorrindo.
Rhino fechou a porta do carro e sentou-se no banco da frente. Sombra sentou-se ao volante.
- Foi fantástico, patrão! - disse Rhino. - O senhor sabe mesmo bem como manobrar esses idiotas.
- Aonde vamos? - perguntou Sombra.
- Para casa. Quero tomar um banho quente e comer um bom bife.
O carro partiu.
- Não gostei daquela pergunta sobre as testemunhas - disse Goyle. - Têm a certeza de que eles nunca...
- A não ser que consigam falar debaixo de água, patrão.
Goyle concordou:
- Muito bem.
O carro atravessou veloz a Fillmore Street. Goyle perguntou:
- Viram o olhar do advogado de acusação quando o juiz se retirou...?
De repente, surgiu um enorme cão preto à frente do carro. Sombra virou rapidamente o volante para evitar atropelá-lo e travou a fundo. O carro subiu a calçada e bateu em um poste de eletricidade. Rhino bateu com a cabeça no pára-brisas.
- Que merda você fez? - gritou Goyle. - Está tentando me matar?
Sombra ficou a tremer:
- Desculpe, patrão. Apareceu um cão à frente do carro...
- E você decidiu que a vida dele era mais importante do que a minha? Seu idiota!
Rhino gemia. Voltou-se para trás e Goyle viu sangue a correr de um corte grande na testa.
- Por amor de Deus! - gritou Goyle. - Olha o que você fez!
- Estou bem. - murmurou Rhino.
- Não está! - Goyle virou-se para Sombra. - Leve-o ao hospital.
Sombra retirou o carro da calçada.
- O St. Mungus fica a alguns quarteirões daqui. Vamos levá-lo à urgência.
- Certo, patrão.
Goyle voltou a recostar-se no assento:
- Um cão - disse desgostosamente. - Meu Deus!
Kat estava nas urgências quando Goyle, Sombra e Rhino entraram. Rhino sangrava muito e Goyle chamou Kat:
- Hey, você aí!
Kat levantou a cabeça:
- Está falando comigo?
- Com quem você acha que eu estou falando? Este homem está sangrando. Trate imediatamente dele.
- Há meia dúzia de pessoas na frente dele - disse rapidamente Kat. - Terá de esperar pela sua vez.
- Não vai esperar nada - respondeu Goyle. - Você vai cuidar já dele.
Kat contrariada dirigiu-se a Rhino e o examinou. Pegou um pedaço de algodão e o pressionou contra o corte.
- Mantenha-o aí. Já volto.
- Eu mandei que cuidasse dele imediatamente. - disse Goyle bruscamente.
Kat voltou-se para Goyle:
- Esta é a ala de urgências do hospital. Sou a medi-bruxa de serviço. Por isso, fique calado ou saia.
Sombra disse:
- Minha senhora, a senhora não sabe com quem está falando. É melhor fazer o que lhe foi dito. Este é o senhor Gregory Goyle.
- Uma vez que as apresentações terminaram - disse Goyle, impacientemente -, cuide do meu homem.
- O senhor tem problemas de audição? - respondeu Kat. - Vou dizer mais uma vez. Fique calado ou saia daqui. Preciso trabalhar.
Rhino afirmou:
- Não pode falar com...
Goyle voltou-se para ele:
- Cale-se! - Olhou novamente para Kat e o tom de voz mudou. - Eu ficara grato se tratasse dele o mais depressa possível.
- Farei o possível. - Kat sentou Rhino numa maca.
- Deite-se. Regressarei em breve. - Olhou para Goyle. - Há cadeiras ali ao canto.
Goyle e Sombra ficaram a vê-la dirigir-se para a outra ponta da sala de urgências para cuidar dos doentes que ali se encontravam à espera.
- Meu Deus! - disse Sombra. - Nem sequer sabe quem é o senhor.
- Acho que não iria alterar nada.
Quinze minutos mais tarde, Kat regressou para junto de Rhino e examinou-o.
- Não há contusões - afirmou. - Teve sorte. Mas o corte é feio e profundo.
Goyle ficou a ver Kat suturar habilmente a testa de Rhino.
Quando Kat terminou, disse:
- Deve melhorar logo. Volte aqui dentro de cinco dias para retirar os pontos.
Goyle aproximou-se e examinou a testa de Rhino:
- Fez um ótimo trabalho.
- Obrigada - respondeu Kat. - Bem, se me derem licença...
- Espere um momento - disse Goyle. Voltou-se para Sombra. - Dêem umas moedas para ela.
Sombra tirou do bolso moedas:
- Tome.
- Pague na saída.
- Isto não é para o hospital. É para você.
- Não, obrigada. Só fiz o meu trabalho.
Goyle ficou vendo Kat se afastar e começar a tratar de outro doente.
Sombra falou:
- Talvez não seja o suficiente, patrão.
Goyle abanou a cabeça:
- Ela é uma tipo independente. Gosto disso. - Ficou calado por momentos. - O doutor Evans vai reformular tudo sobre o seu quadro de medi-bruxos, não é?
- Sim.
- Certo. Quero que descubras tudo sobre esta medi-bruxa.
- Para quê?
- Influência. Acho que ela poderá vir a ser muito útil.
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