A Espada do Coração

Capítulo 1: Prisioneiro do seu próprio coração


O céu estava estrelado naquela noite... parecia que não iria chover no dia seguinte. As estrelas... como ele se sentia incomodado ao fitá-las... talvez porque, para ele, elas fossem solitárias, eternas.... eterno, algo eterno podia ser tão bom ou tão ruim... a eternidade de um sorriso, de uma palavra ressoando para sempre, capaz de acalmar qualquer coração... ou talvez, a eternidade de uma dor, de uma perda, que jamais poderia ser restaurada ou substituída....é.. parece que, certas coisas, ou melhor, certas pessoas são mesmo insubstituíveis...

Ele sorriu tristemente ao perceber o quanto aqueles pontinhos luminosos se pareciam com os seus desejos... impossíveis de se alcançar. Ou, quando estivesse perto o suficiente, eles teriam se esvaído, jogados para uma outra dimensão longínqua. Tudo o que ele via agora era o reflexo de tudo aquilo que ele construíra, mas que agora, encontrava-se morto e enterrado dentro do seu pobre coração amargurado.

Preferiria mil vezes não ter conhecido "a eternidade boa", para se ver livre da "eternidade ruim". Será? Será mesmo que ele poderia viver sem jamais ter experimentado certos sentimentos? Não, não poderia... não poderia abrir mão de sentir a felicidade irradiar dentro de si, depois de tê-la encontrado da maneira mais singela, mais pura e da maneira mais casual, através do amor.

Embora ele jamais acreditasse que poderia amar algum dia, depois de toda uma vida marcada por incertezas, escuridão e desconfiança ele conheceu a mais pura felicidade diante da visão mais perfeita que já presenciara, a claridade de um sol espetacular refletida em um par de belos olhos azuis.. os azuis mais perfeitos que já vira. É verdade que teve algumas mulheres, uma até, sacrificara-se por ele, fazendo-o sentir uma culpa que carregaria por toda a vida. Mas, pela dona daqueles olhos azuis é que se apaixonara.. os azuis dos olhos dela eram diferentes de qualquer outro azul já visto.. eram especiais, eram os azuis que lhe proporcionariam os melhores momentos da sua vida, em tão pouco tempo.

Ele despertou de seus devaneios com o toque daquela maldita campainha ensurdecedora. De certo que já seria meia-noite, pois as luzes se apagaram automaticamente e, como sempre, ele pôde ouvir homens correndo, gritando xingamentos e propostas insinuantes sendo feitas.

O que importava? Ele já estava deitado mesmo...

- Ei, cara? Tá acordado?

Ele sorriu ao ouvir a voz do seu companheiro de cela. Na certa, Sanosuke queria "filar" alguns dos seus cigarros.

- Não precisa nem pedir... tome, eu estou mesmo querendo parar de fumar.

- Valeu, Kenshin! Você é mesmo um dos meus! Alguma novidade sobre a sua sentença? – disse acendendo o cigarro que naquela escuridão, parecia um ponto vermelho luminoso. Como um vaga-lume de luzes vermelhas, se algum dia já existiu um assim...

- Nada, se você quer saber...

- Que o réu se levante para ouvir a sua sentença.. Senhores do júri, por favor.

Kenshin podia sentir toda a tensão dentro de si. Ele seria libertado, com toda a certeza. Seu advogado, Seta Soujiro, tinha feito um bom trabalho. Apesar daquele sorriso enigmático que carregava no rosto, ele teve uma ótima argumentação... com certeza provariam a sua inocência.

- Nós, membros do júri, consideramos o senhor Himura Kenshin culpado de todas acusações realizadas sobre ele pelo Estado japonês. O senhor Himura Kenshin cumprirá 12 anos e três meses por formação de quadrilha, 10 anos e 4 meses por falsificação e 8 anos e 6 meses por tráfico ilegal de armas em regime fechado, sem direito à condicional. A pena total é de 31 anos e 1 mês.

Não podia ser verdade. Não... ele não tinha cometido nenhum daqueles crimes.. então por quê diabos estaria sendo condenado? Pensava que aquele monte de testemunhas falsas que foram utilizadas pela Promotoria para incriminá-lo ,teriam seus depoimentos descartados ... QUEM conseguiria armar todo aquele esquema para prendê-lo e por quê?

Levantou-se exasperado, Kenshin não acreditava no que estava acontecendo.

- NÃO... é mentira!!! Eu não cometi nada disso... não podem me condenar por algo que eu não fiz!!!

- Fique calmo, Kenshin! Assim você só complica as coisas... nós podemos apelar, não se esqueça da Apelação!

- Senhor Seta, acho melhor acalmar o seu cliente. Não quer mais uma condenação por desacato à Autoridade, não é? – o juiz olhava de forma superior para o ruivo.

Soujirou tentava, em vão, acalmar Kenshin. O réu se debatia desesperado.

- Pelo visto, a justiça foi feita.

Kenshin virou-se para ver quem tinha declarado tal calúnia. Arregalou os grandes olhos violetas ao notar a figura de....

- Yukishiro Enishi!!! O que está fazendo aqui?

- Achava mesmo que ficaria imune, Battoussai? Achava mesmo que, depois de tudo o que fez, conseguiria sair limpo desta? - Enishi sorriu de forma sarcástica – Eu, como um cidadão honesto desta sociedade, jamais permitiria tal coisa.

Agora tudo se encaixava perfeitamente. As testemunhas arrumadas de última hora pelo Promotor, a pressa com que o seu julgamento fora arrumado, sem lhe dar a chance de conseguir um Habeas Corpus... tudo causado por aquele infeliz!!!

- Seu desgraçado!!!! – Kenshin não pensou em mais nada, não viu mais nada. Quando percebeu, tinha se soldado dos guardas e pulado em cima de Enishi, lhe dando um soco que pegou em cheio no seu nariz. – Seu filho da mãe!!! Armou tudo isso pra mim, não é?!!!

Enishi, apesar de estar com o nariz quebrado e com a camisa suja de sangue, não pôde deixar de sorrir...- A minha Justiça dos Homens foi feita!!!

Kenshin foi retirado do tribunal às pressas, enquanto que Soujirou tentava argumentar com o juiz, para que o seu cliente não recebesse mais uma acusação.

Sagara sorriu de forma debochada.

- Parece que o "cabelinho branco" te ferrou direitinho, né? Mas também eu não esperava menos desse maldito governo... depois do que fizeram com o capitão Sagara, eu não me impressiono com mais nada.

- Não é bem assim, Sano.

- Como não é bem assim? Nós somos inocentes, esqueceu? Mais do que isso! Somos homens que trabalhavam para aqueles malditos políticos... resolvendo tudo por debaixo do pano pra que ninguém desconfiasse da instabilidade do país... para que não soubessem da existência de homens como Shishio Makoto.

- Pois pra mim, esta história está muito mal contada..

- Kenshin, não tem nada de mal contado nisso...o maldito governo que usou o capitão Sagara para fazer os seus trabalhinhos sujos, nos usou também!

Sanosuke tinha amargura na voz e Kenshin sabia por quê. O amigo de cela tinha servido o exército e acabara seguindo a carreira militar, graças a insistência do seu capitão. Depois de algum tempo, o senhor Sagara Souzou e mais alguns homens de suas tropas, apenas os mais fortes e hábeis, dentre eles Sano, haviam sido designados pelo governo para realizarem missões secretas em outros países, formando assim, a Tropa Sekihoutai. Infelizmente, em uma das missões, a tropa foi descoberta e todos os integrantes foram presos em solo estrangeiro. O Japão não havia dado nenhuma assistência aos seus homens, declarando que eram terroristas perigosos e podiam ser julgados de acordo com a Constituição estrangeira. Durante uma rebelião, Souzou tentava fugir com Sano, mas acabou sendo morto pelos guardas.

Sanosuke parecia ter lágrimas nos olhos. Lembrava-se constantemente da promessa que havia feito ao seu capitão, quando este beirava a morte.




- Jure, Sanosuke.. jure que jamais vai deixar de lutar contra a impunidade... sempre esteja do lado justo... não importa se isso significar estar novamente ao lado do governo...

- Eu jamais farei isso, jamais combaterei ao lado daquele maldito governo novamente!

- Não diga isso.. você tem que sempre lutar para que as coisas melhorem.. para que os desamparados possam um dia viver em paz...Jure..

- Eu.. eu juro. – Sano tinha lágrimas que escorriam sem parar.. ele nunca fora homem de chorar, mas vendo a pessoa que mais admirava traída, morta... não pôde conter-se.

- Agora vá.. fuja daqui... você é jovem, conseguirá sobreviver por aí...- Souzou sorriu ao lembrar-se da maneira de como seu subordinado sempre se arranjara no meio de seus trambiques. – Só não se esqueça do que me prometeu...

Dizendo isso, Sagara Souzou morreu. Para homenageá-lo, Sanosuke passou a utilizar o sobrenome Sagara, assim jamais se esqueceria de sua promessa.




Kenshin entendia o amigo... também havia perdido sua família e uma pessoa da qual gostava muito.

- Sinto muito, Sano. - Foi tudo o que conseguiu murmurar.

- Não sinta!!! Apenas lute!! Lute muito e saia daqui.. não deixe esse maldito governo vencer!!!!





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Estava chovendo torrencialmente. Como podia chover tanto assim em uma única noite?

Ela estava olhando o jardim lá fora...de repente, lembranças vieram a sua mente e ela pôde visualizar um jardim cheio de vida... era como se pudesse ver a sua frente ela e a sua família, seu pai, sua mãe e seu irmão... os risos dela e de Yahico enquanto seu pai brincava com eles, molhando-os com a mangueira do jardim...sua mãe na porta da cozinha chamando-os para o almoço, tentando parecer nervosa com o fato de nenhum dos três lhe darem atenção.

O sorriso se alargou na sua face...

- Mana? Ei! Kaoru, você está aí?

De repente, ela voltou a realidade e seu sorriso desmanchou-se... as suas ternas lembranças se desfizeram e tudo voltou a ficar escuro, frio e nublado lá fora... não só lá fora...- pensou, antes de se virar e encarar o irmão.

- O que você quer agora, Yahico?

- Nada... só achei que você quisesse saber que o jantar está pronto... feiosa!

No mesmo momento, Kaoru começou a correr atrás de seu irmão travesso, gritando que não era feiosa. Depois de algum tempo, pararam e, ofegantes, dirigiram-se para a mesa de jantar. Aquilo até parecia uma tradição... algo que eles faziam há tanto tempo, que já era parte da rotina.

- Então...- Kaoru esperou que seu irmão lhe dissesse algo, enquanto ela colocava o guardanapo sobre o colo.

- Então o quê, feiosa?

Ela rangeu os dentes – Já disse que não sou nenhuma feiosa!!! Pare de me chamar assim!

- Você nunca se olhou no espelho, não? Como eu posso deixar de te chamar de feiosa, se a feiura está estampada na sua cara?

A moça suspirou... não adiantava discutir com Yahico... era melhor ignorar, por hora, os comentários maldosos dele.

- Como foi hoje na escola? – perguntou, tentando mudar de assunto

- "Como foi hoje na escola?" – Yahico imitou-a em tom de deboche - Que pergunta mais ridícula!!! Você fala como naqueles filmes americanos idiotas!!!

- Qual o mal em te perguntar como foi na escola? Você é muito anti-social!!!!

- Você também seria se todos apontassem pra você na rua, olhando-o com pena por ter perdido os pais!!!

Yahico arrependeu-se na hora por ter dito aquelas palavras... sentiu um aperto no coração ao observar a irmão largar os talheres e seus olhos encherem-se de lágrimas...

- Me perdoe...eu não tive a intenção.. eu não queria...droga, como eu sou estúpido!!! – Yahico correu para o lado da irmã e lhe ofereceu seu guardanapo para que ela enxugasse as lágrimas.

- Não se preocupe. Está tudo bem, afinal, você deve realmente sofrer muito com os comentários dos outros.

- Mas eu não tinha nada que contar isso a você!

- Claro que tem, mocinho! Eu sou sua irmã e, infelizmente, sua única família agora – Kaoru suspirou tristemente.

- Mas eu não quero vê-la triste...oê.. você sabe que oto-san e nem okaa-san gostariam de saber que eu andei fazendo você chorar, certo? – ele piscou pra ela de maneira marota!!!

Kaoru sorriu. Sabia que, apesar de tudo pelo o que vinha passando, tinha Yahico ao seu lado e jamais deixaria que ele sofresse mais do que já havia sofrido... faria de tudo por ele, seu único irmão.. um tanto pestinha ás vezes, tinha que confessar, mas também um garoto que soube ser forte e a apoiou num momento em que ela pensou que não agüentaria... agora era a sua vez de ser forte.

- Desculpe, Yahico... prometo não ser mais tão chata...Gomen!!!

- Daijobu... você é uma garota... garotas sempre são fracas...

- Nani?! - Kaoru levantou uma sobrancelha...

- Quero dizer... hã... ás vezes todos somos meio fraquinhos, né? – ele deu um sorriso amarelo. Não a queria chatear mais.... não nesta noite...

- É, acho que só hoje vou dizer que você tem razão...se até você admite que é fraco, algumas vezes...

- Ei! Eu não disse que eu sou fraco, eu dis...

- Tá, tá, tudo bem... você nunca será fraco - a moça completou de maneira debochada...

- Ainda bem que você admite!! – o garoto ergueu o garfo, inflando o peito, orgulhoso.

O jantar seguiu tranqüilo e silencioso depois disso. Até o ponto em que Kaoru se lembrou de que tinha que contar uma coisa a Yahico...

- Eu não deveria falar nada. Ele não vai gostar disso, mas eu não posso mais adiar... é melhor falar de uma vez – pensou para si e suspirou antes de chamá-lo

- Yahico, eu falei com Enishi ontem...- a garota pronunciou, enquanto levantava-se e recolhia os pratos se dirigindo a pia

Yahico mudou seu humor só de ouvir aquele nome... mas que droga! Será que sua irmã não percebia as coisas bem no seu nariz? Em momentos assim, é que ele pensava que ela era uma Baka mesmo!

- O que aquele quatro olhos falou pra você? Por acaso te deu a brilhante idéia de me colocar em um colégio interno?

- Não fale deste jeito de Enishi, Yahico! Ele nos ajudou muito desde que tudo aconteceu. E não sei por que essa sua desconfiança dele... ele te adora!!!

Yahico balançou a cabeça e levantou-se da mesa

- Ele não me adora, deixe de fingir que não vê as coisas, Kaoru!!! Ele está doido pra se casar com você e me mandar pra Groelândia!!! Como você pode confiar em um idiota destes?

- Olha a boca, menino!!! Enishi é o meu noivo e não admito que fale assim dele!

O garoto sorriu de forma debochada e cruzou os braços..

- Por acaso, você o ama?

Kaoru se desconcertou toda com a pergunta do garoto, como é que ele podia ser tão esperto assim? Tentou fingir, mas ele já havia atingido o seu ponto fraco.

- Como?

Perguntei se você o ama... ainda não respondeu...

- Enishi é muito bom pra mim e pra você... é de uma pessoa assim que nós precisamos....

Kaoru virou-se para pia tentando evitar olhar seu irmão... sabia que Yahico não desistira fácil daquela conversa...

- Onee-chan , por que tem que se casar com ele ?

- Yahico – ela suspirou – papai sabia que se algo acontecesse a ele, Enishi cuidaria de nós.

- Mentira! – o garoto gritou exasperado – oto-san não sabia como ele era de verdade! Não vê que ele enganou o nosso pai para se casar com você?!

- Já chega, Yahico! – Kaoru não queria discutir algo, sobre o qual ela não tinha mais controle – Eu tenho que me casar com ele, quer você queira ou não!!

O garoto bufou de raiva

- Você pode até se casar com ele, mas eu sei que não é dele que você gosta....

Dizendo isso, o garoto saiu correndo e subiu as escadas em direção ao seu quarto. Kaoru debruçou-se na pia, escorando nesta.... por que diabos o seu irmão tinha que lembrá-la deste pequeno detalhe? Depois de tanto fazer para tentar ignorar a idéia de que se casaria com alguém que não amava.... mas agora não tinha volta. Se casaria com Enishi, assim como o seu pai queria...lembrou-se de uma de suas últimas conversas com o seu querido oto-san...

- Kaoru, minha querida, não posso deixar a você e seu irmão desamparados se algo acontecer comigo.

O senhor Kamyia tentava convencer a filha sobre um suposto compromisso com Yukishiro Enishi.

- Mas papai, por que eu tenho que me comprometer com ele? O senhor sabe que eu...

O senhor de imediato a interrompeu. Não queria que a filha se quer pronunciasse um nome de alguém de nível tão baixo!

- Não quero você envolvida com alguém que não te merece minha filha...não posso deixar isso acontecer...você e Yahico são os meus maiores tesouros... não quero que você sofra....

- Por Kami! Eu irei sofrer se me casar com alguém que não amo! – Kaoru não agüentava mais argumentar com o pai... – Por que de repente o senhor mudou de idéia sobre ...

- Kaoru!!! Por favor!!! Não quero mais ouvir falar deste rapaz!!

A jovem percebia que, a forma com a qual o seu pai falava, não deixava dúvidas de que ele queria dar o assunto por encerrado, mas ela jamais desistiria de lutar pelo o que mais queria.

- Mas o senhor gostava tanto dele... por que? Por que isso agora?

O senhor Kamyia fechou os olhos tentando não se exaltar mais do que já estava..

- Querida... eu sei que agora você não percebe o perigo em que pode se meter. Isso é normal, ao julgar pela sua idade... é por isso que eu estou aqui, para não permitir que você cometa erros, dos quais se arrependerá mais tarde! Por favor, me entenda – ele se aproximou dela, lhe beijando a testa – quero o melhor pra você e sei que isso é algo que Yukishiro Enishi pode lhe dar...

Dizendo isso, o homem saiu do quarto, deixando para trás uma Kaoru indignada.

- Eu não vou desistir... não vou!! – pensou para si.

Voltando-se a realidade, a garota mirou a louça na pia...ela tinha desistido. Ela, que tanto tinha prezado pela sua liberdade e vontade própria, desistira.

- Talvez Yahico tenha razão sobre Enishi... – sussurrou para que só seus pensamentos a ouvissem.

Pegou o avental e amarrou-o a cintura.

- Agora isso não importa mais. – Virou-se para a louça suja na pia e abriu a torneira. Sabia que não precisava fazer aquilo... a empregada se encarregaria disto pela manhã, mas, ás vezes, era bom tentar pensar em outras coisas.





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Kenshin estava sentado na beira do pátio, observando o movimento naquela manhã. As coisas ainda estavam calmas... – Ainda. – pensou para si, imaginando que algo estava por vir. Pelo menos, era o que o seu sexto sentido lhe dizia.

Sanosuke jogava basquete com uma flexibilidade que só ele mesmo possuía... vinha trazendo a bola e, ao chegar no garrafão do time adversário, observou seus companheiros, todos estavam devidamente marcados... sem pensar muito, infiltrou-se em baixo da cesta e abaixou-se, habilmente, quando um jogador tentou lhe roubar a bola. Continuou batendo-a no chão e, desviando-se de todos, tomou uma posição perfeita para lançar a bola. Deu uma risada irônica – Seria melhor marcar uma de três pontos – Voltou-se, então, mais para o centro da quadra, realizando várias manobras para desviar-se dos marcadores... sem mais problemas, lançou a bola bem do meio da quadra. Não é que o tiro foi certeiro? Ela entrou sem ao menos vacilar.

- Caramba, Sano! Bem que você podia ter passado a bola ao menos uma vez...- reclamou um colega de jogo – Nós mal tocamos na bola o terceiro tempo inteiro!

Sano enxugou o suor da testa com a camisa que estava em cima de um dos bancos.

- Não tenho culpa se eu jogo tão bem...

O amigo não ficou tão satisfeito com aquela modesta resposta e encarou Sanosuke de modo sarcástico.

- Está certo... eu vou deixar vocês tentarem se virarem sozinhos desta vez... – Sano respondeu, observando um Kenshin pensativo. – estou fora do jogo, agora.

Sem mais esperar, cruzou a quadra, indo sentar-se ao lado do ruivo.

- Então Kenshin? Qual é o problema? Está sério demais, apesar de isso não ser muito novidade...

Kenshin não se deu ao trabalho de abrir a boca para responder. Apenas acenou com a cabeça para os lados que se aproximavam da parte administrativa do presidio. Sanosuke mirou o lugar que Kenshin indicara e não pôde conter um olhar irritado ao observar quem o amigo descobrira.

- Hajime Saito – foi tudo o que o moreno conseguiu sussurrar. – O que esse desgraçado está fazendo aqui?

- Não sei, mas com certeza, boa coisa não é...

Os dois observavam o policial alto, com o seu habitual uniforme e o cigarro na boca. Aparentemente, ele não havia se quer notado os dois prisioneiros lhe observando.

- Aquele idiota!! Vou quebrar a cara dele como devia ter feito há muito tempo... – Sano rangeu os dentes e estava pronto para partir para a briga, quando Kenshin lhe segurou o braço.

- Não, Sano.... tudo o que você vai conseguir com isso são uns dias na solitária...é melhor não interferir, quero ver o que ele está procurando.

Sano suspirou, irritado. Ele sempre agia por impulso... felizmente, Kenshin o impedia a maior parte das vezes, evitando que ele se metesse em confusão...

- Mas ainda pego esse traidor um dia...





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Ele caminhava imponente, pelos corredores daquele palacete... o imóvel era realmente luxuoso, recheado de pratarias finas, porcelanas raras de diversas dinastias chinesas. Havia até uma katana chinesa, forjada no século XVII com um belo dragão desenhado por toda a espada. Tudo era exibido pelos corredores, demonstrando o quanto o seu dono adorava exibir a sua imponência, o seu poder...

Ele sorriu de forma sarcástica.. - Que coisa mais inútil- pensou para si.

Parou diante de uma imensa porta de madeira... sem se importar com o mármore caro que cobria o chão, jogou o cigarro no piso e amassou com a sola do sapato...

Bateu a porta e ouviu um sinal de aprovação vindo de dentro...abriu-a e deparou-se com um belo escritório, decorado ao estilo do século passado com móveis em madeira maciça.

O senhor, sentado a mesa, abriu um tímido sorriso falso.

- Não esperava vê-lo tão cedo, senhor Saito.

- O mesmo digo eu, Yukishiro Enishi.


Terá continuação

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Olá, pessoal!

Essa é a minha primeira fic e estou muito ansiosa, esperando saber o que vocês leitores acharam dela. Por isso, por favor, realmente deixem reviews, pois só assim essa fic terá continuação, apesar do que está escrito aí em cima. Eu sei que parece meio mal da minha parte, mas se eu não tiver nenhum review, é como se ninguém lesse a fic, né? Por favor, escrevam!!!

Quero agradecer em especial, à minha amiga Primulla! Pri, você é demais e sabe que, se não fosse o seu incentivo, essa fic nunca sairia do papel!!!!

Aproveitando que vocês estão lendo estas notas, para quem gosta de boas fics, leiam as da Pri, em especial a "É Você". É muito kawaii, principalmente para fãs de Ken/Kao.

É só.. obrigada por lerem e até a próxima!

Letícia Himura