A Espada do Coração

Cap. 3 - De volta para o passado - parte I

Este capítulo está sendo especilamente dedicado para a minha grande amiga e revisora Primulla, que faz aninhos hoje! Acho que esse foi um dos motivos que me fez tirar as idéias do armário e postar logo a fic! Pri, queria desejar a maior felicidade do mundo para você! Boa sorte no concurso, muita paz e muito maior que você merece!

Sanosuke olhava meio que petrificado para o grupo à sua frente. Mais que diabos era aquilo afinal?!!! Uma baita escuridão, numa sala desconhecida, com os tipos mais estranhos que ele conhecia?!!

A coisa ficou mais complicada, quando a pesada porta de aço se fechou, acabando com a única e fraca fonte de luz que vinha de uma das lâmpadas do corredor.

Imediatamente, o lutador posicionou-se para uma eventual disputa, jogando os ombros largos para trás e flexionando os braços na altura do peito, ao mesmo tempo em que cerrava os punhos de tal maneira, que chegava a estalar os dedos.

Porém, ao invés de receber algum tipo de ataque surpresa, viu acender-se uma espécie de lampião no centro de uma pequena mesa, fazendo-o tampar os olhos para impedir que a forte luminosidade instantânea lhe cegasse os olhos. Quando finalmente acostumou-se com aquilo, observou atentamente o cenário a sua frente; a porcaria da penumbra não o enganara, ele estava correto.

A uma pequena distância, se encontrava o delegado Uramura, com o seu usual uniforme azul-marinho, bordado com o brasão da polícia japonesa local, bem colocado ao lado direito do peito; um pouco mais a frente, encostado a um velho tonel de alumínio, encontrava-se Shinomori Aoshi. A figura daquele homem imponente não mudara nada desde a última vez em que o vira...tinha sido já há algum tempo...

- É.. quando eu fui preso e ele não! – Sano pensava enquanto dirigia um olhar mortal em direção ao homem. Este porém, não se dava nem ao trabalho de notar que estava sendo observado, continuava com os braços cruzados e a cabeça meio que baixa.

Mas seus olhos se fixaram em alguém em especial: Saitou Hajime. Só de olhá-lo, Sano rangia os dentes como um cão raivoso. Principalmente depois de perceber que, enquanto o policial ajeitava as luvas brancas do seu uniforme de subdelegado da divisão de Tókio, dirigia-lhe um olhar de desprezo misturado a um enigmático sorriso sarcástico que ele conhecia bem.

- Surpreso Sagara? – Saitou perguntou com o tom mais debochante possível.

O lutador não precisou ouvir mais nada. Ele já tinha um pavio meio que curto, ou melhor, curtíssimo, principalmente quando se tratava de Saitou. Logo partiu pra cima do subdelegado, lhe segurando o colarinho com a mão esquerda.

- Seu idiota!! Eu vou acabar com você!!! Seu maldito traíra!!!!

Com exceção do delegado Uramura, que demonstrou claramente a sua apreensão com a atitude de Sanosuke, os demais, inclusive Saitou, permaneciam inalterados.

- Só mesmo um idiota como você, Battousai, para acreditar que esse inútil seria de alguma utilidade para nós. – o delegado não resistiu e um pequeno sorriso irônico surgiu no canto de seus lábios

- Ora seu...!!!!! – Sano espumava de raiva e puxava ainda mais o colarinho de Saitou, diante daquelas pequenas provocações.

Não dando-se por satisfeito com a forma em que a situação se encontrava, Saitou continuava a observar o lutador de forma desprezível e com um certo brilho de satisfação no olhar.

- É só isso que consegue fazer Sagara? Realmente, você sempre me surpreende com a sua capacidade em ser incompetente.

Sano não esperou mais nada. O sangue que já tinha subido a cabeça, pareceu explodir no cérebro do lutador e, com toda a força que possuía, desferiu um belo soco na cara do policial. Saitou iria parar direto na parede, se não fosse pela grande agilidade que possuía. Ao invés disso, ele apenas desequilibrou-se um pouco, como se aquele tremendo soco não fosse mais do que um empurrão. Nada se notaria, se não fosse pelo sangue que escorria do seu nariz.

- Acabo de comprovar que você é totalmente inútil....e eu que pensei que ainda tivesse alguma espécie de força física.. – Saitou aumentou o sorriso sarcástico – que estupidez a minha.

Sanosuke, logicamente não esperaria por mais insultos para começar a socar o policial. Mesmo no fundo, sabendo que nunca conseguiria vencê-lo, a certeza de ter sido feito de idiota, o fazia sentir tanta raiva.. raiva de si mesmo, raiva de todos aqueles traidores...raiva...

- Sano..

- Kenshin!!!! – raiva de Kenshin!!!! Muita raiva do seu melhor amigo estar fazendo uma coisa que ele jamais pensou que faria.

Kenshin se aproximara, chamando-o, e segurara o punho do lutador, impedindo-o de continuar com aquela loucura. Ele sabia que Saitou conseguia se defender sozinho, mas um "Clube da Luta" não era a intenção daquela reunião.

Sano, por sua vez, não pensou duas vezes. Virou-se na direção do amigo e, com uma expressão raivosa, descarregou no ruivo o soco que daria em Saitou.

Kenshin, ao contrário de Saitou, voou aquela pequena carinha de "oro" espantada, ele não esperava por tal reação. Apesar de tudo, sorriu ao perceber ter certeza de uma coisa, Sano não era fraco como afirmara o policial. Ele era forte, muito forte.

- Não se aproxime de mim seu filho da mãe, desgraçado!!!!! Você é como todos eles, um traidor, como cada um deles!

- Sagara, faça o favor de se acalmar. – A voz de Shinomori soava fria e quase imperceptível na penumbra fria e meio que assustadora da sala de portas de aço. Ele não via-se incomodado com aqueles tipos de conflitos inúteis, porém, o tempo urgia, e continuar com aquela pequena situação ridícula não levaria a nada. Além do mais, ele não era homem de desperdiçar seu tempo com coisas tão idiotas.

- Acho que você poderá descontar mais tarde toda essa raiva no Himura ali, que foi quem provocou essa sua raiva exaltada. – pela primeira vez, Aoshi levantou o rosto, mirando o lutador enlouquecido. – Por hora, não acha que seria mais interessante ouvir o que temos a dizer, ao invés de agir como o primata que é?

Sano estreitou os olhos em Shinomori. Ele era mesmo um maldito pretensioso, mas talvez, pudesse estar certo. Sano observou Saitou a sua frente, acendendo o seu usual cigarro e Kenshin nos fundos da sala, levantando-se enquanto sacudia a cabeça dolorida, voltando-se em seguida para Aoshi:

- Certo. Comecem logo a desembuchar o que têm pra dizer. – Sano relaxou um instante, mas ainda assim continuava alerta. Ele poderia até permitir que eles falassem, antes que socasse todo mudo, mas num lugar cheio de traidores, tudo era possível.

- A forma como lida em situações como estas é realmente admirável, senhor Shinomori. – observava Uramura, após soltar um suspiro aliviado, vendo que o agente soubera controlar bem o explosivo Sanosuke. Indiferente a isto, Aoshi cruzou novamente os braços e apenas meneou com a cabeça em direção a Kenshin.

- Acho que o Himura pode começar a dizer.

Sano deixou escapar um "humph!" e franziu as sobrancelhas. Além de apreensivo, ele estava muito magoado com Kenshin. Considerava-o seu grande e melhor amigo e de repente, descobrir que ele estava do lado de pessoas como Saitou Hajime não lhe agradava nem um pouco, pelo contrário, mostrara-lhe novamente como ninguém era de confiança.

- Prefiro que qualquer outro idiota comece a falar. – continuou, soando irônico – algum traidor que eu conheça bem, de preferência...

- Nenhum de nós é traidor, Sano. – o ruivinho sentenciou, se aproximando da mesa e sendo assim iluminado pelo lampião.

Sanosuke imediatamente se virou na direção do amigo, explodindo de raiva:

- Como nenhum de vocês é um traidor, Kenshin, como?!!! Há! Era só o que me faltava! Olha, se vocês querem que eu acredite em qualquer merd que vocês tem pra dizer, pelo menos digam algo que faça sentido!!! Como acham que eu acreditaria que aquele ali – ele apontava na direção de Saito – não é um traidor?!! E você Kenshin?!!! E você!!!? O pior de todos eles!!!

- Por favor Sanosuke, se acalme!! – Kenshin soou entre ríspido e impaciente. Se continuasse a "dar corda" para o amigo, aquilo não terminaria nunca. – Quero que escute-nos antes de julgar. Eu sei que parece impossível de acreditar , mas garanto a você que nenhum de nós é um traidor. Pelo contrário, todos nós, inclusive você, continuamos na missão das fragatas de Tókio.

- O quê!!!? – foi tudo o que Sanosuke conseguiu dizer depois de tal revelação.

Yukishiro Enishi observava o relatório médico que chegara há algumas horas jogado na sua mesa. Na sua mão esquerda, ele brincava com uma daquelas bolinhas fisioterápicas, enquanto balançava levemente a cadeira rotativa, mantendo um olhar perdido num rosto tenso.

Gein entrou sem bater, reparando na expressão perdida do sócio. Pigarreou para que Enishi percebesse sua presença. Ele subiu o olhar que mantinha baixo, agora apresentando uma expressão assassina por ter sido interrompido.

- O quê?! – sua voz soando fria e perigosa.

- O senhor Utada esteve aqui a pouco. Por que não o recebeu?

- Acho que estes tipos de assunto não são da sua conta, Gein. – mantinha um tom frio e impessoal.

Gein fechou os punhos raivoso. Yukishiro era um maldito, com aquela expressão de superioridade. Quem ele pensava que era para repeli-lo dos negócios?

- É claro que são da minha conta. Eu também sou sócio dessa porcaria, ela também é minha!!!!

Enishi se levantou e bufou impaciente, continuando a manipular a pequena bolinha de borracha em suas mãos.

- Sócio minoritário, você quer dizer. Sócio minoritário como todos os outros. Todos vocês juntos só possuem 5% das ações da empresa, Gein.

Gein quebraria a cara daquele moleque pretensioso, se pudesse. Porém, além da idade, sabia que o "moleque" era mestre na arte do Watoujutsu. Mas tudo bem, porque ele também era um homem astuto, tinha seus trunfos guardados na manga.

- Mas eu sou o único que sabe quais são os seus reais planos. Além do mais, não é só do meu interesse que o senhor Utada compre as empresas Kamyia. Que eu saiba, você é o maior interessado nisto. Não se esqueça que, para que o que planeja se realize, precisa vender a empresa antes do seu casamento, ou a noiva poderá contestar a venda, já que, se tornando a senhora Yukishiro, terá uma procuração para os negócios.

- Não sou nenhum idiota. Sei muito bem o que tenho que fazer. Além do mais, Kaoru nunca teve interesses em negócios. Até os do próprio pai ela rejeita, ou acha que ele deixou tudo em minhas mãos por que? – Enishi franziu um pouco a testa, perturbado em ter que explicar tudo aquilo. – Como você é inútil, Gein!

- Mas então por que conceder uma procuração dos negócios a ela, se a própria não se interessa por eles? Por que simplesmente não vende a empresa do pai e nem comunica nada? Garanto que ela nem notaria. – o senhor tentava argumentar, sentindo-se assim menos "ingênuo" com relação a tudo que Enishi falara.

- Há uma cláusula no testamento do velho. O Kamyia deixou bem claro que, para comandar os negócios da família dele, eu precisaria fazer com que Kaoru tivesse participação ativa neles, além de me casar com ela com comunhão de bens, é claro.

- Você não tinha me falado desse pequeno detalhe do testamento.

- Eu não devo explicação nenhuma da minha vida a você – Enishi se sentou novamente, continuando a apertar a bolinha de borracha com mais força. Demonstrava claramente a sua irritação e impaciência.

Gein, por outro lado, não se incomodou com isso. Ele sabia lidar bem com Yukishiro, o conhecia suficiente para perceber que era uma fonte importante para o rapaz, não podia ser descartado com facilidade.

- Bom, sabendo de tudo isso, você realmente devia ter recebido o senhor Utada. Ele ofereceu a melhor oferta pelas empresas e talvez o percamos pela sua falta de tato. O que aconteceu com você, Enishi? Por acaso está perdendo a agilidade com os negócios, depois que conseguiu enjaular o Battousai ? – Gein abriu um sorriso debochado, tentando alfinetar o jovem a sua frente.

- Novamente você faz perguntas inúteis sobre o que não é da sua conta. Saia! Sua simples presença me incomoda. – Enishi girou-se na cadeira, ficando de costas para Gein e mirando o seu belo jardim oriental. O jardim feito por Tomoe.

Gein franziu a testa. Enishi parecia nem ter notado que ele mencionara "Battousai". Pior, nem havia notado que ele o tinha inferiorizado diante de Himura. Algo estava errado. Passou a observar a mesa de mogno, com muitos papéis e contratos espalhados sobre ela. Fixou os olhos em um envelope pardo, com um papel impresso meio que colocado no envelope. Percebeu então o logotipo de uma clínica psiquiatra muito conhecida de Hokaido.

O que era aquilo? Pegou o papel nas mãos enluvadas e arregalou levemente os olhos depois de ler o que lhe pareceu um pequeno relatório.

- Eu pensei que sua irmã estivesse morta.

Enishi parou os movimentos da mão esquerda por instantes. O choque que lhe percorreu a espinha não foi causado pelas palavras do sócio. Mas sim, os pensamentos sobre a irmã que explodiram nele. Voltou a controlar-se, mesmo na frente de Gein, não era bom demonstrar fraquezas sentimentais estúpidas.

- Isso chegou hoje de Hokaido.

- É, isso eu percebi.

O jovem voltou-se para o sócio com a expressão fria de sempre.

- E então por quê continua com essa cara de idiota?

Gein franziu a testa em total desagrado.

- Não seja estúpido, Enishi. O que essa moça aqui tem a ver com a Tomoe? – Ele apontava para uma pequena foto 3x4 colada no canto esquerdo do relatório, de uma jovem pálida, porém bela e muito semelhante a Yukishiro Tomoe.

- Não leu o que está escrito aí? Pois então, é exatamente isso.

- Você quer dizer que esse sanatório está alegando que esta é a Tomoe, a sua irmã?

- Eu acredito que você saiba ler, Gein.

Enishi mantinha-se em silêncio. E isso denotava o quanto ele estava perturbado, apesar de não demonstrar nenhuma insegurança quando falava, ele só se calava desta maneira quando estava perdido, sem respostas.

- Eles só podem estar loucos. O Battousai matou a sua irmã.

Uma veia saltou na têmpora de Enishi, enquanto uma expressão assassina brotava em seu rosto. Odiava lembrar-se da morte de Tomoe, apenas tinha que manter vivo o ódio. Isso o ajudava a não fraquejar diante de sua Justiça dos Homens contra Battousai. Mas agora, aquele maldito relatório, dizendo que aquela moça podia ser sua irmã. Isso rodava e rodava na cabeça do empresário, mas nada fazia sentido, nada.

- Quanto tempo mais você vai ficar aí pensando? – Gein sabia o quanto tudo aquilo afetava o sócio de forma insana. Mas ele precisava trazê-lo para a realidade, antes que enlouquecesse e colocasse tudo a perder. – Você não vai fazer nada com relação a isso?

Enishi suspirou.

- Vou para Hokaido.

Sanosuke continuava a olhar meio desconfiado para os homens a sua frente. Mas que diabos de história mais louca era aquela?! Aquilo tudo era invenção, tinha que ser...porém, Kenshin jamais mentira pra ele, sempre fora um amigo sincero, demonstrando que confiava no lutador. Será que ele poderia confiar no ruivo agora?

- Então nós ainda fazemos parte da Divisão Especial da Polícia Japonesa? – ele perguntou abruptamente, enquanto Kenshin acenou um "sim" com a cabeça. – Mas eu suponho que membros dela, não deveriam ser presos não? E, no entanto, já faz dois anos que nós fomos enjaulados, Kenshin, dois anos!!!!

Sanosuke esmurrou a mesa, provocando um eco estrondoso nos corredores subterrâneos do prédio. Ele não se deixaria ser enganado tão facilmente, mostraria isso a eles.

- Sano, essa é a parte mais difícil a ser explicada. Eu só consegui juntar os fatos hoje, as coisas não faziam sentido, até me encontrar com Saitou, logo após ele aparecer lá no pátio interno.

- Você conversou com esse aí? – Sano apontava para o policial como se ele fosse uma espécie perigosa e nociva. – e por que você não me chamou?

- Porque você é um inútil que só iria atrapalhar. Além do quê, você estava na enfermaria sendo tratado pela Takani Megumi, por se meter em mais uma luta idiota, Sagara.– Saitou resolvera intrometer-se, visto que Battousai estava se saindo muito lento e, numa situação como esta, perda de tempo era algo que ele não admitiria, ainda mais com um ser insignificante como aquele lutador.

- Isso não importa agora, Saitou. – Kenshin dizia, enquanto tentava evitar mais uma discussão, visto que Sanosuke já estava partindo pra cima de Saitou novamente. – o importante é explicar tudo, já que a nova parte da missão será posta em prática na próxima semana.

- O quê? Como assim, posta em prática na semana que vem?

- O que ele quer dizer, Tori Atama, é que a missão sobre as fragatas de Tókio trouxe muito mais à tona do que esperávamos. Por trás de Shishio Makoto, havia algo, ou melhor alguém, muito mais interessante aos olhos do governo.

- Como assim? Vocês querem dizer que, além daquele maluco do Shishio querendo dominar o Japão, existia outro e ainda mais louco que ele? Caramba! E quem é o novo doente?

- Yukishiro. Enishi Yukishiro. – Kenshin respondeu meio que atordoado e pensativo, relembrando-se de um dia que com certeza era inesquecível:

- Central! Central! Agente1868, no convés 4 preciso de reforços! Repito, preciso de reforços!!

Kenshin chamava pelo radio inutilmente. O pequeno aparelho parecia estar danificado depois que dois navios das fragatas haviam ido literalmente pelos ares. Shishio Makoto havia sido muito esperto, armando um belo plano para receber os seus "convidados". Droga! Eles deveriam ter desconfiado que seria muita sorte ter todas as fragatas reunidas na baía. Aquelas explosões surpresas acabaram por desmantelar toda a organização policial. O ruivo conseguira se safar a muito custo, caindo no mar e nadando até um dos navios. Ele tinha a ligeira impressão de que Shishio estaria esperando por ele, aonde quer que ele fosse.

Agora lá estava ele, no depósito de um dos navios. Levantou-se com todo o cuidado de observar se havia mais alguém no compartimento. Quando certificou-se de que era o único ali, reparou nas imensas caixas de madeira fechadas que se amontoavam por toda a parte.

- Mas o que é isto tudo? – o investigador se perguntava, enquanto tentava encontrar algo para abrir uma daquelas caixas. Avistou um enorme gancho preso a uma corda grossa no canto do depósito. Com muito custo conseguiu estourar uma das partes laterais de uma delas que estava meio podre.

Ele franziu a testa ao reparar no que caíra pela abertura que havia feito. Armas?! De fato aquilo não deveria impressionar ninguém, visto que eles estavam travando uma "guerra", porém o que mais impressionava Kenshin era a qualidade delas. Metralhadoras de alta tecnologia, com silenciadores embutidos, miras com grande alcance e raios laser.

Ele abriu algumas outras caixas e confirmou o que já havia imaginado. Eram todas iguais, todas recheadas com o mesmo tipo de arma. Como haviam conseguido tudo aquilo? É claro que a Juppongatana, a organização de Shishio, tinha porte para bancar aquelas armas, mas a pergunta era o por quê de possuir tantas com tal tecnologia, sendo que eram apenas dez os principais companheiros dele naquela batalha. Shishio Makoto era um homem muito perspicaz, com certeza não daria aos seus soldados, armas de tal porte. Havia apenas uma resposta para aquilo tudo. Ele possuía um sócio e um sócio tão perigoso quanto ele...

- Surpreso, Battousai?

Kenshin virou-se devagar e observou a figura do homem que vinha aterrorizando Tókio nos últimos meses. Usava um quimono azul royal, cobrindo apenas o ombro direito, enquanto o lado esquerdo do dorso ficava exposto. Talvez ele preferisse aquele traje antiquado, pela confortabilidade que este oferecia, afinal, o corpo todo de Shishio era coberto por ataduras. Kenshin ouvira que ele havia sido queimado vivo por alguns homens do governo, uma espécie de queima de arquivo. Porém, ele conseguira sobreviver.

- Quem é o homem que está lhe ajudando nisto tudo, Shishio?

O homem abriu um sorriso largo. Seus olhos saltavam, talvez de raiva, talvez de satisfação por ter a sua frente o seu arque inimigo. Finalmente teria a chance de acertar as contas.

- Como sempre, você é um ótimo observador, Battousai. Oh me desculpe – forçava uma expressão de surpresa sarcástica. – eu não devo chamá-lo de Battousai. Agora você é Himura Kenshin, o serviçalzinho do governo. Sabe de uma coisa? Você jamais deveria ter sido o escolhido para aprender a técnica Batto, um idiota como você nunca irá utilizá-la no seu total potencial. O escolhido TINHA QUE TER SIDO EU !!!l

Shishio parecia que tinha pulado de um estado normal, para a insanidade completa em segundos. Kenshin podia sentir o ódio dirigido a ele, exalando dos poros daquele homem. Uma luta seria inevitável e o que ainda era pior, uma luta real, o que queria dizer que ele seria obrigado a explorar uma de suas habilidades que há muito ele não utilizava: a técnica com uma espada, um kendojutsu, o estilo Hiten Mitsurugi.

- E como você acha que o General Yamagata o escolheria? O seu passado sujo, misturado aos corruptos do governo, jamais permitiria isso.

- O meu passado sujo, junto daqueles porcos, foi muito bem planejado. Todo direcionado para que eu fosse o único e último discípulo das técnicas Batto. Com elas, eu seria o mais forte, eu dominaria o Japão, dominaria o mundo!! Se não fosse você ter aparecido naquele maldito alistamento, os meus planos não teriam sido tão atrasados.

- Você quer dizer que ainda pretende..

- Isso mesmo, Battousai. Ou você acha que eu desistiria da conquista do Japão?

Ele era louco, completamente louco. Era essa a conclusão que Kenshin chegava e era isso que o preocupava. Ele tinha que ser detido.

- Você não se importa com as vidas que arrasou, não é? Não se importa com as famílias que separou, com a dor que causou com todos esses ataques?!! – Kenshin revoltava-se diante de tanta crueldade, diante de tanto terror.

- Os fracos morrem e os fortes sobrevivem. Se eles fosse úteis o suficiente, não teriam morrido nesta batalha.

Ambos respiravam ofegantes.. havia tanta tensão no ar, que era como se ela conseguisse pressionar os corpos dos dois homens, os deixando mais ansiosos. Porém, tanto um quanto o outro estavam acostumados com situações como estas. Eles sabiam muito bem lidar em ocasiões que envolviam a vida e a morte, foram treinados pra isso no exército, em uma divisão especial, destinada apenas aos mais hábeis e aos que possuíam um talento natural destacável.

Possuíam tantas semelhanças, mas uma diferença mortal: enquanto Kenshin se preocupava em aprender, aperfeiçoar-se e lutar pela vida de muitos, Shishio apenas queria se tornar o mais forte para realizar os seus desejos pessoais.. as técnicas Batto eram técnicas muito especiais dentro do Kenjutsu.. Apesar da época moderna e dos armamentos avançados, a habilidade com outros instrumentos que exigiam mais concentração e auto- controle, eram fundamentais para se tornar alguém admirável, capaz de sobreviver a qualquer tipo de batalha, em qualquer tipo de situação.

- Muito bem, Shishio. Acho que, infelizmente só há uma maneira de fazê-lo parar.- Kenshin retirou a arma que escondia nas costas, movimentando-se devagar, para que o adversário percebesse quais eram as suas intenções. Ele jogou-a longe, mostrando as mãos limpas. – Mas antes, preciso que me diga, quem é o seu sócio?

Shishio sorriu da maneira sarcástica de sempre.. Battousai era realmente muito observador e inteligente. Não era à toa que chegara à um cargo destes em tão pouco tempo. Merecia, com toda certeza, ser o Comandante Geral da Divisão Especial.

- Mas eu mereço mais, eu mereço o Japão – sussurrou apenas para si. Cruzou os braços sobre o peito enfaixado. – Muito bem, Battousai.. Você quer a informação, não quer? Então faça por merecer, me vença e a terá!

Kenshin sabia que não havia saída. Era preciso jogar o jogo dele, ao menos por enquanto. Logo mais, ele conseguiria o que lhe realmente interessava. Desconfiava que havia muito mais por detrás daquele homem, do que a polícia descobrira.

- Está certo então.

Shishio sorriu ainda. mais. Agora é que finalmente ficaria interessante.

- Soijirou, pode trazer o que eu lhe pedi. – Gritou por fim.

- Você quer dizer que nós vamos agir na festa de casamento do Aoshi? – Sano não entendia muito bem como Shinomori podia ser tão frio, a ponto de oferecer a própria cerimônia de casamento como cenário para uma missão.

- Isso mesmo, Tori Atama. – Saitou acendeu mais um cigarro, não se importando muito com o ranger dos dentes do lutador, quando ele pronunciou a expressão "Tori Atama".

- Eu e Aoshi estamos ligados diretamente com os negócios de Yukishiro. Depois de toda aquela confusão na baía para acabar com a organização de Shishio, nós nos passamos por agentes corruptos. Fizemos com que ele pensasse que tínhamos sido comprados por ele.

Sano deu um soquinho na mão, como se entendesse tudo agora.

- Eu sabia! Sabia que o fato de o Enishi estar na baía aquele dia não era coincidência. Ele deve ter comprado todo o sistema judicial para incriminar a nossa equipe de alguma forma. Por isso nós fomos presos.

- Até que você não é tão burro quanto parece. – Saitou espirou a fumaça que tragava do cigarro.

- Seu grande idiota!! É claro que eu sabia desde o início que o Enishi estava por trás de tudo. Só não entendia por quê apenas eu o Kenshin fomos presos e vocês não. Afinal, nós quatro formávamos a melhor equipe da Especial.

- Seria melhor se não houvesse você!

- Seu subdelegado de quinta categoria! – Sano já não agüentava mais aquelas indiretas diretas de Saitou. Quem ele pensava que era? – Pelo menos eu não abandono os meus colegas. Vocês deviam ter contado pra nós esse plano de fingir corrupção pro cabelinho branco. Por que deixaram que prendessem a gente?

- Por que você não sabe fingir nem para teatro infantil, Tori Atama. E o Himura ali – Saitou indicou o ruivo pensativo, com um menear de cabeça.- Não seria capaz de ver o seu grande amiguinho preso.

Aoshi segurou Sano, antes que a versão real do "Clube da Luta" fosse armada novamente.

- Ele tem razão, Sagara. E agora, não é hora para ser imaturo e desperdiçar tempo com coisas sem importância. Precisamos discutir tudo o que ocorrerá na próxima missão.

Sano respondeu um "humph" e soltou-se de Shinomori. Ele tentou transparecer mais segurança, mudando de assunto.

- E quanto a esse pintor de rodapé aí? – disse, indicando o delegado Uramura.

- Eu não sou nenhum pintor de rodapé, senhor Sagara. – o delegado respondeu ofendido.

Apesar de não ser tão baixo para os padrões japoneses, Uramura era bem menor do que todos na sala, com exceção de Kenshin, é lógico O.o

- Ele está aqui para nos figiar. Parece que a Polícia teme que passemos de verdade para o lado de Yukishiro.

Sano voltou-se para Aoshi de maneira divertida, depois daquela resposta séria.

- Certo, certo, quem seria louco em confiar em figuras como vocês né? Mas agora eu quero saber quem vai ser a triste figura que vai casar com você, hein, cubo de gelo? Por acaso não é a Garota Doninha, é? – Sano riu abertamente, pensando em como aquela menina incontrolável ficaria num vestido de noiva.

- Pelo menos ele tem alguém, Tori Atama. Não é como você, incompetente em todas as áreas. – Saitou resolveu alfinetar mais um pouco.

- O quê? Ah não vem com essa não! Eu sou muito capaz de arrumar alguém decente e não essas garotas doninhas e essas loucas que se casam com caras como vocês!

Tanto Saitou como Aoshi permaneciam inabaláveis.. era incrível como não deixavam que assuntos pessoais os atingissem.

- Falando nisso, eu acho que não preciso dizer que você e o Himura têm que aparecer acompanhados. Afinal, eu não armei um disfarce e tanto para você por tudo a perder.

- Seu maldito policial! Espera não estarmos mais trabalhando juntos! E eu acerto as minhas contas com você!

Aoshi ignorou as ameaças constantes de Sano e dirigiu um olhar gélido para o subdelegado, indicando a seriedade do que diria.

- Saitou, já pensou em como vai fazer para tirar os dois daqui e explicar para o Yukishiro?

- Não se preocupe. Já tive uma pequena conversa com ele, indicando que não me agradou nada a sentença do juiz em manter o Himura aqui. Tirá-los daqui não será difícil, já fiz contato com o meu pessoal do Ministério. E quanto ao Yukishiro..bem... – Saitou sorriu largo – não será difícil arrumar uma desculpa.. e nem precisa ser muito boa, já que ele já conseguiu o que mais queria, o casamento com a garota Kamyia.

- O quê?! – Kenshin pareceu acordar das suas memórias do passado, quando ouviu uma certa palavra mágica.

Terá continuação

Oi

Digamos que esse capítulo demorou um pouquinho para sair . Eu sei que demorei, mas eu ando mesmo ocupada e não queria jogar qualquer coisa para os leitores...

Apesar que não sei se ainda há alguém que leia essa maldita fic! Eu gosto dela, mas acho que está muito confusa, vocês não acham? Por favor, me digam! Quanto a estar muito parecida com o mangá, disso eu sei.. mas ainda vão acontecer muitas coisas e tudo isso vai mudar, eu prometo!

Bom, comentando o capítulo, diria que eu não estou menosprezando o Sano.. adoro ele de montão!! Mas o Saitou tem aquele jeito mesmo, impossível mudar ele...¬¬

Esse capítulo foi meio confuso, porque os fatos começaram a se desenrolarem .. talvez continue confuso até o próximo post, q eu espero, não demorar tanto! Mas eu tô mais animada, porque o romance vai entrar em ação e isso com certeza vai esquentar as coisas!

Bjinhos para vocês e até a próxima!

Agradecimentos:

Madam Spooky: Eu fico feliz que vc esteja gostando! E mto mais q vc tenha atualizado a fic da Herança. Eu estou devendo reviews pra TT. Essa minha vida louca tem me torturado bastante. Mas assim q eu tiver mais tempo eu posto um review!

Karol: Eu não sei se com esse capítulo vc conseguiu entender mais ou menos as coisas..ainda faltam uma explicações, mas eu fico feliz com o seu review. Muito obrigada!

Anna Lennox: Muito tempo q eu não falo com vc TT E nem consegui terminar de ler o seu fic...ai Meu Deus!!! Q correria! Eu preciso de mais 6 horas no meu dia! Mas adoro o seu trabalho e agradeço o review.

Pri: Vc é a amiga mais fofa desse mundo e q me ajuda em tudo! Mto obrigada por ouvir e ajudar essa louca aqui! Falando nisso, vc precisa desbloquear e continuar com as fics, tem um montão de gente esperando por elas! Inclusive eu! Feliz aniversário!

Chibi: Me sinto mto feliz pelo seu review e continue com todo esse gás com Reminiscências, essa sua fic realmente faz o meu queixoi cair .

Jenny-Ci: Fico mto feliz que tenha gostado. Essa coisa dos nomes, eu realmente preciso checar, mas falta tempo TT .Obrigada pela dica!