QUASE SEM QUERER
June tirou sua máscara e guardou na mala junto com suas roupas. Não precisaria mais lutar. Havia se passado um mês desde a batalha contra Hades, na qual os cavaleiros tiveram sucesso, e a paz prevalecera na Terra. Os cavaleiros de ouro foram ressuscitados por Athena, os de bronze estavam com os ferimentos completamente curados e June ainda estava com uma ferida aberta, por isso resolvera partir. Iria para a Etiópia, sua terra natal.
Não é um bom lugar para se viver, mas lá posso encontrar meus parentes que nunca conheci. O que não posso mais é continuar vivendo perto dele... preciso esquecê-lo - decidiu a amazona de camaleão.
Enquanto fechava a mala Marin entrou no quarto.
- Então vai mesmo partir.
- Vou sim, como disse há uma semana.
- Eu aindo acho melhor que fique e resolva essa situação.
- Não há o que resolver, Marin. Muito obrigada por ter me abrigado na sua casa durante esse tempo. Preciso ir.
- O que Shun lhe disse para você ficar tão mal assim?
- Não disse - murmurou num tom que demonstrou toda a sua tristeza - Ele me trata apenas como uma grande amiga.
- Acha mesmo que Shun não a ama?
June abaixou a cabeça e prendeu as lágrimas, que estavam insistindo em cair dos olhos e rolar pela face. Queria parecer forte. Antes que levantasse a cabeça para responder, Marin a comunicou:
- Athena está lhe chamando na arena.
Ao transmitir o recado, Marin saiu do quarto e foi para a arena, deixando June sozinha com seus pensamentos.
Na arena?! Por que Saori deseja falar comigo na arena do Santuário?
Quando chegou à arena, June viu dezenas de cadeiras e mesas, uma mesa central repleta de comida e um palco, onde estava uma banda, montado mais ao fundo. Lá estavam todos os cavaleiros de Athena e servos do Santuário. Ao chegar até eles, Saori foi recebê-la.
- Uma festa! - exclamou a amazona - Por que não me avisaram?
- Surpresa. Decidimos fazer esta festa quando você disse que partiria.
- Uma festa de despedida então! Adorei a idéia!
- Eu não chamaria de festa de despedida...
- O que quer dizer com...
- Na verdade... - disse Saori, interrompendo June - quem teve a idéia da festa foi Shun. Olhe para o palco.
Ela olhou novamente para o palco. Lá estava Shun, à frente da banda e com um microfone na mão.
- June! - chamou Shun pelo microfone - Há algumas coisas que preciso revelar antes que você parta. Fiz uma adaptação de uma música para tentar expressar tudo o que quero dizer. Espero que goste.
- Venha sentar na minha mesa, June - convidou Saori - É a mais próxima ao palco.
As duas sentaram-se e Shun fez sinal para que a banda contratada por Saori começasse a tocar. June o fitou bem naquele momento. O ar de timidez não estava mais presente no rosto do cavaleiro de Andrômeda. Ela imaginava o motivo pelo qual ele mudara daquela forma, mas preferia esquecê-lo para não criar esperanças que poderiam se falsas.
A banda tocou a introdução e Shun começou a cantar:
Sempre fui um pouco distraído
Introvertido e indeciso
E ainda sou confuso
Só que agora é diferente
Estou tão tranqüilo
E tão contente
Quantas chances desperdicei
Quando o que eu mais queria
Era provar pra todo mundo
Que eu não precisava
Provar nada pra ninguém
Me fiz em mil pedaços
Pra você juntar
E queria sempre achar
Explicação pro que eu sentia
Como um anjo caído
Fez questão de me provar
Que mentir pra si mesmo
É sempre a pior mentira
Mas não sou mais
Tão criança
A ponto de esconder tudo.
Já não me preocupo
Se eu não sei por que
Tudo o que eu faço
Quase ninguém vê
E eu sei que você sabe
Quase sem querer
Que a mulher que eu amo é você
June não pôde conter as lágrimas. Ter a confirmação de que Shun realmente a amava era emocionante demais. Sentiu-se um pouco encabulada por ter ouvido a declaração de Shun na frente de todos, mas a alegria era maior, e ela resolveu voltar a prestar atenção na música, sem se importar que os outros a vissem chorando.
Me disseram que você
Estava nos deixando
E foi então que percebi
Como lhe quero tanto
Já não me preocupo
Se eu não sei por que
Todo o meu valor
Quase ninguém vê
E eu sei que você sabe
Quase sem querer
Que eu quero mesmo é ir com você
Quando a música terminou, Shun ficou olhando fixamente para June, esperando uma resposta. Não houve aplausos, pois todos os outros ali presentes estavam esperando a reação de June.
- Suba ao palco. Shun quer saber o que você achou - aconselhou Saori.
June levantou da cadeira e foi andando até o palco com passos lentos e um pouco tímidos. Subiu todos os degraus e parou à frente dele. Shun com uma fisionomia séria e apreensiva.
- Foi mais ou menos isso que eu sempre quis dizer... Não sei se a adaptação ficou boa, mas...
- Ficou boa o suficiente para que eu entendesse tudo - disse June, interrompendo Shun - Você quer ir comigo para a Etiópia?
- Vou com você aonde for. Descobri que não posso viver sem você no momento que me disseram que partiria.
- Mas... e Ikki? Vocês passaram anos separados, e agora não é justo que continuem separados.
- Nunca perderei o contato com o meu irmão. Sempre nos veremos, não importa onde estejamos. Ele precisa ter a vida dele, e eu a minha. E eu sei o que quero para a minha vida. Quero que futuramente você seja minha esposa e mãe dos meus filhos. Portanto, se você quer viver na Etiópia, viveremos na Etiópia.
- Oh, Shun... Eu também quero casar com você e ter vários filhos. E se eu não quiser que vivamos na Etiópia? - indagou com um sorriso.
- Que quer dizer?
- Se, depois de encontrar meus parentes na Etiópia, formos morar no Japão, perto de Ikki e de seus amigos? Seremos felizes, não?
- Ao seu lado sei que sempre serei feliz.
Shun puxou-a carinhosamente pela cintura e June deixou-se levar, envolvendo-o com os seus braços no pescoço dele em seguida. Seus olhares se cruzaram e seus rostos se aproximaram lentamente. Os lábios de Shun encontraram os de June num beijo suave, que foi aumentando a intensidade até se tornar um beijo ardente, cheio de paixão e desejo.
Começaram ali, em cima do palco e diante dos aplausos de todos, a construir uma vida de amor e prosperidade juntos.
FIM
E aí, o que acharam? Acho que esta música tem muito a ver com Shun, por isso procurei alterar o mínimo possível. Agradeço a todos que sempre me incentivaram a escrever. Espero que tenham gostado. Comentem e me digam por e-mail, icq ou msn se gostaram ou não, por favor. Valeu!!!
Renato (AIORIA)
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