O Início d'O Jogo

"Que ironia encontrar logo Ele aqui. Não me convenci muito de ele estar aqui com a Buldogue Falante apenas por negócios da mãe dela, mas isso não vem ao caso. A questão é que nada foi melhor do que ver o que um corpo provoca num homem. Agora, creio eu, vou poder vingar aquela noite do Baile de Inverno, e isso vai ser um jogo bem agradável, eu espero."

Novamente Gina escrevia n'Aquele Diário, e novamente o guardava em um dos inúmeros compartimentos daquela mochila mágica. Nunca o abandonara desde os tempos da Escola. E nunca deixara de lhe relatar tudo o que acontecia, até mesmo se algo não saísse como o planejado. Ali tinham lágrimas e sorrisos de uma garota pequena, adolescente, e de uma mulher, que usava o objeto como escoamento das suas mágoas e dos seus desejos não atendidos.

O corpo de Gina pedia por um banho demorado e quente, porque no Frio Escocês de Dezembro, nem o feitiço de aquecimento térmico que ela aplicara nas suas vestes a suprira. Um banho não poderia ser comparado a nenhuma forma artificial de saciar o frio.

Debaixo do chuveiro, cenas estranhas apareciam na cabeça de Gina. Desde o início do Baile de Inverno, no qual Malfoy a entorpecera e assediou-a, até o encontro no corredor, que a fez sentir, pela primeira vez, estremecida por um olhar masculino. A água caía sem força nos cabelos ofuscantes de Gina, que deixava o corpo mergulhado e nu submergido numa banheira enchendo-se, de água, e cada vez mais, de pensamentos libidinosos com o garoto loiro sorridente com o qual topou no corredor.

Como nos velhos tempos, vestira a camisola de seda amarelada e pensava no que iria fazer no dia seguinte, embora, como sempre, não fizesse idéia do que poderia a distrair até dois dias depois, o qual a ida para Londres a esperava.

Os corpos se enroscavam em cima de um pequeno balcão e o corpo semi-nu de um homem loiro e magro se via unido ao de uma garota ruiva com vestes sendo jogadas ao longe. Os gemidos de prazer e palavras sussurrantes dos dois faziam o lugar tomar um tom avermelhado e de sexo pelo ar. Os lábios se tocando e as pequenas mordidas daquela mulher de sardas. Os corpos suados tocando a superfície gélida do Hall do Hotel e o prazer transbordando pelos poros do casal. Olhos nos olhos, aquele rosto que Gina conhecia...

Seja lá qual seja a maldita pessoa a bater na porta, a atrapalhara furiosamente. Não se interrompem sonhos como aquele. Muito menos por uma mera batida na porta. A curiosidade da certeza era talvez maior do que a vontade de constatar que o punho forte na porta poderiam ser os de um certo Malfoy.

'Senhorita Weasley, há alguém à sua espera no Hall de Entrada. – Era apenas o maldito serviço de quarto com aquele velho rabugento a lhe inteferir nos bons sonhos.

' Tudo bem, em meia hora estou descendo. Faça o favor de me avisar antes da próxma vez, para não me ver nos trajes que estou agora, estamos entendidos? – A voz calma, porém forte e sonolenta de Gina, era imponente e assustadora ainda mais quando vinha acompanhada de cabelos bagunçados e uma expressão furiosa.

' Desculpe-me, senhorita, não acontecerá novamente. – O homem de nariz largo e olhos mortos se retirou com uma expressão neutra em sentido do Andar Térreo do Hotel.

Maldição! Quem diabos seria o maldito que a estaria esperando no Hall? Seja quem for não receberia um bom olhar, visto que ser acordada por batidas na porta não era o mais agradável.

Entrou apressada no banheiro e em alguns minutos estava pronta. Com uma calça vermelha de tecido leve e uma camiseta justa e negra, das Esquisitonas, Gina agarrou a varinha num punho e a mochila pôs nas costas. Fez um nó nos cabelos e saiu em disparada pelas escadas, esperando passar pelo Bar do Hotel um pouco antes para comer algo.

Draco Malfoy só podia a estar perseguindo. Agora estava sozinho, ao balcão, com um bloco de notas e aparentemente conversando com alguém numa lareira, apenas o conteúdo não poderia ser ouvido. Por sorte ele não havia visto-a.

Um copo de Suco de Abóbora numa mão, a varinha no bolso da frente e uma torrada com geléia na outra. Ela saiu andando apressada para o local em que a "visita" a esperava. Estagnou ao ver os cabelos espessos e loiros: Lorraine.

' Olá, Lorraine. O que faz aqui? – O olhar de espanto de Gina para a Loira a fez sorir enquanto sentava-se à frente dela, com uma expressão bondosa e samaritana.

'Como o combinado, o seu pagamento, Weasley. – A presunção, antes sempre exposta pelo olhar da Artilheira, agora era escondida por um abater maior de preocupação. Mas com o mesmo gesto seco de sempre, a mulher a passou o envelope com a promissória de transferência do Gringotes.

' Ah, sim, obrigada! – A menina pôs o copo na mesa e pegou o envelope das mãos de Lorraine, que piscou demoradamente e segurou a mão de Gina.

' Tem certeza de que vai fazer isso? – A expressão de perda nos olhos da Víbora eram prazerosos para Gina, que passado o sentimento de surpresa pelo toque das mãos calejadas da garota, eram triunfantes para ela.

' Tenho, Grammound. Curandeiros se encontram facilmente me qualque hospital bruxo. Vocês superam, sim? – Enquanto falava com a garota, Gina pegou a mochila e pôs no bolso externo o pagamento de uma temporada de trabalho. Ao passo que antes de qualquer reação da jogadora, Gina levantou-se com o copo nas mãos e acenou em partida.

Como David pôde ter tido o atrevimento de ter mandado uma Meia Veela vir pagá-la e tentar a encantar com aqueles olhos? Maldito seja! Merecem o sufoco que vão passar. Pelo menos o pagamento estava dado e agora só restava a volta à Londres, não sabia se hoje ou no dia seguinte, mas de certo seria logo.

' Você vive com pressa, Weasley? – Ao subir as escadas Gina se deparou com Draco parado na frente do seu quarto, com uma das mãos na maçaneta e a outra segurando um cigarro pela metade.

' Malfoy, não me amole mais. Eu estou indo embora dentro das próximas horas. – Gina sequer fazia idéia de que horas eram, mas mesmo assim disse ao Loiro que iria antes. O sonho ainda a deixara um pouco atordoada e a visita da jogadora do Chudley tirou seu sossego.

' Sabe que horas são, Weasley? - Draco olhou o relógio. – Mais de três da tarde, sua preguiçosa. – O Malfoy novamente tragou o cigarro, por uma fração de tempo relativamente larga. Dando tempo de Gina chegar mais próximo e o encarar nos olhos.

' Que seja, amanhã cedo eu vou. Agora, se puder me dar licença, eu preciso entrar no meu quarto. – Gina desencantou o copo do Hotel e tocou com a varinha a maçaneta da porta. – E me dê isso aqui, seu folgado. – Com um movimento curto dos braços tomou o cigarro das mãos de Malfoy, e empurrando-o com agressividade entrou no quarto, deixando o homem loiro pasmo à porta, olhando para dentro e vendo a Weasley catar as roupas jogadas.

' O que está esperando, Malfoy? Me dê licença, maldito! – A garota empunhou a varinha e em segundos a porta estava fechada, com um Malfoy atordoado por uma batida no nariz.

A Ruiva ouviu alguns toques de algo semelhante a um celular e logo em seguida passos. Os olhos dela brilharam. Por um momento se sentiu fraca por estar saindo da equipe desse jeito, e os olhos pouco-sentimentais sentiram falta de braços para a segurarem. Passou horas guardando as roupas dentro da mochila, deixando apenas as roupas a vestir por fora.

Olhou o relógio branco no seu pulso. A calça jeans larga e a camisa de mangas solta não chamariam tanta atenção assim. Agora um boné, era o bastante e assim não faria diferença ela estar ou não saindo à noite para viajar.

Mochila nas costas, varinha em punho, óculos escuros no rosto, cabelos amarrados em coque e all-stars pretos nos pés. Logo estaria dentro de um trem e pouco faria diferença pensar em como o time ficaria sem ela. Logo visitaria a família. Logo estaria novamente no conforto de seu lar. E assim poderia parar com a correria de viver como uma nômade junto a Fred e Jorge.

O conforto do trem estava a poucos minutos. Pelo menos já estava na segurança de uma cabina individual. Depois de paga a conta do Hotel e da saída discreta, foi muito mais fácil embarcar durante a madrugada de uma Sexta-Feira para Londres.