O que você acha de Harry?
Não foi difícil conseguir o emprego que tínhamos planejado. Dumbledore estava certo, num período de guerra, enfermeiras eram muito bem-vindas. E eu tinha conseguido recomendações falsas. Foi sorte, porém, ter conseguido uma vaga na seção de obstetrícia do Hospital Saint Lion. Eu já estava folheando a agenda para conferir quais pacientes teriam consulta naquele dia, quando uma voz delicada chamou minha atenção:
- Com licença, eu marquei um horário com a Doutora O'Brien.
Lílian!
- Ah... Sim, sim, senhorita...
- Senhora. – ela abriu um sorriso – Senhora Lílian Potter.
- Ah, sim. Aqui está. A senhora é a próxima. Pode sentar-se e aguardar.
- Obrigada.
A jovem mulher que se afastou do balcão para a sala de espera não poderia ser confundida com a mãe de nenhum outro bruxinho. Os olhos de Lílian eram, realmente, os olhos de Harry. Ela usava um longo vestido azul-marinho e tinha os longos cabelos ruivos presos num rabo-de-cavalo bem alto. Sentou-se e começou a folhear uma revista.
Apesar de os grandes olhos verdes de Lílian não demonstrarem qualquer preocupação, o rapaz que sentou a seu lado era o oposto. Apertava as mãos nervosamente e balançava o pé esquerdo impaciente. Por vezes, despenteava ainda mais seus cabelos já rebeldes.
Tiago parecia seu filho apenas alguns anos mais velhos do que no dia em que conheci Harry.
Lílian já estava grávida. E ficaria sabendo em meia hora
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Eu pude ver os dois conversando depois da consulta.
- Você tem certeza?
- Ora, Tiago, você está louco? É claro que eu tenho certeza, a doutora falou.
- Mas... Nós não podemos. Não agora.
- Tiago, eu espero que você não esteja sugerindo que eu...
- Não. Não! – as mãos nervosas pelo cabelo – Nós vamos ter. Não deveríamos, mas vamos ter. É claro que vamos!
– Eu sei que vai ser difícil. Que nós vamos correr muitos riscos.
- E você passará a missões menos perigosas.
- Mas, Tiago... – parou e passou a mão pela barriga. – Nós vamos ter um bebê!
Tiago abraçou Lílian. Depois, afastou-se e passou mão pelo rosto dela:
- Se for menina, será Julianne.
- Se for menino, terá seu nome.
- Não, não só o meu nome. Quero que ele seja conhecido, ele próprio. Um grande bruxo, sim, sim.
- O que você acha de... Harry?
- Harry... Harry. – Olhou para o chão pensativo. Levantou os olhos depois de um tempo. – Eu gosto.
- Harry... Harry Tiago Potter.
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Lílian voltou ao consultório durante os meses seguintes. A gravidez corria normalmente e, com as visitas freqüentes dela, aproveitei para me aproximar.
- Bom dia, senhora Potter.
- Bom dia, Diana. Já lhe disse que não precisa me tratar por senhora. – Lílian apoiou-se no balcão, não parecendo estar com menos energia do que no começo da gravidez.
- Desculpe, Lílian. Está chegando a hora, hein?!
- Sim, sim. Em poucos dias, terei o meu filhinho. – afastou-se do balcão e sentou-se na sala de espera, logo em frente.
- O pequeno Harry...
- Ou a pequena Julie. Eu não quis saber ainda.
- Ah, sim, claro. Mas eu acho que será menino.
- Ora, Diana. Vidência é uma das suas habilidades?
- Um pouco. – sorri.
A Doutora O'Brien veio chamar Lílian.
- Até logo, Diana.
- Até logo... LÍLIAN!
Quando Lílian se levantou, perdeu o equilíbrio e caiu, soltando um grande berro de dor e derrubando um carrinho de medicamentos.
A Doutora O'Brien e muitas enfermeiras correram para ajudá-la. Eu, como estava atrás do balcão, demorei mais para chegar até ela e não conseguia vê-la.
Uma enfermeira chegou arrastando uma maca e Lílian foi colocada sobre ela. Vi que estava contorcendo-se e gemia de dor.
- Pode ser um aborto espontâneo, temos de levá-la para o centro cirúrgico, rápido!
Mas, enquanto todas corriam para ajudar a doutora, eu consegui entender o que estava acontecendo. Uma das enfermeiras apontava a varinha para Lílian, parecendo estar ajudando a transportar rapidamente a maca. Não seria suspeito, já que todas faziam a mesma coisa.
Mas eu consegui entrar na multidão que acompanhava Lílian. Com um pouco de esforço e sendo empurrada pelas outras enfermeiras, pude, disfarçadamente, desarmar Belatriz Lestrange. A maldição crucio foi interrompida.
Apesar de a dor em Lílian ter acabado, eu sabia que a doutora ainda teria dificuldades para impedir que o bebê ficasse machucado.
Estupidamente, perdi alguns segundos observando a maca desaparecer pelo corredor. Belatriz, com isso, fugiu.
Sentei-me na sala de espera preocupada. Será que eu poderia ter feito o que fiz? Será que eu tinha alterado o futuro? Era difícil estar no passado e não saber o que estava certo, o que eu devia ou não fazer naquele tempo.
- Diana! – uma das enfermeiras vinha do centro cirúrgico.
- Martha! Como está a senhora Potter?
- Ah, Diana, não sei o que foi, mas o que quer que tenha interrompido as dores dela acaba de salvar o bebê Potter.
