A velha sede
A casa não era tão escura nem tão fria quanto o Largo Grimmauld. A sede da primeira Ordem da Fênix era muito menos sombria que a nova. Mesmo assim, eu não estava confortável. Eu tinha sido chamada depois do incidente no hospital e sabia que não era para ser elogiada por Lílian estar salva. Eles não teriam revelado o segredo da Ordem se não achassem que eu já sabia de alguma coisa. Ou, pior: que eu era uma ameaça a ser eliminada.
Uma grande mesa no centro de uma sala estava ocupada por vários membros: Tiago, Sirius, Lupin, Pettigrew, os Longbottom, Moody e Dumbledore. Todos olhavam apreensivos, Lílian ainda estava no hospital, mas fora de perigo. Tiago era o único que estava de cabeça baixa, apoiado nos braços cruzados sobre a mesa.
A porta da sala foi aberta bruscamente e as vestes negras do professor Snape farfalharam pelo lugar. Ele estava mais novo, mas, sem dúvida, ainda tinha o mesmo ar que me assustava. Naquele dia, os seus cabelos estavam molhados e seu rosto tinha ferimentos ainda abertos. Com certeza, tinha acabado de vir de uma missão. Uma missão difícil.
- Ah, Severo. Ainda bem que você pôde chegar a tempo. – Dumbledore abriu um pequeno, mas simpático, sorriso. Parecia ser o único que não estava preocupado.
Snape não disse nada. Caminhou na minha direção com os olhos apertados. Parou, olhando fixamente:
- Não, não a conheço. Não é uma comensal desertora. – caminhou para a única cadeira vazia e sentou-se. Sua expressão não era nada amigável.
- Senhorita Anderson... – Sirius começou.
Eu não dei atenção. Não tinha me acostumado com meu nome falso, mas, além disso, não conseguia livrar-me do mal estar e, contraditoriamente, do fascínio que o olhar de Snape sobre mim exercia. Não podia desviar dele.
- Senhorita Anderson. – Sirius repetiu com a voz mais alta.
- Oh, sim. Pois não? – respondi, atrapalhada.
Sirius cruzou os dedos e apoiou as mãos sobre a mesa. Era muito bonito, como já tinham me contado. Os longos cabelos negros caiam pelos ombros e os olhos cinza exibiam um olhar um pouco arrogante:
- A senhorita faz idéia da gravidade da sua ação no hospital?
- Eu... Bem. Eu salvei o bebê, não?! A Lílian!
- Sim. O problema foi o que possibilitou que você impedisse a maldição crucio. – Lupin estava sentado próximo de mim. Anos mais novo, ele ainda não tinha a expressão cansada e eu senti um grande conforto ao ouvir a sua voz. Deixei até mesmo escapar um sorriso tímido. E ele correspondeu.
O professor Snape deu uma forte batida na mesa:
- Você reconheceu Belatriz Lestrange! Você soube que ela era a única que estava usando a varinha para uma maldição, não para ajudar! – olhava para mim fixamente, ofegante. – Como?
Eu não tinha pensado em nada para manter meu disfarce. Não sabia o que responder. Atrapalhada, não conseguia falar nada.
- E então? – ele insistiu.
- Professor, eu...
Mas todos ficaram assustadoramente quietos e olharam para mim.
- Professor? – Tiago, que ainda estava de cabeça baixa, levantou lentamente o olhar na direção do Snape. Tinha a voz fraca e os olhos inchados.
É claro! Todos eles, os marotos e Snape, estavam com mais ou menos 20 ou 21 anos, quase a minha idade, 23. E Snape tinha acabado de abandonar os comensais. É claro que ele ainda não era professor. Eu dei um longo suspiro, não podia cometer mais erros.
- Professor... – repeti, todos prestando muita atenção, Sirius balançava a cabeça me acompanhando. – Dumbledore. – completei, olhando para o diretor. – Eu gostaria de pedir um pouco de calma para que eu pudesse me explicar.
- Com certeza. – respondeu Dumbledore, o pequeno sorriso de novo.
As atenções estavam todas voltadas para mim. E uma idéia brilhante surgiu na minha cabeça.
- A falsa enfermeira... – virei-me para Snape. – Como você disse que era o nome dela?
- Belatriz Lestrange. – ele respondeu, contrariado.
- Ela foi pouco cuidadosa. Sua manga não cobria completamente a Marca Negra.
O clima na sala não melhorou.
- E a senhorita conhece a Marca Negra? – Snape perguntou, provocador.
- Sim. – tentei soar indiferente. – Atendemos uma mulher ferida no hospital certa vez. Era uma comensal, tinha a Marca. Todos ficaram assustados com aquilo, não sabíamos de que se tratava, se deveríamos tentar fazê-la sumir ou o que quer que fosse. O auror que a tinha trazido, depois de tê-la capturado, explicou o que era.
Moody resmungou.
A tensão diminuiu depois da minha explicação, apenas Snape mantinha os olhos fixos em mim. Achei que ele não tinha acreditado no que eu tinha dito.
- Bem, senhorita Anderson. – Dumbledore olhou para mim sobre os óculos de meia-lua. – Uma vez que a senhorita já sabe sobre a Ordem da Fênix e demonstra grande habilidade, seria um prazer mantê-la conosco. Lílian ficará feliz com a ajuda de uma enfermeira quando o bebê nascer.
Assenti com a cabeça e um sorriso. O diretor correspondeu piscando um dos olhos.
- Então. – Lupin disse, mais alegre, levantando-se. – Acho que poderíamos, enfim, ir visitar Lílian. Senhorita Anderson, nos acompanhará, não?
- Ah, sim, claro. – levantei aliviada.
Lupin me ofereceu o braço e saímos da sala com os outros. Perto da porta, cruzei com Snape. Ele colocou-se de lado para que eu passasse.
- Vai ser muito interessante tê-la conosco. – disse.
----------------------------------------------------------------------------
N/A: Obrigada pelas reviews! Espero mais, mais, mais!
Luisa: A Diana não é nem balconista, nem obstetra. Ela é enfermeira do Saint Lion. Enfermeira falsa, claro... Mas, o que é uma boa jornalista senão alguém com jogo de cintura ;) (ok, estou deixando a faculdade me afetar).
Nina: Muita pesquisa, fora as várias reviradas pelo quinto livro para procurar por detalhes! E, menina, onde está sua fic que também tem uma Diana? Você me deixou morrendo de curiosidade!
Nyym: Safadinho, o Lupin? Não, não, ele é fofo mesmo... por isso tantas meninas são apaixonadas por ele... Mas, calma, calma! Para mim, o Snape ainda está em primeiro lugar.
Mas, mas... Como assim pena que eu não matei o Harry??? Tadinho dele!!!
Ameria: Valeu pela dica das reviews anônimas! Eu não fazia idéia! Novata no ff.net..
Alessa: Obrigada pelo elogio a essa e à outra fic!
Ju: Menina, cuidado! Olha que a inspiração às vezes falta e eu vou querer ajuda mesmo!
Mari: Obrigada pelas correções e, principalmente, pela animação ao receber os capítulos quentinhos do forno!
Aninha: Espero que você esteja recebendo os e-mails!
B-jos para todas!