Capítulo 9

Sim, estou.

- Senhora, deixe-me ajudá-la.

- Eu quero vê-lo.

- Já irá vê-lo, senhora, eu prometo...

- Promessas, promessas, você disse que eu poderia vê-lo há mais de meia hora. Pensei que família pudesse entrar a qualquer instante.

- Não é bem assim, senhora. Só familiares podem entrar, mas, ainda assim, seu marido está muito ferido...

- Eu sei disso, porque acha que estou tão nervosa?

- Senhora Lupin! Estou sendo muito tolerante até agora, mas vou ser obrigada a pedir que se acalme e largue a manga da minha blusa. Quando seu marido puder receber visitas, eu avisarei.

- Mas...

- E chamarei também um curador para atender a senhora também. Sente-se na sala de espera, por favor.

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- Andamos meio hospital atrás de você, Diana! – Sirius vinha pelo corredor com ar nervoso.

Eu estava sentada na sala de espera ao lado de uma mulher que parecia tão agitada quanto Sirius. Ela tinha gritado com algumas enfermeiras e batia seu sapato contra o chão de maneira nervosa e ritmada.

- Eu pensei que os encontraria aqui, por causa de Remo.

- Bem, a senhorita demorou para chegar, não? – disse Snape em seu tom habitualmente frio. – Fomos até a casa de Lílian e Tiago procurá-la.

- Desculpem. – a minha voz estava baixa e eu quase não tinha forças.

Um curador aproximou-se de onde estávamos.

- Senhora Lupin?

Sirius e Snape olharam em direção à moça sentada ao meu lado.

- Sou o curador Barton – ele disse, polidamente, para ela. Sirius e Snape continuavam a olhar para ela visivelmente desconcertados -, sou eu quem está cuidando de seu marido. – Sirius soltou um suspiro de admiração e Snape estreitou os olhos.

A mulher, que usava um fino vestido preto e sapatos altos, limitou-se a olhar com impaciência para o curador e dizer:

- Não sou eu quem você procura, meu nome é Amanda McPherson e eu estou tentando achar alguém que me dê informações sobre minha filha. – ela estava bastante nervosa e levantou-se em direção a um balcão, murmurando - Nada funciona neste lugar.

O curador Barton, envergonhado, voltou-se em nossa direção e, olhando para mim, falou educadamente:

- Senhora Lupin?

Eu assenti com a cabeça.

Sirius olhou para mim com os olhos arregalados e Snape afastou-se alguns passos, como se tivesse recebido um choque.

- O seu marido está bem melhor, acho que deve se recuperar em um dia ou dois. – o curador completou, aliviado por estar falando com a pessoa certa. – Agora... A senhora também está bastante machucada, deixe-me levá-la para ser atendida também.

- Ah, sim, claro. – eu respondi, envergonhada. – Poderia esperar alguns minutos?

- Certamente. Estarei no balcão.

- Obrigada.

Virei-me para Sirius e pedi que Snape se aproximasse com um gesto. Ele pareceu hesitar, mas acabou concordando.

- Senhora Lupin? – disse Sirius.

- Calma. – eu disse, sussurrando. – Eu só inventei essa mentira para poder entrar e vê-lo. Só familiares são autorizados, no estado grave em que ele está.

- Claro... – Sirius disse vagamente e um pequeno sorriso surgiu em seus lábios. – É bem mais simples do que dizer que é sua irmã, certo?

- Sirius, por favor. – senti que estava ficando vermelha de vergonha. Mas dizer que eu era esposa de Remo foi a primeira coisa que me ocorreu quando a grosseira bruxa que ficava na recepção disse que apenas familiares poderiam vê-lo.

- Eu acho... – Snape começou e eu fechei os olhos, temendo o que ele diria. – Que a senhorita Lupin – ele deu muita ênfase na última palavra – precisa urgentemente de cuidados. E essa conversa apenas a está atrasando.

Levantei-me sem olhar para nenhum dos dois e fui até o balcão.

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O dia já estava clareando quando fui liberada dos cuidados dos curadores. Quando voltei para a sala de espera, encontrei Sirius sentado e aparentemente dormindo e Pedro Pettigrew ao seu lado, lendo uma revista.

Pettigrew!

Poucas vezes tinha estado com ele, apesar de ele fazer parte da Ordem. Acho que já estava bastante ocupado com seus serviços a Você-sabem-quem. Estar com ele, especialmente sem mais ninguém para desviar minha atenção e evitar que eu tivesse de ser simpática com aquele traidor, isso nunca tinha acontecido. Eu torci para que Sirius acordasse.

Pettigrew veio até mim assim que me viu.

- Senhorita Anderson! Ainda bem que senhorita está bem. Sirius me contou o que havia acontecido. – ele disse, com sua voz permanentemente agitada e irritante. – Estou aqui tentando ver Remo, mas não me deixam porque...

- Só familiares podem entrar. Sim, eu sei. – completei e comecei a caminhar para os bancos.

- Senhora? – uma voz me chamou.

- Sim? – disse, virando-me.

- Já pode ver seu marido.

Deixei o maldito Pedro com seu olhar de incompreensão para trás e fui o mais depressa que pude para o corredor apontado pela bruxa da recepção.

Lupin estava deitado e tinha ataduras em muitos lugares do corpo. Um fino lençol branco o cobria e eu achei que era muito pouco para aquela enfermaria fria. Mas ele estava quente, senti ao colocar a mão em seu rosto. Parecia febril.

Lupin abriu os olhos quando toquei nele e olhou para mim.

- Di...

- Shhh, não fale agora, Remo. Precisa descansar. – eu tirei a mão do rosto dele e segurei sua mão. Ele apertou-a contra a minha com o máximo de força que tinha, mas isso não era muito.

Fique olhando para ele por bastante tempo, feliz de saber que estava vivo. Eu não tinha, afinal, mudado o passado. Cabia a Sirius e Snape a missão de salvar Lupin naquele dia, não a mim.

Suspirei. Não sabia por quanto mais tempo conseguiria agüentar viver naquele clima de sofrimento, naquela guerra. Mas lembrei que todos estavam passando pela mesma angústia que eu, e eu deveria agüentar. O pior ainda viria, um pouco depois de Harry completar seu primeiro aniversário.

Fui acordada destes pensamentos com Lupin tentado dizer algumas palavras:

- Fique... aqui...

- Ficarei, Remo. Quanto tempo você quiser.

Puxei uma cadeira sem soltar a mão dele e sentei-me ao lado da cama.

Com um leve sorriso, Lupin adormeceu. Estar ao lado dele e vê-lo recuperando-se aliviava a minha tristeza. A terrível missão que eu tinha de cumprir poderia estar me presenteando com algo bom?

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Lupin saiu do hospital em dois dias. Ficou hospedado na casa de Lílian e Tiago para que não ficasse sozinho até estar completamente recuperado.

No terceiro dia que ele estava lá, ouvi a campainha tocar enquanto ajudava Lílian a dar banho em Harry. Desci as escadas em direção à porta e espiei quem estava do outro lado por uma das janelas. Fiquei assustada ao ver que era Snape.

Abri a porta para ele, que entrou sem cerimônia e fechou-a atrás de si. Eu não o via desde aquele dia no Saint Mungus. Tinha ficado na casa para cuidar de Harry e, também, de Lupin e sabia que Snape não tinha qualquer prazer em visitar Tiago Potter.

- A cozinha está vazia? – perguntou, sem olhar diretamente nos meus olhos.

- Sim. O que...

Mas ele já tinha ido para lá. Fui atrás e vi que ele tinha apoiado uma maleta na mesa e tirava dela diversos frascos.

- Vai preparar uma poção? – perguntei.

- Sim. – ele apoiou os frascos e olhou para mim. – Para o seu adorado marido.

Eu suspirei fundo e respondi:

- Estarei lá em cima com Lílian, se precisar de mim.

- Não vou – ele disse, entre os dentes. – até lá em cima se tiver que chamá-la, Diana.

- Mas Remo está lá, você terá que subir para dar-lhe a poção.

- Acha que farei isso? – ele voltou a mexer nos frascos. – Não tenho intenção de ficar muito tempo aqui. Vim apenas porque Dumbledore pediu que eu fizesse essa poção. Não ficarei perambulando pela casa dos Potter sem necessidade. Deixarei aqui para que você a leve, deve ser tomada segundos depois do preparo.

- Por isso você não a trouxe feita...

- Obviamente. – ele respondeu, superior. – Sente-se. O preparo é complicado e vou demorar.

- Eu preferia continuar ajudando Lílian. Como eu estava fazendo antes de você nos interromper.

Snape ficou alguns segundos sem responder enquanto derramava cuidadosamente um líquido verde em um grande jarro.

- Sente-se, Diana. Não quero que me desconcentre.

Caminhei até perto dele e disse, desafiadora.

- Vejo que minha presença é perturbadora para você, Severo Snape.- disse o nome dele devagar. – Já que está a ponto de misturar essência de camomila com uma quantidade enorme de extrato de hibiscus. Vai anular o efeito de sua poção.

Snape apoiou o vidro que segurava lentamente olhou para mim.

- Sabe preparar esta poção?

- É possível. Ainda não sei qual você quer fazer, mas sou uma excelente preparadora de poções.

- Parece que não há muito que eu possa fazer por você, então.

- Por mim? Achei que a poção era para Remo.

Snape me encarou por um momento. Depois, em qualquer expressão, disse:

- Você está apaixonada por ele.

- Quem? – eu entendia, mas não queria entender. Não queria me deixar entender.

- Quando penso no que você está perdendo...

Ele deu um sorriso cínico. Soava arrogante, seguro de si. Tão diferente de...

- Estou. Estou apaixonada por ele, Severo. E não tinha me deixado perceber até você comentar.

Ele voltou para o preparo da poção e começou a manusear os vidros com violência. Depois de um tempo, disse, sem olhar para mim.

- Suba, Diana. Quando eu terminar a poção, farei com que seja avisada.

Mas eu não subi. Estendi a mão para tirar dele os frascos que segurava e fiz com que olhasse para mim. Snape fez um gesto para tocar em mim, mas recuou. Eu sorri e disse:

- Você é mal-humorado e gosta disso. A antítese do príncipe encantado, Severo.

- E você, como eu já disse uma vez, está encantada pela fábula do doce Lupin.

- Talvez seja fábula, mas eu quero arriscar.

E me dirigiu um olhar frio e voltou para a poção.

- Severo?

Ele não respondeu, mas olhou para mim. Eu abri um sorriso.

- Se eu fosse você, ficaria atento a garotas de cabelos coloridos.

Saí da cozinha, sabia que ele estava furioso, mas não podia fazer nada. Eu precisava ver Lupin, talvez contar-lhe o que eu tinha acabado de me deixar saber.

Subi as escadas correndo, cheguei ao andar de cima ofegante. Fui até o quarto dele.

Mas, quando entrei, vi que ele estava dormindo. Um pouco desapontada, fechei novamente a porta e voltei para ajudar Lílian.

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N/A: Esse capítulo foi para esclarecer a maior dúvida de todos: o shipper.

No próximo, daremos um salto de um ano e a fic vai se encaminhar para o clímax e o final.

Obrigada pelas reviews, Mesmo! Adoro!

Escrevam, mais, please!