Parte IV- Intrigas da Oposição

Quando o diretor Dumbledore empurrou a maciça porta dupla de madeira e os dois entraram, Harry se viu diante de um imenso e suntuoso parlamento. O auditório era dividido pela passagem em declive ao fim da qual se encontravam agora, e havia uma bonita cerca de madeira trabalhada que separava a primeira fileira de cadeiras confortáveis do auditório, bem lá na frente, do espaço onde aconteciam os julgamentos. No grande espaço vazio entre o auditório e a bancada dos bruxos importantes havia uma mesa e uma cadeira bem no centro, e de ambos os lados ficavam os júris. Harry estremeceu ao constatar que certamente ficaria ali naquela mesa, sendo observado por todos. As paredes eram cobertas por pesadas cortinas negras com detalhes prateados que se mexiam formando gravuras.

A bancada principal era de madeira clara e bonita, comprida, alta e tinha dois níveis: no meio era mais alta em relação ao chão de madeira escura, e dos lados era mais baixa. Todos os bruxos que o iriam interrogar, vestidos em sua totalidade de túnicas e chapéis pretos, já ocupavam seus lugares nela.

- Dumbledore!- exclamou Fudge. Harry mal o escutou; estavam bem longe ainda, descendo a passagem, mas a julgar pela expressão do Ministro, ele acertara ao achar que este não ficaria feliz com a presença do diretor de Hogwarts.

- Eu mesmo, Cornelius, vim acompanhar meu aluno, espero não ter feito mal...- disse Dumbledore, irônicamente bem humorado. Fudge não respondeu, mas Harry sabia que se o tivesse feito teria sido muito mal-educado com o mago.

Agora atravessavam o portãozinho de madeira que fechava a cerca, e ao aproximarem-se da mesa e cadeira de centro, o diretor pediu a Harry que sentasse ali e ficasse tranqüilo. Mas não havia como. Harry havia ficado bem na direção de Fudge, que ocupava o único assento na parte do meio da bancada, mais alta. E enquanto eles faziam os últimos acertos, o garoto resolveu observar quem estava ali.

Ao lado direito de Harry, e esquerdo do Ministro, no nível baixo da bancada, estava uma bruxa alta e magra parecida com a professora McGonagall, cuja plaqueta dourada de identificação á sua frente dizia "Anette Swaman" e, logo abaixo, "Diretora do Escritório de Mau Uso da Magia". Um lugar vazio para o lado acomodava-se Albus Dumbledore. Ao seu lado, Harry não pôde acreditar em quem estava vendo ali... era a sra. Figg, a velha vizinha da casa de seus tios a qual era obrigado a aturar quando eles saíam e não queriam levá-lo, o que era quase sempre!! Então, o garoto lembrava-se, foi isso o que Ron quis dizer com "bruxos disfarçados" no bairro em que morava!? Ela era uma bruxa?? Sua identificação dizia "Arabella Figg, Diretora dos Bruxos e Bruxas Infiltrados". A velha lhe sorriu gentilmente como que entendendo seu espanto. Do seu lado, no último assento, estava Arthur Weasley.

Voltando a atenção para o outro extremo, o lado direito de Fudge, o primeiro lugar era ocupado por Percy, que ainda lia um grande rolo de pergaminho e ao mesmo tempo escutava o que Fudge lhe dizia. O Ministro curvara-se para o lado para falar com seu assistente, abaixo de si. No próximo assento estava um homem corpulento e distinto como seu tio Vernon, e sua plaqueta de identificação dizia "Sebastian J. Meltz, Coordenador de Fenômenos Estranhos". Harry achou esse cargo interessante. Ao seu lado se encontrava uma bonita e jovem bruxa, extravagante por sinal, de cabelos cor de vinho curtos e lisos, uma pinta muito sensual no canto esquerdo da boca, cujos lábios estavam duma cor marrom-avermelhado que deixavam-nos muito carnudos, e olhos cor de mel. Seu nome, segundo a identificação, era Nimphadora Tonks, e exercia o cargo de Auror do Minsitério. Pulando um assento, no último, lá estava o intragável Lucius Malfoy como "Chefe da Comissão Contra as Artes das Trevas". Na sua prévia opinião, era o único ali com quem realmente devia ficar atento. Qualquer brecha e ele sem dúvida deixaria Voldemort na sua cola.

- Harry James Potter.- começou Fudge, impondo silêncio. Harry se endireitou na cadeira e olhou diretamente ao Ministro- Você tem conhecimento da razão pela qual aqui se encontra?

- Sim, senhor Ministro.- respondeu educadamente o garoto.

- Você está preparado para responder às perguntas de caráter investigativo que lhe serão feitas?

"Investigativo?!?"

- ... Sim, senhor....

Harry olhou para Dumbledore e este demonstrava a mesma segurança anterior.

- Muito bem, então com a palavra agora o senhor Meltz, Coordenador de Fenômenos Estranhos.

O senhor logo ao lado de Percy se levantou e deu a volta por trás de Nimphadora e Malfoy para sair detrás da bancada, indo em direção a Harry.

- Meu jovem rapaz, Harry Potter.- o homem falou, poucos metros à frente do menino. Sua voz era grave mas simpática, e isso já ajudava um pouco.- Para início de interrogatório, que eu prefiro chamar de esclarecimento de dúvidas, eu gostaria que você me explicasse com suas palavras, e usando da sua memória, o que aconteceu na noite de ontem, vinte e quatro de julho.

Harry desviou um pouco sua atenção para tentar reunir o máximo de lembranças daquele momento. Porém era inútil; tudo o que vinha em sua mente pertencia ao sonho que tivera, e sobre isso ele não iria falar.

- Bem, eu não posso lhe dizer muita coisa, senhor... na hora em que tudo ocorreu eu estava dormindo e acordei com meu quarto em chamas... ouvi os gritos dos meus tios mas não pude fazer nada, a fumaça já me deixava tonto e logo eu desmaiei, ouvindo barulho de sirene que eu imagino terem sido os bombeiros trouxas chegando para apagar o fogo. Mas eu não sei o que aconteceu. O raio que dizem que caiu em minha casa eu nem cheguei a ver...

O homem o fitava com ar de confiança, mas no canto esquerdo de seus olhos viu Lucius Malfoy se ajeitar desconfortavelmente em sua poltrona. Aquilo o deixou intrigado.

- Descreva para mim como foi seu dia até ali.

Harry então contou do imenso calor que sentia, aparando a grama do jardim de sua tia como fazia quase todos os dias, pulou a parte em que esteve desacordado e teve sua primeira visão, disse quando falou com sua tia que estava cansado e queria subir para o quarto, recebendo como castigo o jejum no almoço (e viu a sr. Figg balançar a cabeça em discórdia e repugnação), daí quando tomou banho, foi para seu quarto, escreveu para seus dois amigos Ron e Hermione e logo depois de mandar sua coruja entregar as cartas, dormiu.... só acordando com o quarto pegando fogo.

- Sim....- ecoou o bruxo, analisando.- E me diga, jovem, qual o assunto das cartas que você escreveu para seus amigos?

Harry olhou para Dumbledore achando que não tinha de responder àquela pergunta, mas o velho mago acenou com a cabeça, pedindo-lhe no olhar que o fizesse.

- Ahn... foi uma carta normal... eu perguntei se estavam bem, disse que estava com saudades e perguntei se tinham alguma novidade para me contar...

- E que tipo de novidade você esperava saber deles?

Harry já não achava o homem mais tão simpático quanto antes.

- Eu... eu não sei... qualquer coisa, nada em especial... se eles tivessem tido tempo de responder, aposto como o Ron me contaria que seu pai havia sido promovido- o sr. Weasley sorriu tímido- e Hermione me contaria algo de suas férias ou algo novo que aprendera.... coisas assim...

O Coordenador de Fenômenos Estranhos sorriu, aparentemente satisfeito com as respostas embora não ajudassem em nada no propósito de levantar pistas sobre Voldemort. Mas Harry se enganou achando que havia terminado ali.

- Meu rapaz, você tem idéia de qual seja minha função aqui dentro do Ministério?- agora ele andava de um lado para outro, de cabeça baixa como se pensasse ou guardasse o melhor para o final.

- Investigar fenômenos estranhos?

Ele ergueu a cabeça e sorriu para Harry novamente.

- Exatamente. E creio que então você saiba porque estou aqui fazendo parte deste interrogatório...?

O garoto não se manifestou, e o bruxo continuou.

- Você não acha estranho, garoto, que um raio caia numa casa num dia de sol como todos vêm sendo ultimamente?

- Sim...

- Você não acha que este raio não foi natural, e sim produto de um feitiço lançado por alguém?

- Não sei, senhor...

- Então me responda, você não acha estranho que em tempos como esse um raio caia em sua casa, isso sem contar que ele estava repleto de magia negra?

Harry o encarava atônito. Sua vontade era perguntar onde ele queria chegar com essas insinuações mesmo que soubesse por antecedência a resposta.

- Acho, mas o que eu posso fazer? Eu não vi o que aconteceu e se alguém lançou um raio sobre minha casa eu tampouco vi quem foi.

O bruxo, sem alteração de humor, deu-lhe as costas.

- Bem senhor Ministro, tenho encerradas minhas perguntas.

- "timo Sebastian, muito obrigado.

Ele voltou calmamente ao seu assento, e Harry estava incomodado por não saber qual fora a conclusão dele sobre suas respostas.

- Passo a palavra agora à sra. Anette Swaman, Diretora do Escritório de Mau Uso da Magia.

A mulher se ergueu da poltrona e fazendo como o outro, deu a volta por trás dos outros membros da bancada e foi até ele.

- Sr. Potter- a voz da mulher era como a de alguém que não tinha ar no pulmão- serei bem direta em minha primeira pergunta. Você usou magia fora da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts no dia de ontem?

- Não.- respondeu Harry convicto.

- Onde se encontra neste momento a sua varinha, sr. Potter?

- Ela foi queimada no incêndio junto com todos meus pertences e materiais de escola.

- Onde estavam seus pertences na hora do incêndio?

- No meu malão de Hogwarts, senhora. Ele estava dentro do meu armário. Quando eu acordei e vi aquele fogaréu, até pensei em usar magia para tentar apagá-lo e salvar meus tios, mas estava cercado pelo fogo e o armário totalmente em chamas.

A mulher acenou discretamente a cabeça, também parecendo convir com as respostas dadas por ele.

- Você tem conhecimento de algum tipo de feitiço que possa produzir um raio de eletricidade quase natural, como o que atingiu sua casa?

- Absolutamente não. Não faço idéia.

- E, se por acaso existir uma forma de fazê-lo com magia, você tem idéia de alguém com poder suficiente para tal?

Harry se achou ridículo no meio de um jogo de indiretas e insinuações.

- Sim. O professor Dumbledore.- ele olhou para o diretor e este lhe sorriu em agradecimento. Mas a mulher insistiu, e dessa vez foi um pouco mais direta:

- E no caso deste raio ter sido produzido com uma carga altíssima de magia negra?

Eles estavam pedindo para que falasse no nome de Voldemort. Mas Harry não ia dar esse gostinho a nenhum deles.

- Então eu não sei, senhora.

Mais uma vez Harry viu Lucius se mexer de forma impaciente em seu assento.

Ela suspirou. Sem tirar os olhos dos seus, terminou.

- Muito obrigado, Ministro.- e então se dirigiu de volta ao lugar.

Fudge o olhava de forma bastante interessada. Harry sentiu que ele achava que mais cedo ou mais tarde alguém ia conseguir arrancar alguma coisa dele. À troco de quê ele não sabia, já que o ministro era o que menos acreditava no retorno de Voldemort.

- Sra. Figg, fique à vontade para fazer suas perguntas.

- Não tenho nada a perguntar para Harry, senhor Ministro.

- Arthur, gostaria de se pronunciar?

Harry e o sr. Weasley se entreolharam, e o garoto sentiu que ele estava relutante em perguntar-lhe algo.

- Não, senhor Ministro. Prossiga com os outros.

Cornelius olhou na outra direção.

- Tonks, algo a dizer?

Ela se levantou e fez a volta por trás de Lucius. Foi até a frente de Harry, mais próximo do que qualquer outro tinha chegado. Tinha um olhar penetrante que o constrangia, e sentiu seu rosto começar a corar.

- Menino Harry, eu, como uma Auror experiente do Ministério- Harry se perguntou como ela podia ser experiente sem aparentar idade para isso- posso dizer com precisão quando alguém está nervoso, ansioso ou simplesmente mentindo.

Ele, sem reação, apenas acenou com a cabeça, já bem pálido.

- Pois bem. Você sabe do que tudo isso se trata. Mas se preciso eu lhe digo novamente: um raio com altíssimo teor de magia negra caiu em sua casa. Não foi a minha casa, nem a do sr. Weasley, nem a da sra. Swaman... foi a sua, a casa onde Harry Potter morava com os tios trouxas. E isso, você queira admitir ou não, está ligado à tentativa de Voldemort em retornar de vez a sua antiga forma. Eu só lhe peço, jovem, que seja sincero no que está nos respondendo. Não que eu ache que você está mentindo, mas pense em qualquer coisa estranha que lhe possa ter acontecido antes desse raio cair, pois Voldemort pode estar à sua procura e nós temos que achá-lo antes que ele ache voc. E só você mesmo pode nos ajudar com isso.

Tendo dito, ela nem esperou Harry concordar ou discordar e saiu em direção ao seu lugar de origem. O garoto nem quis olhar para Dumbledore. Tinha a impressão de estar se delatando com os olhos.

- Obrigado, Nimphadora. Lucius, você tem a palavra se a quiser.

Antes dele se levantar seu olhar cruzou com o de Harry, e mais uma vez o menino sentiu um arrepio elétrico na espinha. Isso, ele pensava, era ódio. Talvez só Voldemort lhe despertasse tanto ódio quanto aquele homem. Ah, e claro, tinha também o filho daquela peste, Draco Malfoy.

Lucius se levantou e andou a passos lentos em direção a Harry. E este, para não demonstrar medo ou fraqueza, olhava-o com a mesma frieza que lhe era recíproca. Entrementes Harry reparou que o sr. Weasley, a sra. Figg e Dumbledore o assistiam de forma bastante séria, como prontos para revidar qualquer ataque moral que sofresse por Malfoy.

- Sr. Potter, eu, como Chefe da Comissão Contra as Artes das Trevas, tenho quase a total obrigação de investigar e saber quando e como Voldemort pretende reconquistar o poder que perdeu quando voc o derrotou, há mais de uma década.

Como ele podia ser tão cínico?! Se tinha alguém que devia saber mais do que qualquer outra pessoa nesse mundo o que Voldemort tramava era ele!

- E se manifestações como esta ocorrida no dia de ontem estão acontecendo, é porque ele está movendo suas peças no tabuleiro. Para seu bem, garoto, você que é o maior objeto de vingança de Voldemort, seria melhor que contasse tudo o que sabe sobre isto.

Harry arqueou uma sombrancelha, desconfiado. Era óbvio, absolutamente óbvio, que Lucius sabia de alguma coisa do que vira. Mas pra quê forçá-lo a dizer? Qual a vantagem se ele já sabia?

- Eu já falei tudo o que sei aos outros, Malf.....- Harry se conteve, percebendo seu tom grosseiro saindo involuntariamente.

- Não nos queira enganar, sr. Potter! Tonks já deixou bem claro sobre a sua insegurança, ou até quem sabe mentira...

- Oras Ministro, o garoto não está mentindo!- a sra. Figg se alterou por um momento, erguendo-se da poltrona.

- Deixe-o prosseguir, Arabella, por favor.- mandou Fudge, que talvez achasse que Lucius seria a pessoa que arrancaria algo de Harry.

Lucius a olhou com descaso.

- Bem, como eu estava dizendo, todos nós aqui sabemos que você está omitindo informações. Além de prejudicar nosso trabalho, garoto, você pode estar assinando sua sentença de morte...

- Meça suas palavras, Lucius.- agora era Dumbledore que se fazia ouvir, respeitosamente e sem se mover do lugar. Harry viu os olhos cinzentos do homem faiscarem, mas Lucius não ousou olhá-lo com pouco caso.

- Seja como for...- ele continuou meio desconcertado- Espero que você seja mais consciente, e colabore com nosso empenho em ajudar toda a comunidade bruxa do mundo a não sofrer mais como há cinqüenta anos atrás.

Ele se calou para dar a Harry espaço para dizer algo. O garoto, embora relutasse a aceitar, tinha plena certeza de que Dumbledore também sabia que ele estava escondendo algo. Mas ele não podia dizer! Queria ir embora, queria ficar em paz!

- Eu não sei de nada.- Harry controlou sua voz, deixou-a sem emoção.

Lucius girou nos calcanhares, perdendo toda a paciência, mas não se deu por vencido.

- Diga-nos, sr. Potter, como anda sua cicatriz...?

Harry arregalou os olhos em espanto. Até disso ele sabia! Então onde estava querendo chegar?!

- O que você está querendo que eu diga, hein Malfoy?!- Harry não se controlou e agora os olhos de Lucius flamejavam em fúria. Ia ser repreendido por Fudge se não tivesse, logo em seguida, tido um acesso de tosse tão forte que parecia que seu pulmão ia sair pela boca. Não conseguia respirar. Mal viu quando Malfoy deixou-lhe ao mesmo tempo em que Dumbledore e o sr. Weasley chegaram correndo ao seu lado, o ruivo batendo em suas costas, mas não adiantava. Todos no recinto ficaram alarmados pois o garoto parecia que ia morrer sufocado. Dumbledore puxou a varinha do bolso da capa e apontou para seu peito.

- Enervate!

Um raio dourado atingiu o peito de Harry e no mesmo instante ele parou de tossir, mas pendeu sem energias para o lado, sendo amparado pelo pai de seu amigo. O Weasley pegou-o nos braços, olhando furiosamente a Lucius, que nem sequer demonstrava abalo ao contrário de todos, e depois dirigiu-se ao Ministro.

- Vou levá-lo para a casa, senhor Ministro. O garoto precisa de sua Poção de Oxigênio.

- Tudo bem Arthur, leve-o. Dou o interrogatório por encerrado.- respondeu ele, como saindo de um grande susto.

- Permissão para aparatar com ele, senhor?

O homem lhe acenou com a cabeça. Arthur olhou para Dumbledore e este apenas lhe deu um tapinha no ombro, como dizendo que estava fazendo a coisa certa. Então ouviu-se um estampido, e os dois já haviam sumido.

O ponteiro do relógio de cozinha da sra. Weasley com o nome do sr. Weasley, de repente, mexeu-se de "trabalho" para "viagem" e, logo em seguida, para "casa". E neste instante ele surgiu na sala com Harry nos braços, e sua mulher, juntamente com Fred e George, se assustaram com isso.

- Arthur??!- exclamou Molly para o marido, erguendo-se num pulo do sofá e deixando suas agulhas de crochê tecendo sozinhas- Por Merlin, Harry!! O que houve com ele?!!

- Aquele desgraçado do Malfoy o fez ter um acesso de tosse muito forte, Harry quase morreu sufocado... ele precisa da poção Molly, urgente!

- Minha nossa, ainda bem que eu já havia deixado preparada uma dose da poção pra quando vocês voltassem!- respondeu ela ao mesmo tempo em que ia pra cozinha pegar um cálice da Poção de Oxigênio de Harry.

- O que o Malfoy fez, pai?- indagou Fred, seu pai colocando Harry deitado no sofá. Ouviram um barulho crescente vindo da escada, e dela irromperam Ron, Hermione e Giny, alegres à primeira vista.

- Já voltaram!- exclamou Ron. Ao não ver seu amigo sua expressão mudou- Cadê o Harry pai?

O sofá estava de costas para eles, e o senhor Weasley não chegou a responder porque Mione, percebendo a expressão tensa no rosto dos três, já corria para dar a volta no móvel onde Harry jazia inerte.

- Harry!!- abaixou-se Hermione ao lado dele, em choque.- O que aconteceu com ele sr. Weasley!?!!!

- Acesso de tosse- disse o pai de Ron, este também já ao lado da garota, que segurava possessivamente a mão de Harry entre as suas. A senhora Weasley voltou com a poção, e afastou os amigos do garoto para que pudesse se abaixar, erguer sua cabeça e encaixar cuidadosamente o cálice em seus lábios para verter o líquido em sua boca, lentamente de modo a não sufocá-lo. Após fazê-lo ingerir a poção, deitou-o novamente e se levantou. Todos assistiam como se á uma cirurgia de alto risco.

- Ele vai ficar bem. Precisa descansar. Jamais deveríamos tê-lo deixado ir a esse interrogatório nesta situação....- lamentou Molly.

- Tudo estava bem até Malfoy começar a fazer as perguntas...

- Malfoy??!- indagaram ambos Ron e Hermione- Lucius Malfoy??- ainda perguntou Ron

- Claro sua anta gigantesca, quem mais seria- respondeu Fred sem paciência.

- Que perguntas, sr. Weasley??- perguntou Mione, cujo rosto estava vermelho e contorcido em preocupação

- Perguntas sobre o que aconteceu ontem. Ele parecia decidido em fazer com que Harry dissesse que Você-Sabe-Quem tinha algo a ver com isso. E mais do que isso, ele parecia saber de alguma coisa.

- O que não é uma grande surpresa, não é mesmo?- disse Ron, em tom tedioso- Todos sabemos que ele e Voldemort são amiguinhos....

- Não, Ron, não exatamente...- respondeu a garota ao seu lado, desta vez com cara de quem pensou em alguma coisa importante- Se ele sabia de alguma coisa, por que então ficar expondo Harry, querendo que ele dissesse algo?

- Bem pensado Mione- concordou George

- Algum motivo ele havia de ter, então.- afirmou Ron

- Sim sim, mas....- o sr. Weasley ia dizer quando um crepitar mais estridente vindo da lareira chamou-lhes a atenção. Ao olharem, o fogo havia ficado verde e nele apareceu a cabeça do diretor de Hogwarts.

- Professor Dumbledore!- exclamaram todos os jovens na sala. Para todos era sempre bom revê-lo, embora desta vez a ocasião não fosse das mais descontraídas.

- Olá a todos- cumprimentou-os gentilmente. Sua expressão não denotava sinal de aborrecimento ou muita preocupação, tendo em vista o que presenciara já há quase uma hora.- Como está Harry, Arthur?

- Bem, professor. Molly já tinha preparada a poção e ele logo que chegou já tomou-a. Acho que só precisa descansar agora.

- Sim, com toda certeza.- aquiesceu o velho mago.

- Dumbledore, eu gostaria de ter uma palavrinha com o senhor, seria possível?- perguntou o Weasley mais velho.

- É claro que sim, Arthur, só peço que seja quando Harry puder participar da conversa. Tenho quase que toda a certeza de que os dois têm as mesmas perguntas a fazer.

- Sem problemas.

- Acho que quando ele acordar vai querer me ver. Traga-o a Hogwarts, aqui conversaremos melhor.

E nisso ele deu um breve aceno de mão e desapareceu. Os presentes na sala se entreolharam, mas para evitar perguntas ou comentários, Arthur pegou Harry no colo e levou-o para o quarto de Ron, dispersando um pouco as atenções do ocorrido para outras coisas, embora ele próprio estivesse cheio de dúvidas e ansioso para poder falar com Dumbledore e Harry.Harrjus