Ah, mais uma coisa! Quanto aos casais, que são óbvios (apesar da minha beta – Oi, Mila!! – ser COMPLTAMENTE R/L e ver indiretas inexistentes...rs...), tudo o que digo é que vcs têm estado certos nos reviews...rs... mas isso é bem instável heim!
E, NANDA WEASLEY!, vc é meu karma, mas eu te adoro viu! Espero conseguir te torturar com o fim desse capítulo! Mesmo assim, sinto desapontá-la, isso aqui NÃO é slash/R/S! Hahaha! Se bem que ia ficar interessante! Kkkk! Chega, vamos à estória!
CAPÍTULO QUATROAutocontrole
- Hei! Ô elfo-doméstico, aqui não ficou limpo, não! – gritou um sonserino.
A mesa da Sonserina certamente era a que mais estava se divertindo naquele jantar. Mas Potter e Black não pareciam sentir-se humilhados, pelo contrário, também estavam se divertindo. Black fez questão de voltar para limpar aonde o garoto havia gritado. O único detalhe era que o garoto cairia assim que se levantasse após o jantar, devido a um feitiço que o maroto havia colocado em seus sapatos. Aqueles dois podiam ser bem discretos em aplicar feitiços quando queriam.
Passando os olhos pela mesa da Sonserina, Lílian deteve-se na garota de cabelos e olhos negros.
- Quem é aquela garota? – perguntou.
Viviane, ao seu lado, deu de ombros. Remus, a sua frente, virou-se para ver de quem ela falava e voltou-se rapidamente.
- Prima do Sirius. – disse numa voz calma e razoavelmente baixa.
- Ãh?? – fizeram Lílian e Viviane.
- Mas eles não se dão muito bem. Na verdade o Sirius não se dá com ninguém da família – acrescentou, pensativo. Depois riu – Se vocês quiserem irritá-lo, é só compará-lo com ela.
- Anotei essa, heim... – disse Vi com seu sorriso malicioso.
- Qual o nome dela? – perguntou Lílian.
- Acho que é Bellatrix. Por quê?
- Nada demais. É só que...sei lá... não vou com a cara dela...
- Como eles podem estar gostando disso? – perguntou Viviane, referindo-se aos dois ajoelhados, limpando o chão do salão principal.
- Aí é que está, o castigo do professor só os ajudou! – disse Remus rindo – Era exatamente o que eles queriam, não havia maneira melhor de toda a escola ficar sabendo o que eles aprontaram, ou melhor, de toda a escola ficar sabendo que eles azararam o corredor do professor com um feitiço que nem ele conseguia desfazer!
- Tó-tó! – chamou Viviane em zoação, já que agora os dois estavam bem próximos a eles.
Estranhamente, pensar em cachorros fez Lílian congelar por dentro. Foi então que se lembrou, pela primeira vez desde que voltara no tempo, dos estranhos animais, estranhamente juntos, num lugar muito estranho. Era realmente estranho, pensou Lílian rindo de quantas vezes usara essa palavra, mas não havia outra definição, principalmente quando se deu conta de que os quatro animais que estavam juntos eram de espécies completamente distintas e pareceria-lhe impossível pensar num lobo, um cão, um cervo e um rato juntos por livre e espontânea vontade dos bichos.
Então um pensamento, que à princípio descartou, ocorreu-lhe: talvez eles não fossem animais, mas sim Animagos. Refletiu por um instante e acabou por concluir que essa era a única explicação lógica. Aliás, pensando bem, não tinha sido uma atitude muito animal aquela reverência que o cervo havia lhe feito. Aquele olhar... só podia ser de um humano.
- Claro! – disse consigo mesma. Agora a opção deles serem Animagos parecia óbvia.
Disfarçou ao notar que Viviane e Remus a olhavam questionadores. Mas foi ainda com isso na cabeça que ela foi direto à biblioteca após o jantar, e isso ninguém estranhou, já que pensaram que ela iria apenas fazer algum dever.
- Tem que estar em algum livro! – disse ela, fechando o quarto livro – Eu tenho certeza de que vi essa lista antes!
A lista que ela procurava era a de Animagos Registrados. Estava certa de que já a tinha visto antes em alguma aula de Transfiguração, mas há muitos anos atrás, não se lembrando em que livro tinha a lista. Acabou cansando de procurar e indo para a sala comunal. Na verdade nem parou na sala, pois lembrou-se de que ainda precisava escrever uma carta, então foi para o seu quarto, que encontrava-se vazio. Sentou-se em sua cama.
"Mas", pensava enquanto segurava a pena no ar sobre o pergaminho, "como vou contar pros meus pais que não posso passar as férias com eles?"
A única idéia que lhe ocorreu foi alegar que, sendo monitora-chefe, precisaria ficar na escola. Tentou escrever, mas logo no segundo parágrafo amassou o pergaminho e recomeçou. A segunda tentativa estava ficando bem melhor, mas sua concentração foi tirada pela porta que se abria.
- O que está fazendo? – perguntou Viviane enquanto fechava a porta atrás de si.
- Escrevendo pros meus pais... porque que eu não vou pra casa...
- Como assim? – perguntou Vi com uma expressão confusa.
- Ah, não lhe contei? Eu decidi passar as férias aqui mesmo, sabe como é, né, o Remus não pode ficar o mês todo, então achei melhor desistir da idéia de passar as férias em casa...
- Hum.... sei... então você vai ficar sozinha? Quero dizer, as outras meninas vão todas viajar, né... não que a presença da Cherr fosse fazer muita diferença... – acrescentou aparentemente pensativa.
- É – concordou Lílian entre risos – mas tudo bem, não se preocupe.
- Por que eu me preocuparia? Você é certinha demais pra aproveitar a oportunidade e dar uma festa no quarto! Ou aproveitá-lo de outra maneira... – Vi abriu um sorriso bem malicioso – Aliás, é um desperdício aquela sala maravilhosa da monitoria nas suas mãos e nas do Remus...
Lílian teve uma ataque de risos imaginando Viviane dando uma festa na sala de monitoria: música extremamente alta, bolas e confete por todo lado, todos bebendo, dançando, pulando...
- Mas é exatamente por isso que nós somos os monitores e você não...
- Fala sério! – Viviane fez outra careta – Como se eu quisesse ter mais trabalho do que eu já tenho nessa escola! Vocês têm é um sério distúrbio mental...
As duas acabaram indo dormir logo em seguida (não sem antes Viviane encenar a festa que daria, dançando com seu travesseiro e enrolada no lençol pelo quarto, e depois de Lílian conseguir parar o ataque de risos) e a carta acabou ficando para o dia seguinte.
Sem saco pra prestar atenção na aula, de novo, ao fim das aulas da manhã ela já tinha a carta pronta. Foi ao corujal na hora do almoço e a despachou. Partiu seu coração ler a resposta na manhã do dia seguinte. Apesar de entendê-la, seus pais pareciam ter ficado muito tristes com sua decisão de passar as férias em Hogwarts.
"Mas é para o bem deles...", pensou Lílian, triste.
Quando levantou os olhos da carta para as pessoas à sua frente, notou que Vi e Remus pararam de falar imediatamente. Tinha apenas a impressão de ter ouvido Viviane dizer algo como "Ela nem prestou atenção na aula ontem!".
- Lílian, você tem certeza disso? – perguntou Remus gentilmente – Eu já disse que dou conta, não vai ter quase ninguém no castelo durante as férias! Você não precisa-
- Tenho. – interrompeu Lílian em um tom decidido – Não se preocupe, seriam apenas quinze dias! Além do que, esse é o nosso último ano aqui, depois vou ter todo o tempo do mundo pra ficar em casa com meus pais...
- É, bem argumentado... – disse Vi, aparentando seriedade, para Remus – acho melhor a gente desistir, quando ela empaca, ninguém a tira do lugar...
- Bom dia! – disseram Tiago e Pedro, o primeiro sentando-se ao lado de Lílian e de frente para Remus, com Pedro sentando-se logo em seguida.
Lílian não deixou de reparar nos olhos de Viviane, que reviraram em desagrado, mas que depois percorreram a mesa, com certeza dando falta do Sirius.
- Vocês também vão ficar em Hogwarts no natal, né? – perguntou Lílian, ao que os dois acenaram as cabeças afirmativamente – Porque eu preciso fazer a lista dos alunos que vão e os que ficam... Aliás, Remus, temos que falar com os outros monitores...
- A Taylor, da Lufa-lufa, me disse que hoje à tarde já tem a lista da casa dela pronta pra gente... – disse Remus.
Paralelamente à conversa entre os monitores, seguia uma outra conversa...
- Eles só pensam em trabalho né? – começou Tiago.
- É, será que isso não faz mal, não? – continuou Pedro.
- Ah, com certeza, não vê como eles são brancos? – intrometeu-se Vi – Sempre trancados naquela sala, isso não faz bem à saúde...
- É o que vivemos dizendo pra eles... – disse Tiago.
- E se não tão na sala, tão na biblioteca! – Vi arregalava os olhos numa expressão de quem acha isso um absurdo.
- Mas a gente não pode reclamar... – disse Pedro – Afinal, nós precisamos deles...
- Com certeza! – afirmou Viviane – Se não quem é que vai fazer meu dever??
Os três paravam ao notar o silêncio. Viraram-se e deram de cara com Lílian e Remus de braços cruzados mas que, apesar de tentarem se manter sérios, mal podiam conter o riso.
- Ops! – fez Viviane.
- E aí, amigo! – disfarçou Tiago.
- Tranqüilo? – perguntou Pedro.
Então os dois monitores não agüentaram mais e caíram na gargalhada. Logo em seguida eles se levantaram, deixando os três na mesa.
- O que foi que eu fiz? – perguntou-se Viviane, numa expressão de absoluta inocência.
Os três riram.
Mas esse clima de tranqüilidade e alegria não durou pelo resto do dia. Já no fim da tarde, Lílian estava em sua tarefa de listar os alunos. Faltavam ainda os alunos da Sonserina e da Corvinal. Sabendo que o monitor da Corvinal já tinha a lista, mas não se lembrando de como ele a entregara da outra vez, Lílian parou, olhando para o enorme quadro na parede a sua direita, onde uma linda menina de longos cabelos cinzas e vestido azul rodado, "cheio de babados", sorria para ela.
- Tomoyo, verifica pra mim se o Sean está na sala comunal da Corvinal, por favor?
- Claro! – respondeu a menina com uma voz doce, logo em seguida desaparecendo do quadro.
Cerca de dois minutos depois, ela voltou.
- Não, Lílian, ele não está lá, mas me disseram que talvez ele esteja nos jardins...
De repente ela se lembrou. Não do monitor, mas do que aconteceria nos jardins. No fundo, uma voz em sua cabeça lhe dizia que dessa vez seria diferente.
- Valeu, Tomoyo, vou procurá-lo. – disse ela, pegando seu robe e saindo da sala.
Na verdade ela não foi procurar Sean, mas ver o que Sirius e Tiago estavam fazendo. Logo quando saiu do castelo, ficou decepcionada com o que se deparou: os dois estavam tentando, mais uma vez, chamar a atenção do todos com uma brincadeirinha infantil. O alvo? O de sempre.
"Mas ele tá sempre dando mole!", lembrava-se de ter ouvido Black dizer uma vez, "É como se ele pedisse pra ser azarado!"
Por uma avaliação rápida do que estava acontecendo, parecia que Snape tentava ler alguma coisa, sentado no gramado, mas que alguém fazia o pergaminho bater em sua cara o tempo todo. Por que Snape não simplesmente se levantava e ia embora, Lílian não entendeu. Talvez fosse orgulho. Todos os outros alunos ao redor pareciam já ter notado a "brincadeira".
Lílian não sabia o que fazer. De fato, ela nem tinha interferido da outra vez.
O pergaminho bateu tão forte no rosto do garoto que seu nariz fez um furo no meio deste. Ouviu-se uma onda de risos. A decepção não permitiu que ela desse meia volta e fosse embora. Precisava intervir. Andou até Potter e Black e parou ao lado deles, de braços cruzados.
- Estão se divertindo? – perguntou ela.
- Mui- – ia respondendo Sirius, quando levou uma cotovelada de Tiago.
- Do que você está falando, Lílian?
- Ora, Potter, antes pelo menos vocês assumiam o que faziam!
Os dois iam dizer algo, mas ela não os deixou, continuando a falar:
- Estou muito decepcionada com vocês! Pensei que vocês tinha, finalmente, amadurecido e visto que esse tipo de brincadeira é completamente infantil! Será que vocês precisam aparecer tanto assim?!!
Sem lhes dar tempo para responder, ela girou em seus calcanhares e entrou no castelo. Já tinha atravessado o salão principal e entrava num corredor deserto quando foi parada por alguém. Sua vontade era de voar a mão na cara dele. Como, ou melhor, por que sentia tanta raiva assim? Raiva. Um sentimento muito perigoso, era melhor ela começar a aprender a controlar toda essa raiva, ou suas férias iriam ser... Seu fluxo de pensamentos foi interrompido ao se dar conta de que quem a havia parado tinha sido Snape.
- Por que tudo isso? – perguntou ele, indiferença e desprezo em sua voz – Você não tinha feito isso antes...
- Não é da sua conta!
- Como não? Eu já falei que não preciso que sangues-ruins como você me defendam em público! É tão difícil assim entender isso??
- Eu não tava defendendo você!! – gritou ela um tanto quanto alterada – Eu disse que não me incomodaria no futuro, e você não merece que eu me incomode, por isso não tinha feito nada antes! Aquela discussão era entre mim e o Potter!
- Oh, entendo...
Apesar da expressão indiferente, ele pareceu sentir-se levemente insultado. Mais do que isso. A voz imponente dele escondia um sentimento que Lílian não foi capaz de perceber, muito menos com toda aquela raiva a possuindo.
- Parece que você está aproveitando bem sua nova "chance", Evans.
Ela pensou em gritar um "Do que você está falando?!?", mas sabia que ele não responderia nada muito concreto, então resolveu atacá-lo também.
- E você não está?? – por mais que tentasse se conter, sua voz ainda saía alterada – Eu tenho observado você... com aquela garota... a Black... você não disse que não era pra contar pra ninguém?? Ela sabe!
- Mas é claro que ela sabe...
Diferente de Lílian, a voz dele mantinha-se extremamente controlada. Ele girou em seus calcanhares e, antes de começar a andar, disse:
- Sugiro que comece a se controlar mais, Evans, você não vai querer se descontrolar novamente...
Sozinha no corredor, com os punhos tão cerrados que suas unhas começavam a machucá-la, Lílian teve certeza de que quebraria alguma coisa se seus poderes já estivessem no nível que estavam nas férias. Isso a assustou. Minutos depois, ela estava na porta da sala do professor Auro.
Indecisa, alguns minutos se passaram sem que ela se decidisse se entraria ou não. Precisava de ajuda e a quem mais poderia pedir? Deveria ser alguém que tivesse condições de lhe ensinar a dominar sua magia/força/poder/o-que-quer-que-fosse, e sua admiração pelo professor de DCAT a tinha levado até aquela porta. Deu leves batidas nela e esperou. Nada. Bateu novamente. Já estava pensando em ir embora quando ouviu um chamado para que entrasse.
- Oi, com licença, professor...
- Olá, Srta. Evans, em que posso ajudá-la? – perguntou o professor, por detrás de uma pilha de pergaminhos em sua mesa.
Lílian se sentou na cadeira à frente dele, ainda sem saber como falar.
- É...bem... professor, o senhor vai ficar aqui durante as férias?
- Sim e não – disse ele, sorrindo – Vou pra casa, mas não ficarei muito tempo, volto em mais ou menos quinze dias...
"Perfeito!", pensou ela, "Bem na época em que eu vou precisar... se bem que eu precisava começar a me controlar antes...", e o sorriso que ia se fazendo em sua face desapareceu.
- Algum problema? – perguntou Auro.
- Ah, é que... bem, eu precisava da sua ajuda...eu... eu não sei como controlar minha magia e, tem ficado mais forte, então estou com medo de fazer mal a alguém... pensei se o senhor não podia me ajudar a controlar isso...
- Como assim ficado mais forte?
Como ela podia explicar isso?? "Pense, Lílian, vamos com calma..."
- Eu quebrei o espelho do meu quarto porque tava com raiva da minha amiga... – mentiu – e uns livros pegaram fogo outro dia, porque eu estava nervosa com o dever e não conseguia entender a matéria...
Lílian não sabia se era um bom sinal ou não a expressão de surpresa e admiração do professor.
- Você tem noção dos seus poderes, minha querida?
- Não – respondeu ela com sinceridade.
- Tem mais alguma coisa que você tenha feito? – ele parecia animado.
- Eu...bem... tinha um cachorro uma vez e ele...ele queria me atacar...aí ele ficou parado...depois ele fugiu...
- E era um cachorro normal? – o ânimo foi diminuindo.
- Não...era...era um...bem, não era um cachorro normal que uma família trouxa teria.
- Foi o que eu pensei! – ele havia se animado novamente – Você bloqueou um animal mágico!! Talvez, com um pouco de treinamento você poderá bloquear até mesmo feitiços simples um dia!
- E o que eu tenho, professor? – Lílian se sentia numa consulta médica trouxa.
- Nada demais! Apenas excesso de magia, muita energia mágica! Essa habilidade é muito especial, se for bem aproveitada você vai longe, garota!
Talvez ele esperasse ver animação e felicidade no rosto dela, mas se deparou apenas com uma garota assustada e confusa. Achou melhor começar explicando algumas coisas.
- Olha – ele se endireitou na cadeira, como que para ficar mais próximo dela – a magia de um bruxo está intimamente ligada aos seus sentimentos. Por isso os feitiços só dão certo quando você acredita que pode proferi-los, por isso a sua mágica aparece em situações de raiva ou nervosismo ou desespero... Eu posso te ajudar, e ficarei muito grato em ajudar!, a melhor utilizar essa energia, direcionando-a para onde quisermos... o descontrole é realmente perigoso... mas primeiro você precisa aprender a controlar os seus próprios sentimentos, a controlar a si mesma. O segredo do bom uso da mágica é o autocontrole!
De repente, a ficha caiu. Era por isso que Snape não tinha ido embora, ele estava tentando se controlar! E as brincadeiras de Potter e Black eram oportunidades perfeitas para testar seu autocontrole.
- Durante as férias – voltou a dizer o professor –, quando eu voltar, terei enorme prazer em ajudar! Até lá, você pode ir treinando seu autocontrole...
- Pode deixar – disse ela se levantando, já mais animada – Muito obrigada, professor!
***
Seu controle entretanto durou pouco. Naquela manhã de sexta-feira, teria uma aula bem agitada.
- Interessante... – disse o professor de Poções, enquanto mexia a concha no caldeirão de Snape – Ao invés de azul ela está...hum...lilás... menos 10 pontos para a Sonserina!
- O senhor é muito injusto! Minha poção está azul-claro... – protestou ele, levantando-se, tendo as mãos apoiadas na mesa.
- Está dizendo que eu tenho problemas de visão ou que eu sou mentiroso, Sr. Snape?
- Estou dizendo que você é um péssimo professor! – revoltou-se Snape.
- Pois então retire-se de minha sala – o professor tinha um tom de voz baixo e forte – Menos 50 pontos para a Sonserina.
Snape rapidamente levantou-se, jogou todo o seu material na mochila e retirou-se, ainda com um olhar de indignação e revolta.
- Há-há, bem feito... – Lílian ouviu Viviane dizer.
- Professor – chamou a monitora ruiva –Se importa se eu me ausentar um instante?
- Não, fique à vontade.
Antes de sair, lembrou-se de pedir à Viviane que se sentasse no lugar dela. A amiga, confusa, não obedecera na hora.
- Anda, Vi, senta aqui e pronto! – disse já se levantando, correndo para fora da sala.
- Hei! – chamou ela, no corredor – Snape!
O garoto parou, mas não se virou.
- Por que saiu da sala?! Se você sabia que o professor o expulsaria, por que não ficou quieto??
- Evans, Evans, você não percebeu? – ele finalmente se virou – Você acha mesmo que sua amiga era o primeiro alvo deles? Você acha mesmo que, se eu tivesse ficado na sala, não seria o meu caldeirão que iria explodir?
Claro! Era tão óbvio! Parece que Snape estava usando com muita inteligência sua nova "chance". Até mesmo aquela arrogância do garoto impopular, que se defendia atacando, estava sendo trocada pela segurança e superioridade, dignos de um sonserino.
- Espera! – chamou Lílian, tinha uma pergunta que não lhe saía da cabeça, precisava aproveitar aquela oportunidade para fazê-la – Snape, o que você tinha feito pra ser internado?
Snape voltou, aproximando-se dela, pensativo.
- O que você tinha feito, Evans?
- Eu...eu bloqueei um animal mágico de me atacar... – disse no que lhe pareceu uma resposta vaga.
- Um animal mágico? – repetiu ele, um esboço de sorriso em seus lábios.
- É... e você??
Snape desviou o olhar para a porta da sala de aula, ampliando o sorriso.
- É melhor eu ir indo, logo todos vão sair da sala, não é bom que nos vejam juntos...
E, antes mesmo que estivesse sozinha no corredor, ouviu uma explosão, seguida por uma onda de risos. Quando os risos cessaram, a porta se abriu e o professor saiu com Maddeleine da sala. Lílian esperou a multidão de alunos se dissipar para se aproximar. Estava parada ao lado da porta, de braços cruzados, quando os autores da perigosa brincadeira saíram, rindo.
- Muito bonito – disse ela, fazendo-os parar de rir – Vocês têm NOÇÃO do que vocês fizeram??
Uma nova onda de raiva se apoderava dela, por mais que ela tentasse não ficar brava.
- Foi só uma brincadeira, Lílian – tentou se desculpar Tiago.
- É, logo eles ficam bem! – continuou Sirius, sorrindo.
- Acho bom mesmo! – gritou Viviane, saindo da sala com duas mochilas, uma em cada ombro.
- Essas brincadeiras precisam parar! – disse Lílian – Vocês estão colocando outros alunos em perigo, principalmente em aulas como essa! E eu não posso permitir que isso continue!
- Ninguém saiu ferido! – defendeu-se Potter, parecendo levemente insultado.
- Nós não somos tão irresponsáveis assim! – já Sirius, sentia-se completamente insultado.
Lílian pretendia responder, mas a cena que se seguiu a deixou sem palavras. Em segundos, as mochilas estavam no chão e Viviane tinha cada mão segurando as golas das blusas deles. Sua varinha, na mão direita, acabou ficando apontada para o queixo de Sirius.
- "Ninguém saiu ferido"? – repetiu ela, notadamente com ódio – Será que vocês não viram o estado em que Maddeleine saiu dessa sala direto pra ENFERMARIA??
Eles pareciam tentar falar, mas cada tentativa era impedida por uma furiosa Viviane.
- Lílian tem razão, vocês são muito irresponsáveis!! – os dois, que já se encontravam encostados na parede, não tinham para onde recuar – E acho melhor vocês começarem a rezar pra que minha amiga fica boazinha, se não vocês vão se arrepender do dia em que nasceram!
Por um instante, Lílian pensou em intervir, quando Viviane os largou, apenas para mirar melhor a varinha no pescoço de um deles, mas ela realmente não tinha vontade alguma de intervir, pelo contrário, concordava com tudo aquilo que Viviane estava dizendo e se perguntava por que nunca tinha feito algo parecido antes.
- Hei, espera! – disse uma voz calma, de alguém saindo da sala – Você quer mesmo fazer isso, Viviane?
A garota respirou fundo. Ainda mantendo seu olhar fuzilante nos dois, abaixou sua varinha.
- Ótimo, os dois pra sala da Prof. McGonagall agora! – disse Lílian, querendo acabar logo com tudo aquilo.
- Lílian – começou Remus, aproximando-se – Não vale a pena... você não pode provar que foram eles que causaram a explosão, você nem mesmo estava na sala quando isso aconteceu...
- Ora, Remus, você precisa parar de encobrir esses dois!! Eles erraram e precisam ser punidos!
- Você sabe muito bem que eu não fico encobrindo-os, muito pelo contrário, eles estão sempre em detenções! Mas você precisa concordar comigo que dessa vez não podemos provar nada, e tenho certeza de que eles aprenderam a lição, não é mesmo??
Remus lançou um olhar de repreensão aos dois, tão intenso que ambos concordaram imediatamente.
Com um longo suspiro de desaprovação, Lílian entrou na sala a passos pesados para pegar seu material. Remus pegou uma das mochilas do chão, colocando-a em seu ombro juntamente com a sua, e entregou a outra à Viviane. Passando um braço por trás dos ombros da garota, ele a guiou pelo corredor.
- Azará-los não vai adiantar nada, Viviane, só vai dar mais trabalho à Madame Healery, e tenho certeza de que você não é o tipo de pessoa que sai machucando as pessoas assim... não, eu sei, eu sei o que eles fizeram, Vi – a garota tentava contra-argumentar –, mas isso é motivo pra você se igualar a eles?
Potter e Black ficaram imóveis no corredor, assistindo aos dois se distanciarem, depois vendo Lílian passar como se eles fossem duas estátuas nojentas no meio do caminho e se juntar aos outros.
- Como ele consegue? – perguntou Sirius.
- Ele sempre consegue – disse Tiago.
- Isso não é justo! Elas tavam furiosas com a gente sem motivo – acrescentou logo –e , ao invés da gente conseguir fazê-las parar, ele as convence!
- Talvez o fato de que elas não estavam com raiva dele tenha ajudado, né? – disse Tiago, pegando sua mochila, ajeitando-a no ombro e começando a andar. O outro fez o mesmo e o seguiu.
- Será que ela ia fazer alguma coisa com a gente mesmo?
- É melhor não arriscar. Vamos ter que ficar um tempo sem fazer brincadeiras, Almofadinhas...
- Não somos tão irresponsáveis assim... não mesmo...
***
Mais tarde, Lílian tinha conseguido encontrar Sean e, após o jantar, ela estava em sua sala, continuando a listar os alunos. Foi interrompida por Tomoyo, que apareceu no quadro de repente.
- Problemas no 3º andar, corredor da ala sul, não muito longe daqui...
Lílian e Remus se entreolharam.
- Eu vou – disse ele, já se levantando.
O que ela mais estranhou foi que não se lembrava de nada do tipo ter acontecido antes. A resposta veio logo depois de Remus ter deixado a sala. Sem bater na porta, uma garota entrou e se sentou à mesa dela.
- Olá, Lílian – disse a garota.
- Olá, Srta. Black. E, por favor, me chame de Evans.
- Ora, quanta formalidade... estou aqui querendo ser sua amiga e você me pede pra chamá-la pelo segundo nome? Tsc, tsc, tsc, não começamos nada bem...
- Por que está aqui, Srta. Black, deseja alguma coisa?
Bellatrix lançou um olhar fuzilante à Tomoyo, que se retirou do quadro imediatamente. Então voltou a sorrir.
- Oh, sim, desejo, mas vamos deixar isso pra depois. Por enquanto, estou aqui para lhe propor uma ajuda.
- Ajuda? – Lílian piscou, incrédula.
- Sim. Assim como estou ajudando Severo, também posso ajudá-la a dominar melhor toda essa magia dentro de você, que está adormecida por enquanto, mas que pode lhe causar sérios problemas em breve...
- Mesmo? E o que você propõe?
Lílian não estava gostando nada daquilo, sabia que a garota tinha segundas intenções, mas fez a conversa prosseguir, queria ver até onde ela chegaria. Bellatrix sorriu.
- Serão apenas aulas, querida, nada demais.
- E o que você ganha com isso?
- A sua amizade.
- Você nunca teve interesse na minha amizade antes.
- Ah, Lílian, isso foi um erro tão terrível que estou tendo a oportunidade de reviver para corrigi-lo! Então, terei uma chance? – ela não tentava fazer uma voz doce, nem mesmo amigável, mas a de alguém que propõe algo irrecusável.
- Muito obrigada, mas já estou providenciando outro tipo de ajuda. Agora se me dá licença, preciso voltar a trabalhar.
- Claro. Mas, se mudar de idéia, eu e Snape estaremos praticando na sala em frente à estátua de Boris, o Pasmo, nesse mesmo andar... – ela se levantou – por volta de umas 8, 9 horas... – e foi até a porta – Apareça qualquer dia.
E, sorrindo, saiu.
"No andar da sala dos monitores!", pensou Lílian incrédula, "Que audácia!". Instantes depois, Remus entrou.
- Por um momento pensei que iria encontrar Tiago e Sirius, mas eram uns sonserinos quebrando frascos com poções paralisantes nuns lufa-lufas...
Remus foi para sua mesa e sentou. Continuou a contar o caso, sem perceber que Lílian não estava prestando muita atenção.
- Pode terminar a lista pra mim, Remus?
- Claro.
Lílian arrumou sua mesa e foi para a sala comunal da Grifinória, onde Viviane a animou e a fez esquecer seu encontro com Black. Estava realmente feliz por ter livrado sua amiga da estadia na enfermaria, só não gostou muito de quando ela começou a fazer perguntas às quais não podia responder.
- Como assim, Lílian, você é vidente!
- Claro que não, Vi, eu só percebi que aqueles dois iam aprontar alguma coisa... e também percebi que eles estavam olhando pro caldeirão da Maddy, só isso!
- Não, não, não, pra mim você ainda é uma vidente – insistiu Viviane, sabendo que assim irritaria sua amiga – Aliás, o que você vê no meu futuro??
Viviane estendeu a palma de sua mão para Lílian e fez uma cara de "criança que vai chorar" quando ela empurrou sua mão de volta, dizendo que não era vidente coisa nenhuma.
Distraída, Lílian olhou para seu relógio: 8:36. Então, de repente, veio outra lembrança. Era hoje, era agora, tinha sido exatamente naquele dia e naquela hora que tinha acontecido. O que deveria fazer? Deveria ir? Ou ficar? Queria ir? Aconteceria de novo se fosse? Queria que acontecesse de novo?? Não! Claro que não, que pergunta idiota. Mas então, por que sentia vontade de ir? Bem, se quisesse, precisava correr...
- Vi, acabei de me lembrar que esqueci uma coisa na minha sala, eu já volto.
- Eu vou com você.
Viviane se levantou e começou a seguir a amiga.
- Não! – disse Lílian, se arrependendo do tom logo em seguida – Quero dizer, não precisa, eu já volto...
E saiu, deixando uma pasma Viviane na sala comunal. Lílian refez seus passos da outra noite indo em direção à ala hospitalar, com mais agilidade dessa vez por causa da hora e não tardou muito até que um garoto distraído quase esbarrasse nela.
