O Baile
- Você convidou o REMUS??
Lílian levantou-se da cama de Viviane e ficou parada, boquiaberta, em frente à amiga, que abraçava seu travesseiro.
- Aham... – fez Vi.
- E ELE RECUSOU???
- Aham... – Vi olhava para os lados, desacreditada na atitude exagerada da outra.
- E depois convidou o SIRIUS?
- Aham...
- Que aceitou na mesma hora?
- Lily, dá pra parar de repetir tudo o que eu acabei de te contar? Que parte você ainda não entendeu??
A ruiva se sentou novamente na cama.
- Como assim?
- Lily, querida, por que eu tenho a impressão de que você ficou mais chocada com a recusa do Remus do que com o fato de eu tê-lo convidado?
Lílian abriu a boca, olhou para a amiga, ameaçou dizer alguma coisa, mas fechou a boca e balançou a cabeça. Precisava ter cuidado com o que falaria.
- No início eu achava que você ia convidar qualquer outro garoto pra... sei lá, dar uma lição no Sirius, ele nunca tinha levado um fora antes, antes de voc, e tava todo certo de que ia pro Baile contigo... por isso eu fiz o pacto, pra obrigar você a convidá-lo...
- Tá, confesso que tudo isso passou pela minha cabeça sim... mas, não sei... ah! Quem se importa? Me conta de você, como foi??
A ruiva ganhou rapidamente a tonalidade de seus cabelos, o que fez Viviane dar um grito animado que ecoou pelo quarto.
- ...e ele ainda me pediu em namoro... – disse Lílian, depois de ter contado cada detalhe do ocorrido no campo de quadribol.
- E...?? – perguntou Viviane, olhos arregalados em expectativa.
- E eu aceitei...
- Ah!!!!!!!! – gritou Vi, abraçando a amiga – Pra quem nem admitia que gostava dele, hein...
Lílian apenas deu um sorriso tímido. Não é que ela não admitia, ela não sabia que gostava dele. Estava tão acostumada a viver dando fora nele que nunca tinha imaginado que um dia seria ela a fazer um convite. Mas as coisas foram mudando, ganhando um rumo inesperado, saindo do controle...
A porta do quarto se abriu, por onde entrou uma feliz e sonhadora Amy, a quinta setimanista do quarto da Grifinória, nem parecendo mais aquela menina praticamente invisível que vivia na sombra da Cherr.
As duas pararam para ver o que a outra estava fazendo, pois estranharam o fato dela estar sozinha, então entenderam e gelaram com essa possibilidade.
Amy ia saltitante em direção à cama de Cherr, que encontrava-se encoberta pelas escuras cortinas do dossel.
- Cherr!! Cherr! Eu consegui!
Lílian e Viviane prenderam a respiração e arregalaram os olhos ao ver uma mão abrir a cortina lateral, deixando à mostra a garota sentada na cama.
- Hum... parece que estamos todas felizes por aqui... – disse Cherr, com um meio sorriso sarcástico nos lábios – E quem diria, heim... marotos... – disse a última parte com desprezo, olhando para as três presentes no quarto.
E ainda com esse sorriso de superioridade e desprezo, saiu do quarto. Amy deu de ombros e jogou-se em sua própria cama, fechando as cortinas em seguida.
- Não acredito que ela ouviu tudo... – sussurrou Viviane – Que ódio!
- Mas você viu, né? Ela ficou morrendo de inveja! Aposto qualquer coisa que ela queria estar no seu lugar, Vi...
***
- Bom dia! – disse Amy animadamente para todas no quarto.
Surpreendeu-se ao ver que Cherr já tinha se levantado, não estando mais no quarto. Olhou para as outras duas e viu uma sonolenta Lílian, tapando a claridade com o travesseiro no rosto e uma agitada Viviane se levantando. Trocou de roupa, despediu-se delas e desceu.
- Ela está muito estranha. – disse Viviane sorrindo.
- Aham... – fez a outra, sendo ainda abafada pelo travesseiro.
- Quem você acha que é o par dela??
- Aham... – fez novamente.
- LÍLIAN!
- Ãh?! O quê?! – sentou-se de um salto.
Viviane riu.
- Não é possível que você não tenha dormido bem, Lily...
- É... – limitou-se a dizer, deitando-se de novo.
- O que você tem, menina?? A pior parte já passou!
Lílian parou pensativa. Estivera a noite toda se culpando pela morte de Maddeleine que, agora sabia, tinha sido causada pela dupla de sonserinos que não a deixavam em paz, sabe-se lá com que propósitos sombrios. Por mais que fosse completamente contra a maldade, não conseguiu evitar que seu cérebro traçasse mil planos maquiavélicos de vingança. Mesmo que não os fosse colocar em prática. Pelo menos ela tinha dado um belo soco naquele Seboso. E ainda teria batido mais se não tivesse sido segurada por Tiago. Tiago! Só então entendeu do que a amiga estava falando. Sentiu seu rosto se avermelhar instantaneamente.
- Lily, não vai ficar de frescura agora, né? Mico maior do que o meu, de beijar o garoto que eu mais detestava no castelo na frente da torre da grifinória inteira, não dá né? Até porque, não adianta fugir, todo mundo vai ver vocês juntos no baile mesmo...
- Mas é diferente. Você não está namorando alguém com quem gritava pelos corredores todo santo dia!
- Há-há, mas não se preocupe, todo mundo já esperava que isso fosse acabar assim algum dia!
- Viviane!!
- Brincadeirinha, Lily... mas vamos nos arrumar logo, ainda temos aula hoje!
- Ah, ainda tá muito cedo...
- Melhor ainda, menos gente! Vamos, Lily, levante-se!
- Hum... acho que não é uma boa hora... – disse Remus, quando as duas o encontraram, pouco antes do salão principal...
- Por que não? – perguntou Viviane.
- Porque Tiago está falando com a Katherine.
- Ãh... – fez Lílian , tentando não demonstrar o que estava sentindo. Não, não era ciúmes, mesmo porque sabia que Tiago estava era terminando oficialmente o namoro com a Geller, mas ainda assim sentiu-se estranha. As pessoas dando satisfação da vida dele pra ela, esse sentimento de ser meio que "dona" de alguém... Lily estivera tanto tempo sozinha que agora teria de se acostumar a estar namorando... – mas tudo bem, eu preciso passar em outro lugar antes...
A ruiva então virou no corredor seguinte e seguiu seu caminho para o corujal. Logo nos primeiros passos, notou que não estava sozinha.
- Viviane?? Achei que você tivesse ido pra mesa...
- Sozinha? Não se ligou, não? O Sirius tá sozinho na mesa...
- Como sozinho? Tem o resto da grifinória toda lá! E o Pedro deve estar com ele.
- Ah, agora sim! Fez uma diferença... então, pra onde vamos?
Lílian riu. O que poderia fazer? Só teria de ter cuidado para que a amiga não lesse o que ela escreveria.
- Corujal. – respondeu.
Já no local, ela pegou um pequeno pergaminho. Já com a pena com tinta no ar, parou pensativa. Olhou para trás, Viviane parecia conversar seriamente com uma das corujas. Voltou-se para o pergaminho. Mesmo que não fosse ser uma vingança cruel, precisava acertar algumas contas.
Estou disposta a conversar. Depois das aulas, quinto andar? Aguardo resposta.
L.E.
Prendeu o bilhete em uma das corujas de Hogwarts e despachou-a, endereçada à Bellatrix. De alguma forma, sabia que tudo tinha sido idéia dela.
Lílian se virou para ir embora, mas deparou-se com uma cena hilária, de Viviane ainda conversado com a pobre coruja, que piava em desprezo.
- Então é assim, né? Não vai me contar nada?? Nenhuma fofoca sobre o correio dos Sonserinos? Tudo bem, não mando mais nada por você.
Só depois de controlar seu ataque de riso foi que Lílian conseguiu sair dali.
As duas pararam próximo à mesa da Grifinória, escolhendo onde sentariam.
- Com eles ou longe deles? – perguntou Lílian, que podia sentir olhares sobre si, como se todo o castelo já soubesse.
- Se mudarmos hoje é que vão estranhar! Temos sempre sentado com eles...
Viviane foi na frente, a passos firmes e nariz empinado, sendo seguida de perto por Lílian, que tentava se controlar para não ficar corada. Como não tinham sido notadas, ainda ouviram um pedaço da conversa dos marotos.
- Vocês vão ver, logo elas estarão escolhendo os nomes das crianças! – disse Sirius, num tom preocupado.
- Não acho que você precise se preocupar. – Remus tentava, inutilmente, não rir do amigo – Viviane não é desse tipo.
- E Lílian é?? – perguntou Tiago, que até então sorria, ficando de repente preocupado.
- O que eu sou? – perguntou a ruiva, pondo fim à conversa, já que Viviane estava sorrindo maliciosamente, como quem planeja idéias diabólicas.
- Linda. – respondeu ele imediatamente, o que fez todo o controle dela ir por água abaixo e ficar corada.
Viviane se sentou. Lílian fez o mesmo, entre a amiga e Remus
- E então, Lily? – disse Viviane falsamente séria, enquanto mordia uma torrada – Já escolheu algum?
Lílian olhou para Tiago e Sirius a sua frente e não pôde resistir.
- Eu estava pensando em Aléxia, se for menina, e Kyle ou Harry, se for menino, e você?
- Hum... ainda não sei – Viviane dizia séria –, mas gosto muito de Nikole.
- Taí, gostei de Nikole!
Elas sorriam uma para a outra e começaram a comer em silêncio, enquanto os dois permaneciam boquiabertos.
Lílian já terminava sua refeição matinal quando notou certa agitação na mesa. Ao levantar o olhar, viu Viviane sorrir sarcasticamente para ela e levantar-se. De repente, só restavam ela e Tiago do grupo. Ele parecia tão surpreso quanto ela, pois se encararam sem saber o que fazer. Desviaram os olhares e ela tomou um gole do seu suco.
Olhando de relance, ela notou que ele a encarava, mas de uma maneira estranha, com um certo receio de dizer algo. Quando ele passou a mão pelos cabelos despenteados, Lílian teve certeza de que se tratava da conversa com a ex-namorada dele.
- Eu falei com a Katherine e-
- Eu sei. – cortou Lílian, sorrindo pra ele.
Tiago sorriu relaxado. Estendeu sua mão e segurou a dela.
- Eu só queria que você soubesse que está tudo acertado. – disse ele, passando a outra mão pelos cabelos, mais uma vez.
Ela segurou forte a mão dele.
- Sim, agora você é meu, só meu. – e riu dizendo isso.
Ele se aproximou dela por cima da mesa, apoiando os cotovelos nesta e sussurrou:
- Eu sempre fui só seu.
PLEFT! Um pergaminho caiu entre os dois na mesa. A coruja piou e voou, indo embora.
Lílian, ainda com a face rubra, pegou rapidamente a carta e abriu-a. Já até sabia do que se tratava: era sua resposta.
Claro, querida, fico muito contente com a sua sábia decisão. Estaremos lá. Um mundo de Poder acaba de se abrir para você agora. Aguardamos ansiosos.
BB.
Lílian sentiu seu sangue ferver. Que prepotência! Argh! Que raiva!
O olhar curioso e até mesmo preocupado de Tiago trouxe Lílian de volta à realidade.
- Algum problema? – perguntou ele.
A garota amassou velozmente a carta em suas mãos.
- Nenhum. – respondeu, pondo a bola de papel na mão direita em chamas.
Ela esfregou as mãos para tirar as cinzas destas e levantou-se como se nada tivesse acontecido.
- Vamos? – chamou ela, vendo que ele permanecia imóvel na mesa.
- Claro... – respondeu, ainda com um olhar desconfiado.
Lílian estava tão atordoada pensando naqueles dois sonserinos nojentos que seguiu na frente, sem nem reparar em mais nada no caminho. Não conseguia entender como alguém era capaz de matar assim, a troco de nada. O que eles tinham ganhado com isso? Chantagem? Como eles eram baixos... Cruéis, insensíveis, interesseiros, calculistas, egoístas, repugnantes... argh! Não havia palavra no mundo que os pudesse definir! E pensar que por causa deles foi que destruiu seu dormitório... Destruiu?
Então, a ficha caiu. Era esse o motivo! Que ela se descontrolasse e usasse seus poderes de alguma forma destrutiva! Queriam mostrar pra ela o quanto ela podia ser má... bem, se era isso que eles queriam, eles haviam conseguido, pois ela seria má com eles agora...
Assustou-se ao sentir uma mão segurando a sua. Claro, era Tiago ao seu lado, sorrindo. Ela sorriu de volta.
Não, não seria má. Ainda havia coisas boas no mundo, pelas quais valia a pena não fazer besteira alguma.
Ao entrar na sala e receber olhares curiosos, Lílian soltou a mão de Tiago e foi se sentar com Viviane, que estava incrivelmente sozinha.
- Cadê o Sirius? – perguntou logo que se sentou.
Recebeu um olhar exageradamente incrédulo da amiga.
- Eu vou ao baile com ele, não vou namorar com ele.
Primeiramente, Lílian corou, mas logo relaxou e resolveu provocar a amiga.
- Por que não? Acho que vocês dariam um lindo casal...
- Aloooow, né, Lily, não viaja! Namorar é demais pra minha cabeça...
Lílian riu da amiga. Um dia ela também admitiria... ou será que ela ainda não sabia?
A aula transcorreu tranqüila e Lílian sentiu-se na velha forma de aluna aplicada. Na última aula, porém, foi difícil manter esse ritmo. Como não havia dormido praticamente nada, não fechar os olhos mostrou-se ser uma tarefa extremamente árdua.
Ela lutava bravamente contra o peso de suas pálpebras. Entretanto, quando o professor Strict passou um exercício, ela desistiu e deitou a cabeça, apoiando lado esquerdo do rosto nos braços à mesa. Porém, ela não dormiu. Tinha a desconfortante sensação de que estava sendo observada.
Abriu os olhos e lá estava... um par de olhos castanhos, acompanhados de um belo sorriso, em sua direção. Lílian endireitou-se na cadeira imediatamente e fitou o quadro negro, tentando não ficar corada. Viviane riu.
- Algum problema, Lily?
- Não, nada... – respondeu no tom mais natural possível, mas aquilo lhe pareceu patético aos seus ouvidos. Por que não parava de negar as coisas para Viviane? – Eu só não estou acostumada com isso... – disse com sinceridade.
- Não está acostumada?? Ora, Lily, ele SEMPRE fez isso!
- É, mas agora ele pode fazer isso...
- Era mais fácil ficar irritada, né? – disse Vi, estranhamente concentrada no exercício de Poções – Eu também sei o que é isso...
- Black! Potter! – gritou o professor – Por acaso o baile está distraindo os senhores demais??
A classe inteira riu, pois não era todo dia que os mais encrenqueiros do marotos erravam uma poção sem ser propositalmente. Foi então que Lílian entendeu do que a amiga estava falando. Apesar de que tinha a impressão de que ela logo "brigaria" com Sirius se o professor não lhes tivesse chamado a atenção.
Quando o sinal bateu, Bellatrix passou por Lílian sorrindo antes de sair da sala com a multidão de alunos animados para se arrumarem para o Baile. Naquele momento, Lily se arrependeu de ter marcado o encontro, pois tudo o que ela queria era dormir um pouco em paz. Desse jeito, estaria acabada para o Baile. Pensou em não ir. Mas detestava assuntos mal-resolvidos. Com um suspiro de coragem, disse uma desculpa qualquer à Viviane e saiu à francesa, rumo ao quinto andar.
Não foi difícil ver uma sala com a porta aberta, onde Black já esperava. Logo ao entrar, Lílian teve uma sensação estranha. Aquela sala lhe parecia estranha.
- E então, Lily, querida, sou toda ouvidos. – disse ela com um sorriso amável.
Depois de se contorcer de raiva por ter sido chamada de "Lily" por uma sonserina desprezível, ela então percebeu que não tinha planejado o que fazer ou falar. Bem, agora que já estava ali, teria de improvisar... talvez fosse bom ganhar mais tempo...
- Sua sombra não veio?
- Severo? – perguntou Bellatrix, com um sorriso irônico – Não, não... parece que ele ficou meio...hum...magoado... com o que você fez...
Mil respostas surgiram na cabeça da ruiva. Vontade de xingar a outra não faltou. Mas isso não a levaria a lugar algum. O que ela queria eram respostas...
- Creio então que você tenha uma explicação pra me dar. – disse ela, mas foi obrigada a ser mais objetiva, já que Black se fazia de desentendida – Maddeleine. O que vocês pretendiam com isso?
- Que você demonstrasse seu poder, exatamente como fez ao deixar sua linda torre em chamas, e que você visse do que você é capaz.
A segurança e a naturalidade com que Bellatrix respondeu fizeram o sangue de Lílian ferver como nunca. Como alguém podia ser tão frio assim? Tão insensível? Tão...
Um único quadro tremeu, levemente, na parede à direita. Lílian franziu a testa. Tinha certeza de que todos os quadros estavam prestes a cair, podia sentir sua energia agitar-se ao seu redor, mas nada aconteceu. Então entendeu.
- Essa sala tem algum feitiço, não tem??
- Mas é claro! – respondeu Bellatrix, em tom óbvio – Eu não seria tão ingênua de ficar sozinha com você, ou até mesmo com Snape, num ambiente normal, não é mesmo? Eu pus aqui um Feitiço de Amenização, pra que essa energia excessiva de vocês não cortassem minha cabeça...
Uma pausa de um incômodo silêncio se passou.
- Vocês não vão desistir de mim, vão? – perguntou Lílian.
- Desistir? Bellatrix Black não desiste, ela consegue o que quer.
- E o que é exatamente que você quer?? – a ruiva se exaltara – Me levar pra esse Lorde das Trevas que você mesma nunca deve ter visto?? Fazer de mim uma Comensal?? Uma pessoa má??
- Lily, querida, não vou precisar dizer pra você aquele discursinho de "não existe o bem nem o mal, apenas o poder", não, né?
- Poder, então é isso que você quer? E precisa de mim pra isso?
Bellatrix sorriu pacientemente e começou a andar ao redor de Lílian, como um tubarão que circula sua vítima.
- Você está certa, eu nunca vi o Lorde mesmo, mas um dia o verei e isso não vem ao caso. E sim, eu gostaria muito de ter você do nosso lado, mais ainda de não ter voc como inimiga, mas você não precisa ser "má" pra isso. Como eu disse, o que existe é o poder e como você vai ficar poderosa. Eu serei uma Grande Bruxa independente do que você faça... tudo o que eu venho tentando lhe mostrar é que você tem um dom, algo muito especial que pode fazer de você o que eu venho treinando há anos para ser.
- Uma comensal... – sussurrou Lílian.
- Uma Bruxa Poderosa. – corrigiu Bellatrix.
- Maneiras diferentes de descrever um objeto não o mudam em si. Não preciso de você, nem ser uma Comensal, muito menos do seu Lorde, pra me tornar uma bruxa poderosa.
- Pode ser, mas do nosso lado você seria grande! Eu não insistiria em você se não achasse que tem potencial para isso. Toda aquela destruição, fogo, briga... você tem o histórico de uma Comensal da Morte.
Lílian inspirou profundamente, buscando o autocontrole. Caso contrário pularia no pescoço da outra em um segundo.
- Todos nós temos uma certa maldade dentro de nós. Mas também temos a bondade. A questão é qual nós escolhemos para viver. E a minha escolha é nunca estar do seu lado.
Não querendo ouvir resposta alguma da outra, Lílian saiu da sala a passos rápidos e bateu a porta. No corredor, quase esbarrou em alguém.
- Venha até a minha sala, por favor. – pediu delicadamente a professora de Adivinhação.
Fechando a porta após a ruiva entrar, a professora lhe entregou uma xícara.
- Beba, deixará você mais calma.
Lawren sentou-se e esperou a outra beber. Depois de fazê-lo, Lílian sentou-se na almofada vermelha em frente à ela.
- Quer conversar? – perguntou a professora.
Lílian desabou em lágrimas, deixando sair todos aqueles sentimentos que estavam explodindo dentro dela.
- Foi tudo minha culpa! – falava por entre os soluços – Eles a mataram por minha causa! Eu nuca devia ter voltado no tempo! Nada disso teria acontecido se...
- Teria, sim. – disse com firmeza.
A ruiva levantou o rosto, com um olhar questionador para a outra.
- Não se sinta culpada pelo que aconteceu, sinta-se orgulhosa pelo que não aconteceu. Maddeleine morreria no início da guerra, de uma maneira ou de outra.
- E o que não aconteceu? – perguntou, tentando fazer as lágrimas cessarem.
Lawren sorriu.
- Não foi apenas um incêndio da sua casa que foi evitado.
Esse incêndio a tinha levado ao Departamento de Uso Descontrolado de Magia. Lílian raramente pensava no que Snape tinha feito para ter ido parar lá também.
- Claro! O que o Snape deixou de fazer??
A garota levou a mão imediatamente à boca. Nunca tinha dito antes quem era a pessoa que havia voltado no tempo com ela. Mas isso lhe pareceu irrelevante agora, pelo sorriso da outra, não duvidava nada de que ela já soubesse de que se tratava de Snape há muito tempo.
- Eu também não sei, mas isso não importa. – disse Lawren.
- Mas... – pesando o receio de falar contra a curiosidade, venceu a curiosidade – mesmo que ele venha a se tornar um Comensal por causa disso? Será que valeu a pena ter voltado no tempo, mesmo que essa seja uma das conseqüências?
- Lílian, pense bem. Quem deu o anula-tempo a vocês? Não é a mesma pessoa que o está levando por esse caminho?
- É.
- Então você mudou alguma coisa?
- Não.
- Agora pense. Se você não o tivesse ajudado a sair de lá, essa pessoa não teria feito alguma coisa?
- Teria.
- E você consegue pensar em algo bom?
- Não... – respondeu Lílian, que podia até visualizar o Departamento destruído, com a simpática enfermeira de cabelo azul morta, assim como qualquer um que os tentasse deter.
- E isso seria apenas o começo. – completou Lawren.
***
- Não acredito que você ainda está assim!!
- Vi, eu sei que isso vai soar absurdo, mas eu não estou com vontade nenhuma de ir a um baile agora...
- O QUÊ?! – gritou Viviane, chamando a atenção das outras meninas no quarto também – Mas você VAI, querendo ou não!! Anda – Viviane segurou a amiga pelos ombros e virou-a na direção do seu armário –, vai tomar um bom banho, tirar esse uniforme e se arrumar!
- Eu tava precisando era de uma banheira pra relaxar... – brincou Lílian.
- Isso! Perfeito!
- Ãh? – fez a ruiva, diante do entusiasmo da outra.
- Seria muito bom sair daqui, sabe... – Viviane se aproximou para cochichar – esse ar tá carregado, muita inveja, muito mal-olhado... e afinal, temos que tirar algum proveito desse seu posto chato, né?!
Lílian riu. Era compreensível que Viviane não gostasse de Cherr e quisesse ficar o maior tempo possível longe dessa garota. Elas arrumaram uma pequena mala com suas coisas e rumaram ao banheiro dos monitores no quinto andar.
***
- Rosa?
- De jeito nenhum!
- Azul? Azul fica bem com o seu cabelo...
- Não, muito comum, todo mundo vai de azul...
- Eu não vou! Mas tudo bem... verde?
- "Combina com os meus olhos"? – Lílian riu – Muito passado, sempre uso verde...
- Por Merlin! Você vai de preto?? – perguntou Viviane, que segurava o vestido da amiga em frente ao espelho, mudando-o de cor a cada opção falada, enquanto Lílian estava na banheira.
- Não, eu estava pensando em dourado.
- Foda! – com um toque de sua varinha no vestido, Viviane mudou mais uma vez a cor – Vai ficar lindo em você!
- Espero que sim... – riu a ruiva, já saindo enrolada numa toalha – E você? Vai como?
Viviane sorriu e virou-se para a mala, de onde retirou um lindo vestido tomara-que-caia verde.
- Morenas ficam bem de verde. – disse. Ela então jogou o vestido dourado para a amiga – Anda, vamos nos arrumar logo, já estamos atrasadas.
***
O tempo não estava muito bom. O céu não se encontrava estrelado. A lua crescente não estava à mostra. Mas quem se importava? O salão estava lindo e, afinal, era um Baile, todos os jovens gostavam de bailes.
As duas entraram e logo viram seus marotos numa mesa. Lílian não deixou transparecer um certo impacto que sofreu ao ver Tiago. Era a primeira vez que o via com os cabelos penteados e sem óculos.
- Vocês fizeram de propósito? – perguntou Sirius.
Elas se entreolharam confusas.
- Cherr disse que vocês já tinham descido há séculos e que não estavam prontas! – completou Tiago.
- Não se preocupem, nós não fugiríamos. – disse Lílian.
- Não de vocês, mas sim das nossas amiguinhas de quarto... – Viviane revirou os olhos.
Todos sentados, sem assunto, o silêncio pesou sobre eles.
- Quer um drink? – perguntou Sirius de repente para uma Viviane que não respondeu nada – Por que não vem comigo escolher algo pra beber?
Ele se levantou e puxou a garota pela mão.
- "Sutileza" não é o nosso lema... – reclamou Viviane.
- Você não percebeu que eles precisam ficar sozinhos?
- É claro que eu percebi, só que pretendia ser mais discreta, né?
- É, mas eu já não agüentava mais esperar...
- Esperar o quê?
- Isso.
Sirius a puxou para um beijo profundo e duradouro.
- A gente não ia beber? – perguntou uma Viviane meio tonta quando se separaram.
***
Apesar de Lílian ter ficado muito sem graça e sem saber o que fazer, pareceu-lhe que Tiago sabia muito bem o que fazer. O moreno a puxou pela cintura e beijou-a.
- Passei o dia inteiro querendo fazer isso... – disse ele.
Ela corou de leve, mas ainda foi capaz de responder.
- Há anos você vem querendo fazer isso...
- É, mas eu nunca escondi isso. – provocou ele.
Lílian resolveu entrar no jogo. Colocou as mãos na cintura e fez uma expressão de quem ouve um absurdo.
- O que você está insinuando com isso??
- Preciso mesmo ser mais claro? – perguntou ele, revirando os olhos, como ela sempre fazia com ele, principalmente quando quer dizer "isso não é óbvio?".
- Pois fique você sabendo, senhor-eu-sou-o-centro-do-universo-e-todos-me-amam, que eu, até pouquíssimo tempo atrás, não queria mesmo sair com você!
- Até parece... você não conseguia era admitir que sempre foi louca por mim!
- Há, há, viajou legal agora! Confesso que demorou um pouco pra minha ficha cair, mas isso começou faz pouco tempo mesmo! Antes eu realmente te detestava.
- E quando isso mudou? – perguntou ele sério.
- Depois que eu voltei.
- Por quê?
- Ahhhh, aí já está querendo saber demais! Hum... vamos dar uma volta?
Tiago riu da maneira com que ela tentou mudar de assunto.
- Eu sei. – disse ele, disposto a continuar a conversa – Foi quando você começou a conversar comigo, com o "Tiago" e não com o "Potter-encrenqueiro" do qual você vivia descontando pontos.
- Esqueceu da parte dos gritos pelos corredores... – completou ela, tentando não discordar, mas também sem admitir.
- Mas eu acertei? – insistiu.
Ela respirou fundo.
- Sim. Desde quando eu conheci você direito... pronto, agora seu ego, que já era extremamente grande, vai explodir!
Ele sorriu orgulhoso.
- Então se você tivesse baixado seu escudo antes, se tivesse me conhecido de verdade antes, eu teria menos foras no meu currículo, teria você há mais tempo.
- Quem garante?? Duvido que fosse ser diferente...
- Ah, então aconteceu mesmo alguma coisa que te fez mudar de idéia!
- Do que você está falando??
- Ora, Lily, vamos, me conta logo o que houve antes de você voltar... por acaso eu te agarrei, é? – brincou ele.
Lílian teve de se esforçar muito para não deixar transparecer sua surpresa.
- Claro que não! Então, vamos dançar?
Mais uma vez ele riu.
- Certo, eu desisto.
Mesmo que tentasse explicar, Lílian duvidava muito que ele fosse entender. O que mudou não foi algum fato isolado que aconteceu, mas como ela se aproximou dele depois de ter voltado no tempo, na tentativa de afastar a Cherr.
- Então? Vamos? – chamou Tiago, já de pé e oferecendo uma mão à ela.
A ruiva aceitou a mão e levantou-se. Enquanto andavam em direção à pista de dança ouviram muitas pessoas, além dos olhares incrédulos e das cabeças se virando. Pareciam não acreditar que eles estivessem juntos.
- Olha lá, o Potter conseguiu mesmo!
- Parece que as brigas acabaram...
- Eu sempre soube que ia dar nisso!!
- Céus! Potter e Evans juntos! Não duvido de mais nada no mundo!
Porém, em meio a esses comentários, por um segundo, tudo o que Lílian ouviu foi o sussurro de Tiago ao seu ouvido: "Você está mais linda do que nunca hoje, Lily".
***
- Ops, sumiram? – perguntou Viviane entre risos – Parece que o tempo que nós demos não foi o suficiente...
- Não, eles estão na pista. O que acha de irmos também? – sugeriu Sirius.
- Claro, por que não?
Uma música animada fazia os estudantes se divertirem na pista de dança. Os professores presentes limitaram-se a conversar, beber e observar seus entusiasmados alunos, como nunca os viram nas aulas.
Viviane, apesar de estar se divertindo bastante, não pôde deixar de notar os olhares discretos de Cherr em direção ao seu par. Infelizmente não podia negar que a garota estava belíssima num longo vinho, cujo decote atraía todos os olhares masculinos para si. A cada milímetro que a garota se aproximava, o grau de irritação de Viviane aumentava. Resolveu pensar em outra coisa para se distrair.
- Onde estão Remus e Pedro? – perguntou, sobrepondo sua voz ao som da música.
Sirius a encarou pensativo, mas ainda dançando, sem deixar transparecer suas indagações mentais. Tiago, que parecia ter compreendido, preferiu não se meter.
- Pedro está sentado com uma Corvinal por ali. – disse Sirius apontando para um determinado canto – E Remus está logo atrás de você, perto da Cherr...
Surpresa por não ter percebido o amigo tão perto, ela franziu a testa e olhou para trás, como que para confirmar o fato. E lá estava ele... com a Amy.
- Ãh?? – fez Viviane, incrédula, a única parada na pista.
Remus notou-a e acenou, sorrindo, para ela. Os três o cumprimentaram, mas Viviane, ainda em estado de choque, acenou de maneira praticamente imperceptível.
- Algum problema? – perguntou Sirius, demonstrando ciúmes.
- Não, nenhum... é só que... eu não esperava...
- Esperava o quê? – ele gritou para que ela ouvisse, não se importando que outras pessoas ouvissem também – Que ele não estivesse com nenhuma garota? Que ele não viesse ao Baile?
- Não! Do que você está falando?
- Ele não vai estar a vida inteira à sua disposição, Viviane!
Sem palavras e boquiaberta, Viviane apenas o segurou pela mão e foram para fora do castelo. Desceram as escadas e, somente quando já estavam no praticamente deserto gramado, soltou-o. Agora sim, num ambiente silencioso, poderiam conversar, talvez discutir, direito.
- Daonde você tirou essa idéia absurda? – perguntou ela.
- Tem certeza de que você convidou a pessoa certa?
Ela riu de maneira debochada.
- Pensei que tivesse deixado isso claro quando te convidei...
Sem mais palavras, Viviane simplesmente o beijou.
***
Lílian não notou quando Cherr desapareceu do salão principal, mas notaria quando ela reaparecesse mais tarde, na pista, quando uma música lenta embalava casais.
O perfume de Tiago era meio enjoativo, mas valia a pena aturar isso para tê-lo tão junto de si. Para senti-lo tão perto de si.
- O que fez com o seu cabelo?
- Não gostou? – perguntou ele preocupado.
- Gostei, sim... – ela não conseguiu controlar o riso, o que fez parecer que estava mentindo – É sério! É que eu nunca, em sete longos anos, o tinha visto assim...
- Hum... resolvi mudar. Você sempre reclamou tanto... mas não se acostuma, não!
- E os óculos? Não sabia que tinha lentes.
- Sempre as tive, mas não gosto de usar.
- Hum...
- O que foi?
- Nada...
- Lílian...
- Certo. – ela estreitou os olhos – Você é tão metido que acha que não precisa tirar os óculos.
- E preciso?
- Não. – respondeu à contragosto.
- Então pronto. – sorriu vencedor.
- Com licença. Será que eu poderia roubar sua dama? – pediu gentilmente uma voz masculina que fez Lílian franzir a testa.
Afastando-se de Tiago, ela se virou para confirmar: sim, era seu professor de DCAT, seu professor de Controle Mágico, Jack Auro. Ele sorriu.
Tiago olhou para Lílian, pedindo instruções do que fazer. A garota balançou a cabeça positivamente e ele então se afastou. Bem mais formal e distante do que seu par anterior, Jack a conduzia ao ritmo da música.
- Você está nervosa? – perguntou o professor algum tempo depois – Os jovens sempre ficam nervosos com bailes...
- Sim, um pouco, por quê?
- Por que você não demonstrou isso. – ele sorriu – O que eu quero dizer é que você se controlou! Estou orgulhoso de minha aluna!
- Ah, obrigada...
Era verdade, não tinha acontecido simplesmente nada de anormal! E a melhor parte era que ela nem tinha percebido, não precisou se controlar, foi natural, inconsciente... perfeito.
- Eu sempre soube que você conseguiria. – disse ele.
- Hem, hem. Interrompo? – perguntou alguém ao lado do casal, que Lílian teve o desprazer de confirmar ser Cherr.
- Mas é claro que não! – respondeu o professor – O que uma de minhas alunas favoritas deseja?
- Dançar. – disse Cherr sorrindo – Ou só a Lily que pode?
- De jeito algum! Com licença, Lílian, foi um prazer dançar com a senhorita.
Apesar de estranhar a situação, ela apenas deu de ombros e foi sentar-se com Tiago, que estava numa mesa com Remus e Amy.
- Aonde estão Viviane e Sirius? – perguntou logo que sentou.
- Se você quiser eu posso te mostrar... – sugeriu Tiago, com um sorriso malicioso.
- Dessa vez eu passo. Não é proibido ir ao gramado, mas eu posso ver coisas proibidas e realmente não estou a fim de tirar pontos hoje...
Tiago e Remus se entreolharam e sussurraram entre si.
- Você ouviu, Aluado? Ela disse "dessa vez"!
- Sim, e disse que não quer tirar pontos! Seja lá o que você tenha feito pra deixá-la assim, aproveita!
- Hem, hem. – fez Lílian – Vocês não estariam falando de mim, não é mesmo?
- Não! Claro que não. – responderam juntos.
Amy apenas ria.
***
Já era tarde quando Viviane foi para o quarto. Ela, com os sapatos em mãos, abriu a porta vagarosamente para não causar muito barulho, mas surpreendeu-se ao notar as luzes acesas e vozes animadas, ou melhor, uma voz animada. Entrou e deparou-se com Amy falando sem parar com uma sonolenta ouvinte. Ambas já com roupa de dormir.
- Mas isso são horas, mocinha?? – perguntou Lílian, interrompendo Amy e dando graças a Merlin por isso.
- Ah, mãe, não tá tão tarde assim... – Viviane disse com uma voz inocente.
- Onde vocês estavam?? – perguntou Amy, ainda entusiasmada.
Viviane a olhou estranha e Lílian tinha certeza de que a outra pensava algo como "desde quando somos amigas assim?".
- Por aí... você está muito animadinha, heim... – Vi deu um sorriso malicioso – O que o Remus fez contigo, menina?
- Oh, nada demais! Eu só estou muito feliz por essa noite! Acho que estou apaixonada...
Amy tinha um sorriso bobo e as maçãs do rosto rubras.
- Sabe, eu nunca pensei que ele fosse mesmo querer ir comigo ao baile... – Lílian revirou os olhos e jogou-se na cama onde já estava sentada murmurando um "tudo de novo não..." – mas eu era só atraída por ele, sabe, nada de mais... só que depois dessa noite... aiai, acho que estou completamente apaixonada...
Viviane riu e sentou-se na cama em frente à Amy, empurrando Lílian para ter espaço.
- Mas então foi bom?
- O quê? – perguntou Amy.
- O beijo! O que mais poderia ser??
- Ah, o beijo... – Amy ficou ainda mais corada e desviou o olhar para o chão – foi... perfeito...
- Agora só falta a Cherr namorar o Pedro... – brincou Viviane.
Lílian sentou-se bruscamente.
- Você está namorando o Sirius??
- Que conclusão foi essa a sua?? – perguntou Viviane.
- Ora, Vi, não se faça de boba! Eu estou namorando o Tiago, ela provavelmente vai namorar o Remus – Lílian foi interrompida por um animado "Vocês acham mesmo?!?" mas ignorou e continuou – e disse que só faltava a Cherr namorar o Pedro!
- Detesto ter amigas inteligentes... – murmurou Vi, cruzando os braços.
- AH!!!!!! – gritou Lílian, abraçando-a.
- Hei! Calma! Ele pediu, mas eu ainda não aceitei!
- Ah, mas vai... – disse Amy.
Viviane até tinha esquecido da presença da outra ali, mas encarou-a imediatamente.
- Como você pode saber? – desta vez o tom brincalhão foi substituído por um desafiador.
- Ah, sei lá... – Amy ficou nitidamente intimidada – vocês parecem bem juntos, combinam, ele gosta muito de você e parece que você também gosta dele...
- Como você gosta do Remus? – debochou, pois achava que Amy era uma daquelas meninas que diz estar apaixonada à toda hora, mudando de garoto como quem troca de roupa.
- É. – respondeu, não percebendo o deboche da outra. Amy sorriu docemente – O Remus é maravilhoso, ele... ele tem um olhar carinhoso, um sorriso sincero... é delicado, romântico...
- Nossa, ele é gay?? – brincou Viviane, recebendo olhares reprovadores. Um minuto de silêncio se passou até Amy voltou a falar de relacionamentos, começou a perguntar às duas com perguntas sobre se elas achavam que Remus a pediria em namoro e Viviane sentiu-se "enjoada". – Eu... eu... eu vou dar uma volta.
Ela se levantou e saiu do quarto.
- Eu disse alguma coisa errada? – perguntou Amy.
- Não sei... Vamos dormir? – sugeriu Lílian, deitando-se rapidamente.
***
Viviane se jogou numa confortável poltrona perto da lareira, que ela acendeu. O silêncio da sala comunal era irritante. Já não sabia mais se tinha sido melhor descer. Não agüentava mais ouvir Amy e todo aquele papo fútil, mas o silêncio a estava incomodando, pois assim não tinha como evitar seus pensamentos.
Como a poltrona era de costas para a entrada, ela não viu uma certa garota passar pelo buraco da Mulher Gorda.
Cherr, ao notar alguém na sala, parou abruptamente. Avaliou como deveria agir. Ao reconhecer Viviane, não pôde deixar de sorrir maliciosamente. Aquela oportunidade era valiosa demais para ser desperdiçada.
Deixou algo cair no chão para se fazer notada. Deu certo, Viviane olhou para trás.
- Eu...ãh...eu vou subir...não...não fale pra ninguém... sobre a hora que eu voltei ou...algo assim...por favor? – disse com olhar e voz suplicantes.
- Claro...
Cherr caminhou até as escadas, mas parou antes de começar a subir.
- Eu vi...er... você sabia que o Remus ainda está lá fora?
- Está??
- É... está...hum...perto do lago... eu o vi quando...
Levando a mão ao rosto, como que para evitar chorar, Cherr subiu rapidamente.
Apesar de estranhar aquilo, Viviane deu de ombros e voltou-se para a lareira novamente. A poltrona, no entanto, já não lhe parecia tão confortável. Iria para o quarto dormir. Não, resolveu não ir. Aquele silêncio... estava ficando agoniada. Levantou-se. Não, não iria lá. Ora, qual o problema se fosse? Sentou-se.
- Ah, fala sério! – disse pra si mesma, levantando-se.
Saiu da sala comunal pelo retrato da Mulher Gorda.
Aquele caminho nunca foi tão longo para ela. Mas finalmente ela chegou à parte externa do castelo, que parecia deserta exceto por um pequeno ponto em frente ao lago.
***
Como aquela lua, que brilhava inocentemente no céu estrelado podia ser tão cruel com ele?
Remus aproveitava aquela noite, que podia ser a sua última consciente do mês, pois a lua crescente já estava na fase final de sua transformação em lua cheia. Logo seu castigo mensal recomeçaria.
- Você parece muito triste pra quem teve uma companhia tão animada essa noite!!
Estava tão concentrado no céu que se assustou com a garota sentando-se ao seu lado. Ela sorriu. Parecia saber que ele estava precisando ser animado. E um sorriso dela já era o suficiente para isso, pois não era um sorriso qualquer, era... lindo.
- Puxa, nunca imaginei que Amy fosse assim de falar...
- Nem eu – Viviane revirou os olhos –, até agora há pouco no quarto. Acho que foi por isso que eu saí de lá... – disse fingindo ter concluído isso agora.
- Mas eu não estou reclamando, gostei muito dela, ela é tímida, mas logo fica bem animada.
- Ih, já vi tudo, a Lílian tem razão.
- Como assim? – ele franziu a testa.
- Ah, que logo vocês vão estar namorando.
- Namorando? Não tinha pensado nisso...
Viviane o olhou incrédula, duvidando dele.
- É verdade! Não pensei!
- Só vou acreditar se você me disser que gosta de outra garota... – brincou ela.
Ele não respondeu nada. Viviane arregalou os olhos.
- Eu sabia! Sabia que você gostava da Lílian...
- Da Lílian?? – surpreendeu-se ele.
- Ah, não se preocupe, eu não vou contar nada nem pra ela nem para Amy...
- Não, não é isso! – ele riu – Da onde você tirou isso? Eu gostando da Lílian...
- Não? Eu podia jurar... você é sempre tão gentil com ela, sempre se oferece pra ajudá-la e-
- Eu sou assim com você também. –interrompeu-a, mas ela ignorou.
- E tem a cumplicidade da monitoria, vocês passam horas juntos...
- Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Nós somos muito amigos, só isso.
- Como nós dois? – debochou ela.
Ele respirou fundo.
- Sim, como nós dois. Só amigos...
- Sei...
O silêncio se instalou e voltou a perturbar Viviane. Olhou para o gramado e riu pois, com seu vestido verde, sentiu-se parte dele; resolveu olhar para o céu.
- Linda, não? – disse ela, referindo-se à lua crescente, o primeiro assunto que lhe veio à cabeça.
Remus desviou o olhar para o gramado, para não demonstrar seu sofrimento.
- Prefiro o sol.
Após uma pequena pausa, foi a vez dele quebrar o silêncio, que tanto incomodava.
- Mas e aí? Qual o motivo da sua insônia? Além do Sirius.
- Não. – ela riu – Não é o Sirius. Acho que foi uma menina apaixonada por você lá no quarto.
Ele sorriu envergonhado.
- Hum... mas eu bem notei que você sumiu com o Sirius... e aí? Vocês já estão namorando?
- Parece que todo mundo tirou o dia pra me perguntar isso!
- Você não respondeu, Vi...
- Ele pediu, mas eu ainda não aceitei.
- Por quê?
- Pra deixá-lo com medo de eu não aceitar! – respondeu com um sorriso divertido – Mas eu vou aceitar...
- Ah... fico feliz por vocês.
Quando se está longe da pessoa amada, tudo o que se quer é exatamente estar perto dela, mas então, quando se consegue isso, percebe-se que a dor de tê-la tão perto é maior do que a da ausência, pois é torturante estar assim tão próximo sem poder beijá-la, sem poder tocá-la, sem poder dizer o que gostaria dizer e gostaria que ela ouvisse. Mas não importa o que quanto isso seja torturante, é inevitável ansiar por vê-la.
Às vezes Remus se sentia culpado por desejar tanto algo que pertencia ao seu amigo. Amizade sempre esteve em primeiro lugar para ele, foi isso que o manteve firme quando sua vontade era desistir de tudo e trancar-se, longe de tudo e de todos. Foram seus amigos que o ajudaram a superar seus problemas nada comuns a uma simples criança, ou a um adolescente, e a ver que por trás daquela realidade tão horrenda ainda havia um mundo com coisas boas e divertidas pelo qual valia a pena lutar.
Mas o que ele podia fazer? Já sentia algo por ela antes mesmo dele . Tentara lutar contra isso, mas fora completamente inútil. Tudo o que ele podia fazer agora era conter sua vontade de se aproximar ainda mais daquela garota ao seu lago no gramado que sorria pra ele, conter sua vontade de beijá-la... Tudo o que ele podia fazer era aproveitar a presença dela ali e admirá-la.
***
Logo cedo, na manhã do dia seguinte, enquanto a maior parte do Castelo dormia, exaustos pelo Baile, uma estudante do sétimo ano, uma grifinória, entrava na sala de Dumbledore. Estava extremamente pálida.
- Senhor Diretor... – sua voz parecia embargada pelo choro que não havia mais, talvez tivessem cessado as lágrimas há pouco tempo – ontem...aconteceu...ou quase aconteceu... algo horrível!
- Acalme-se senhorita, conte-me tudo.
N/A:
Gente, desculpem pela demora, foi difícil sair esse baile...rs... Mas espero que tenham gostado desse cap., acho que consegui colocar umas pequenas cenas fofas T/L (minha beta até achou que ficou mt PG-13, no mínimo! rs) e, por isso mesmo, gostaria de dedicar esse cap. a todos vcs...
Luisa, Sara*, Tamia, Helena_Black (vamos traduzir mais heim!! Tô curiosa!), Flávia, Natasha Malfoy, Manza (sem noção sua fic, CP, eu a amo!), Patty E., Jéssica, Diana Wiccan, Amy 26, Lily, Tathi, Kiki-chan, Priscilha (vc já me mandou algum e-mail, não? Rs), Aline Potter, Lucila Malfoy, Dani Lupin, Ameria Askura Black (tirou esse nome é de manga?), Bru Black, Samhain Girl, Vera CD, Karol, Lady Voldemort.
E, por e-mail, Beatris (como vai o SPAF?? – Sistema de Proteção aos Autores de Fanfic – rs) e Raissa.
Sem esquecer, é claro, da Taci, Jojo, Nanda Weasley (q se não fosse por ela eu não teria nem começado a escrever fanfic..rs...), Guta (autora de Simples Como Amar!! Quero ler maaaais!!) e uma pessoa que acredita em papai Noel, quero dizer, em Remus/Lily, né Mila??? Rs
Gente, eu adoro responder e-mail, ok?? Rs.
O próximo cap. vai ser bem dark e não sei se vai demorar... Bye and kisses!
*Não sei se já te respondi isso, mas não vou mudar os monitores não, mesmo pq não consigo imaginar o Tiago como monitor-chefe...rs vou deixar assim mesmo...o Remus é perfeito pra esse cargo!
