N/A: Gente, antes de vcs se perguntarem "O que está havendo?!?", continuem lendo, eu prometo que até o final vcs terão entendido o início...rs...caso contrário, podem me xingar nos e-mails/reviews, ok? :P
CAPÍTULO DOZE:
Armadilha
Dor. Uma intensa dor de cabeça. Escuro. Chão frio e duro.
Lílian abriu os olhos, piscou repetidas vezes para sua visão entrar em foco. Avistou apenas uma porta à sua frente. Tentou se levantar, apoiando-se com o cotovelo no chão, mas isso fez sua dor de cabeça latejar fortemente, então desistiu. Deitou-se de costas e olhou para o teto. Pelo que podia ver na penumbra, parecia ser um ambiente circular. Talvez estivesse em uma das torres.
Mas como tinha ido parar lá??
Tentou se levantar mais uma vez e, apesar dos protestos da dor de cabeça, sentou-se. Estava sozinha no aposento. Havia nele apenas uma estante ao fundo e um estranho objeto no centro da sala. Estreitou os olhos na direção do objeto, tentando apurar a visão - parecia-lhe uma bola, talvez de vidro, sobre uma almofada quadrada.
Lílian sentia-se cansada. Mais do que fisicamente, sentia-se cansada magicamente. Com certo esforço, levantou-se e andou até a porta. Girou a maçaneta mas, como já previa, estava trancada. Tateou suas vestes à procura de sua varinha, entretanto não a encontrou. Girou nos calcanhares lentamente, olhando mais atentamente a sala.
Não havia janelas. Não fazia idéia de há quanto tempo estava lá. Não sabia se era dia ou noite. Instintivamente, olhou para o seu relógio de pulso, mas ele não estava em seu pulso esquerdo. Resolveu ir até o armário para procurar qualquer coisa que pudesse ajudá-la a sair de lá, ou que lhe desse pistas de onde estava, porém foi em vão.
E quem a havia trancado lá??
Essa pergunta era a mais fácil de ser respondida, pensou Lílian. Quem mais a prenderia numa sala magicamente enfeitiçada contra sua energia excessiva, além de Bellatrix Black?
Voltou, então, para a porta e bateu nela, gritando por ajuda, mesmo sabendo que era tudo inútil. Tinha plena certeza de que, tendo alguém do outro lado ou não, seria impossível ouvi-la.
Estava sozinha.
Havia caído em sua armadilha, estava sozinha e sabia que ninguém poderia ajudá-la. Agora entendia aquilo tudo.
"Não, o mundo não gira à minha volta...", repetiu para si mesma, como vinha fazendo.
Com certeza não, mas talvez, durante aquela semana, as coisas não tenham acontecido apenas por uma estranha coincidência, mas sim por causa dela.
***
Quando Lílian acordou naquele sábado, viu que as outra meninas já tinham se levantado. Fora uma boa noite de sono, tendo em vista a noite maravilhosa que tinha tido antes, no Baile. Sorrindo, espreguiçou-se e logo se levantou. Trocou de roupa, lavou o rosto e desceu para a sala comunal.
Duas terceiranistas pararam de subir as escadas ao ver Lílian. De olhos arregalados, fitaram a ruiva até que ela chegasse à sala comunal, para só então voltarem a subir.
A reação de todos lhe parecia estranha. Enquanto Lílian andava, notou que todos, cada aluno presente na sala, paravam o que estivessem fazendo para olhá-la. Alguns cochichos até podiam ser ouvidos.
- Como ela consegue? Depois de tudo...
- Eu não sairia do meu quarto por um mês. Não, por um ano!
No momento em que ia perguntar a uma sextanista o que havia acontecido – após ela ter lhe perguntado se estava bem – Lílian foi puxada por Viviane para fora da sala comunal, levando-a até a sala vazia mais próxima.
- Você está bem, Lily?? – disparou a pergunta assim que fechou a porta, mas não esperou resposta – Tem alguma coisa que você queira me contar? Sabe que somos amigas, você pode me contar qualquer coisa, qualquer coisa...
- Do que você está falando?? O que aconteceu?
Mas novamente, Lílian ficou sem resposta, pois a porta se abriu abruptamente e em segundos Tiago estava a tinha colocado contra a parede.
- O que ele fez?? Você está bem?? Por que não me contou nada??
- Wooho! SERÁ QUE VOCÊS PODEM ME DIZER O QUE ESTÁ HAVENDO??
Tiago respirou aliviado e Viviane riu.
- Viu? Eu disse, não foi ela!
- Então quem foi? – perguntou Tiago, a preocupação voltando a sua expressão.
- QUEM FEZ O QUÊ??? – gritou Lílian, já cansada de não ser respondida.
Viviane respirou fundo e virou-se para sua amiga.
- Parece que o professor Auro foi demitido logo depois que uma aluna saiu da sala do diretor. Dizem que ela o acusou de estupro!
- E todo mundo tava achando que essa garota era você...
- Porque já espalharam que você andava tendo aulas particulares com ele. – Vi revirou os olhos.
- O professor Auro nunca faria isso... – disse Lílian, boquiaberta. Incredulidade em seus olhos.
Os outros dois a encararam. Viviane cruzou os braços, desafiadoramente.
- Então por que ele está com as malas prontas na porta do castelo?
Aquilo tudo lhe parecia um grande absurdo. Lílian deixou os dois na sala sem dizer uma única palavra e correu em direção à entrada do castelo.
Não, não era mentira, Jack Auro realmente estava saindo de Hogwarts. E seu semblante triste transbordava culpa. Lílian se aproximou dele. Podia sentir todos no saguão prenderem a respiração, todos os olhares atentos nela. Os olhos verdes marejados em choque.
- Professor... – disse em um fio de voz – ...é verdade?
- Eu... não sei. – ele desviou o olhar – Não consigo me lembrar...
- Não lembra?? – surpreendeu-se Lílian – Como assim??
- Eu...eu tinha...er...bebido muito...no baile...eu...eu sinto muito... tenho certeza de que...de que você...vai se virar muito bem sem mim...
***
E o dia que já começara mal para Lílian, terminou na ala hospitalar.
- O que houve??? – perguntou ela, parando de correr bruscamente, já que a entrada para a enfermaria estava fechada e estavam todos na porta.
- Ainda não sabemos ao certo, mas parece que metade do time da grifinória está desmaiado... – respondeu Remus em tom preocupado. Sirius, que andava de um lado para o outro, parou um garoto, que usava o uniforme de quadribol da Grifinória, ao sair da enfermaria.
- E então, Wood?
- Não sabemos de nada... os três estão em uma espécie de coma...
- Tiago?? – perguntou Lílian em tom desesperado.
Wood balançou a cabeça positivamente.
A ruiva levou as mãos ao rosto e foi logo abraçada por Viviane, que tinha chegado alguns segundos depois dela.
Viviane já estava levando-a para fora da ala hospitalar, quando Lílian notou um rato passando por debaixo da porta da enfermaria. Ela parou imediatamente e virou-se para Sirius e Remus, cujos olhares cheios de expectativas sobre o rato confirmavam sua suspeita. Logo depois Pedro saiu de uma sala qualquer e aproximou-se deles.
- Madame Healery acha que eles comeram ou beberam alguma coisa contaminada no vestiário... vão examinar a água de lá e tudo... Parece que essa substância causou um sono profundo e eles só vão recuperar a consciência depois de tomar o antídoto...
- Que antídoto?? – perguntou Sirius abruptamente.
- Não sei... Parece que eles têm que descobrir a substância primeiro...
- Como você ficou sabendo de tudo isso? – perguntou Viviane, meio confusa, meio impressionada.
- Ora, Vi – interveio Sirius, já que Pedro claramente não sabia o que responder – os marotos têm seus meios...
***
No jantar do dia seguinte, Dumbledore disse aos seus alunos que não havia nada com o que se preocuparem, as devidas providências já estavam sendo tomadas, eles teriam aula de DCAT ainda essa semana e o jogo de quadribol (Corvinal X Sonserina, que aconteceria em duas semanas) não seria desmarcado. E que os alunos na ala hospitalar estavam fora de perigo.
Mas Lílian tinha um mal pressentimento sobre isso tudo.
E parecia que não era a única.
***
Na aula de DCAT segunda-feira, os alunos tiveram uma bela surpresa.
- Estarei substituindo o professor Jack Auro até que ele retorne – a professora notou olhares duvidosos e até mesmo repreensivos sobre ela então resolveu ajustar a frase – ou até que um outro professor o substitua permanentemente.
Um garoto riu debochadamente e uma menina levantou a mão.
- Mas, professora... a senhora não dá aula de... Adivinhação?
- Sim – respondeu Lawren sorrindo – mas isso não significa que não conheço essa matéria também...
- Então a senhora vai prever o que vai cair nos nossos NIEM's e nos ensinar só isso... – disse o garoto que tinha rido antes.
A professora sorriu abertamente. Então virou-se para o quadro onde, após um toque de sua varinha, apareceram duas palavras em latim.
Apesar da surpresa inicial, Lílian já se distraíra. Olhava tristemente pela janela, completamente incapaz de manter-se na aula. Olhou ao seu redor. A presença de Tiago lhe fazia falta. E, além dele, Remus também estava ausente, por causa da lua cheia. Sirius lhe parecia muito desatento, enquanto Pedro tentava desesperadamente anotar todas as palavras da professora. Viviane fitava algum objeto ao longe sem realmente vê-lo. Lawren voltou a falar, mas Lílian não a ouvia.
- Vocês já conhecem o Feitiço de Bloqueio, o "Protego", que impede que feitiços hostis os ataquem... hoje vou lhes ensinar uma maneira de contra-atacar com o próprio feitiço hostil. É o Feitiço Espelho.
Ela se aproximou dos estudantes.
- Ex Adverso. Acho que vocês já podem imaginar o que ele faz.
- Esse feitiço não cai no NIEM's, cai? – perguntou um aluno.
- Talvez...
- Não, acho que ele não está no programa... – disse o mesmo garoto – Pra que eu vou querer aprender um feitiço que não vai cair?
- Por Merlin! – gritou a professora – Nós estamos em GUERRA! Não importa o que vai cair ou não em seus testes, mas o que será necessário em suas vidas quando saírem desse castelo! E este feitiço será importante para muitos de vocês.
Nesse instante, Lílian virou o rosto, até então voltado para a janela, para encarar a professora. O garoto continuou duvidando.
- Por acaso a senhora teve uma predileção?
Lawren apenas sorriu para ele e virou-se para o quadro novamente.
- Professora – chamou Lílian, fazendo a outra virar-se para olhá-la – você poderia dizer o feitiço novamente, por favor?
- Claro, Srta. Evans – ela sorriu –, tenho certeza de que lhe será de grande ajuda...
A aula passou-se então com os alunos divididos em duplas, praticando o Feitiço Espelho quando seu par lhe lançava feitiços simples e pacíficos.
Minutos antes do término da aula, contudo, a professora os fez parar e, sorrindo, lhes deu um último recado.
- Eu já ia me esquecendo... O Feitiço Espelho também pode ser usado para reverter algum feitiço que esteja agindo no momento...
- Como assim, Professora Clearfut?
- Hum... Por exemplo, se uma pessoa está sob a ação do Locomotor Mortis, que impede a pessoa de andar, além do Finite Incantatem, pode-se usar o Feitiço Espelho para revertê-lo, então se antes ela não podia se locomover, agora poderá andar com extrema facilidade e rapidez.
O sinal tocou, agitando a sala. Lílian, entretanto, continuava estática. Tinha a nítida impressão de que a professora não iria se esquecer deste "recado" de jeito algum e que ele era exclusivo para a turma da Grifinória, para sua turma.
"Ora, Lílian, o mundo não gira ao seu redor!", disse para si mesma, levantando-se e saindo da sala.
***
Lílian mergulhou de cabeça nos estudos e nos afazeres da monitoria. Quem a olhasse diria que estava perfeitamente bem, sem nenhum problema na cabeça, mas a verdade era que seus livros eram uma fuga, para que não se deixasse ser abatida pela preocupação com Tiago ou com a decepção com o professor Auro.
E estava indo muito bem... até aquela quinta-feira.
***
- O que você está fazendo?? – perguntou Viviane, apesar do riso.
- Não é óbvio? – perguntou Sirius, que a puxava em direção ao túnel de árvores.
- Mas a Lílian...
- Ela está bem, está na biblioteca... Olha – Sirius parou para encará-la –, eles já descobriram o antídoto, agora é questão de horas, ou no máximo de um dia, até encontrá-lo e trazê-lo. Se houvesse algo que pudéssemos fazer, eu já estaria fazendo. Tiago vai ficar bem! Só podemos esperar e acho que Lílian quer ficar sozinha... Então – ele puxou a garota pela cintura –, já que Pedro está na enfermaria com Remus, por que não aproveitamos pra ficar um pouco sozinhos também?
Sorrindo, ela se deixou ser beijada pelo seu namorado. As flores de primavera davam uma bela coloração ao local, aparentemente, vazio. O vento frio fazia as folhas verdes farfalharem. Foi quando eles começaram a ouvir um zumbido estranho.
***
- Lílian...você...você precisa...err...ver...vem comigo! – foi tudo o que um nervoso Pedro conseguiu dizer.
Com o coração acelerado, ela o seguiu até a enfermaria.
Uma forte angústia tomou conta dela assim que colocou os pés no local. O que diabos estava acontecendo??
"Não, Lílian, você não tem culpa de nada, é só coincidência...", disse para si mesma, enquanto se dirigia até a maca em que Viviane estava. O casal estava com a pele vermelha, irritada, com várias picadas, principalmente nos braços.
- Não se preocupe, Lily, foram apenas algumas picadas de insetos... – disse a amiga para acalmá-la.
- Mas o que aconteceu?
- Estávamos nos jardins – começou Sirius, na maca ao lado – quando um enxame de alguma coisa estranha nos atacou.
- Marimbondo – esclareceu Madame Healery, que então virou-se para Lílian. – Eles já foram tratados e em menos de 24 horas terão alta.
Assim que a enfermeira saiu, quem se demonstrou desesperado foi Pedro. E ela podia compreender inteiramente o motivo. Bastava olhar ao seu redor. Além de Sirius e Viviane, Remus estava também na enfermaria, bem como Tiago, parecendo estar em coma numa maca ao fundo, junto com os outros dois jogadores.
"O mundo não gira ao seu redor", repetiu a ruiva para si mesma, tentando se convencer de que todos aqueles acidentes eram realmente acidentes.
Ao saírem da ala hospitalar, Lílian viu medo nos olhos de Pedro. Ele pensava o mesmo que ela sobre o assunto.
- Eu sou o próximo! – gritou ele no corredor vazio, quando ela tentou confortá-lo – Você não vê?? Estão nos atacando um por um e eu sou o próximo! E se eles não conseguiram escapar, como eu vou conseguir?? Eu não sou nada sem eles!
- Calma, Pedro, eles estão bem! E ninguém fez nada ao Remus, ele só está lá por causa da lua cheia!
- Só por isso não fizeram nada, porque não precisaram! – o garoto falava numa velocidade que ficava até mesmo difícil seu entendimento – Eu vou ser o próximo! Eu não sou nada sem eles! Eu já não sou nada com eles! Um inútil, fraco, burro, covarde, que eles aturam por pena!
- Isso não é verdade, Pedro!
- Eu, eu queria ser como eles! – Lílian pôde ver um brilho estranho nos olhos dele – Inteligentes, fortes, populares, sem medo...
- Você é!
- ...mas eu nunca vou ser! – continuou ele, ignorando-a – NUNCA! Eu não sei nem me defender! E se me pegarem??
- Ninguém vai te pegar! Ninguém vai fazer nada contra você!
- Você diz isso porque você é especial, é diferente, é poderosa...você não precisa ter medo... eu queria ser assim...
Cabisbaixo, Pedro saiu andando. Lílian o seguiu imediatamente. Tentaria amenizar seu sofrimento o máximo que pudesse.
Depois dos dois já terem deixado o corredor, a porta de uma das salas, que estivera até então entreaberta, se abriu completamente e Snape saiu de lá. Crueldade em seus olhos, malícia em seu sorriso.
- Hum... parece que o clube dos marotos não é tão perfeito assim...
***
Após o jantar, Lílian e Pedro passaram mais uma vez na ala hospitalar. Tanto Viviane quanto Sirius mostravam-se entediados e de mau-humor. Remus, é claro, não estava lá. Tiago continuava desacordado.
- O antídoto ainda não foi encontrado?? – perguntou a ruiva, tentando não demonstrar a decepção em sua voz.
- Creio que não, minha querida, ele só é achado numa região montanhosa de difícil acesso. – respondeu a enfermeira num tom maternal – Mas amanhã já devem estar com ele.
- Cadê o Remus? – ouviu Viviane perguntar.
Lílian foi para perto dos outros e sentou-se na beirada da maca da amiga.
- Deve ter sido levado pra uma sala particular pra medicação... – inventou Sirius.
- Ãh... – fez a outra em compreensão.
Foi então que duas visitas não muito agradáveis surgiram, fazendo Viviane revirar os olhos.
- Picadas de marimbondo? – perguntou Cherr para Sirius, num tom de voz sério.
Com ela, veio também Amy, que olhava para todos os lados na grande sala.
- Sim, está feliz? – perguntou Sirius de maneira debochada.
A outra não respondeu. Parecia intrigada com alguma coisa. O silêncio que se seguiu foi quebrado por Amy.
- Cadê o Remus?
- Aqui embaixo – disse Viviane falsamente séria, puxando seu lençol –, quer vê-lo?
Lílian tratou de controlar o riso ao ver a expressão nada amigável de Sirius e reproduziu a resposta que havia sido dada à Viviane momentos antes.
- Sabe – continuou Viviane para Amy –, ele tem essa doença e precisa de privacidade, você pode sufocá-lo se ficar vindo na ala hospitalar o tempo todo... O que foi?? – perguntou para Lílian por causa do olhar de repreensão que recebeu desta – É a terceira vez que ela vem aqui!
O incômodo silêncio que se seguiu e o mau-humor demonstrado por Viviane em relação às duas garotas fez com que elas logo se retirassem. Lílian e Pedro já iam saindo junto com as duas, quando Viviane chamou pela amiga.
- Lily, me lembrei de uma coisa meio estranha agora... – ela então baixou a voz de modo que apenas ela e Sirius poderiam ouvir – na noite do baile, a Cherr voltou muito tarde... e ela parecia meio estranha sabe, envergonhada, preocupada...
- Você está querendo dizer que foi ela?
- Sim, eu acho que pode ter sido ela quem deu a queixa contra o professor...
A ruiva parou pensativa. Aquela hipótese não lhe parecia de todo absurda. Lembrava-se muito bem de que Cherr havia paquerado o professor no baile, chamando-o inclusive para dançar e que não havia visto nenhum dos dois pelo resto da noite.
- Mas será que ele fez mesmo algo com ela?
- Não sei... pode-se esperar de tudo vindo dela...
- Mas ela não tem motivos pra mentir!
- Nunca se sabe... – Viviane deu de ombros.
***
Pedro estava particularmente atrapalhado naquela aula de poções. Devido ao seu pavor recém-adquirido, acrescentado à sua natural insegurança, Lílian achou melhor sentar-se com ele na aula para ajudá-lo, entretanto, ele a havia rejeitado. O máximo que ela podia fazer era observá-lo da carteira de trás, porém sentia-se impotente.
O exercício era simples. O professor Strict havia lhes instruído sobre a sutil diferença entre uma Poção Calmante e uma Poção do Sono. Os alunos deveriam então fazer uma das poções, coletar uma pequena amostra do líquido, depois fazer a outra e também coletar uma amostra desta, para poderem assim lhe apontar que frasco continha qual poção, baseado nas diferenças ensinadas.
O único maroto presente na aula já tinha feito a primeira poção e colocado o líquido azul-marinho no pequeno frasco cilíndrico. Assim como Lílian, ele estava fazendo sua segunda poção.
Depois disso, tudo aconteceu muito rápido.
Um som de explosão. Pingos de líquido azul para todos os lados. Uma leve fumaça azulada. Um pequeno grito de dor. E Pedro com o braço esticado sangrando. O professor arregalou os olhos diante da cena e rapidamente chegou até o garoto, fazendo um feitiço de limpeza sobre o braço dele.
Aparentemente, o frasco de vidro que tinha em mãos para colocar a poção se partiu com a explosão em seu caldeirão, causando um ferimento no braço do garoto, que estava encoberto de líquido azul-petróleo.
Lílian não entendeu de imediato porque o professor se preocupou em limpar o braço antes de curá-lo, mas isso lhe foi explicado na enfermaria mais tarde, na hora do almoço.
- Há poções que, entrando em contato com o sangue, agem como se tivessem sido ingeridas, o que explica o motivo do nosso amigo aqui estar adormecido. – disse Madame Healery – Mas não se preocupe, querida, em questão de horas ele acordará.
- E aí, Lílian? Quer se juntar à nós? – brincou Viviane após a enfermeira deixar o local – Só falta você!
- Eu sei. – disse a outra séria – E é exatamente isso que me preocupa...
- Você não acha que...
- Acho.
- Mas eles não tinham desistido? – intrometeu-se Sirius na conversa.
- Tinham. Eu sei que o mundo não gira ao meu redor, mas é coincidência demais, vocês não acham?
- Olha – começou Viviane séria – logo nós dois teremos alta, depois o Pedro vai acordar e acho que hoje mesmo chega o antídoto do Tiago, então por que você não passa o dia aqui com a gente? Ninguém vai atacar a enfermaria!
- Estava pensando nisso... Mas não vou deixar de viver por causa deles! Ainda mais com o Remus aqui, tenho tarefas a fazer!
Pode-se dizer que foi por orgulho, ou por teimosia, ou ainda pela pretensão de que se é invencível, intocável. E isso, seja lá o sentimento escolhido, cobrou seu preço.
Lílian não teve tempo nem mesmo de virar para o corredor seguinte, depois da ala hospitalar. Nem mesmo viu a cor do feitiço que a atingiu pelas costas. Apenas sentiu sua visão lhe abandonar, seguida por todos os seus outros sentidos.
Acordou então na torre escura, cansada e sozinha. Sentindo-se realmente fraca, vulnerável, frágil...
***
- Bom dia, Lily! – disse Bellatrix sorridente.
A bruxa entrou e fechou a porta num movimento tão rápido que Lílian não conseguiu identificar o feitiço. Sua varinha trazia uma pequena chama na ponta, com a qual ela foi acendendo as cinco toras que haviam espalhadas pela parece circular do local.
Lílian estreitou os olhos, que doeram com a claridade repentina.
- Há quanto tempo eu estou aqui? – perguntou, tentando manter-se calma.
Apesar de sua vontade ser pular no pescoço da outra, sabia que não teria forças para lutar contra alguém que possuía uma varinha.
- Não se preocupe, querida, o "bom dia" foi simbólico, você está aqui há apenas poucas horas...
- E por que você me trouxe pra cá? Pensei que vocês tinham desistido de mim...
- E desistimos! – Bellatrix mantinha seu sorriso falsamente amigável.
- Então eu não entendi.
- Ora, querida, você não acha que eu vou ficar aqui perdendo o meu tempo como um vilão tolo que conta pro mocinho da estória todo o seu plano, né? Só vim verificar como você está, agora vou indo. Tchauzinho...
E antes mesmo que pudesse responder, ou que pensasse em prestar mais atenção nos movimentos da outra, estava mais uma vez sozinha na torre. Jogada à sua própria sorte.
N/A: Tá, eu sei que não dei pra entender realmente tudo, mas tenho que manter meu suspense pro próximo capítulo, né?? E olha, gente, desculpe mesmo pela demora, minha beta foi lindamente rápida pra me retornar esse cap (né, Mila, eu nem precisei fazer uma ameaça de morte via icq, né?? Nem...) e, apesar disso, ainda não estou mt bem no próximo, pq acabei de sair da semana de provas e agora é que estou voltando pro me lindo Word...
Mas tenho uma boa notícia!! Ou ruim, se vc não me agüenta mais...hehehe... durante um estudo pra uma prova (minha criatividade adora atrapalhar meus estudos!) eu tive uma idéia pra uma outra fic... seria o mesmo shipper, mas independente desta e do ponto de vista do Tiago! Como num diário, mas sendo um caderno no qual há conversas entre os marotos, entre outras coisas... então, o que vcs acham?? Devo investir nessa idéia?? Devo? Devo?? :P
Nossa, nunca uma review minha ficou tão longa... Então, estou esperando reviews heim!!
