N/A: Estou só substituindo o capítulo, que minha Beta (ela tá tiva!! :P) me mandou hj, nada demais, nada de novo, quem já leu (obrigada!) não precisa reler, quem ainda vai ler (obrigada tb!! :P) não lerá erros e agora tem divisões entre cenas...rs...bjs, até a próxima!
Capítulo 15: A Casa
Londres, dois anos mais tarde...
Tiago andava de um lado para o outro na sala, passando a mão pelos cabelos nervosamente de tempos em tempos. Sirius, sentado à mesa, apenas ria.
- Por que você não simplesmente pede? – perguntou Sirius sorrindo.
- Não é tão simples assim!!
- Ora, é sim! Você pede, ela aceita e pronto! Viverão felizes para sempre!
Tiago parou em frente ao amigo.
- A palavra "guerra" significa alguma coisa pra você?
- Sim. – Sirius respondeu sério – Significa que nós não podemos perder tempo, pois podemos não estar vivos amanhã. Significa que devemos fazer tudo o que queremos fazer para, se morrermos amanhã, sabermos que morreremos felizes...
O outro respirou fundo. Sabia que o amigo estava certo, era exatamente isso que ele estivera pensando nos últimos dias. Talvez semanas.
- Mas o que eu faço? O de sempre? Jantar romântico, anel caro, vinho, pedido?
- O que mais ela pode esperar? – perguntou Sirius, claramente se divertindo com a situação do outro. – Faça com que ela beba bastante antes de lhe fazer o pedido...
- Sirius, é sério! Eu não sei o que fazer!!
- Vocês vão jantar fora hoje, não vão? Leve-a para um restaurante romântico, aconchegante... e, sim, claro, o anel é importante... ora, Pontas, você sabe muito bem o que fazer! Vamos, vamos a uma joalheria agora mesmo!
- Obrigado, Almofadinhas. – disse Tiago sorrindo, enquanto pegava seu sobretudo ao lado da porta para saírem.
:.:
- Ela deve ser mesmo especial... – disse a vendedora da joalheria, após atender Tiago durante uma hora sem que ele ainda tivesse se decidido.
- Que tal essa? – sugeriu Sirius, mostrando-lhe um anel cravejado de diamantes.
- Não, muita coisa. Tem de ser um anel mais suave, brilhante e ao mesmo tempo delicado... faz sentido?
Sirius apenas ria da cada de bobo do amigo, cujos olhos brilhavam intensamente.
- Então acho que este é o ideal. – disse a vendedora, com um anel cujas pequenas, porém brilhantes, pedras de esmeralda se encaixavam perfeitamente com a descrição dada.
Tiago sorriu entusiasmado e tanto Sirius quanto a atendente suspiraram aliviados.
Com o anel no bolso de Tiago, eles voltaram para a casa deles.
- Anda homem, está na hora de agir! – incentivou Sirius.
Após passar a mão pelos cabelos mais um vez, Tiago tirou seu casaco e foi tomar um banho. Entretanto, teve de se apressar ao ouvir os sons do chamado do Auror Center nos broches, que estava em seu próprio casaco e no de Sirius, que consistia numa discreta fênix. Prontos, eles saíram do apartamento pra desaparatar. Era pré-requisito de segurança o feitiço contra se aparatar ou desaparatar dentro dos apartamentos. Ninguém queria ter uma visita inesperada no meio de uma noite.
:.:
- Sr. Potter, Sr. Black, estão esperando por vocês na sala 321. – disse Damon assim que eles aparataram no único local permitido, uma sala especial que ficava sob vigilância 24 horas.
Eles então se dirigiram a uma sala ao fim do corredor do terceiro andar. Na longa mesa retangular já estavam sentados Viviane, Remus, Pedro e Lílian, ao lado de quem Tiago sentou, sendo seguido por Sirius. Além deles, havia mais quatro outros Aurores que eles só conheciam de vista. Presidindo a mesa estava Matt, um renomado Auror pertencente à Primeira Classe da Ordem de Merlin.
Durante o exercício de suas profissões, eles evitavam cumprimentos íntimos, tratando-se formalmente. Tiago já estava acostumado com isso, contudo esse fato não o fez deixar de se sentir nervoso e agitado ao lado de Lílian.
- Bom, agora que já estamos todos presentes, queira, por favor, Sr. Longbotton, nos passar a missão?
- É claro, Sr. Connor. – disse o homem de cabelos castanhos e olhos vívidos. – ele apontou a varinha para um disco a sua frente na mesa e ali apareceu o mapa de um casarão em terceira dimensão. Apontou então para o que parecia ser o porão, grande o suficiente para ser outra casa – Aqui, segundo nossa mais recente fonte, é uma das possíveis entradas para a Fortaleza Negra. Logicamente há dispositivos mágicos que a bloqueiam, além dos vigias permanentes que moram na casa e o Feitiço de Confusão que há no local todo. Por mais incrível que possa parecer – em uma breve pausa, ele riu – a casa se situa num bairro trouxa.
- Por isso demoramos tanto pra achá-la! – desabafou uma das Aurores, uma garota que, Tiago se lembrava, chamava-se Alice – Tínhamos tanta certeza de que eles nunca se misturariam com trouxas que nem pensamos nessa hipótese...
- Exatamente. – continuou Longbotton – Mas eles pensaram nisso.
- E já temos um plano? – perguntou Viviane animada.
- Sim. Nossa missão é descobrir a entrada. Então haverá o ataque surpresa.
Longbotton então lhes explicou todos os detalhes da missão, que seria posta em prática mais tarde, ainda naquela noite.
No vestiário masculino, Tiago trocava de roupa tristemente, colocando seu colete de couro de dragão.
- Lá se vai meu jantar... logo agora que eu tinha tomado coragem!
- Não se preocupe, Pontas, estamos cada vez mais próximos de tomar a Fortaleza deles... quem sabe a guerra não acaba antes do previsto e vocês podem ter uma lua-de-mel decente?
- Você ia pedi-la em casamento?? – perguntou Remus, que trocava agora sua documentação por uma falsa, que eles já dispunham para missões de disfarce. Ser identificado no momento errado podia ser realmente perigoso.
- Sim, hoje. – respondeu, sem poder evitar o sorriso bobo – Ela vai aceitar, não?
Os outros três marotos se entreolharam e reviraram os olhos.
- Não! – responderam juntos.
O riso levantou o astral do local, sempre arrasado pela guerra.
:.:
- Já estava se arrumando? – perguntou Lílian sorrindo, reparando nos cabelos molhados do rapaz, já que ainda era cedo para se aprontar pro jantar.
Tiago esperou que ela saísse da frente da máquina de café para encher seu copo de isopor. Tentou amenizar a expressão com uma cara de despreocupado.
- Só tomando um banho, assim como você...
- Chamados urgentes não nos deixam pensar nem em secar o cabelo com um feitiço, né? – ela parecia só ter reparado nisso naquele momento.
Ambos riram.
- Na verdade, é uma pena... – deixou escapar ele, arrependendo-se em seguida.
- Hum... preparando surpresas, é, Sr. Potter?
- Não era nada demais...
A ruiva estreitou os olhos e ele pôde sentir que estava sendo analisado. Mas já era tarde demais, sua mão já estava em seus cabelos.
- Vai contar ou eu vou ter de descobrir sozinha?
- Segunda opção. – ele ajeitou seus óculos, recobrando sua confiança – Pode ter certeza. E aviso logo, não vai ser nada fácil...
- Hem... hem... – fez Viviane sorrindo, que sempre fazia questão de perturbar um momento romântico dos dois – Somos responsáveis ou o quê? – ela então assumiu seriedade – Já está tudo pronto. Vocês saem agora... Até mais...
Ela ligou um cronômetro em seu relógio e sentou-se na saleta.
Lílian, Tiago e mais três Aurores, todos vestindo roupas trouxas normais, deixaram o prédio. O casal foi de carro até o bairro indicado, que ficava a vinte minutos de lá. Estacionaram no quarteirão anterior ao da casa em questão e foram andando calmamente, como um casal qualquer que vai dar um passeio no fim de tarde.
- Que disfarce chato, não? – perguntou Tiago em voz baixa, enquanto entravam numa sorveteria naquela mesma calçada, um pouco depois da casa.
- Concentre-se, Pontas! Olha, acabaram de entrar na casa em frente. E Remus já deve ter entrado na cabine telefônica... aliás, você gostou da roupa dele? – Lílian não conteve o riso.
- Lindo, ou devo dizer, linda? Não sei se eu preferi as luvas brancas de renda ou a "sombrinha"... Sirius também estava muito bem...
Lílian, que ia fazer algum comentário, foi interrompida pelo barulho estridente de uma explosão, seguida de um grito agudo feminino.
- Viviane. – murmurou ela calmamente.
Como todos os trouxas do local, eles se levantaram e foram para a rua ver o que tinha acontecido. Na porta da tal casa, Viviane encontrava-se no chão, teoricamente desmaiada e sangrando, enquanto a porta da casa havia sido destruída. Ao lado da garota, uma Auror do grupo, Alice, gritava ajoelhada ao chão.
- UM ATENTADO! UM ATENTADO TERRORISTA!! ALGUÉM AJUDE!! CHAMEM UMA AMBULÂNCIA!! SOCORRO!! SOCOOOOOOOOORRO!
Ela se levantou e começou a apertar freneticamente a campainha da casa.
- Com licença, eu sou médico, deixe-me ver se ela está bem! – disse Frank, passando por entre os curiosos que se juntavam ao redor delas e ajoelhando-se ao lado de Viviane.
Uma mulher apareceu à porta da casa. Parecia não saber o que fazer. Se denunciaria se usasse magia ali, não podia deixar aquelas pessoas à porta, mas também não podia expulsá-las.
- Por favor, ajude a minha amiga! – pediu Alice.
- Podemos entrar? Preciso de álcool, água fervendo, panos limpos... e que chame uma ambulância.
- Entrar? – repetiu a mulher, como se aquilo fosse um absurdo.
- Sim. Ajude aqui. – pediu Frank a um rapaz da multidão, que logicamente era outro auror, Pedro.
E assim eles foram entrando, já que o portão estava destruído e a mulher não tinha como impedi-los sozinha, sem o uso de mágica. Assim que os dois colocaram Viviane no sofá, viraram-se para a mulher com varinhas em punho e a enfeitiçaram para desmaiar. Alice já estava no corredor, lançando um feitiço sobre um homem que saíra de um dos quartos. Viviane levantou-se e eles começaram a explorar a casa.
Assim que a porta da frente foi fechada, a confusão se dissipou na calçada. Lílian e Tiago começavam a voltar para a sorveteria quando foram parados por um homem muito sujo, vestindo trapos rasgados.
- Uma ajudinha, por favor? Qualquer coisa serve... – pediu o homem.
- Claro. – disse Lílian pegando algumas moedas num bolso. Depois baixou seu tom de voz consideravelmente – Mas você vai me devolver isso, Almofadinhas.
- Muito obrigado, que Deus lhe pague! – disse o mendigo antes de se afastar, sentando-se na calçada, praticamente na frente da casa.
Ele contava suas moedinhas animadamente, enquanto uma senhora passava lentamente pela sua frente.
- Uma ajudinha, por favor?? – pediu.
- Sinto muito, meu filho... – respondeu a senhora em uma voz típica, mas com um sorriso maroto – hoje não dá, fica pra próxima...
Sirius fechou a cara e Remus continuou andando.
As luzes da sala da casa piscaram três vezes.
- Nossa vez. – disse Tiago pagando a conta da sorveteria.
O casal deu a volta no quarteirão e entrou pelos fundos. Remus entrou nos jardins da casa ao lado, que estava fechada, e, usando sua varinha, criou uma porta no muro rapidamente, passando então para os jardins de fundo da tal casa.
Além de luxuosa, a casa era realmente grande. Por dentro, mais ainda do que parecia ser por fora. Remus deixou a sombrinha no chão e continuou andando pelo corredor que parecia não ter fim. Varinha em mãos, sentidos atentos, não viu nem ouviu ninguém. Onde raios estavam os outros?? Talvez já tivessem achado a entrada para o porão. Continuou andando.
:.:
Tiago e Lílian se faziam exatamente a mesma pergunta. Por mais que andassem, a casa parecia vazia. Com muito cuidado, um deles abria as portas dos cômodos enquanto o outro já estava preparado para um possível ataque a um ocupante. Mas nunca havia ninguém dentro deles.
:.:
Viviane havia seguido Alice, indo então para a grande cozinha. Entretanto, já tinha chegado ao extremo oposto da cozinha e não vira a Auror. Girou, olhando ao seu redor.
- Alice?? – arriscou-se a chamar, sem contudo ouvir resposta.
Ela voltou então para a sala, que encontrava-se deserta. Olhou para os lados desconfiada. Aquela casa lhe parecia muito estranha. Resolveu checar o segundo andar. Seguiu pela bela e imponente escadaria de mármore.
:.:
- Estranho... – disse Remus depois de andar por aquele andar todo – Eu podia jurar que tinha deixado a sombrinha por aqui...
Com um olhar desconfiado, continuou a andar em alerta. Se houvesse alguém ali, com certeza já teria notado sua presença.
:.:
- Alice? – tornou a chamar Viviane – Frank? Lílian? Tiago? Remus? Sirius? Não é possível que não tenha ninguém na casa! Nem mesmo um Comensal...
Viviane parou no corredor, olhando desconfiada. Estava tudo muito quieto, muito silencioso, muito suspeito. Talvez fosse apenas prepotência do Lorde das Trevas, que achava seu esconderijo tão seguro que não era necessário colocar muitos Comensais para guardar a entrada, ou simplesmente fosse tudo uma armadilha para Aurores, na qual eles já tinham caído.
:.:
Foi a essa precisa conclusão que cada um deles foi chegando. Mas apenas Lílian tinha como entender tudo.
- Nada também... – disse frustrada após checar o último cômodo do segundo andar – Espere, estou sentindo alguma coisa estranha...
- O quê? – perguntou Tiago, pondo-se em posição de defesa.
- Não, não é magia negra, é uma energia conhecida... Viviane? – chamou, mas sua voz saiu apenas em um sussurro.
- Ela não está aqui, Lily, o andar está vazio...
- Não, aqui exatamente não... É isso! Não é um simples Feitiço de Confusão, tem um Feitiço de Dimensões aqui!
- Você está dizendo – Tiago foi acompanhando seu raciocínio – que estamos cada um em uma dimensão diferente, e que por isso achamos que estamos sozinhos?
- É! Só pode ser isso! E eles devem pensar que estão sozinhos na casa também! Oh, não...
- Então pode haver mais gente na casa, não é mesmo? – disse a conclusão a que Lílian também tinha chegado.
- Sim...
- Mas nós dois estamos na mesma dimensão... – disse Tiago.
- Talvez porque não nos separamos em momento algum...
- Então... e se nós saíssemos e entrássemos de novo? Seria outra dimensão, talvez encontrássemos alguém...
- É possível... Vamos tentar! – disse Lílian, já apressando-se em sair.
Tiago a seguiu de perto e logo eles estavam no quintal dos fundos. Parados em frente à porta, eles respiraram fundo e deram as mãos. Não queriam correr o risco de irem parar em dimensões diferentes. Depois entraram.
Lílian teve certeza não só de sua teoria, como também de que estavam em uma dimensão diferente da anterior agora, pois a primeira coisa que avistou quando entrou foi uma sombrinha branca: a sombrinha do disfarce do Remus.
Ouviram então o som de passos rápidos descendo a escadaria da sala. Já estavam com as varinhas a postos, prontos para um ataque, quando reconheceram Pedro.
- Tiago! Lílian! Que bom ver vocês! Todos sumiram aqui!
- Shiii! – fez Tiago, censurando o barulho que o outro fazia.
- E agora? – perguntou Lílian – Não podemos ficar entrando e saindo o tempo todo pra ver se achamos todos, podemos ficar a noite toda fazendo isso sem sair dessa dimensão...
- Eu sei, eu sei... bom, vamos tentar achar a passagem, talvez algum deles já a tenha achado e não podemos deixar ninguém enfrentar sozinho a Fortaleza Negra.
:.:
Sirius estava achando bastante estranho o silêncio que predominava na casa. Nenhuma rajada de luz, nem um único sussurro. E pelo o que podia ver pelas janelas frontais, a casa estava aparentemente vazia. Resolveu entrar, podia ter acontecido alguma coisa e os outros estariam precisando de ajuda. Acenou para os dois aurores que estavam no prédio à frente e deu a volta para entrar nos fundos da casa, basicamente como Remus havia feito.
:.:
Viviane resolveu descer e procurar pela passagem sozinha. Andava calma e silenciosamente pelo corredor principal, verificando cada quadro, cada saliência na parede, cada pedaço do chão, tudo. Mas não encontrou nada. Ouviu, contudo, um barulho estranho, quando estava próxima à saída dos fundos da casa. Segurou firme sua varinha e esperou. Viu que um vulto se aproximava.
:.:
- Calma, Chéri, sou só eu. – disse Sirius, sorrindo e abaixando sua própria varinha.
- E isso é motivo pra eu me sentir segura? – perguntou Viviane, que na verdade estava agradecendo aos céus por não estar mais sozinha – Aliás, não tinha um apelido melhor pra me chamar, não?
- Ora, isso é "querida" em francês... não gostou, não? – provocou Sirius, sabendo muito que Viviane se referia à analogia com o nome de uma certa garota.
- Você nem sabe se é mesmo assim... – rebateu ela, virando-se e retomando sua busca à passagem.
:.:
Depois de rodar a casa inteira, Frank parou na sala, pensativo. Que tinha se perdido de todos os outros devido a um feitiço, ele já sabia. Mas desconfiava de que haveria outro feitiço, relacionado com o local da passagem. E ele não tinha encontrado feitiço algum. Então, o que ele deveria procurar era um feitiço diferente, e não uma passagem propriamente dita.
:.:
- A passagem não vai estar muito óbvia, vai ser muito diferente de como procurar uma em Hogwarts! – disse Pedro, de uma maneira pessimista e desanimadora.
- Claro que vai ser diferente! Mas vamos achá-las assim mesmo! – contrapôs Tiago.
- O que vocês acham de uma Chave do Portal? – sugeriu Lílian.
- Mas aí a casa não seria uma entrada em si, mas uma porta para uma entrada... nossa fonte não disse que era na casa?? – descordou Pedro.
- É verdade, e aquele comensal já tinha tomado uma dose de elefante de veritasserum... – disse Tiago – Vamos continuar procurando por passagens...
:.:
Viviane, por outro lado, andava tocando em todos os objetos presentes naquela casa. Sirius fazia o mesmo. Como Lílian, também haviam pensado na possibilidade da Chave do Portal. E realmente acharam uma.
- Viviane? – chamou Sirius, quando se deu conta de que estava sozinho no que parecia ser um escritório.
Ele se dirigiu ao local onde a garota esteve pela última vez e começou a tocar em todos os objetos, até que parou em um cinzeiro e tudo ao seu redor começou a rodar até tornar-se um borrão. O chão desapareceu e Sirius sentiu a si próprio rodar. Quando o chão reapareceu e as cores voltaram ao normal, ele estava em uma cidade estranha, mais precisamente num beco escuro.
Havia alguém mais à frente. Sirius levantou-se de um salto, já em posição de batalha, mas reconheceu ser Viviane.
- Onde nós estamos?? – ela perguntou preocupada, saindo do beco para a rua.
- Provavelmente outro país. – disse ele, guardando sua varinha, já que eles pareciam estar num bairro trouxa.
Os carros andavam velozmente pela rua. A noite estava nublada e quente. Logo eles tiraram seus sobretudos, devido ao calor. Andando pela estranha rua, olharam um placa e não conseguiram entender a língua, tampouco pronunciá-la. Parecia que eles estavam muito longe. E desaparatar de lugares longes assim, sem nem saber sua posição exata, era muito perigoso.
:.:
Remus, por sua vez, teve mais sorte: uma senhora perdida numa cidade cuja língua natal era o inglês.
- Com licença, meu jovem – chamou ele, com a voz característica de uma senhora de idade –, aonde estamos?
O rapaz, com um visível sotaque norte-americano, disse o nome de uma rua que ele reconheceu como sendo na Flórida. "timo, agora precisava achar um bruxo na cidade, para poder voltar.
Como não previra que haveria passagens falsas na casa?
Tentou comunicar-se pelo broche da Fênix, mas tudo o que ouvia eram ruídos e chiados.
:.:
Após mais de uma hora de procura por uma espécie de porão ou passagem que levasse à Fortaleza Negra, que eles acreditavam ser subterrânea, todos os ainda restantes na casa estavam cansados e desanimados.
- Mas por que seria um porão? – perguntou Pedro, sentado nos últimos degraus da escadaria de mármore.
- Por que a base deles, pra ser bem escondida, deve ser subterrânea... – respondeu Lílian, mas como pensamento do que uma resposta em si.
- Não se eles acharem que nós pensaríamos assim! – animou-se Tiago.
- Então pode ser algo como...sei lá... um sótão? – sugeriu Pedro.
- Mas essa casa tem dois andares! – disse Lílian – Nós já revistamos o segundo andar e... teríamos visto algo se...
- Invisibilidade não é algo incomum na magia. – disse Tiago sorrindo.
- Claro. – Lílian também sorria – Só espero que você nunca tenha entrado no banheiro feminino com a sua capa...
- Quando você descobriu da minha capa? – perguntou Tiago, olhos estreitos na direção da garota que sorria – Tipo, em Hogwarts? É lógico que já a usamos em missões, mas antes disso, você já sabia, não?
- Claro que sabia... era meio óbvio que vocês deviam ter algo do tipo, de que outra maneira poderiam fazer o que quisessem no castelo sem que ninguém os pegasse? E depois que começamos a namorar, eu fui reparando em algumas coisas que vocês deixavam escapar... como o mapa, por exemplo...
- Você sabia do mapa??? – surpreendeu-se ele.
- Sim. Tanto eu quanto Viviane! – ela apenas ria – E vocês têm sorte de eu nunca os ter delatado!
- Hem-hem... – fez Pedro, cortando o clima dos dois.
- É claro, estamos em terreno inimigo, não podemos nos distrair... – Tiago ficou sério.
Lílian ainda sorria. Sabia que não havia perigo enquanto estivessem naquela dimensão. A intenção daquele feitiço não era qualquer tipo de ataque, mas fazer os inimigos desistirem, era vencer pelo cansaço, por não terem achado nada. Sua mente vagava era pelos olhos castanhos daquele homem à sua frente. Quantas vezes o tinha recusado? Quantas "saídas" com ele tinha perdido? Quantos anos desperdiçados? Será que, se não tivesse voltado no tempo naquela vez, teria conseguido ficar com ele mesmo assim? Nem gostava de pensar nisso, provavelmente teria sido expulsa de Hogwarts, passando anos de sua vida num manicômio bruxo, enquanto uma guerra se desenrolava do lado de fora e nunca teria tido a chance de tê-lo. E, provavelmente, nem saberia o que estaria perdendo! Já que teria continuado a detestá-lo... Ainda bem que as coisas não estavam assim... ainda bem, porque ela se esquecia completamente do horror da guerra apenas olhando para aqueles olhos castanhos, apenas recebendo um sorriso dele.
- Lily? – chamou Tiago, estendendo uma mão para ela - Você não vem?
O sorriso que ele tinha no rosto evidenciava que ele tinha percebido a cara de boba-apaixonada que ela fazia, o que a fez sentir-se ridícula por um momento. Mas ridícula por quê? Ela tinha o direito de fazer essa cara, não era mais aquela adolescente que não conseguia admitir que gostava dele, agora ela sabia, e admitia, que o amava. E ele sabia disso. E o mundo sabia disso. Porque eles faziam questão de que todo o mundo soubesse.
- Vamos aonde? – perguntou ela sorrindo, não se importando de demonstrar que não prestara atenção à última parte da conversa.
- Procurar um sótão. – respondeu Tiago, retribuindo o sorriso.
- Claro. – disse ela, segurando a mão dele e seguindo Pedro, que já subia a escadaria.
:.:
Frank tentou, pela enésima vez, fazer o comunicador na Fênix funcionar. E finalmente conseguiu. Porém, com chiados e ruídos, tudo o que pôde entender foi que eles procuravam um tipo de sótão. Com sorte, Alice também teria escutado isso. Então ele foi, também, para o segundo andar.
Por mais incrível que isso possa parecer, agora que ele sabia o que procurar, não foi tão difícil assim avistar uma entrada para um sótão no teto.
:.:
Encontrar realmente não foi difícil, mas o passo seguinte foi. Uma vez nas escadas, que tinham a forma espiral, para o sótão, não conseguiam encontrar a saída. Eles subiram, subiram, continuaram subindo, e subiam cada vez mais, sem, contudo, ver o fim das escadas. Aquilo estava realmente estranho. E cansativo. Por mais que andassem, nada mudava ao redor deles, exceto pela entrada que se distanciava. Era como se eles fossem chegar ao céu. Ou talvez não estivessem saindo do lugar. Pedro sentou-se, cansado. Lílian chamou Tiago, mostrando que o outro tinha parado.
- Não podemos desistir agora! – tentou animá-lo Tiago.
- Isso mesmo, Pedro, vamos! – completou a garota.
- Mas essa escada não tem fim!!
- Esperem! – exclamou Lílian – E se a gente já tiver chegado ao fim dela??
- Ãh? – fizeram os dois ao mesmo tempo.
- É! A gente já deve estar no fim e agora não saímos do lugar, por mais que a gente suba!
- É claro! – levantou-se Pedro, reanimado – Faz sentido!
- Faz? – perguntou Tiago.
:.:
- "timo. Estou subindo sozinha uma escada infinita para o nosso maior inimigo. Por que eu não simplesmente desisto? – perguntava-se Alice.
A resposta, porém, era tão óbvia que a mantinha subindo e procurando um saída: porque alguém poderia estar precisando de reforços, caso tenha encontrado um Comensal.
E, como se o destino quisesse reforçar essa idéia, um som de passos foi ouvido do outro lado da parede à sua esquerda. Voltando dois passos, Alice encostou o ouvido na parede e, apesar de não ouvir nada, teve a nítida sensação de que ali era uma passagem.
:.:
- Com licença. – Viviane chamou a atenção de uma senhora que passava pela rua. Esta, por sua vez, assustou-se, arregalando os olhos quando avistou o mendigo, ou melhor, Sirius – A senhora poderia me informar aonde estamos?
Nem Sirius nem Viviane entenderam a resposta, nem a senhora parecia ter entendido o que havia sido perguntado.
- "timo. – ironizou a garota, após a velha ter ido embora – Vamos voltar para o beco.
- Ora, chéri, não acho que a hora seja apropriada pra isso, mas se você insiste...
- Sirius! Você me entendeu! Vamos, lá ninguém vai nos ver... – ela sorriu antes de continuar – ...usando magia.
A morena se ajoelhou no chão, onde abriu um mapa da Inglaterra. Com um toque de sua varinha, a Inglaterra afastou-se e ao seu redor apareceram os outros países, de todo o mundo. Ela então tirou seu cordão, que era um pêndulo, e começou a circular o cristal do cordão sobre o mapa.
- Não... Estamos num país tropical... – disse Sirius, que olhava por cima do ombro dela – Desce mais o cristal... vai mais pra América do sul... a língua deles parece meio latina...
Ela tirou o pêndulo de cima do mapa.
- Se você sabe aonde estamos, por que não disse logo? – irritou-se.
- Porque precisamos ter certeza, não? – o sorriso dele entregava seu divertimento.
- Certo. – disse ela, voltando a pendular. Arregalou os olhos quando o cristal parou sendo atraído pelo mapa. – Brasil?
- Uhu! Muito bom! Será que estamos em alguma época de carnaval?
- Nem vai se animando! – ela estava dividida entre ficar séria e sorrir – Nós temos que voltar! Mesmo porque você não vai conseguir ninguém do jeito que você está gatinho...
- Eu sei. – mas Sirius ficou bem sério – Eles podem estar precisando de nós. Quem sabe um dia voltamos pra cá, Viv?
- Você tem uma Chave do Portal móvel com você? – perguntou ela, ignorando a provocação.
- Só para curtas distâncias. Digo, inter-continentes, não.
- É, nem eu... vamos dar um jeito nisso logo.
Saindo do beco, ela estendeu o braço cuja mão segurava a varinha. Logo um ônibus bruxo – bem colorido, diga-se de passagem – parou ao lado deles. A língua falada eles não entenderam, mas uma vez no ônibus, seria mais fácil ir para a embaixada bruxa inglesa naquele país e, então, conseguiriam uma Chave do Portal para voltarem. Só esperavam fazer isso a tempo.
:.:
- E agora? Como vamos descobrir a senha?? – perguntou Pedro – É melhor irmos embora... já cumprimos a nossa missão, achamos a entrada, agora precisamos de mais times de Aurores pra atacar...
- Mas eles logo vão perceber que estivemos aqui. – opôs-se Tiago – Se demorarmos, quando voltarmos não encontraremos mais nada aqui!
- Eles já sabem que estamos aqui. – disse Lílian – Só não acham que a gente vá conseguir entrar.
- Somos muito poucos! Só nós três...vamos morrer se entrarmos! – desesperou-se Pedro.
- E vamos ter nos arriscado à toa se não entrarmos! – argumentou Tiago – Meses de trabalho à toa! É agora ou nunca!
Os três, parados em degraus diferentes da escada, encaravam a parede.
- É aqui, eu sei que é! – repetiu Lílian.
- Vamos ou não? – ninguém respondeu. Tiago então sorriu – Não precisamos de senha...
Ele se aproximou da parede, pedindo para os outros se afastarem um pouco mais e proferiu um feitiço de explosão:
- Bombarda!! – Contudo, nem um arranhão foi feito na parede.
- É, acho que não deu... – disse ele – mas valeu a tentativa...
Lílian então teve uma idéia. A parede, ou o feitiço que a protegia, não podia ser tão resistente. Pegou um frasco de Poção Explosiva que trazia no bolso.
- Tiago, conte até três e azare a parede de novo. – disse decidida.
Sem nem contestar, ele simplesmente começou a contar:
- Um... – Lílian concentrou-se, dirigindo toda a sua força mágica excessiva para explodir qualquer coisa inflamável que pudesse haver do outro lado da passagem, desde papel até os móveis – Dois... – apertou o frasco em sua mão, pronta para jogá-lo, concentrando-se ao máximo – Três!
B-U-M!! Uma forte explosão. Fumaça. Calor. E um enorme buraco na parede.
:.:
Ambos, Frank e Alice, foram jogados para trás com a explosão. O estrondo foi facilmente ouvido. E as conseqüências sentidas. Alice desmaiou na escada e Frank, que por sorte estava um pouco mais distante do local do que ela, rolou na escada mas pôde curar a torção em seu pé e proferiu um feitiço para amenizar a dor.
:.:
Luzes. Rajadas de luz. Gritos. Azarações. Poções voando. Um ataque surpresa. Vantagem. Território inimigo. Desvantagem. Logo Frank se uniu a eles. Quatro dos melhores Aurores vivos. Vantagem. Muitos Comensais na base. Desvantagem.
Após a passagem, eles sentiram como se estivessem em uma sala de um castelo medieval. Naquele recinto, havia poucos Comensais, que foram facilmente derrotados, mas à medida em que subiam e exploravam os outros andares da base, a batalha se intensificava. Até que todos os Comensais pararam, de repente, de lutar. Então apareceu um outro Comensal, cuja expressão não refletia medo ou agitação, mas superioridade e raiva. Com um andar imponente, ele se aproximou dos quatro.
Frank tentou um ataque, mas parecia haver um escudo protetor na frente do Comensal, que sorriu e azarou seu inimigo. Frank caiu desmaiado no chão. Tiago então tentou atacar, enquanto Lílian apenas concentrou sua energia para uma defesa. E foi isso que salvou suas vidas pois, assim como aconteceu com Frank, aconteceria com Tiago, mas Lílian também sabia como projetar um escudo protetor.
Olhou ao seu redor, procurando ajuda, mas Pedro parecia ter desaparecido. Felizmente, Alice chegou ao local e isso distraiu o Lorde das Trevas. Lílian então incendiou o salão e todos aproveitaram para tirar Frank dali e aparatarem.
:.:
Os primeiros raios solares apareciam no horizonte quando Sirius e Viviane chegaram à base dos Aurores.
- Chave do Portal falsa? – perguntou Remus, que já trajava suas vestes normais.
- Sim, Brasil. E você? – perguntou Sirius.
- Estados Unidos. Viviane?
- Fui pro Brasil com ele...Cada um com seu karma... – brincou ela – Você está bem?
- Aham... – fez Remus apenas.
- E os outros? Todos bem? – perguntou Sirius – Íamos voltar para a casa, mas ouvimos o chamado pra cá... abortaram a missão?
- Sim, só Tiago, Lílian, Pedro, Frank e Alice entraram. – explicou Remus, levantando-se para tomar um café – Não podiam lutar contra uma base inteira... mas não posso censurá-los, eu também teria entrado...
- E eu! – disse Sirius, sorrindo.
- Onde eles estão? – perguntou Viviane.
- No hospital. Exames de rotina. Frank foi atingido, mas nada grave.
- Certo, vou indo lá – disse Vi –, alguém vem?
- Não. – responderam os dois.
- Então até mais, garotos.
- Mande lembranças ao Tiago, pergunte se ele não perdeu nada na luta...
Os outros dois fizeram expressões confusas, mas ao invés de explicar, Sirius apenas disse um "ele vai entender" e riu.
Viviane foi para a sala especial e desaparatou, para estar segundos depois no Hospital de Guerra. Não parando na recepção, dirigiu-se à seção de Exames Pós-Ataque e não demorou a achar a ala em que seus amigos estavam.
- O que aconteceu com você? – perguntou Lílian, que já tinha recebido alta e estava, com Tiago e Pedro, ao redor das macas de Frank e Alice.
- Fui fazer uma viagem básica... – respondeu sorrindo, mas logo ficando séria – Sinto muito por não ter estado com vocês lá...
- Não se preocupe, já mandaram outras equipes pra lá e deve estar havendo uma verdadeira batalha no momento... – disse Tiago – por melhores que nós sejamos, apenas nós não poderíamos fazer muita coisa.
- Nem sei o que é pior... passar horas decifrando aquela casa ou lutando contra aqueles monstros... – disse Alice, já se levantando da maca.
- Monstros? – perguntou Viviane.
- Modo de falar... – explicou a outra.
- Ah! Tiago – Viviane lembrou-se do recado que tinha que dar –, Sirius me pediu pra perguntar se você não tinha perdido nada na luta...
O rapaz instantaneamente sorriu, pousando a mão no casaco, pelo lado de fora do bolso, mas sentindo o volume do objeto ali. Notou os olhares confusos dos outros.
- Não, não perdi nada. – limitou-se a responder.
- Você vai me explicar isso mais tarde? – perguntou Lílian, olhos estreitos em direção ao rapaz.
- Vou, certamente que vou. – disse Tiago, sorrindo – Mas não agora.
