N/A: rs Sem noção, eu ia mudar aquele "Auror Center" pra algo mais criativo (sei lá, "Departamento Central de Missões Ultra-Secretas"...hehehe... pô, até que ficou legal isso!! rs), mas esqueci disso completamente quando fui postar! Esse "nome" era só pra eu me situar depois, mas agora fica isso mesmo, né...rs... E "Fortaleza Negra" foi falta de criatividade mesmo, e como todo mundo usa isso, já é automático a conexão do nome com o significado...

E desculpa gente, mas essa fic não dá pra ter atualizações rápidas, eu não consigo. Não consigo simplesmente sentar no pc sem nada na cabeça e começar a escrever, eu tenho que elaborar muitas coisas (até as mais simples e idiotas, que demoram pra ser elaboradas na minha cabeça) e vcs sabem o que a expressão "fluxo de pensamentos" quer dizer? rs... é, as coisas surgem na minha mente completamente fora de ordem e eu demoro pra organiza-las! Eu sei, sou lenta, mas é assim que trabalho, então, por favor, entendam... dói mt ler um "vc demora mt pra atualizar" quando eu não tenho mesmo o que escrever... aff, eu não estou numa fase mt boa – não na fic, no mundo! rs – , relevem...

Capítulo 16: Punição

"E agora???"

Era precisamente essa pergunta desesperada que Viviane se fazia naquele momento. Agora precisava era se esconder.

"Ai!"

Estava completamente escuro e, por isso, ela esbarrara em algo que a machucou, mas nem ao menos um "ai" poderia ser exteriorizado, sua vida dependia disso. Tinha até agradecido a Merlin pelo tal objeto não ter feito barulho algum!

Continuou então a andar, o mais ligeiramente possível, dentre as circunstâncias de local escuro, desconhecido e tomado pelos inimigos, procurando um local seguro para ficar. Nem mesmo tinha como se defender, pois havia perdido sua varinha instantes antes.

"Um armário??"

Teria que servir, ou era isso ou nada. Torceu apenas que a bendita porta não rangesse ao ser aberta e fechada. E ela não rangeu. Parecia que Viviane estava com sorte naquele dia. E "sorte" era algo realmente importante em tempos de guerra. Sorte por ter chegado antes. Sorte por ter se atrasado. Sorte de não ter sido visto. Sorte de terem chegado reforços a tempo. Sorte de ter conseguido se esconder. A sorte podia salvar a vida de uma pessoa, ou decretar sua morte.

"Tec, tec, tec."

Passos lentos.

Viviane inspirou com força. Prendeu a respiração. Coração em disparada. Sangue congelado nas veias. Olhos arregalados. Preces, muitas preces. Se tivesse sorte, poderia ser um Auror à porta, mas se não tivesse...

A porta foi aberta e não havia nada com o que ela pudesse se defender. É claro que opções malucas passaram pela cabeça de Viviane – como empurrar a porta para cima da pessoa, jogando-se em cima dela depois para golpeá-la e sair correndo – mas de alguma forma ela sentiu-se impossibilitada de se mexer. E realmente achou que não deveria fazer nada.

-  Você era a última pessoa que eu esperava encontrar escondida, Vi... – ouviu a voz de Remus, com um certo tom de decepção.

Expirou todo aquele ar que estava inerte dentro dela há séculos e sentiu um imenso alívio tomar conta de si. Vislumbrou na penumbra uma mão estendida para ela e não pensou duas vezes antes de pegá-la.

-  Vamos! – continuou Remus, cuja voz foi gradualmente modificando-se ao longo da frase... – Acorda, Vi!

...para uma voz um tanto quanto diferente...

Então os olhos da garota se arregalaram novamente. Por cima do ombro direito de Remus, ela viu um homem apontando uma varinha. Mas não pôde ver nada mais, pois seus olhos fecharam-se instantaneamente quando todo o ambiente encheu-se de uma luz intensa e dolorosa.

-  Viviane! – ouviu a voz de Lílian, num tom repreendedor. – Acorda!

A ficha caiu imediatamente. Estivera dormindo numa reunião de Aurores e só acordara quando as luzes foram reacesas. Mas que sonho doido! Se escondendo...desprotegida... escuro...sendo encontrada pelo Remus... ele decepcionado com ela... Argh! "Concentre-se Viviane!"

-  Droga! – resmungou, ajeitando-se na cadeira e torcendo para que Connor, o furioso Auror que presidia a reunião, não a tivesse notando dormindo – O que ele mostrou?

-  As conseqüências da besteira que fizemos... – sussurrou Lílian – Fotos dos Aurores que foram feridos na batalha – a ruiva respirou fundo antes de continuar –, algumas baixas e como a Fortaleza Negra simplesmente desapareceu do mapa... ah, e que a fúria deles se espalhou pelo mundo... Eles já estavam se espalhando aos poucos, mas parece que pretendiam dominar a Inglaterra primeiro, mas que depois de ontem... vários outros países foram atacados hoje...

-  Será que interrompo a bela conversa, senhoritas? – sarcasmo na voz do Auror, fúria em seus olhos – E é por tudo isso que nós, da presidência do exército, – continuou ele – chegamos a uma decisão, que é o real motivo desta reunião.

Todos o olhavam receosos, porém ansiosos e cheios de expectativas. Alguns se remexeram na cadeira, alguns mordiam o lábio, outros mexiam nos cabelos. A expressão de Connor demonstrava que eles não iriam gostar do que estaria por vir. O que eles teriam pela frente era mais uma punição do que uma missão propriamente dita.

-  Como vocês já puderam perceber, a Guerra Mágica está se espalhando pelo mundo e, por este motivo, nós também devemos fazê-lo. É claro que há Aurores em todos os países, mas foi aqui que tudo começou e nós conhecemos, melhor do que ninguém, o inimigo. É por isso que julgamos necessário o auxílio britânico em alguns países onde os comensais têm focalizado seus ataques.

Aparentemente ninguém ousaria se pronunciar, mas o ato de falar era mais forte do que Viviane:

-  "timo! – sorriu ela ironicamente – E para onde vamos?

Connor sorriu, ironicamente também, de volta. Ele então pegou a pilha de pastas que estavam à frente dele na mesa e começou a rodar a longa mesa distribuindo-as.

-  Vocês foram previamente separados e selecionados em pares. Devo lembrar aqui da nossa política de não-envolvimento entre parceiros – foi inevitável que Lílian e Tiago se entreolhassem, assim como Alice e Frank, enquanto Viviane apenas encarou sua bela pasta – , o que significa que isso também foi avaliado durante a seleção. Todos nós sabemos que um envolvimento emocional pode prejudicar a avaliação de uma determinada situação e prejudicar a missão, causando inúmeros danos. Envolvimentos emocionais nos deixam mais fragilizados, mais suscetíveis a ataques. Nos tornamos presas fáceis quando encontram nosso ponto fraco.

Lílian abriu sua pasta e começou a ler os pergaminhos ali existentes. Dando uma olhada geral, viu que seu parceiro de missão seria o Sirius e que eles iriam para a América do Sul, fingindo-se de Trouxas.

Virando-se para Viviane para perguntar-lhe sobre sua missão, notou que sua amiga e Remus se entreolhavam receosos, do que concluiu que seriam parceiros de missão. Se bem conhecia sua amiga, ela estaria em problemas em breve. Virou-se então para Tiago, que sorria marotamente. Por mais que o assunto fosse sério, eles não conseguiam manter a seriedade por muito tempo. Além do que, esses garotos estavam acostumados a infringir regras e não ligar para as repreensões e punições.

-  Não se preocupe querida, eu só tenho olhos pra você. – disse ele com falso sentimentalismo, indicando o nome de Alice em sua pasta – Apesar de que ela não é de se jogar fora...

-  Engraçado – começou Lílian em resposta – eu ia dizer o mesmo pra você. – e, com a cabeça, indicou Sirius – Mas então, para onde vão?

-  Srtª Evans – disse Connor em voz alta, chamando a atenção de todos na sala –, creio que não leu atentamente sua pasta, não é mesmo? As missões são extremamente sigilosas quanto ao motivo e localização, portanto, não estraguem mais nada, sim?? Creio que vocês conheçam as medidas de segurança de sua profissão. A perda de um Agente não pode significar a perda da entidade, vocês sabem apenas o que lhes é necessário, qualquer informação a mais pode pôr em risco outros agentes, outras missões, outras bases. Ninguém consegue resistir durante muito tempo à Poções da Verdade e sabe-se lá o que mais esses comensais estejam usando...

-  Claro, Sr. Connor. – respondeu Lílian educadamente.

-  Vocês partirão amanhã ao entardecer. Preparem-se e mantenham sigilo ABSOLUTO, ficou claro?

Todos acenaram afirmativamente com a cabeça.

-  Reunião encerrada. Estão dispensados. – disse Connor por fim.

-  Oh, Lily, como vou sobreviver longe de você?? – perguntou Viviane, no tom mais dramático possível, enquanto Lílian arrumava seu armário no vestiário.

-  Acredite, você vai sobreviver... – Lílian ria.

-  Não, agora sério, a gente não faz idéia de quanto tempo vamos ficar separados, e o máximo que eu já fiquei longe de vocês, principalmente de você, foi um mês e meio, talvez dois... vai ser estranho...

-  Eu sei. – respondeu a ruiva, fechando a porta  de aço do armário – E às vezes me bate um medo de que aconteça alguma coisa com um de vocês e eu nunca mais volte a vê-los...

-  É por isso que vamos comemorar hoje!! Carpe diem mais festinha de despedida! – Viviane sorria como se apenas festas importassem, e seu rosto não demonstrava preocupação alguma.

-  É, eu sei, os rapazes também pensaram nisso... se alguma coisa der errado em uma das missões... hoje e amanhã podem ser os nossos últimos dias juntos...

-  Ih, garota, deixa disso!! Só porque vamos aproveitar o dia como se fosse o último, não significa que ele realmente será! Lembre-se que eu ainda vou ser madrinha do seu casamento!!

Lílian desviou o olhar para o chão, triste.

-  Eu nem ao menos vou poder mandar cartas para Tiago... aliás, pensando no fator "isolamento", você deve ficar um bom tempo "isolada" só com o Remus, heim...

-  Mas que mente maldosa essa minha amiga tem! – Viviane tinha uma expressão de "Nossa! Mais que absurdo!!"

Lílian cruzou os braços e ficou encarando a amiga.

-  Lily! Você sabe muito bem que eu me dei muito mal com essa história! O Sirius, por mais brincadeiras e indiretas que faça, na real ele quer mesmo é distância de mim!

-  E não podemos culpá-lo – interrompeu a outra – já que você arrasou o coração dele uma vez e ele não quer sofrer de novo e muito menos ficar a sua disposição a vida inteira.

-  E o Remus – continuou Viviane, ignorando a interrupção – se fechou completamente depois daquele baile e também não quer saber de mim! Parece que eu é que fiquei sozinha enquanto eles estão tocando a vida deles...

-  Mas você sabe que isso também não é verdade... nenhum dos dois teve qualquer tipo de relacionamento fixo depois de você...

-  Vamos indo? – interrompeu Viviane – Eles já devem ter chegado no Pub!

-  O que que tem? – perguntou a ruiva sorrindo – Eles sempre chegam primeiro... Aliás, você viu a Alice?

-  Chuveiro. – respondeu Viviane – Ser homem dá muito menos trabalho. É por isso que eles sempre chegam primeiro...

Assim que adentraram o aconchegante Pub ao qual geralmente iam para se distrair e relaxar, muitas vezes depois de missões, inclusive de madrugada, a voz de Sirius foi ouvida da porta:

- "Vocês são loucos?? Oito agentes...OITO!! Contra o quê? 200? 300 comensais?? O que vocês pretendiam fazer?? Tornar-se heróis?? Vocês têm muita SORTE de terem sobrevivido!" – ele imitava a voz de Connor em seu discurso lição-de-moral, quando viu as três rirem da imitação dele – Hei, garotas! Finalmente! Sentem-se aí e aproveitem a nossa cerveja amanteigada, eu não sei pra onde vocês vão, mas sei que nenhum outro lugar tem uma bebida melhor do que a nossa!

As garotas se sentaram na larga mesa em que eles estavam e o clima animado as contagiou.

Conversas fúteis, sobre coisas sem importância, brincadeiras divertidas, risos, muitos risos. Nem parecia que eles estavam em plena Guerra Mágica, era como se eles tivessem sido transportados para um universo alternativo onde não havia problema algum, apenas a paz e a diversão. Eram momentos como este que os mantinham sãos, eram momentos como este que os faziam acreditar que havia pelo que lutar, que não podiam desistir.

-  Vamos, Vi, só um gole! – insistiu Sirius.

-  Eu? Confiar em você? Ficou louco? Deixa eu continuar na minha cerveja amanteigada aqui e fica com o seu capeta-não-sei-das-quantas aí...

-  Vinho? – ofereceu Tiago para Lílian.

-  O que está havendo, Vi? – perguntou a ruiva – Eles estão querendo nos embebedar!

-  Nós não precisamos embebedar ninguém! – reagiu Tiago, fingindo-se ofendido.

-  Pelo contrário! Quanto mais sóbrias, mais vocês poderão se aproveitar de nós! – sorriu Sirius, aquele sorriso que só os marotos conseguiam dar.

-  Claro! Que burras que nós somos!! Vamos começar a aproveitar agora ou mais tarde? – perguntou Viviane.

-  Mais tarde, tem muita gente por aqui... – disse Lílian.

Sirius e Tiago se entreolharam confusos. Elas não estavam falando sério, estavam? Ambos levaram seus respectivos copos até a boca e beberam de um gole só. Os outros na mesa riam de algo, completamente alheios a tal conversa.

-  Aliás – começou Lílian, olhos estreitos na direção de Tiago – você está me devendo uma certa explicação...

A mão do rapaz foi instantaneamente para os cabelos.

-  Eu disse que ia explicar, mas não disse quando...

-  Hum... sei...

-  Lílian, você não quer ir embora, não? O Tiago pode levá-la em casa... – sugeriu Sirius.

A ruiva à princípio pensou que estava sendo delicadamente expulsa, então concluiu que Sirius queria ficar à sós com Viviane, mas ainda assim estranhou a atitude de Sirius.

Tiago, por sua vez, entendeu muito bem o "empurrãozinho" que o outro estava tentando dar e fuzilou o risonho amigo com os olhos, antes de sorrir para Lílian.

-  É, já está ficando tarde, não acham?

Mesmo sem compreender tudo, Lílian achou que estaria ajudando Sirius e Viviane, então concordou. Assim, o casal se despediu dos demais (e Viviane encenou um choro de despedida dramática), deixou o dinheiro da parte deles da conta e partiu, para o prédio de Lílian.

-  Vamos, entre. – disse Lílian, já à sua porta – Parece que o seu apartamento vai ficar ocupado por um bom tempo...

Isso porque Sirius e Tiago dividiam um apartamento, diferente de Lílian, que morava sozinha. Além de temer colocar em perigo a vida de seus pais, completamente indefesos contra magia, Lílian tinha se mudado para conquistar uma liberdade, que nada mais era do que uma distância segura de sua irmã.

Tiago não entendeu o que Lílian quis dizer, mas também não ficou pensando muito sobre o assunto e entrou. Tinha outra coisa ocupando sua cabeça. O pedido de casamento. Era um bom momento para fazê-lo, pois eles não sabiam o que viria pela frente, essas missões distantes estavam assustando-os um pouco. Por outro lado, uma ligação forte como noivado era perigosa. E se a raptassem para conseguir alguma informação dele?? Mas se acontecesse alguma coisa com ela, ele nunca se perdoaria de ter deixado passar uma oportunidade dessas.

-  Eu vou tomar um banho. – disse ela, deixando a bolsa sobre a mesa e já entrando no banheiro.

Decidido, Tiago resolveu aproveitar aquele tempo para preparar algumas coisas. Foi até o armário e procurou uma boa garrafa de vinho, assim como duas taças de cristal, colocando tudo em cima da mesa, da qual retirou a bolsa e deixou no quarto da garota. Olhando ao seu redor, procurou algo que pudesse enfeitiçar. Encontrou um pergaminho velho e, sorrindo, o picou em muitos pedaços, os quais transfigurou em pétalas de rosas.

O barulho característico do chuveiro apenas deixava-o ainda mais nervoso. Ele parou na sala, pensando no que mais poderia fazer. Foi quando viu um daqueles aparelhos trouxas que ela possuía em casa: um som. Teve então uma idéia.

Diminuiu a intensidade da luz na sala e dirigiu-se para o quarto dela. Abriu o guarda-roupas dela e procurou um belo vestido. Gostou muito de um cuja coloração ia do preto ao vinho, brilhando bastante com a movimentação. Abriu delicadamente a porta do banheiro e, sem entrar, pendurou o vestido na porta, pelo lado de dentro. Depois transfigurou sua própria roupa para uma mais elegante.

Parado em frente ao aparelho de som, tentava se lembrar de como se fazia aquilo funcionar, quando o som da água caindo cessou. Rápido, precisava ser rápido. Não podia ser tão difícil mexer naquilo... Isso, devia ser aquele botão, tinha algo óbvio escrito nele! Não, espera. Mas que música colocaria? Affe, como os trouxas inventavam coisas complicadas! Notou então, ao lado do aparelho, uma pilha de discos e viu logo um que sabia ser um dos favoritos de Lílian. Eram músicas boas e calmas, deveria servir...

Lílian estava penteando seus cabelos quando viu, pelo reflexo no espelho, um vestido pendurado na porta atrás dela. Virou-se confusa, tendo absoluta certeza de que não o tinha colocado ali. Contudo, ao ouvir uma música suave vinda da sala, sorriu. O que Tiago estaria aprontando?

Colocou o tal vestido, com o auxílio de mágica para trançar as amarras nas costas, e não pôde conter o riso. Tiago devia estar nervoso, pois havia esquecido dos sapatos. Não que isso fosse realmente importante, mas esse detalhe aumentou a curiosidade dela. Ao abrir a porta, surpreendeu-se ainda mais. Havia pétalas de rosas vermelhas no chão, indicando um caminho até a sala. Descalça, ela foi andando pelo corredor à meia luz, caminhando sobre as macias pétalas de rosas. Sorriu. Talvez ele não tivesse se esquecido de nada.

Chegando na sala, cuja iluminação se fazia por velas e o clima era embalado pela suave melodia, notou um elegante Tiago servindo o vinho nas taças.

-  O que está acontecendo? – perguntou ela, sorridente, surpresa e confusa.

-  Nada. Só uma festinha particular... – respondeu ele, com uma mão já nos cabelos.

Ela aceitou a taça de vinho que lhe era oferecida. Porém, alguns goles depois, as taças já estavam novamente sobre a mesa e ela deixava-se embalar pelo namorado, no ritmo da música.

-  Ti, eu... – ela o abraçava forte – ...eu estou com medo.

-  Medo de quê? – perguntou ele, acariciando os cabelos dela.

-  De perder você.

Ele parou a valsa e afastou-se um pouco, apenas o suficiente para que pudesse olhá-la nos olhos.

-  Você nunca vai me perder, Lily. – disse com um tom suave, porém forte – E é justamente esse o motivo de eu ter feito tudo isso hoje.

Ele então pegou a caixinha preta em seu bolso e ajoelhou-se diante dela, que arregalou os olhos, mais confusa e surpresa do que nunca.

-  Eu ia esperar essa guerra acabar, eu queria que estivéssemos em época de paz, para que pudéssemos viver juntos, tranqüilos e despreocupados, mas o medo do futuro, de não sabermos o que pode nos acontecer amanhã, me fez ver que devemos fazer tudo o queremos fazer logo, sem esperar por mais nada, sem deixar pra depois, e aproveitarmos o que temos hoje... Por isso, Lílian Evans, eu estou hoje pedindo-a em casamento. – ele então abriu a caixinha e deixou o anel com a brilhante esmeralda à mostra – Eu sei que não estamos num bom momento pra festas, nem que poderemos planejar tudo em paz, não sei se poderemos ter o casamento que você sonhou e... eu sei que vamos ficar um bom tempo distantes um do outro, sem poder nos ver, nos falar, ou mesmo ter notícias, mas eu queria que, antes que você partisse, você soubesse o quanto eu te amo, e que eu não posso viver sem você.

Sem palavras, ainda em estado de choque, e com os olhos brilhando pelas lágrimas de emoção, Lílian apenas pegou o anel e colocou-o em seu dedo. Fazendo-o se levantar, ela o beijou como se aquele fosse o último dia antes do fim do mundo.

Aquele clima, aquela música, o perfume suave das rosas, o vinho, o calor da lareira, tudo estava tão perfeito! Lílian sentia-se a pessoa mais feliz do mundo.

Não queria que aquela noite acabasse nunca, mas como ela tinha que acabar, que fosse nos braços daquele homem que ela tanto amava. Foi então que ela começou a abrir os botões da blusa dele. Com um sorriso malicioso, Tiago retirou seu blazer e, beijando-a, começou a desamarrar o feche do vestido dela, puxando cordão por cordão. O vestido deslizou suavemente pelo corpo dela até o chão.

-  Bom dia. – disse uma voz suave ao seu ouvido.

Lílian abriu os olhos sonolenta e sorrindo. Espreguiçou-se na cama e sentou-se.

-  Bom dia. – respondeu.

Tiago trazia uma bandeja de café de manhã consigo, a qual ele depositou entre os dois na cama. Mordeu a torrada que ele lhe oferecia e olhou ao seu redor à procura de algo para vestir. Foi quando se deu conta de onde estava. Como tinha ido parar em sua cama?

-  Eu trouxe você pra cá quando acordei... – respondeu ele sorrindo, como se lesse os pensamentos dela.

Vestindo seu robe, ela foi ao banheiro lavar o rosto. Ao voltar, parou à porta admirando aquela cena, tendo seu namorado em sua cama com uma bela bandeja de desjejum enquanto os raios de sol adentravam pela janela aquecendo o quarto. Sendo notada, sorriu, aproximando-se da cama. Deixou-se cair sobre ele, dando-lhe um beijo.

-  Sabe que eu te amo, né? – perguntou ela.

Ele sorriu sinceramente, mas deu de ombros.

-  É, eu sei, sim...

-  Seu bobo...

Lílian se sentou, aceitando a segunda torrada que lhe era oferecida. Depois bebeu um pouco do suco.

-  Muito bom café na cama... – disse ela, felicidade transbordando em seus olhos.

Ele desviou o olhar.

-  Hum... é por isso que você aceitou se casar comigo? – disse ele, falsamente magoado – Só pra ter café da manhã na cama todos os dias?

-  É claro! – brincou ela – Você não achou que fosse pra ter voc comigo todos os dias, achou?

Então o abraçou, puxando-o para deitar na cama ao lado dela, e beijando-o.

-  Eu preciso ir, ainda não arrumei as minhas coisas.

Alguns minutos depois de ouvir Tiago desaparatar no corredor, ouviu alguém aparatar.

- Bom dia! – disse uma animada voz feminina vinda da sala – Alguém em casa?? Posso entrar??

-  Aqui no quarto, Vi!

-  Terreno limpo? Tranqüilo? – perguntou, ainda no corredor com apenas a cabeça dentro do quarto – Ai, que lindo! Esses Marotos conquistadores são um perigo, heim! Pode me contar tudo, quero detalhes, já saquei tudo! E adorei as pétalas de rosas no chão!!

Lílian abriu a boca para começar a contar tudo, quando a ficha caiu. Sirius sabia que Tiago iria pedi-la em casamento, por isso tinha dado aquele "empurrãozinho" na noite anterior, então aquilo não tinha nada a ver com Viviane.

-  Então você e o Sirius – começou ela, mas como se continuasse um pensamento – ...nada?

-  Ãh?? Do que você está falando, Lily??

-  O que aconteceu ontem depois que eu e Tiago saímos?

-  Eu fui pra casa. Pra minha casa! – enfatizou Viviane, percebendo o que estava implícito na pergunta da outra – Falando nisso, minha mãe está histérica! Ela não admite que sua linda filhinha seja uma Auror e muito menos que eu vá viajar por tempo indeterminado, colocando em risco minha vida. – ela falava tudo rapidamente, como uma metralhadora – Ela já era histérica antes, você sabe, mas hoje está pior do que nunca! "Minha filha, que profissão é essa??" – ela imitava a voz da mãe – "Porque você não quis algo mais calmo, como ser professora?? Você sai de casa e eu nem sei se você vai voltar viva, se você está bem, você não me dá sossego um minuto!!". Aí agora ela está tentando me fazer desistir dessa missão de qualquer jeito!! Disse que não ia me deixar viajar!!!

-  Vi... – tentou chamar Lílian, mas a outra continuou a falar.

-  Mas é claro eu vou viajar! Eu não posso abandonar uma missão assim! E isso não é só uma profissão, se nós não conseguirmos acabar com essa guerra, aí mesmo que é ela não vai viver um único dia sossegada!!

-  Viviane! Calma! Por que você não diz isso à ela?

-  Eu disse!! – a expressão exagerada dela de "óbvio!" fazia Lílian rir – Mas ela não quer me ouvir!

-  Calma, desse jeito você não vai convencer sua mãe nem de que o céu é azul. – disse Lílian, com um sorriso – Tenta conversar com ela de novo, depois de uma Poção Calmante pras duas, e eu tenho certeza de que ela vai entender. Mesmo porque ela também foi uma Grifinória, não? Ela sabe que nós não podemos ficar aqui paradas de braços cruzados enquanto aqueles monstros tentam dominar o mundo.

-  É, eu sei... eu vou fazer isso...

Viviane já se levantava para sair, quando sentou-se novamente na cama, sorrindo maliciosamente.

-  Mas antes você tem algumas coisas pra me contar, não???

Lílian sentiu-se enrubescer e pensou por onde deveria começar.

-  O Tiago ele...ele...me pediu em casamento.

- O QUÊ??? Eu estou aqui há mais de CINCO MINUTOS e você só me conta isso AGORA?? Você sabe que eu vou ser a madrinha, né?? Nem PENSE em escolher outra pessoa!

Lílian apenas ria.

-  Calma, Vi, pode deixar, é CLARO que você vai ser a minha madrinha!

-  "timo! – disse a outra sorridente – Já estou ansiosa! Quando vai ser??

-  Primeiro temos que voltar dessas missões que ainda nem fomos, né?

-  Hum... é verdade. – Viviane desanimara-se, provocando mais um riso na outra pela sua expressão de "criança que ficou sem o brinquedo". Mas, de repente, animou-se novamente  – Então quando voltarmos vamos começar no dia seguinte a planejar tudo detalhe por detalhe!

-  Claro! – o riso divertido de Lílian deu lugar a um sorriso malicioso – Você foi mesmo pra sua casa ontem? Não é possível que não tenha acontecido nada!

-  Hum... eu não disse que não tinha acontecido nada... – foi a resposta desanimada de um Viviane que olhava para o chão.

Remus sentiu suas costas baterem na parede dolorosamente. A mão do outro em sua gola também o incomodava. Fúria nos olhos do agressor. Surpresa e confusão nos olhos do agredido.

-  Deixa de ser idiota, homem! – gritava Sirius.

Remus apenas o encarou com uma expressão serena no rosto.

-  Você a ama de verdade, não é? – perguntou suavemente – Ela ficará melhor com você, nós dois sabemos disso.

-  Ela quer você, entendeu? VOCÊ! – Sirius, diferente do outro, estava muito agitado – e você também a ama, eu sei disso! Eu não sou um empecilho pra vocês dois, VOCÊ é!

-  Eu sou perigoso e você sabe disso. – continuou em sua voz serena.

-  Perigoso?? Pelo amor de Merlin, esse papo de novo, não! – gritou Sirius, soltando o outro.

-  Você nunca vai entender...

-  Nunca mesmo! O destino está te dando uma chance única, não a desperdice, ok? Conte a ela o único motivo que o manteve longe dela esses anos todos, então deixe-a decidir se você é perigoso ou não. Se ela não te quiser depois disso, aí sim você terá razão. Até lá, eu não posso disputar com você em igualdade.

Remus riu.

-  Você também não ficaria com ela se ela me dispensasse depois de saber, por medo. Então no fim, nós dois sairíamos perdendo.

-  Você pode até ter razão, Remus, mas nunca saberá isso, simplesmente porque ela não terá medo.

-  O que está havendo aqui? – ouviram Tiago perguntar.

-  Nada, não – respondeu um sorridente Sirius, passando um braço pelos ombros de Remus – apenas dois grandes amigos se despedindo.

-  Sendo um deles um baita mentiroso! – disse Tiago, não podendo evitar um riso, notando na expressão dos outros dois que estava tudo bem, apesar da estranha situação.

Após despedirem-se rapidamente de todos na base central de Aurores, Lílian e Sirius rumaram ao aeroporto internacional trouxa. Como se disfarçariam de trouxas, era mais garantido que chegasse no país tropical pelos meios comuns e evitasse usar mágica por lá.

-  Só uma Chave do Portal não iria nos denunciar... – resmungava Sirius, enquanto empurrava o carrinho com as malas.

-  Todo cuidado é pouco... – respondeu uma nova Lílian ao lado dele, com cabelos e olhos pretos, que sorriu antes de completar a frase, lembrando-se do disfarce deles – irmãozinho, e pare de falar nesse assunto! Alguém pode ouvir!

-  Está bem, está bem! E agora? Pra onde vamos? – parou ele, completamente perdido no aeroporto.

-  Ali! – disse Lílian apontando – Ali é o embarque! E eu já te disse, não precisa ter medo, os trouxas são cuidadosos, voar é seguro!

-  Tão seguro quando estar na garupa da vassoura do Tiago em frente a um bando de garotas!

-   O que você quer dizer com isso? – Lílian havia parado e agora tinha as mãos na cintura.

-  Nada, eu estou só brincando. – respondeu ele, com o característico sorriso maroto.

Lílian então tomou a dianteira e entregou os cartões de embarque à aeromoça, que lhes desejou, sorridente, uma boa viagem.

-  Seria boa se eu estive com uma Chav-

-  SHHHH!!!! – fez Lílian – Chega! Agora vamos nos sentar e você vai ficar caladinho! Ah, é medo... – respondeu a ex-ruiva aos olhares curiosos de um casal idoso – É a primeira viagem dele de avião.

-  Boa noite, senhores passageiros. – assim que se sentaram, ouviram uma voz feminina ao auto-falante. – Façam o favor de endireitar suas poltronas e apertarem os cintos de segurança.