Nota da autora: Bem, depois de um loongo tempo, finalmente eu venci o bloqueio que sentia em relação à essa fic. Este é o penúltimo capítulo e foi feito cm uma música que amo: "Bring me to life" do Evanescence. Sim, eu sei que todo mundo já fez uma song com essa música, mas ela tem uma letra perfeita portanto acho que vocês não ficarão cansados de ler só mais uma vezinha. Ainda estou à procura da música do próximo capítulo, portanto quem tiver sugestões manda um e-mail, review, qualquer coisa e diz a letra pra mim.

E se Inuyasha fosse meu... bem, eu não ia contar aqui o que estaria fazendo com ele ... hehe :P

Traga-me para a vida

How can you see into my eyes like open doors

Como você pode ver meus olhos como duas portas abertas

Leading you down into my core

Levando você ao meu interior

Eu havia aberto os olhos bruscamente encontrando o olhar da garota pousado sobre mim. "Por favor me deixe amá-lo como você é, Inuyasha" Foram essas as palavras dela? Minha cabeça dói e eu tenho dificuldades para coordenar os pensamentos. O olhar penetrante dela está cravado em mim e eu tenho a impressão de que ela lê a minha alma. "Por que você faz isso comigo, Kagome?"

Ela me olhou surpresa e eu percebi que o nome dela escapara dos meus lábios. Para disfarçar eu sentei e olhei para baixo. Havia gotículas vermelhas escorrendo pelos dedos dela. "Sangue?" Meu coração disparou. Ela se ferira por minha causa! "É por isso que eu não posso deixar você me amar, Kagome" eu respondo mentalmente à pergunta silenciosa dela. "Todos os que eu amo se machucam. E eu não quero que isso aconteça com você."

Eu me levanto de vez ajudando-a disfarçadamente a fazer o mesmo. Os olhos dela parecem desnudar meus pensamentos e as emoções.Eu me pergunto o quanto ela sabe, ou adivinha.

Where Ive become so numb

Onde eu me tornei tão entorpecido

Whithout a soul, my spirit sleeping

Sem alma, meu espírito vaga

Somewhere cold

Em algum lugar frio

Until you find it there and lead it back home

Até que você o encontre e o traga de volta para casa

Meus olhos estão absortos no caminho à frente. Estamos andando em silêncio, cada qual lidando com seus fantasmas. Eu me vejo às voltas com o fantasma de uma colegial sorridente. Ela, que despertou sentimentos que eu havia jurado esquecer... Pergunto-me como ela sabia que eu precisava dela, que ela era a única que poderia me trazer de volta para casa.

Eu não tenho idéia do modo, mas tenho certeza que ela pode ler meu último pensamento. De repente ela levantou o olhar e o direcionou para mim e eu lutei contra a sensação de me perder naqueles olhos azuis.

- Inuyasha? - ela me presenteou com um pequeno sorriso. - Você deve estar se perguntando como eu sabia que você estava em perigo, não é?

- Feh, por que eu perguntaria uma coisa dessas? - eu respondi. Você entende, não é Kagome? Eu não posso deixar você significar mais do que já significa.

Ela pára e essa era a coisa errada a se fazer porque eu paro também. E ela me dá outro de seus sorrisos e toca meu cabelo em um gesto de carinho. Eu tenho que me conter pra não sorrir também. Linda. E se eu não parar de pensar besteiras eu vou acabar fazendo uma.

Wake me up inside

Acorde-me por dentro

Wake me up inside

Acorde-me por dentro

Kagome suspende o gesto e olha para o chão, voltando a andar.

- Eu simplesmente sabia, Inuyasha. Meu coração parecia perfurado por uma flecha e eu sentia que era por causa de você. E eu penso que a Kikyou era a única que poderia te botar em perigo sem que você percebesse.

Eu percebi que havia uma certa mágoa em sua voz e cortei o assunto de forma brusca.

- Melhor não falar sobre isso então.

Certo, não era a melhor coisa a se dizer.

Depois de algumas horas, que na verdade não passaram de minutos, nós chegamos à clareira e encontramos o pervertido e a exterminadora olhando chocados para nós.

- O que aconteceu? - o monge me perguntou e eu respondi laconicamente

- Nada. – ao que Kagome olhou para mim franzindo a testa.

"Ela não esperava mesmo que eu contasse, não é?"

Call my name and save me from the dark

Diga meu nome e salve-me da escuridão

Eu me sentei um pouco afastado, à sombra de uma árvore e observei discretamente ela ser interrogada pelos dois curiosos enquanto o pirralho se sentava amuado lançando-me olhares de esguelha. Mas, ao que me parece, ela não estava disposta a me deixar sozinho com meus pensamentos e na primeira oportunidade veio sentar-se ao meu lado. Meu coração deu pipocos quando ouvi a voz conhecida sussurrando meu nome:

- Inuyasha?

Observei o trejeito que ela fazia para sentar-se sem usar as mãos e lembrei-me daquele líquido viscoso escorrendo pelo seu dedo.

- Está doendo muito? - perguntei, antes de me conter e ela me deu um sorriso caloroso.

- Só um pouquinho. - ela respondeu e eu encarei vivamente seus olhos percebendo o nervosismo que se escondia ali.

- Você mente muito mal. - eu constatei e ela baixou o olhar. - Espere aí. - ordenei antes de procurar algo que aliviasse sua dor.

Bid my blod to run

Obrigue meu sangue a correr

Before I come undome

Antes que eu me desfaça

Save me from the nothing Ive become

Salve-me do nada em que me tornei.

Eu me afastei rápido e comecei a procurar alguma coisa que me ajudasse. Fucei entre as coisas da exterminadora, do monge e até do pirralho, mas não havia nada, nenhum tipo de ervas de cura. Pelo canto do olho eu observei Kagome que sustentava um olhar perdido. "Ela deve estar pensando em como iniciar uma conversa comigo" arrisquei um pensamento. "Ela não entende, não entende que eu não posso deixá-la fazer parte da minha vida. Eu não posso baixar a guarda mais uma vez."

Eu a observei mais intensamente e acompanhei o caminho de uma gotinha de sangue que nascera do seu pulso. E lentamente aquela ínfima porção de líquido traçou seu caminho pela pele dela, milímetro a milímetro, até chegar à ponta do indicador. Eu senti uma pontada no estômago ao pensar que gostaria de ter a minha pele tocando na dela.

Sangue... sim, outra gotinha aparecera. Eu fechei os olhos para apagar aquela imagem e abri novamente me controlando. Sangue. "O que eu fazia mesmo?" me perguntei e franzi a testa em um esforço para lembrar. E a imagem me assaltou e eu voltei a procurar algo que curasse as mãos dela. Kagome. Eu sempre tentava fugir, mas meus pensamentos, e freqüentemente meu atos, voltavam-se para ela. Traidores! Apenas as palavras continuavam fiéis. Eu nunca dissera, nem mesmo a Kikyou, o que sentia e eu não podia... se dissesse não haveria volta. Dizer tornaria tudo irremediável.

Meu olhar deslocou-se para a estranha trouxa dela. Como se chamava aquilo mesmo?Pensei e o nome me veio à mente "mochila" Nome estranho, mas, bem, é melhor eu olhar lá também. Eu me aproximei do objeto e fitei a dona disfarçadamente como a pedir uma tácita permissão. Ela tinha os olhos fechados mas sua expressão ainda era triste como se pensamentos ruins roubassem o brilho de sua alegria.E eu os amaldiçoei pela ousadia, mas de alguma forma eu sabia que eles tinham a ver comigo. Era eu quem maculava aquele pequeno santuário na forma de uma garota.

Now that I know what Im whithout

Agora que eu sei o que é estar sozinho

You cant just leave me

Você não pode simplesmente me deixar

Breathe into me anda make me real

Ressuscite-me e me faça real

Bring me to life

Traga-me para a vida

Eu não admitia, mas uma parte de mim tinha medo de mexer nos pertences dela. Um pedaço da vida dela estava ali. Eu passei um tempo tentando ates de finalmente abrir o fecho esquisito e me deparei com uma sorte de coisas esquisitas. Mas eu continuei procurando sem saber o que.

Afastei os objetos e olhei o fundo, pois as coisas importantes sempre ficam no fundo: no fundo do coração, da alma, da voz.Minhas mãos bateram em uma caixa dessas de madeira, mas que não era de madeira e sim de outro material liso. Era quilo que ela sempre pegava quando achava que devia cuidar de mim. Devia servir.

Eu voltei para onde ela estava com a caixa nas mãos. Agora, que a consciência do quão ela era importante se abatera sobre mim, vê-la machucada doía o triplo. Era apenas ela quem me fazia sentir real em meio às loucuras que nós vivíamos. Ela me fazia sentir livre, mais poderoso e, ao mesmo tempo, mais humano.

Frozen inside whithout your touch, whithout your love, darling

Congelado por dentro, sem o seu toque, sem o seu amor, querida

Only you are the life among the dead.

Apenas você é vida entre os mortos

Sacudi a cabeça e me ajoelhei em frente à garota abrindo a caixa. Ela abriu os olhos e me apontou um vidrinho de cheiro enjoativo que a julgar pela careta que ela fez, devia arder bastante. Depois, pediu que eu enrolasse aquela longa tira de pano branco em cada uma de suas mãos.

Toquei a pele dela com cuidado para não me descontrolar e enrolei o tecido gentilmente. Ela tinha mãos quente, perfeitas para as minhas mãos frias. Eu afastei esses pensamentos estúpidos antes que enlouquecesse.

Eu terminei e pus um pedaço da coisa grudenta que ela tinha me mostrado. Eu a encarei e ela dormia, mas uma lágrima escorria pelo seu rosto e a expressão era cabisbaixa. Levantei-me com relutância e enxuguei o líquido salgado. Eu não queria ir embora, mas, era o certo. E eu disse a mim mesmo que antes lágrimas do que sangue.

All this time I cant believe I couldnt see

Todo esse tempo eu não pude acreditar, eu não pude ver

kept in the dark but you were there in front of me

Mergulhado na escuridão mas você estava na minha frente

Ive benn sleeping a thousand years it seems

Eu estive dormindo por mil anos

Got to open my eyes to everything

Mas você abriu meus olhos para tudo

Eu saí e fui banhar-me na água gelada do lago discutindo comigo mesmo. Umas duas horas depois o monge pervertido apareceu chamando meu nome e eu lhe respondi. Ele pareceu surpreso ao me ver tomando banho e eu me irritei. Não é como se eu não fizesse isso sempre! Ele se aproximou mais e eu senti um cheiro conhecido. Aquele monge pervertido andou encostando-se à minha kagome! h, ele ia ver, eu ia estraçalhá-lo com minhas unhas, cotá-lo inteirinho, eu ia socá-lo até...

Aquela voz irritante me tirou do meu doce devaneio

- Inuyasha? Vamos, saia da água, eu preciso lhe falar algo importante.

Eu sorri sarcasticamente e a expressão dele ficou temerosa, mas ele não recuou. Bem, quem sabe eu não transformava meu sonho em realidade...

Ele sentou em uma pedra e eu rapidamente me vesti e o acompanhei desconfiado. Aquele não era o Hoshi de sempre, assim, tão sério. Alguma coisa estava errada... e ele tinha o cheiro da Kagome.

Assim que cheguei ele se levantou e me lançou um olhar estranho.Era, pena? Em humano tendo pena de mim? Eu juro que um rosnado quase escapou da minha garganta.

- Ela vai embora, Inuyasha.

A frase me pegou em cheio e eu fiquei sem ação.

- Como? - Ela ia embora? Ela não podia ir! Não agora que eu sentia tudo aquilo de novo!

E então a razão falou mais alto. Bem, não era o que eu queria todo o tempo? Que ela se afastasse para ficar segura? Eu já não poderia fazer nada. Ela havia me salvado e já era hora de retribuir. Certo. E porque e não conseguia ficar bem com tudo isso?

Olhei para frente, Hoshi continuava a falar como se nunca tivesse feito isso na vida. Eu ignorei-o e simplesmente saí, mas ainda ouvi um baixo "boa sorte" dele.

Whithout a thought, whithout a voice, whithout a soul

Sem um pensamento, sem voz, sem alma

Dont let me die here

Não me deixe morrer aqui

There must be something more

Deve haver algo mais

Bring me to life

Traga-me para a vida

Eu não lembro direito o quanto corri, saltei, farejando o caminho que ela traçara até o poço. As folhas e galhos das árvores batiam em mim, mas eu não sentia, a mente concentrada apenas em sentir o cheiro dela. E correr, correr, correr, correr...

A trilha começou a ficar mais fácil e as árvores mais esparsas. A paisagem mudara para uma mais conhecida. Eu divisei um pequeno vulto andando apressadamente até a árvore sagrada enquanto sua mochila descansava ao lado do poço. O poço! Minha mente confusa reconheceu o local e eu me perguntei como chegara tão rápido até ali. Mas quando olhei a garota suspender a mão para acariciar a frondosa árvore os pensamentos foram varridos da minha mete. E eu compreendi que no momento em que ela fosse minha vida acabaria.

Eu a alcancei e parei imediatamente atrás dela, tão perto que podia sentir o calor do seu corpo. E talvez percebendo que eu não seria capaz de fazer o próximo movimento ela virou e me encarou com os olhos cheios de tristeza.

- Quer conversar, Inuyasha? - eu a ouvi perguntar sem esperança.

- Você realmente vai embora hoje? - eu perguntei de uma vez, ansioso pela resposta.

- Vou.- os adoráveis olhos azuis baixaram escondendo os sentimentos. - Eu só não queria sair sem saber antes o que está acontecendo com a gente.

Eu respirei fundo e finalmente me decidir. Eu escolhia vê-la viva, ainda que longe.

- Pela última vez, kagome, não tem nada acontecendo com a gente! - eu tentei imprimir um tom irritado na minha voz.

- Tudo bem. - ela me olhou com os olhos cheios de mágoa e determinação e eu senti que ela se fechava para mim.- Então acho que já é hora de ir realmente.

Eu a olhei tentando marcar aquele rosto na minha memória e preocupado com a sensação de desespero que se abatia sobre mim. Era isso que eu queria, não? Que ela fosse? E então ela me encarou com um pedido estranho:

- Não faça isso.Franzir a testa.

Eu mudei a expressão para um olhar interrogativo e ela suspirou. Depois Kagome abriu um fraco sorriso que impediu uma lágrima de cair. E inesperadamente ela fez o que até o momento eu estava louco para fazer.

Eu a senti puxando meu corpo e deixei-me ir ao encontro dela que me abraçou. Eu ansiava sentir o gosto dela, mas ela apenas me abraçou e eu não tinha forças para fazer nada, desamparado como estava.E em seguida ela deixou-me ainda aturdido com o cheiro dela e correu até o poço.

Eu a vi como em câmera lenta ela abaixar e pegar a mochila ao lado da abertura. Então ela olhou ao redor com os olhos marejados de lágrimas. O que eu pensara mesmo? Antes lágrimas que sangue? Agora eu já não conseguia me decidir.

Bring me to life

Traga-me para a vida

Ive been living a lie

Eu tenho vivido uma mentira

Theres nothing inside

Há um vazio dentro de mim

Bring me to life

Traga-me para a vida

A garota me encarou diretamente e eu caminhei um pouco para trás sendo encoberto por uma moita. Então ela suspirou e virou-se, sentando-se na borda. Eu percebi que a resposta sempre estivera comigo. As pernas dela já estavam dentro da abertura e eu me perguntei quando ela as passara para lá que eu não vira. Silenciosamente eu me aproximei e a ouvi sussurrar amargamente algo sobre salvar. E eu a vi sumir no meio da escuridão como se dissesse "adeus Inuyasha".