Disclaimer: novamente... YYH não me pertence.
To the Dark Angel
Ainda me lembro bem do dia em que nos conhecemos. Eu era o youkai e você, o detetive com a missão de me matar. Tudo que eu via em você, era um adversário excepcional. Provavelmente o único que pôde me derrotar até hoje.
Caído no chão, percebi que para você era uma surpresa eu não implorar por minha vida. Eu nem ao menos sentia medo; apenas uma certa decepção por não poder viver mais um dia e por não poder te conhecer a fundo.
É... Dizem que é durante uma luta que você conhece outra pessoa. Ninguém sabia melhor que eu da verdade nisso. Nos poucos minutos em que lutei com você pude perceber que você possuía um grande poder e, paralelamente a isso, uma inocência muito grande. Desde aquele instante fiquei fascinado por você.
Já havia me preparado para o fato de que ia morrer. Quem não parecia ter aceitado isso era você. Pude perceber a hesitação em seus olhos, o que me fez te adorar ainda mais.
"Você tem algum último pedido?" Perguntou por fim.
"Gostaria de viver mais um dia".
"Por que?".
Minha resposta pareceu deixa-lo ainda mais surpreso. Era tão incomum assim um youkai querer ver um programa de TV?
"Também nunca perco esse programa. Não sabia que exitiam youkais assim". Você me disse, com a cara mais inocente do mundo.
"Assim como?". Me fiz de desentendido.
"Não sei explicar... Sempre achei que youkais fossem essencialmente cruéis. Você tem um nome?".
"Pode me chamar de Itsuki. E você é..."
"Shinobu Sensui". Eu sorri, gesto raro. Eu não sei porquê, aquele seu jeito doce inocente despertava em mim alguma emoção.
Estava muito cansado e machucado. Agora eu só dependia da sua vontade. Desmaiei. Quando acordei, estava na sua casa, você havia cuidado de mim.
"Que bom que você acordou. Não sabia se ia sobreviver". Ouvi a sua voz. Foi quando notei que você estava sentado em uma cadeira ao lado da minha cama.
"Você ficou aqui o tempo todo?". Você confirmou com um a cabeça. Eu estava impressionado. Nunca pensei que veria alguém salvando um inimigo sem ser por pura necessidade. Começamos a conversar sobre diferentes assuntos. Descobrindo cada vez mais proximidade entre nós.
"Por que você é um detetive espiritual?". Perguntei de súbito.
"Para ajudar as pessoas. Os youkais são seres que não merecem a vida, eu simplesmente livro o mundo deles". Foi a sua resposta. Eu ri. Realmente você tinha noções muito simples e infantis da vida. Mas, como eu já disse, a sua ingenuidade, de algum jeito, me agradava.
"Mas você não acha que sou assim...?!". Disse meio em dúvida.
"Não sei...Você é diferente".
"Foi por isso que você me salvou?". Finalmente tinha feito a pergunta que há tanto tempo não me saía da cabeça.
"... Não só por isso. De alguma forma eu... me vi em voc".
"Feh. Você também é diferente". Disse com sinceridade. "Gostaria de poder te ajudar a descobrir o quanto".
""timo porque, a partir de agora, você trabalha comigo". Não sei qual foi minha reação na hora. Eu estava surpreso, mas não posso dizer que não havia gostado da idéia. Você me explicou como havia pedido esse favor ao príncipe do mundo espiritual e como essa era a única maneira que eu tinha de escapar sem punição. Mas, eu sabia que tinha alguma coisa a mais. Por menos que você me conhecesse eu sabia que de alguma forma sentiria minha falta se eu partisse. Mas isso nunca fez parte dos meus planos.
Passamos a trabalhar juntos. Você me surpreendia cada vez mais com sua força. Mais e mais eu achava que você desperdiçava todo aquele seu potencial trabalhando como detetive. Mas, a decisão era sua e eu estaria com você independente de onde você fosse. Era incrível a união que adquirimos com o passar do tempo. Era como se fossemos um. Você se tornou cada vez mais importante para mim, desde o começo eu sabia que você me atraía, mas nunca sequer passou pela minha cabeça que o que eu sentia por você ia além disso. Percebi que eu estava disposto a dar a minha vida por você; várias vezes eu te salvei.
Me convencia de que eu estava retribuindo aquele dia em que você me poupou a vida, mas sabia que eu fazia aquilo por que já não conseguia mais viver sem você. Pelo seu olhar, vi que de alguma forma você sentia algo por mim, mas não sabia lidar com isso. Nem consigo descrever o quanto aquela descoberta me excitava. Tanta inocência... Eu simplesmente não podia estragar isso em você... Não ainda. Por isso não fiz nada até ter certeza de que era a hora certa.
Essa hora chegou, depois de uma de nossas missões, em um dia chuvoso. Nós havíamos cumprido nosso trabalho, mas você estava muito ferido, e isso era o que me importava. Fiz com que você andasse se apoiando em mim e saímos. Não pude deixar de reparar no ferimento em seus lábios, do qual o sangue escorria continuamente. Antes que me desse conta do que estava fazendo, levei os dedos à sua boca e retirei cuidadosamente o sangue que escorria; logo em seguida, levando os dedos à minha própria boca e lambendo devagar o seu sangue. Tinha um gosto amargo, estranho. Mas parecia a melhor coisa que eu já havia provado na vida. Sem pensar muito levei os lábios aos seus, de início sem saber o que fazer. Simplesmente tocando a sua boca com a minha, logo em seguida, meus lábios se entreabriram para que minha língua pudesse se enroscar com a sua, lutando por espaço dentro da sua boca.
Foi um beijo tímido no começo, que adquiria aos poucos a familiaridade que só duas pessoas que se conheciam como nós poderiam ter. Mas o que eu queria de você ia além do contato físico. A sua inocência era das coisas que eu mais apreciava em você. E, ironicamente, o que passou a me dar um prazer enorme era destruir essa ingenuidade. Como nesse primeiro beijo. Eu pude sentir a sua surpresa, o seu choque por beijar outro homem. Era algo que você jamais teria feito. Por isso me deu um prazer inimaginável. Mas, nada comparado ao que viria a seguir.
Em uma outra missão, nós tivemos que investigar um grupo que transportava youkais do Makai ao Ningenkai, clandestinamente. Esse grupo se chamava Black Black Club. Você viu todos aqueles Youkais humilhados, torturados, contrariando todas as suas convicções de que youkais eram o mal e humanos o bem. Acho que ter visto a sua expressão naquela hora, foi um dos momentos mais prazerosos da minha vida.
A sua inocência ruindo pouco a pouco, a sua frustração quando matou uma a uma as pessoas que estavam ali... Tudo me deixava absolutamente extasiado. Percebendo a minha expressão você disse com simplicidade:
"Aqui não havia nenhum ser humano". Eu sorri. Você estava se tornando alguém que nem você mesmo podia imaginar. E eu continuaria do seu lado para ver até onde isso iria chegar.
Quando você pôde colocar as mãos no "Capítulo Negro" a sua decepção com os humanos atingiu o nível máximo. A partir daí as mudanças maiores começaram a acontecer. Você desistiu de ser detetive espiritual e passou para o outro extremo com muita facilidade. Agora você queria destruir os humanos. Baseando-se na idéia de um dos membros da BBC, seu objetivo passou a ser a construção de um túnel de passagem para o Makai.
Para conseguir o que queria, você acabou desenvolvendo seis outras personalidades, cada qual com uma função. Mas uma delas eu notei que nada tinha a ver com as lutas que obviamente viriam a seguir. Era uma garota, Naru. Era uma personalidade sensível, chorona, mas que, de qualquer maneira, me encantou. Aquela era a única personalidade que preservava intacta a sua antiga inocência, que eu tanto... Amava. Percebi que aquela garota só falava abertamente comigo; até hoje não tenho certeza, mas acho que aquela personalidade foi a forma que você encontrou de se sentir confortável em relação a nós.
Você ficou surpreso por eu ainda estar ao seu lado apesar de todas as suas mudanças. O que você não percebeu é que no fundo eu estava adorando aquilo. Te ajudei em tudo o que pude no seu plano, mas sei que, apesar de você achar que não, você teria conseguido sem mim.
Mesmo com a intromissão previsível do novo detetive espiritual, tudo correu como o planejado. Apesar disso, não pude deixar de ter receio. Durante a luta na Gruta Irima, eu estava no homem do verso junto com Kuwabara, Kurama, Hiei e Mitarai. Você lutava contra Urameshi. Eu sabia que não havia como ele te derrotar, mesmo assim, estava preocupado. Mesmo eu tendo feito o possível para não deixar transparecer essa preocupação, você percebeu.
Eu observei Kuwabara e os outros assistirem frustrados a luta entre você e Urameshi. Não pude evitar sentir simpatia por eles. Eu sabia que eles se sentiam da mesma maneira que eu. Vendo uma pessoa importante em plena luta mortal, sem poder fazer nada. Mas a minha situação ainda era melhor, pois eu sabia que você ia ganhar.
Foi quando eles perceberam a intenção de Urameshi. De sacrificar sua própria vida para que os amigos ficassem incentivados lutar. Vi que você hesitava em pôr um ponto final naquela luta, embora não pudesse ver o motivo.
"Shinobu! Acabe com isso de uma vez!". Gritei. E você me obedeceu. Mas, antes que eu pudesse esboçar qualquer reação, os companheiros de Urameshi me atacaram, desesperados para sair dali e lutar. Contra você.
Não sei por quanto tempo fiquei inconsciente. Só sei que quando acordei meu olho estava ferido e eu só pude sentir a sua energia de longe, no Makai. Sem me importar com qualquer outra coisa, fui para lá o mais rápido que pude. Mas já era tarde. Não sei como, você havia sido derrotado.
Quando vi você caído no chão, quase morto, não sei explicar o que senti, mas foi bem parecido com quando descobrimos sobre a sua doença. Vi o príncipe do mundo espiritual se aproximar de você. Antes que pudesse me controlar, gritei:
"Parem! Deixem o Shinobu em paz". Urameshi ainda insistia para que você se levantasse e lutasse. Expliquei que seu corpo estava tomado pelo câncer. Me lembro muito bem do dia em que o Dr. Kamiya havia nos revelado isso.
flashback
"Não tem mais jeito Sensui. Você está com câncer e em estágio avançado. Provavelmente, você tem mais uns 20 dias de vida". Ele disse com a maior frieza do mundo.
"Não!!! Uma pessoa normal pode morrer de câncer, mas não alguém como o Shinobu! Ele é quase imortal! Ninguém pode derrota-lo! Como ele pode morrer por causa de uma doença?" Naquela hora perdi qualquer traço da minha frieza habitual. Só imaginar você morrendo me dava desespero.
"Por menos que pareça, ele é um humano. Uma pessoa normal já teria morrido há muito tempo". Como ele podia ficar tão calmo? Eu o teria matado naquele segundo se pudesse.
"Mas deve ter alguma coisa que você possa fazer!".
"Não h".
Me surpreendi também com a sua tranqüilidade, Sensui. Como alguém podia ficar tão impassível ao saber da própria morte? Você até sorriu; talvez para me tranqüilizar, talvez tivesse gostado de saber que eu me importava tanto.
fim do flashback
Me aproximei do seu corpo. Passei sua mão pelos meus ombros para poder carrega-lo.
"Não quero ir para o mundo espiritual nem depois que morrer. Esse era o testamento do Shinobu". Eu disse, enquanto caminhávamos em direção à abertura para a outra dimensão. "Eu não vou entregar a alma do Shinobu. Não vou deixar que seja julgado segundo as suas leis. Já chega. Eu vou leva-lo comigo, ficaremos juntos para sempre. E quanto a vocês... Arrumem outra pessoa para brigar". Disse enquanto desaparecíamos juntos, dentro do homem do verso ".
Você era especial demais para que eu deixasse você se submeter às leis deles. Mesmo tendo que ficar eternamente nessa dimensão, eu não me importo. Nós estamos juntos, e vamos ficar assim. Agora a minha alma e a sua são como uma só. É uma pena que eu ainda sinta que não conheci a sua verdadeira face. Toda a sua inocência... Toda a sua crueldade... Meu anjo negro. Mas o importante é que agora, no fim, estamos juntos de verdade. Finalmente. Te amo.
fim
bom tah ai... fikou mtu gigante, mas por favor quem teve paciencia de ler comente... custou toda a minha coragem e cara de pau postar essa fic aki... de novo obrigada, elfa, pelo apoio...
sayonara a todos
Lyra
