Heart of Sword

Shaoran corria em direção à presença, quando parou em frente a um terreno baldio. Ele foi penetrando mais fundo no terreno até achar a pessoa que ele menos esperava ali.

- Eu não queria acreditar que era você, mas parece que minha mãe, como sempre, tinha razão. - disse ele.

- Droga, me descuidei. - disse ela, tomando a posição de ataque. - As aparências enganam, não?

- Realmente, aquele oculista tinha razão, seus olhos são lindos.

- Yukito vai pagar caro por aquilo, eu já o adverti sobre elogios.

- Então toda aquela conversa foi encenação também?

- E você caiu feito um patinho. - ela sorriu maliciosamente. - Se todos os outros fossem tão bobos quanto você é...

- Epa, pode parando por aí, bobo nada. E por que tomou posição de batalha, não vim aqui lutar com você.

- Ah, claro, posso ser cega, mas não sou tonta.

- Eu falo sério, mas se você quiser lutar...

- O que você quer, então?

- Vai parar com essa agressividade? Não quero te machucar.

- Vai responder o que quer?

- Ei, eu nem estou armado, pare com isso.

- Responda a pergunta.

- Eu só quero conversar com você, será que é possível?

- Sou toda ouvidos.

- Você está bem? - perguntou ele, notando o cansaço dela.

- Fale logo.

- Filho! - Yelan chegava correndo com um rapaz.

- Achei que meu prazo fosse até hoje de noite. - disse Shaoran, se virando para a mãe e seu amigo Eriol.

- Decidimos vir hoje.

- Essa presença... Não pode ser. - disse Sakura, virando o rosto na direção de Eriol e Yelan.

- Perspicaz como sempre, Sakura. Sabia que era você que estávamos procurando. Mas como precisávamos testar nosso amigo ali achei melhor ficar calado.

- E me fez passar dez dias me escondendo? Só você mesmo.

- Você a conhece, Eriol? - perguntou Shaoran.

- Se eu a conheço? Mas é óbvio que sim.

- Eriol... - o tom de voz de Sakura se tornou subitamente sério. - Da última vez que nos vimos você me fez uma promessa, se lembra?

- Lembro sim, desculpe ainda não consegui a magia necessária para te ajudar.

- Tudo bem, eu já tinha perdido as esperanças mesmo depois de tudo o que aconteceu. - ela começou a recolher as coisas dela e se secou com uma toalha que tirou de dentro da sua bolsa.

- Não vai ouvir o que temos a dizer? - perguntou Shaoran.

- Não agora, sinto muito. Eriol, você tem meu telefone e sabe onde eu moro, me liga amanhã. - ela saiu do local, deixando Shaoran e Yelan com cara de bobos.

- Eriol, daria para você me explicar o que houve aqui? - pediu Shaoran.

- Sabia que ela ficaria assim com a minha presença. Vai ser difícil convencê-la a vir conosco. - disse Eriol. - Preciso fazer uma visita a uma velha amiga, encontro vocês no hotel. - ele se afastou também. Foi até a casa de Tomoyo. - Por favor, queria falar com Tomoyo Daidouji. - disse ele ao interfone. - Meu nome é Eriol Hiiragizawa.

- Eriol! - Tomoyo o recepcionou no jardim mesmo. - Meu Deus há quanto tempo! Quando chegou?

- Agora há pouco.

- Ah... - ela notou o semblante sério dele. - Já encontrou a Sakura, pelo visto.

- Já.

- E, deixe-me adivinhar, não conseguiu cumprir a promessa ainda.

- Ainda não, mas eu vou cumprir.

- Você era a última esperança de Sakura, Eriol. Ela não demonstra, mas o estado dela a incomoda muito. E desde que um carinha chegou à cidade...

- Fala de Shaoran Li?

- Ele mesmo, conhece?

- Sim, é meu amigo.

- O que ele quer?

- Agora faço parte de um clã em Hong Kong, o clã Li. Ouvimos falar de um grande poder crescendo nessa cidade, sabia que era Sakura, mas precisávamos testar o Shaoran então o mandamos para ver como ele se saía com Sakura. Mas ela mudou muito, Tomoyo. Antes eu conseguia saber o que ela estava sentindo e pensando, mas agora...

- Ela está assim já faz tempo, mas vocês não se viam há quase dois anos... Parece que Sakura perdeu a fé na vida.

- Como assim? Sakura sempre teve fé na vida e em todos que a rodeavam.

- Agora não mais, ela se isola de todos, as únicas pessoas com quem ela fala são Yukito, o pai dela e eu. Mais ninguém.

- Entendo...

- Ela se tornou uma pessoa muito agressiva e fechada do mundo, não é mais aquela garota doce e meiga que nós conhecíamos.

- Apesar de ela não ter entrado em depressão quando ficou cega, ela mudou muito...

- Ela não se apega mais em sonhos e ilusões, como ela fazia antes.

- Essa não é a Sakura. Acho que vamos ter muito trabalho.

- Como assim, você não me disse o que quer com ela.

- Queremos que ela se una ao clã.

- Mas isso significa que ela vá morar em Hong Kong.

- É, mas ela estando assim não vai adiantar nada vir conosco.

- Você acha que ela iria realmente ir com vocês.

- Se eu conseguir convencê-la, sim. Mas não vamos obrigá-la a nada.

- Nem conseguiria, ela anda muito teimosa.

- Ela não ganha de mim, pode ter certeza.

- Falando em você... Meu Deus, Eriol, você está maravilhoso! Cabelo comprido, resolveu mudar o visual...

- É, achei que ia ficar legal.

- E ficou mesmo, está maravilhoso. (gente, imaginem o Eriol com dezoito anos e cabelo comprido tipo o Hotohori. Ele é muito lindo, dá até dó desperdiçar... Mas o Tama-chan é muito mais lindo!!!!)

- Obrigado. Agora tenho que bolar um jeito para trazer a velha Sakura de volta.

- Eriol, você não vai conseguir. Eu e Yukito já tentamos de tudo.

- Eu preciso conseguir, Sakura Kinomoto sempre foi uma pessoa sonhadora e doce. Foi por ela que eu voltei.

- É um belo discurso, mas falta você convencer Sakura com ele.

- Os gostos dela não mudaram, não é?

- Não muito, por que?

- Você não lembra que eu sei exatamente como lidar com Sakura?

- Espero que você tenha mais sorte que eu e Yukito.

- Eu também.

- Gostaria de ficar para o jantar?

- O convite é tentador, mas realmente tenho algumas coisas para acertar por hora.

- Quando tiver um tempo aparece por aqui, ficaria honrada com a sua companhia.

- Tudo bem, a gene se fala. - ele se foi.

- Como é? Ela deve a vida a você e ainda o tratou fria daquele jeito? - perguntou Shaoran. depois que ele explicou sua história com Sakura.

- Aquela não é a mesma Sakura que conheci aos dez anos e ajudei aos treze. Ela mudou muito, não vai ser fácil convencê-la. Vou fazer o que puder, mas não posso garantir nada.

- Você disse que ela te deve, por que não cobra esse favor? - sugeriu Shaoran.

- De que adiantaria? Não vou forçá-la a nada, já disse. Algo aconteceu nesses dois anos, Sakura sempre foi tão alegre e cheia de vida. Mesmo depois da cegueira, ela não mudou muito.

- Escuta, que promessa era aquela da qual ela falou? - perguntou Yelan.

- Quando parti, dois anos atrás, prometi a ela que iria encontrar um modo de curá-la. Ela não mereceu o destino que teve, essa cegueira foi feita por um covarde que a atacou durante um piquenique. Ela estava com os amigos, não podia usar todos os poderes lá senão poderia machucá-los.

- Por isso ela acabou não fazendo tudo o que era capaz e teve a cegueira. - completou Yelan.

- Não é uma simples cegueira, o nervo óptico dela foi totalmente destruído, os médicos não podem fazer nada.

- Por isso você se especializou em magia de cura e medicina em geral. - disse Yelan.

- Foi, estou quase conseguindo desenvolver uma magia que reconstitua o nervo óptico dela, mas mesmo se eu descobrisse como fazê-lo, meu nível de magia é muito baixo para conseguir realizar a magia.

- Por que você faria tudo por ela? - perguntou Shaoran.

- Vou te mostrar uma coisa. - ele foi até a própria mala e tirou uma fita de vídeo de lá. Ele colocou no vídeo do quarto e colocou para rodar. Era uma gravação de uma ida ao parque de diversões. Sakura tinha dez anos e ele tinha treze. - Sakura sempre foi uma pessoa maravilhosa, cheia de alegria, como eu já disse.

- O que quer nos mostrando isso? - perguntou Yelan.

- Agora dêem uma olhada nisso aqui. - ele adiantou a fita até um ponto onde estava gravada uma batalha que eles travaram com a mesma idade. Houve uma hora que o mago contra quem lutavam lançou uma magia na direção de Eriol, que estava muito ferido. Ele teria morrido, se Sakura não tivesse pulado na frente e se ferido por ele, lançando uma magia que aniquilou o mago logo em seguida. - Também devo a minha vida a Sakura. Mas não é só por isso. - ele voltou a fita e pausou em uma imagem do rosto de Sakura enquanto ela ria, um pouco avermelhada. - Vocês conseguiriam imaginar que aquela garota fria e amargurada é a mesma garota de dez anos que tinha esse sorriso maravilhoso?

- Realmente é difícil de acreditar. - comentou Shaoran.

- Ela e os amigos me proporcionaram os melhores momentos de minha vida, não suporto saber que Sakura está daquele jeito por minha culpa e ficar parado diante disso.

- Entendemos como se sente, mas se não pode fazer nada...

- Aí que você se engana, meu caro, posso fazer muita coisa. Vou falar com ela amanhã e vou ajeitar isso.

- Você já tem algum plano? – perguntou Shaoran.

- Você realmente se interessou por ela, não foi?

- Bom... – ele ficou vermelho.

- Enfim, vou chamá-la para jantar amanhã aqui e resolvo tudo. Mas só eu e ela, senão não vai ter jeito.

- Certo, nós vamos deixá-lo. – disse Yelan. – Mas você já sabe, não queremos pressioná-la.

- Eu sei, por hora não vou falar nada sobre o clã. Vamos por partes, primeiro temos que trazer a velha Sakura de volta.

- Os amigos dela já tentaram? – perguntou Shaoran, novamente.

- Você conhece algum deles?

- A vi com uma garota e parece que tem um oculista também.

- Oculista? – Eriol estava confuso.

- Parece que se chama Tsuki... Não me lembro o resto.

- Tsukishiro?

- Isso!

- Então, Yukito Tsukishiro se tornou oculista? – Eriol riu. – Só vendo pra crer mesmo...

- Posso levá-lo à loja dele se quiser.

- Claro... Amanhã. E quanto à garota? Sabe algo sobre ela?

- Não, só a vi uma vez em um restaurante.

- Cabelos longos e escuros, olhos violeta, um corpo escultural. Essa é a descrição perfeita para Tomoyo Daidouji. – Eriol suspirou. – Realmente, você não teria como saber nada dela, Sakura nunca permitiria. Fui na casa dela aquela hora, ela me contou mais ou menos o que aconteceu.

- E você ainda tem esperanças?

- Tenho que conseguir fazer isso, Shaoran. Você nunca passou realmente por um aperto, não entenderia.

- Está me chamando de insensível? – ele segurou a gola da camisa de Eriol.

- Não, só de inexperiente. – ele tirou as mãos de Shaoran da roupa. – Agora, se me dão licença, vou para meu quarto que amanhã vai ser um longo dia. – e saiu de lá, deixando um Shaoran fulo da vida.

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Gente, me deu tanto trabalho para escrever esse… empaquei no meio e quase desisti, mas continuei por vocês (e por todos os meus amigos que quiseram me matar a mínima menção do verbo "desistir").

Bom, por hora é só isso, espero não demorar muito para atualizar de novo... Mandem review ou um mail...

Bjs, Miaka. ^.~