Heart of Sword
Eles chegaram e Sakura se sentiu meio desorientada, mas Eriol logo segurou sua mão e disse:
- Não se preocupe, você logo se acostuma com tanta magia. Vai ser difícil, mas eu sei que você consegue.
- Obrigada. A aura de Tomoeda não é nada comparada com a daqui... – comentou ela.
Eles foram para a mansão e eles acomodaram Sakura em um quarto e Yelan foi a reunião com o conselho.
O conselho se opunha a agregação de Sakura ao clã, era uma garota e, pior de tudo, cega.
- Eles estão me rejeitando, não é, Yelan? – perguntou Sakura na hora do jantar.
- Dizem que não vale a pena... Eles não sabem o que estão falando...
- Talvez...
- Não se deprecie, eles vão se arrepender de duvidarem quando virem do que você é capaz. – disse Eriol.
- ... – ela continuou a comer calada.
- Também, mesmo que não a aceitem, o que eu acho difícil, isso não a impediria de morar conosco. – disse Shaoran. – Não precisa se preocupar com isso.
- Mas isso iria contra todas as regras e tradições do clã, não é? – perguntou Sakura.
- Eles também não estão sendo muito éticos em a julgarem somente pelos seus defeitos. – disse Eriol. – Shaoran tem razão, enquanto Yelan aceitar a sua estadia conosco os anciãos não têm como tira-la daqui.
- E com certeza que nunca iria negar sua permanência aqui, fique tranqüila. – disse a senhora.
- Não quero ser um estorvo para vocês. – disse Sakura.
- Nunca vai ser um estorvo. Seu conhecimento de magia e suas experiências seriam muito úteis para nós, além do que, pessoas como nós têm que se manter juntas. – insistiu Yelan.
- As pessoas aqui não temem a magia tanto quanto em Tomoeda. Aqui a situação é bem mais comum, apesar de algumas pessoas nos condenarem a magia com todas as forças. – disse Shaoran.
- Eu imagino... – disse ela.
- Sabe, eu não estou te reconhecendo, Sakura. – disse Eriol. – Você sabe que não é uma inútil.
- Se eu realmente não sou porque todos me tratam assim?
- Porque não conhecem você como eu, não sabem que você pode se cuidar.
- Supondo que você esteja certo, que eu realmente possa me cuidar totalmente sozinha...
- Eu nunca disse isso, você pode se virar, mas não necessariamente totalmente independente.
- Mesmo assim, se partirmos do princípio de que eu possa mesmo me virar, como provaremos isso a eles? – disse Sakura e Eriol teve que se calar. Os anciãos eram muito cabeça-duras, não seria nada fácil provar isso a eles. – Foi o que eu imaginei. – ela se levantou e saiu de lá.
- Não precisa se preocupar, ela pode encontrar o quarto sozinha. – disse Eriol quando Shaoran fez menção de ir atrás dela.
- Essa garota consegue analisar tudo à sua volta sem sequer usar qualquer feitiço. – espantou-se Yelan.
- Eu disse que ela é uma pessoa especial. – comentou Eriol tristemente. – Tenho que admitir, vai ser muito difícil convencer os anciãos.
- Por que não uma simples demonstração? Seria bem fácil e eu sei que ela tem poder de sobra para convence-los. – disse Shaoran.
- Sakura nunca concordaria com isso. – disse Eriol, rindo. – Ela nunca usaria seus poderes para convencer outras pessoas de que ela é superior. Principalmente porque isso lhe traria tristes lembranças... – ele suspirou. – Vou dormir, amanhã vai ser um longo dia. – ele se levantou e se retirou da sala.
- O que será que ele quis dizer com isso? – perguntou Yelan em voz alta.
- Ele tem um plano, pode ter certeza disso. – disse Shaoran. – Vou dormir também, até amanhã. – ele saiu de lá e foi para seu quarto.
Shaoran entrou no quarto, se trocou e deitou na cama. Não conseguia pensar em mais nada a não ser em Sakura. Não conseguia compreender o pensamento dela, às vezes parecia estar bem, mas a mudança de pensamento e aparência era muito brusca. Se iria viver sob o mesmo teto com ela provavelmente pelo o resto da vida teria que, ao menos, entende-la. Por hora decidiu esquecer tudo aquilo, Eriol tinha razão, amanhã seria um dia cansativo para todos. Alguns quartos de distancia dali, Sakura estava deitada na cama pensando.
"Tudo foi tão rápido... – suspiro – Assim é melhor, quanto menos tempo eu tiver para pensar no assunto, menos vou ficar pensando em tudo o que aconteceu. – uma lágrima molha o rosto da jovem, mas ela a seca rapidamente. – Não posso chorar agora, não posso deixar que me menosprezem mais ainda, meu pai nunca iria querer isso. – ela fechou os olhos e mais lágrimas rolaram, mas ela deixou que elas caíssem dessa vez. – Só assim vou conseguir superar isso".
Ela sentiu alguém se sentar na cama e secar seus olhos. Não sentira a presença, ele a tinha apagado, mas tinha certeza de que era Eriol. Manteve os olhos fechados, mesmo que não fizesse diferença. Assustou-se ao ouvir a voz de Shaoran ao seu lado.
- Você não devia tentar parecer forte sendo que não se sente assim. – disse ele, acariciando o rosto da garota. – Não se assuste, não vou te fazer nada.
- Devia ter imaginado que não era o Eriol... Ele nunca entraria sorrateiro desse jeito.
- Desculpe, não queria que Eriol me percebesse. Por isso passei sem barulho e apaguei minha presença.
- Imaginei que fosse isso, a única coisa que me intriga é o fato de você estar aqui se não tem nada a ver e não te trará benefício nenhum.
- Acho que, se vamos acabar tendo que conviver, é melhor que sejamos amigos do que simplesmente alheios à existência do outro.
- É verdade... – disse ela. – Ás vezes você sabe o que dizer... Não dá só bola fora... – ele sorriu ao comentário.
- Acho que todo mundo tem seus momentos. – ele suspirou. – Na verdade, agi como um idiota nesses últimos dias. Acho que me senti meio pressionado e não conseguia lidar com você durante esse tempo. É a primeira vez que eu encontro alguém tão forte que tenha algum tipo de problema.
- Eu imagino... Como futuro líder do clã Li, sua mãe não deve ter deixado você entrar em contato com pessoas que não fossem do mais alto escalão do clã. – disse Sakura, se sentando na cama.
- Você também com essa história. – disse ele, emburrado.
- Que história? Tudo o que estou falando é dedução, pode falar se eu estiver errada.
- Eriol falou uma coisa parecida quando ainda estávamos em Tomoeda...
- Eriol consegue irritar facilmente as pessoas só com o jeito de falar dele. Mas o que exatamente ele falou?
- Falou que eu nunca tinha realmente passado por um aperto, que eu sou inexperiente.
- Ele não precisava ter falado assim, tem um fundo de verdade, mas eu duvido que realmente fosse necessário ele dizer isso.
- Talvez... Mas acho que ele falou isso porque eu estava segurando ele pelo colarinho...
- Ai... – ela riu com gosto. – Nunca pressione Eriol dessa forma, pode se dar mal.
- Na verdade só vi Eriol nervoso uma vez... Outro dia quando a tal Daidouji foi visitá-lo no hotel.
- Tomoyo realmente deixa Eriol nervoso quando os dois estão na frente de outras pessoas. Mas os dois sozinhos ficam bem calmos. – ela riu.
- Sei...
- O que foi? Me pareceu triste.
- Nada não. – ele suspirou.
- Claro... – ela suspirou o colocou a mão direita sobre os olhos. Shaoran ficou observando e viu que uma luz fraca e branca saiu dali. Logo em seguida Sakura abriu os olhos e o fitou.
- Então esse é o feitiço?
- Esse mesmo. O único problema é que amanhã vou ficar com uma baita dor de cabeça.
- Por que?
- Andei usando esse feitiço demais nos últimos dias, não é só porque é magia que não tem as suas conseqüências. – ela se levantou e foi até a janela. – Eriol vai vir aqui daqui a pouco... Você sabe o que ele tem em mente para convencer os anciãos?
- O que ele imagina, não sei. Mas eu sei de um jeito, Eriol falou que você nunca concordaria...
- Demonstração com meus poderes... Não posso fazer isso... Não quero me colocar acima de ninguém só por causa de meus poderes.
- Foi exatamente isso que ele falou.
- Ele me conhece bem... – ela suspirou, olhando a lua cheia. – Tem uma coisa que não entendo... Por que ter poder significa tanto?
- Depende de como você foi criado. – ele se levantou e ficou ao lado dela. – Poder é importante para o clã, para manter a força e o respeito que todos têm por nós. Mas, individualmente, não é algo tão importante assim. Digo, para quem não foi ensinado desde pequeno a ser ambicioso por isso.
- Como o seu caso?
- Cheguei a apanhar quando pequeno por isso.
- Nossa...
- Mas agora já sossegaram, nem conseguem mais encostar em mim direito.
- Mesmo assim... Você era pequeno...
- Não tenha pena de mim, se eles não tivessem feito isso não estaria vivo. Passei por muitas coisas que se eu não fosse forte o suficiente não sobreviveria.
- Não é só isso... Só me lembrei de algo não muito agradável. – ela suspirou. – Acho melhor você ir, Eriol provavelmente quer falar a sós.
- Tudo bem, só me prometa que não vai ficar mais daquele jeito.
- Tudo bem, vou tentar.
- Então tá. – ele afastou umas mechas do rosto dela. Ela virou para encara-lo e sorriu.
- Sabia que você não perderia tempo... – ela riu.
- Não sei do que você está falando. – comentou em tom inocente. – Boa noite. – ele saiu do quarto e, um minuto depois, Eriol entrou.
- Realmente ele é insistente. – disse ele, entrando e se sentando na cama.
- E você é um folgado. – disse ela, se sentando ao lado dele.
- O que Shaoran queria?
- Conversar... Ele disse que, já que vamos ter que conviver, melhor que sejamos amigos.
- Isso é verdade... Ele não é má pessoa, vai perceber quando o conhecer melhor.
- Eu sei... O que você vai fazer para convencer os anciãos?
- Amanhã mesmo vou falar com eles, acho que posso convence-los sozinho.
- E se não der certo?
- É como Shaoran disse, isso não te impediria de ficar aqui.
- Ficar aqui de favor... Não gosto muito da idéia, mas acho que não tenho escolha.
- Não se preocupe, vamos esperar para ver. – ele acariciou o rosto dela. – Dorme agora, é melhor descansar... Shaoran vai querer te fazer sentir bem aqui e ele pode ser bem cansativo.
- Tudo bem, boa noite.
Ele foi embora e Sakura logo adormeceu tranqüila. Na manhã seguinte todos acordaram cedo, com exceção de Sakura, que acordou às nove e meia e Eriol já estava conversando com os anciões.
Sakura tomava café tranqüila quando sentiu a presença de Eriol ficar estranha e não gostou da mudança. Correu até onde sentia a presença dele, e, enquanto se aproximava pode sentir uma outra presença aumentar e muitas outras envolvendo o local.
Era natural, era a reunião dos anciãos, apesar de que ela não se sentia muito confortável com aquilo, ela continuou e, assim que entrou na sala, sentiu as atenções voltarem para si.
- O que está fazendo aqui? – perguntou Eriol, sua voz passava fúria.
- Nem pense em continuar com isso, Eriol, sabe muito bem que não quero forçar.
- Sakura, deixe-me cuidar disso, pode ser?
- Não desse jeito. – disse ela, sem ao menos ligar para os anciões que ela sabia que deviam estar a olhando espantados.
- Sakura...
- Eu avisei. – ela usou uma magia para paralisar o corpo de Eriol. – Sabe bem que minha magia evoluiu, vai tentar ainda?
- Me solta... – disse ele, tentando quebrar, sem sucesso, a magia dela.
- Acho que vou ter que te ajudar a esfriar a cabeça. – ela usou uma magia que despejou água nele. – Mais calmo?
- Sakura! – Shaoran e Yelan chegaram lá, Shaoran não conteve o riso. – Eu preciso tirar uma foto disso.
- Pode me soltar, Sakura. Não vou fazer nada, prometo. – disse Eriol.
- Acho bom. – ela desfez a magia de paralisação. – Desculpem ter interrompido a reunião, com licença. – disse ela, se retirando da sala.
- Bom, vamos deixar vocês continuarem a reunião... – disse Shaoran, saindo correndo dali.
- Vou pegar umas toalhas para você, Eriol. – disse Yelan.
- Não precisa. – ele soltou o cabelo. – Vá cuidar de Sakura, ela gastou bastante magia comigo, sempre fazendo as coisas sem refletir muito então a acaba se cansando.
- Tudo bem. – ela saiu de lá.
- Aquela era a garota? – perguntou o chefe do conselho.
- Sakura Kinomoto, era ela sim.
- Cega? Ela parecia ver muito bem.
- Prática e um pouco de magia ajudam a adaptar-se à certas condições. Apesar de ela ter acabado de perder o pai, não mudou muito.
- Como o pai dela morreu?
- Um ataque de um mago, o mesmo que a deixou cega. Dessa vez ela o matou, não foi uma visão muito agradável.
- Certo... Vamos considerar o caso, agora nos dê licença... E vá se secar.
- Tudo bem. – ele saiu de lá.
Eriol foi para seu quarto e trocou de roupa. Logo ouviu batidas na porta e sabia exatamente quem era.
- Entra, Sakura.
- Você é um canalha mesmo, Eriol. – disse Sakura, entrando e se sentando na cama dele.
- Só porque fiz você cair direitinho e demonstrar seus poderes para os anciãos? – ele riu.
- Ai, Eriol... – ela riu.
- Agora está tudo bem, eles não vão ter moral nenhuma para negar sua entrada no clã.
- Sakura! – Shaoran abriu a porta abruptamente. – Aí está você, espero não estar interrompendo nada.
- Espera sim... Sei... – comentou Eriol. – Shaoran, porque você não mostra a harpa de Fuutie para Sakura?
- Uma harpa? – Sakura estranhou. – Vocês têm uma harpa aqui?
- Era da minha irmã, mas ela não usa mais. – disse Shaoran. – Não sabia que você toca.
- Eriol me ensinou, com uma harpa que tinha na casa dele. O que estamos esperando, vamos logo.
Os três foram para um quarto onde havia uma cama arrumada, uma escrivaninha média e a harpa, o antigo quarto de Fuutie. Sakura sentou em frente à harpa e começou a tocar. Era uma melodia suave, que envolveu os dois rapazes completamente, fazendo-os esquecer de tudo no momento em que ouviam a melodia. Sakura tocou por uns 5 minutos seguidos, sentia-se tranqüila, assim como sentia que os dois rapazes também estavam apreciando a música.
Assim que Sakura termina de tocar, os dois garotos aplaudem, mas são interrompidos por Yelan, que entrou abruptamente no quarto.
- O conselho aprovou, querem começar seu treinamento amanhã mesmo.
- Isso é ótimo. – disse Shaoran.
- E querem a sua ajuda, Shaoran. – completou ela.
- Essa não... – ele desanimou.
- Ai... – Sakura, Eriol e Yelan riram.
- Sakura, você sabe tocar harpa? – perguntou Yelan.
- Sei, estava tocando para os rapazes.
- Será que posso ouvir também?
- Claro. – Sakura voltou a tocar, dessa vez uma melodia mais alegre, mas envolvente e doce assim como a primeira.
Eles ficaram quietos e curtindo a melodia até Sakura terminar, depois foram almoçar e o restante do dia correu tranqüilo, mas o dia seguinte seria cansativo para todos...
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Ae, gente, agradeço a todos pela paciência e queria fazer um aviso: estou fazendo o seguinte, cada vez eu atualizo uma historia, vou fazer na ordem "Um amor de academia" depois "Um caso complicado de se resolver" e por último "Heart of sword". Ou seja, depois desse aqui vu atualizar, não sei quando, o "Um amor de academia".
Agradeço a Daí por revisar o capítulo e por me aturar no MSN...
Bjinhus para todos, Miaka.
