Capítulo 05 - Traduções
Severo acordou suado em seu quarto, sentindo a cicatriz em seu braço queimar. Voldemort estava chamando. Imediatamente o rapaz se levantou, vestindo-se apressadamente para depois aparatar, reaparecendo num grande salão onde vários comensais já se encontravam. Ele observou o Lorde conversar apressado com Bellatrix. Qualquer fosse o assunto daquela reunião, ele havia perdido.
Numa sala anexa àquela, Pedro aparatava para casa. Voldemort ficara tão impressionado com as informações sobre a Antiga Magia que decidira manter o rapaz como peça chave, um ás na manga. Poucos de seus comensais sabiam que aquele grifinório covarde estava do mesmo lado que eles, e o lorde queria que assim continuasse.
Por isso, Snape jamais soube que Pedro Pettigrew, a sombra dos marotos, era um traidor. E ele também nunca se interessara pelos segredos de Voldemort. O olhar arguto de Severo estava percorrendo o salão muito rapidamente, de olho em um comensal que escapulia sorrateiramente. Travers. Snape jamais entenderia porque não gostava do "colega", e, naquele momento, essa questão foi jogada para segundo plano. Ele seguiu o outro comensal, passando igualmente despercebido por todos que estavam no salão.
Silenciosamente eles desceram escadarias, Travers um pouco mais à frente, sem saber que era seguido, até chegarem às masmorras do Lorde das Trevas. Severo observou-o parar diante da cela da jovem de olhos tristes.
- Olá, Dorcas Meadowes.
A jovem levantou a cabeça silenciosamente. Snape, mesmo de longe, podia perceber o brilho de ódio que havia nos olhos dela. Travers riu ruidosamente, abrindo a cela e aproximando-se da moça.
- Sabe, Dorcas, eu estava a fim de ter um pouco de diversão hoje à noite. - ele abaixou-se até ficar no nível dela, que estava encolhida, sentada no chão, deixando-a perceber que estava completamente bêbado - E já que fomos quase namorados...
Ela cuspiu no chão antes que ele pudesse aproximar-se o suficiente.
- Não sabe como me arrependo de ter aceitado ir ao meu último baile com você, seu monte de m...
O comensal riu, segurando-a com força pelo queixo.
- Você costumava ser mais limpa, Dorcas, mas assim mesmo há de servir.
Com violência, Travers tomou os lábios dela entre os seus. Na escadaria da masmorra, Snape segurou com força sua varinha.
"Cada mundo é guardado por um Perpétuo, exceto os portões do Inferno. Sete são as sentinelas que todas as passagens coordenam. Todos estão à disposição daquele que tem o poder do sacrifício, a chave da morte. Mas que não se engane o guardião, eles não merecem total confiança, ou dele farão joguete na Guerra Eterna. Apenas Thanatus, o anjo da Morte e Chaos, o senhor da Destruição, não tentarão iludir o soberano de Hades."
Lílian releu o parágrafo cheio de ambiguidades que acabara de traduzir. Ainda tinha muito o que aperfeiçoar. Se pelo menos tivesse o pai ali... Ele sim era um especialista. Ela pôs o livro negro de lado e concentrou-se em outro menor, de capa verde.
"Os domínios de Perséfone estão nos limites da mente. Os de Cérbero, no âmago do sangue. As harpias são o hálito fétido da morte. Acima de todos está Hades, o coração do reino sombrio.
A barca de Caronte só há de transportar aquele que tem o poder do sacrifício, que do sangue da sentinela fez entrada para si. Pois só através do punhal pode o guardião governar."
- O que tudo isso pode significar? - ela se perguntou, olhando para suas anotações.
Tudo estava, de alguma forma, relacionado com Mitologia. Por sorte, seu pai era amante dos mitos de todos os povos. Ah, seu pai... Balançando a cabeça, ela voltou a tentar se concentrar no que descobrira até ali. Perséfone era a rainha dos Infernos; Cérbero, o cão guardião de três cabeças; as harpias era demônios que ceifavam a vida dos mortais e Hades era, não apenas o soberano do inferno e marido de Perséfone, como a própria designação do mundo dos mortos. Esse Hades poderia ter ligação com o dragão de Helena? E o que era o poder do sacrifício que tanto se repetia? Era o quinto livro em que encontrava uma citação como aquela!
- Apenas o sacrifício pode abrir os portais do Inferno, apenas...
- Falando sozinha, Lily?
A ruiva voltou-se para o namorado, que parara ao lado dela, acariciando seu pescoço.
- Só estou um pouco confusa. - ela respondeu, voltando a atenção para os papéis e tentando ignorar os arrepios causados pelo toque dele.
- Não pode deixar para pensar nisso amanhã?
- "Não deixe para amanhã o que pode fazer hoje", era o que minha mãe sempre repetia. Além disso, Dumbledore conta comigo.
- Lílian, você não dorme há duas noites e está nessas traduções desde que chegamos do "ch" de Dumbledore. Feriados foram feitos para se descansar! Amanhã é Natal e você está aí, metida nesses papéis, sem dar atenção nem a mim!
Lílian olhou para o relógio em seu pulso e voltou para ele os olhos verdes, sombreados por grossas olheiras.
- Você não é um bebê que precise de atenção a todo instante. E, a propósito, Feliz Natal. Já passa da meia-noite. Seu presente está na gaveta da minha mesa de cabeceira.
Tiago suspirou enquanto ela organizava mais pergaminhos. Hora de atitudes drásticas. Ele se sentou no chão, ao pé da cadeira dela e, com força, a puxou, fazendo-a cair em seu colo, calando os gritos que certamente viriam com um caloroso beijo. O rapaz sentiu o corpo dela amolecer e finalmente afastou-se gentilmente, levantando-se com ela no colo.
- Eu proíbo a senhorita de pegar nesses livros até o fim da semana. E agora você vai tomar um copo de leite quente e depois vai para a cama dormir!
- Sim, senhor, meu cavaleiro da armadura brilhante. - ela disse sorrindo.
Tiago riu, roubando mais um beijo enquanto carregava a namorada para longe da pilha de livros que Dumbledore tirara do salão onde, um dia, encontrara um ovo de fênix.
- EXPELLIARMUS! - a voz de Snape soou.
Travers foi jogado contra a parede. A varinha escapou de suas mãos e, antes que ele pudesse se levantar, Dorcas estava diante dele, a varinha em punho, os olhos brilhando.
- Avada...
Snape segurou o pulso dela e apontou a própria varinha para a testa de Travers.
- Se fizer isso, vai acabar se arrependendo. - ele disse para ela com a voz rouca, os olhos presos aos dela.
- Você vai se arrepender por isso, Snape. - Travers disse, os dentes rilhando.
- Não se você não se lembrar, bêbado idiota. - o outro comensal observou com um sorriso sarcástico - Obliviate!
Um jorro de luz atingiu a cabeça de Travers, que ficou com o olhar perdido, acabando por desmaiar. Dorcas puxou o pulso com violência da mão do ex-sonserino.
- Porque me ajudou?
- Eu não gosto dele. - Snape respondeu, dando de ombros - E ninguém mexe com os meus prisioneiros. Corra até as escadas. Dali poderá aparatar.
Dorcas olhou-o espantada por alguns instantes.
- Obrigada. - ela sussurrou antes de se levantar, desaparecendo na curva das escadarias.
Das outras celas começava a se levantar um murmúrio. Severo apontou para Travers com a varinha, fazendo-o levitar. Antes de sair, ele mexeu numa caixa onde dezenas de vidros guardavam líquidos coloridos. Suas queridas poções. Ele escolheu um vidro azulado e, quando chegou à porta que saía das masmorras, fez o corpo desarcodado do outro comensal passar e jogou o vidro escadaria abaixo, fechando a porta em seguida. Lá embaixo, o vidro se partiu, deixando um vapor azulado escapar para as celas cheias de prisioneiros.
Uma rua vazia. Parecia um lugar comum, como aquela em que vivera sua infância. Mas algo ali estava errado. As luzes do poente sempre se faziam acompanhar por uma orquestrar de passarinhos. Àquela hora sempre havia o vento suave que soprava do litoral. Mas tudo estava em silêncio, parado, como se o próprio tempo houvesse interrompido seu curso.
Uma garota. Uma garota de cabelos negros e olhos claros e gentis caminhou na direção dela. Ela era bem jovem, mas ao mesmo tempo... a aura dela era estranha... Tão quente e reconfortante... e, ao mesmo tempo...
- Olá, pequena. - a garota disse docemente - Está preparada?
- Preparada?
- Eu não queria mostrar isso, mas é preciso. Mas não se preocupe, não deixarei que se lembre de nada.
De repente a rua desapareceu. Estava perto de uma lareira, junto de Tiago. Os dois sorriam. O moreno beijou o alto da cabeça dela, enquanto a envolvia pela cintura. Um choro de bebê encheu a sala e a ruiva levantou-se. Lílian se viu ir até uma escada e depois parar assustada. Um clarão verde surgira sob o vão da porta. Tiago gritou alguma coisa. Muito rápido, ela viu um homem pálido, de sorriso irônico, entrar na sala, após derrubar a porta, enquanto ela mesma corria pelas escadas.
- AVADA...
- NÃO!!!
Fawkes soltou um grito longo e sentido. Dumbledore imediatamente se levantou, olhando o quarto escuro até localizar a fênix. O velho diretor caminhou até a ave, acariciando-a levemente.
- O que aconteceu?
Ela soltou um fraco trinado, enquanto o olhava tristemente. Dezenas de bruxos tinham morrido há pouco nas masmorras do Lorde das Trevas. Dumbledore sentiu o coração apertar. Ainda tinha esperança de rever alguns daqueles que haviam sido capturados, muitos eram seus ex-alunos. E Fawkes agora dizia que estavam todos mortos.
Algém bateu à porta e o diretor vestiu um robe por cima do camisolão, caminhando para o escritório, onde Minerva McGonnagal esperava com um vulto encolhido.
- Alvo, ela acabou de chegar. Escapou das masmorras Daquele-que-não-deve-ser-nomeado.
O diretor olhou com admiração para a pequena, enquanto se sentava.
- Ora, isso é excelente. E como se chama, senhorita?
A garota levantou o rosto sujo, olhando para os olhos de safira de seu ex-professor.
- Dorcas Meadowes.
- NÃO!
Tiago acordou com o grito de Lílian, que estava sentada na cama, os olhos arregalados.
- Sangue... Não pode... Não...
O moreno aproximou-se da namorada.
- Lily, o que...
Ela voltou-se para ele, os olhos vermelhos e cheios de lágrimas.
- Você está vivo? Mas ele...
O rapaz a abraçou forte, acariciando o alto da cabeça dela.
- Calma, Lily... Foi só um pesadelo...
Ela encostou a cabeça ao peito dele, continuando a chorar baixinho. Tiago tocou a fronte dela, levemente preocupado. Ela estava queimando de febre. Finalmente, Lílian voltou a adormecer e ele voltou a deitá-la, olhando-a com carinho.
- Não vai acontecer nada, Lily... Não se preocupe. - ele beijou a testa dela - Vou buscar uma poção para sua febre. Durma bem...
Mais um capítulo. As coisas estão começando a se tornar mais pesadas. Vai chegar um ponto nessa fic em que teremos praticamente uma morte por capítulo. Mas não é minha culpa, a Rowling foi quem matou a maioria deles. Mas vamos deixar isso de lado por hora e responder aos seus comentários.
Dynha Black: sua autora favorita? Tô ficando vermelha... Eu sei que os marotos são os máximos, por isso, não se preocupe, eles são os maiorais nessa história. E, como eu já disse dezenas de vezes, a idéia é justamente matar vocês de curiosidade...
Mya: não sou eu quem acha que a Bella é uma incompreendida. Para mim ela é o protótipo da mulher fatal. Não sei, talvez eu acabe escrevendo uma fic só para ela, há centenas de possibilidades e isso é tão divertido...
Flávia: só por curiosidade, quem é DG actions? Acho que aconteceu alguma confusão por aí... Mas tudo bem, e eu já estou bem melhor, obrigada por se preocupar =). Quanto ao Remo, ele estava na China, se especializando em D.C.A.T., tirando uma temporada para "aulas práticas". Eu escolhi a China por que estava pesquisando sobre vampiros e encontrei sobre o Ch'Iang, que realmente pertence à cultura chinesa, e achei a idéia tão interessante que fiz o Remo peregrinar por metade do mundo...
Juliana: bem, agora que conseguiu ler a fic, continue comentando. O mundo está conspirando para que você leia a fic (Eu sou maluca...)
Bru: eu sou especialista em acabar na melhor parte. Quero ver sua cara nos próximos capítulos (eu sou muito má, vou deixar todos curiosos com o que vem por aí, hahahaha). Não sei se vai ter uma continuação. Isso depende de vocês, leitores. Leiam, comentem, e eu prometo pensar no assunto, ok?
Deby: e começou tudo de novo... Vou matar todos de ansiedade, vocês vão ficar com as unhas rodas roídas, huahuahua... Que bom que gostou de L/T. Mas esse casal ainda vai demorar um bocado para se acertar...
Vera C.D.: eu realmente fiquei meio em dúvida em mostrar o Pedro revelando sobre a animagia, porque me lembrava de uma fala, eu acho que é do Sirius, sobre Voldemort não saber dessa fato. Mas, como é uma fala, eu parti da idéia de que aquilo era apenas uma suposição. No caso, Voldemort teria ficado tão interessado na Antiga Magia que não deu atenção aos marotos serem animagos. Espero que isso resolva a sua questão e, qualquer outra dúvida, é só perguntar, eu estou sempre a postos.
Saky: O Remo ainda não vai ser "feliz" por um longo tempo... E ele reconheceu a Tonks sim. Mas isso não vai dar muito certo, eu lhe adianto logo... A Susan e o Sirius são quase vizinhos, eles moram bem perto (lembra da primeira parte de Hades?) e estão sempre se encontrando na casa de Tiago e Lílian, que fica entre a deles. Mas não se preocupe, a deixa dos dois está já chegando...
Juliana: eu não sei se é a mesma que eu já respondi, então aqui vai de novo. Brigada pelo desejo de melhoras. Para sua sorte (e, sobretudo, minha), estou bem melhor, tanto que aqui está capítulo novo.
Madame Destany: depois do seu comentário, que não era o primeiro falando sobre confusão, eu decidi dar uma olhada na fic na net e descobri que minhas divisões de cenas (aqueles cinco asteriscos) não estavam aparecendo. Eu ainda não tinha prestado atenção no novo sistema do site e descobri que, pela diagramação da fic, era óbvio que muita gente estava saindo daqui BEM confusa. Agora eu dei uma arrumada, se quiserem conferir se suas dúvidas foram causadas por isso, é só dar uma lida de novo nos capítulos anteriores.
Essas notas de autora estão ficando enormes... Ai, ai... Eu não posso deixar esse serviço acumular, mas o que posso fazer? Ah, antes que eu me esqueça, caso aconteça mais algum erro de diagramação como o dos capítulos anteriores (que, eu repito, já arrumei), por favor, me avisem, ok?
Beijos,
Silverghost.
