Heart of Sword

Naquela manhã, Sakura acordou alegre e disposta. Levantou, tomou uma ducha e colocou o uniforme: a saia de prega preta até os joelhos, uma camisa social branca e uma jaqueta preta, com um emblema prateado em forma de uma estrela de seis pontas no bolso esquerdo do peito. O sapato era em estilo boneca, preto também.

Chegou na sala de jantar e encontrou Shaoran, Eriol, Lyu e T'ai já tomando café.

– Bom dia! – ela sentou-se, sorridente.

– Bom dia! – respondeu Eriol. – Animada com seu primeiro dia de aula?

– Claro! Há anos que não posso ir... Agora que posso, estou ansiosa.

– Vai dar tudo certo, você vai se sair bem... Tenho certeza. – diz Lyu, sorrindo.

– Obrigada! – agradeceu, suspirando em seguida. – Gostaria que Tomoyo estivesse aqui... Sempre íamos juntas à escola, era tão bom...

– Você não falou com ela desde a semana passada, não é? Quando ela foi embora... – perguntou T'ai.

– É sim... Ela é muito ocupada, e nessa semana também não parei um minuto... Não deu para a gente se falar, mas logo vamos voltar ao normal.

– Tenha certeza, Sakura... Logo tudo vai voltar ao normal... – comentou Eriol.

Todos continuaram o desjejum em silêncio. Depois de algum tempo, Shaoran se pronunciou.

– Está levando o uniforme de educação física? Temos aula hoje.

– Estou sim. – sorriu. – Já terminou?

– Já.

– Então vamos. – levantou, cumprimentando cada um dos presentes com um beijo no rosto, antes de sair com Shaoran.

– Escute... Acho que já sabe que vai ser apresentada para a classe logo na primeira aula.

– Sei sim, Shaoran... Não se preocupe, não vou te envergonhar.

– Ninguém da sala sabe que nos conhecemos... Só o Lang que não vai abrir a boca para ninguém...

– Não vamos espalhar num primeiro momento... Não quero estardalhaço à toa...

– Como quiser.

Assim que eles chegaram, Sakura foi chamada pelo diretor e Shaoran foi para a sala.

Logo o professor de educação física entrou.

– Bom dia a todos. – esperou que os alunos sentassem. – Hoje receberemos uma nova aluna, ela veio do Japão. Entre, por favor. – os olhares de todos pousaram em Sakura, que estava ligeiramente corada. – Pode apresentar-se.

– Arigatou, quer dizer, obrigada. – sorriu para o professor. – Meu nome é Sakura Kinomoto, vim de Tomoeda, uma cidade pequena próxima à Tókio. Meu chinês ainda não é perfeito e tenho algumas manias com expressões japonesas, peço que tenham paciência comigo.

– Tenho certeza de que todos terão. – disse o professor. – Escolha uma carteira para deixar seu material e depois vá se trocar com as garotas para começarmos a aula.

– Está bem. – colocou o material em uma carteira na terceira fileira, na diagonal direita de trás de Shaoran, que se virou para falar com ela.

– Seu chinês não é ruim.

– Eu não disse que era... Disse que não era perfeito. Você tem uma base em japonês... Entende a maioria das expressões que eu falo...

– Verdade... – levantou. – Vamos?

– Claro. – sorriu, saindo da sala ao lado dele.

– Hei, Li! Já não basta ter todas as garotas da cidade a seus pés, não? – um rapaz de cabelos negros e olhos verdes, pele bronzeada e físico avantajado, se aproximou dos dois. O coração de Sakura falhou uma batida e ela perdeu o ritmo do passo, mas tentou disfarçar.

– Ora, Zheng, eu não estou fazendo nada, só sendo educado com a garota.

– Então não se importa se eu fizer o mesmo? – perguntou o rapaz, em tom debochado.

Sakura sabia que Shaoran poderia arranjar encrenca, e não queria ser motivo de fofocas logo no primeiro dia, então resolveu intervir.

– Rapazes, por favor... Não há problema algum em nos acompanhar, sr Zheng. – sorriu. – Não é mesmo, sr Li?

– Quer mesmo que eu responda? – perguntou, mal-humorado.

– Vamos. – cortou-o secamente, dirigindo um olhar de reprovação a Shaoran.

Depois de se trocarem, todos foram para a quadra.

– Na última aula iniciamos a base para as artes marciais. Hoje vamos colocar em prática. – virou-se para Sakura. – Tem conhecimento nesse campo?

– Sim. – respondeu, simplesmente.

– Então tudo bem. – voltou-se para a turma. – Vamos formar duplas de treino, tentem pegar alguém mais ou menos no nível de vocês. – chamou Shaoran com um gesto. – Sei que fazer esses exercícios básicos é entediante... Então poderia ajudar-me a instruir os alunos?

– É cla... – foi interrompido por Sakura.

– Se o sr Li não se importar, gostaria de tentar dar-lhe algum trabalho.

– Srta Kinomoto... Li é um exímio guerreiro... Pode sair machucada e eu não gostaria de ser o responsável por isso.

– Duvido que ele faria algo desumano comigo... Se for mesmo um guerreiro, ele tem honra o suficiente para controlar-se.

– Mas...

– Pode deixar, professor... Se for realmente esse o desejo da srta Kinomoto, farei o que me pede. Só que precisaremos de mais espaço, nos afastaremos um pouco da turma, está bem?

– Se realmente não se importar... Só não saiam do meu campo de visão.

– Não o faremos. – disse ele, se afastando e sendo imitado por Sakura. – Achei que não quisesse chamar a atenção.

– Tanto faz, chamar atenção e contar a verdade são duas coisas diferentes... E você não vai abrir a boca...

– Abrir a boca sobre o que? – brincou, parando de andar, vendo-a fazer o mesmo à sua frente. – Pronta?

– Podemos começar mais devagar para aquecer?

– Como quiser.

– Então vem. – ela tomou a posição de defesa e esperou o ataque dele, que não tardou a vir.

Começaram com socos e chutes mais fracos e lentos, só para aquecerem e reacostumarem com o estilo um do outro. Há duas semanas que não treinavam juntos, não sabiam quais mudanças ocorreram na reação a certos ataques.

– Está bem mais rápida... Parece que Lyu não lhe deu descanso nessas duas semanas. – comentou, desviando de um soco.

– Treinamos bastante sim, mas nada em um nível insuportável. – defendeu um chute com o braço direito e segurou a perna dele com a mão esquerda para derrubá-lo.

– E aprendeu novas táticas, está com um estilo bem mais avançado. – saltou e usou a outra perna para soltar a primeira, caindo agachado como um gato.

– Aprendi esse a duras penas, minha canela está toda marcada de tanto que o Lyu quase torceu meu tornozelo e me derrubou. – posicionou-se, vendo-o fazer o mesmo.

– Podemos colocar mais dinâmica nisso? – perguntou, um sorriso maroto aparecendo em seu rosto.

– Com certeza. – ela partiu para cima dele e começaram a aumentar o nível e a velocidade dos golpes.

Àquela altura, todos já haviam parado com suas atividades para observar aquele 'duelo de gigantes'.

Shaoran começou a aumentar o nível dos golpes e Sakura respondia à altura.

– Que tal conferirmos se Lyu fez realmente um bom trabalho? – perguntou, quando se afastaram e preparavam-se para mais ataques.

– Fique à vontade. – partiu para cima dele rapidamente, não podia lhe dar tempo para pensar. Assim que obteve como resposta de um soco uma defesa com o braço esquerdo, Sakura viu-o sacar uma faca e se afastou, porém obteve um pequeno corte na manga direita da camiseta. – É assim, é? Então vem pra ver se me pega com isso.

– Você quem pediu. – começou com investidas estratégicas, sempre aproximando a faca do corpo dela, que só desviava. – Fugir não é uma tática promissora.

– E você devia falar menos. – segurou a mão dele, tomando a faca e derrubando-o no chão em seguido, com a faca apontada para o peito do rapaz. – Não me subestime.

– Você venceu. – ele sorriu, ao vê-la abaixar a faca e estender uma mão a si mesmo. Segurou a mão dela, levantando-se. – Posso guardar a faca?

– Claro. – entregou a ele. – Lyu andou me ensinando alguns truques com facas e punhais, você não é tão bom quanto ele nisso... Seu forte é corpo-a-corpo e espadas longas.

– Li! No que estava pensando? De onde tirou essa faca? – o professor se aproximava, correndo desesperadamente.

– Eu sempre carrego uma comigo... Tenho autorização da direção, não se preocupe.

– Mas que bicho te mordeu para atacar a srta Kinomoto com ela!

– Professor, calma... – Sakura interveio. – Foi só um treino... Se fosse para valer ele podia ter me matado.

– Mas você o derrubou... – foi interrompido pela risada de Shaoran.

– Por isso eu disse que ele não faria nada desumano comigo... – ela sorriu ao dizer isso. – Precisa de nós ou podemos continuar?

– Podem continuar... – ele voltou para o centro dos alunos, fazendo-os voltarem às atividades.

– Agora você não pode mais esconder que é do clã.

– Não necessariamente. – comentou ela. – Vamos continuar, eu vejo isso depois.

– Como quiser.

Os dois voltaram ao 'treino', mas não demoraram a parar, não queriam desgastar-se demais.

Sentaram-se em um canto e ficaram observando os colegas.

Shaoran afastou-se por alguns minutos e voltou com duas garrafas de água gelada, entregando uma a ela.

– Obrigada. – disse, bebendo um gole. – Você tem certeza de que Lang não abrirá a boca?

– Tenho sim... Toda a família dele sabe sobre o clã e sobre magia... Nenhum deles possui, mas nossas famílias estão ligadas há gerações... Contei a ele mais ou menos a sua história...

– Ah sim... Isso é bom... Evita mal-entendidos e nos dá cobertura para algum problema...

– Com certeza. – sorriu, lembrando-se dos dois rapazes da família Lang que haviam se tornado amigos dele.

A aula acabou e todos voltaram apara a sala, depois de colocar o uniforme normal. Tiveram uma aula de chinês antes do almoço.

Assim que o sinal soou anunciando o horário do intervalo, Sakura pegou um livro que estava lendo, seu almoço e foi para uma parte onde havia algumas árvores, que dariam sombra para que não sentisse calor demais, mas haveria claridade o suficiente para que lesse.

Ficou lá uns quinze minutos, sossegada, até alguns rapazes chegarem. Sakura contraiu levemente os olhos ao ver que Zheng estava à frente do grupo.

– Olá novamente, srta Kinomoto.

– Olá, sr Zheng. – respondeu polidamente.

– Importa-se se nos juntarmos a srta?

– Na verdade, me importo... – viu-o arregalar os olhos. – Sinto muito, mas preciso terminar de ler isso aqui. – apontou para o livro.

– Tudo bem... Deixarei que leia. Mas só se prometer que podemos dar uma volta depois da aula... Gostaria de conhecê-la melhor.

– Escute, Zheng... Não sou o tipo de garota fácil que passa o telefone para os outros na primeira conversa. – suspirou. – Talvez seja novidade para você ser rejeitado, mas não me deu motivo algum para aceitar seu convite... Muito menos hoje, que tenho assuntos a resolver depois da aula.

– Escute aqui... Você não sabe com quem está se metendo... – começou o rapaz, mas foi interrompido por uma voz grave e calma.

– Não ouviu, Zheng? Deixe-a em paz... – um rapaz alto e forte, com cabelos negros e olhos em um tom de mel.

– Ora, ora, se não é Lien Lang, o protetor dos fracos e oprimidos. – disse Zheng, debochando.

– Não vou repetir. – advertiu o rapaz.

– Fica se achando somente porque é protegido pela família Li... Que piada... – debochou novamente.

– Escute aqui, Zheng... – Sakura começou, se levantando. – Ele não precisa me proteger... Creio que tenha visto que sou capaz de fazer com você por aquele pequeno treino durante a aula de educação física. Agora dê o fora antes que eu perca a paciência.

– Já que me pede com tanta educação... – comentou, com um sorriso irônico nos lábios. – Vamos, rapazes. – se afastaram.

– Imaginei que fosse melhor eu me meter em encrenca com eles do que você, que acabou de chegar na escola... – comentou Lien.

– Escute, Lang, agradeço pela ajuda... Mas não precisa se preocupar comigo. Não seria justo que se envolvesse em problemas por minha culpa, as coisas não funcionam desse jeito.

– Parece que encontramos alguém mais individualista que Shaoran Li.

– Não sou individualista. – riu um pouco ao pronunciar a palavra. – Sou somente, vamos dizer, realista.

– Ah sim... Claro... – riu de lado. – Apesar de ser estrangeira, tem algumas características que os Li prezam bastante.

– Você não seria o primeiro a pensar dessa forma... – suspirou. – Só o primeiro a ter coragem suficiente para me dizer. – sorriu, vendo o rapaz rir um pouco.

– Hei, Lien! Finalmente te encontramos! – Mai Su e Shaoran se aproximavam.

– Parece que já conheceu nossa nova e temperamental amiga. – comentou Shaoran, em tom de gozação.

– Olha a moral que você tem para chamá-la de temperamental... – riu Mai Su, acompanhado por Sakura e Lien.

– Não me disse que havia dois Lang na escola, Shaoran... – comentou Sakura.

– Você também não me perguntou nada. – deu de ombros, fazendo-a balançar negativamente a cabeça. – Não preciso nem falar que não devem comentar com ninguém sobre a posição de Sakura no clã, até que ela mesma o faça, não é mesmo?

– Não precisa falar mesmo... – comentou Mai Su. – Contrariar a fera aí que eu não vou... – apontou para Sakura. – Ela te derrubou, mesmo você usando uma faca.

– Só porque ele deixou... – comentou Sakura. – Se fosse para valer eu estaria mortinha agora... Posso lutar bem, mas ainda falta um pouco para alcançá-lo. – suspirou. – Posso fazer alguma coisa pelos senhores?

– Não... Nada. – disse Lien, dando de ombros.

– Então, se me dão licença, tenho um livro para terminar. – pegou o livro e abriu-o na página onde parara.

– Como quiser. – disse Shaoran, se afastando com Mai Su.

Sakura desviou os olhos do livro e ficou observando o rapaz se afastar com um olhar sonhador. Suspirou e voltou a olhar para o livro.

– Há quanto tempo gosta dele? – ouviu a voz de Lien muito próxima, assustando-a. – Desculpe, não pretendia assustá-la.

– Está tão óbvio assim? – Sakura não soube bem explicar o porquê, mas sabia que podia confiar em Lien.

– Não pude notar durante a conversa, mas o olhar que você lançou a ele quando se afastava... Não sou bobo, posso não ter poderes, mas sou sensitivo. Não que precisasse de sensibilidade para perceber isso.

– É um sonho impossível... Ele tem todas as garotas da cidade aos seus pés... Porque olharia para mim?

– Você se menospreza demais... – ele suspirou.

– Não é verdade... Sou somente realista... – ela deitou no gramado, olhando o céu azul e limpo. – Existem garotas muito belas dispostas a tudo... E ele pode arranjar uma que seja um melhor partido do que eu: uma simples estrangeira que vive de favor na casa dele!

– Aposto que, em seu país, também poderia achar um bom partido... E por qual motivo não ficou por lá e tentou encontrar um?

– Além de ter vindo para não causar mais problemas? É simples... Eu o amo.

– O que impede que ele sinta o mesmo?

– Escuta, Lien... Por mais que suas intenções sejam boas... Eu tenho minhas experiências e não quero criar falsas ilusões. – pegou o livro e voltou a ler. Lien entendeu a mensagem e se afastou calmamente, mas com a imagem da garota de olhos verdes em sua memória.

A aula que seguia o almoço era de história, estavam estudando a civilização egípcia, o que proporcionou alguma atenção a Sakura, por ter bastante conhecimento do assunto.

– Parabéns, srta Kinomoto, parece que não terá problemas com a minha matéria se sabe tanto sobre o assunto. – o professor sorria cordialmente ao dizer essas palavras, após o término da aula, falando particularmente com Sakura.

– Não é mérito meu, professor... Meu pai era arqueólogo, sempre o ajudei com as aulas, provas e coisas do tipo... – sorriu, corada. – Devo admitir que a matéria que mais gostei sempre foi a religião egípcia, como pôde notar.

– Ah sim... E atualmente seu pai se aposentou?

– Bom... Para dizer a verdade, meu pai faleceu há alguns meses... – baixou o olhar, um pouco melancólica.

– Oh, eu... Sinto muito, não queria fazê-la relembrar do fato... – desculpou-se rapidamente.

– Não tem problema, o senhor não sabia de nada e eu já superei. – levantou o olhar e sorriu. – Eu tenho alguns livros dele aqui em Hong Kong... Se interessá-lo, posso trazer alguns para que leia.

– Seria interessante, porém, infelizmente não tenho muita prática com o japonês...

– Não seja por isso... A maioria tem linguagem simples e um dicionário comum resolve... Além do que, tenho um dicionário completo japonês-chinês, que era do meu pai também. Tem termos mais específicos para tudo o que precisar.

– Sempre preparada, não é mesmo?

– Bem que eu queria que fosse verdade... Poderia ter evitado muitos transtornos... – suspirou. – Trarei os livros amanhã... O de religião egípcia e o dicionário técnico.

– Não... Vão pesar demais para a senhorita... Deixe-me ir buscá-los em sua casa.

– De forma alguma. – meneou a cabeça. – Não é incômodo para mim, não são muito pesados e não seria educado oferecer-lhe os livros e fazê-lo ir buscar.

– Vejo que não poderei fazê-la mudar de idéia.

– De forma alguma... – sorriu novamente. – Agora eu tenho que ir... Tenho coisas a fazer, com licença. – prestou reverência e saiu da sala.

– Você demorou. – comentou Shaoran, que esperava no portão.

– Não pedi que me esperasse. – disse, irônica. – Vamos?

– Claro. – sorriu, marotamente. – Quer apostar uma corrida?

– Seria divertido... Mas não, obrigada. – riu da decepção dele. – Lyu nos quer inteiros para o treino, não vou abusar.

– Nos? Eu estou incluído nisso?

– Esqueceu que prometeu treinar conosco? – riu da careta que ele fez.

– Ah, não vai dar... Marquei com o pessoal para sairmos e zoar um pouco... – pensou um pouco. – Por que não vem conosco? Seria divertido.

– Não... Acho que vou ficar treinando mesmo... Sua mãe não vai gostar nada de saber que você está negligenciando suas obrigações no clã.

– Ah, Sakura, não vai começar com sermão, vai?

– Eu estou falando sério, não é sermão, é só um conselho.

– Então vamos fazer um acordo: Falamos com Lyu, você vem comigo e eu prometo que vou me dedicar mais e treinar a tarde toda com vocês amanhã. O que acha?

– Para quê tudo isso?

– Você não pode ficar trancada na mansão, Sakura, por favor!

– Está bem... Vamos ver o que Lyu dirá disso.

Os dois falaram com Lyu e ele consentiu, mas no dia seguinte teriam que pegar pesado.

Foram tirar o uniforme e se encontraram na sala em dez minutos. Sakura vestia uma calça jeans desbotada com os bolsos marcados, que ia até um pouco abaixo do joelho e uma camiseta baby look preta com manga curta. Amarrou um casaco na cintura e desceu, encontrando Shaoran na sala com uma calça jeans escura e camisa pólo verde musgo.

Saíram sem dizer uma palavra ao outro. Shaoran levou-a a uma lanchonete, onde foi chamado por um grupo de quatro rapazes que estavam numa mesa, que se espantaram ao verem Sakura.

– Hey... Shaoran não perde tempo, a garota mal chegou e ele caiu em cima... – Guan sequer preocupou-se em manter a voz baixa, imaginando que conseguiria encabular o casal, mas o que obteve foi algo bem diferente.

– Não esquenta, não vai ter que me aturar por muito tempo... – comentou Sakura. – Só estou aqui para um certo alguém sair do meu pé. – sentou-se.

– Uh! Essa doeu no ego! – exclamou um de cabelos negros e olhos azuis.

– Pára, Woo... Na verdade nem doeu tanto assim... Dela eu esperaria o pior. – sentou-se também, ao lado de Sakura.

– Parece que já se conhecem... – comentou Guan.

– Infelizmente, bem até demais... – concordou Sakura, vendo que não teria jeito de esconder a verdade.

– Ela é do clã... Entrou há uns dois ou três meses, eu acho... No final das férias.

– Do clã? – espantou-se Woo.

– Achou que consegui onde minhas habilidades? Não viu o que eu fiz com o seu amigo na aula de educação física?

– Por que eu não me surpreendo com o fato de que os irmãos Lang não ficaram nem um pouquinho alterados com a notícia? – perguntou, ironicamente, Guan.

– Talvez porque imaginou que eles já soubessem. – Sakura sorriu, irônica.

– Não espalhem, está bem? – pediu Shaoran.

– Está pedindo por ela ou para não espalharem boatos de que você tem medo de uma garota? – todos riram.

– Hei, Kinomoto! – Zheng se aproximava com sua corja.

Todos os rapazes se levantaram rapidamente, postando-se à frente de Sakura.

– Rapazes, acalmem-se. – pediu Sakura, se levantando. – Posso cuidar do caso por mim mesma. – passou pelos cinco e encarou Zheng. – Será que vou ser obrigada a te dar um fora de novo?

– Se a srta deixou de sair comigo para passar a tarde com esses idiotas, receio dizer que é mais estúpida do que as garotas que usualmente caem na rede de Li.

– Como é que é? – vociferou Shaoran, sendo segurando pelos irmãos Lang.

– Calma Shaoran... Não precisa ficar nervoso por lixo como esse. – Sakura sorriu ironicamente. – Não pense que tenho interesse em algum dos belos rapazes que me acompanham... Para o seu governo, por hora prefiro ficar longe de relacionamentos amorosos, estou preocupada com assuntos mais importantes.

– Ah, sim, e porque chegou aqui com ele? – perguntou, com ar de triunfo.

– Talvez por ele ter sido mais educado e soube realmente como me convencer de vir com ele. – respondeu tranqüilamente.

– E ele é mais interessante do que eu?

– Quem sabe? – olhando de esgueira para Shaoran.

– Vadia... – disse, começando a perder a paciência.

– E a sua opinião deveria me afetar? – perguntou, rindo ironicamente.

– Escuta aqui... – começou, dando um passo à frente, mas foi cortado por Sakura.

– Escute você, senhor almofadinha! Se der mais um passo eu juro que vai se arrepender, estou cheia disso! – vociferou, com um olhar gélido, fazendo o rapaz recuar e se afastar.

Sakura sentou-se e logo foi imitada pelos outros, que continuaram a tarde como se nada tivesse acontecido.

Pouco antes da hora do jantar, todos se despediram e cada um foi para seu canto.

No caminho para a mansão, Shaoran iniciou um diálogo.

– Escuta, Sakura... Eu fiquei me perguntando durante toda a tarde se você realmente agiu do modo que se sentiu quando Zheng chegou na lanchonete.

– Claro que não, Shaoran... – ela riu um pouco, mas uma lágrima escorreu por sua face. – Sabe bem que detesto usar de ameaças e força bruta para conseguir o que quero... Mas Zheng pediu por aquilo...

– Não chore, por favor. – ele a segurou pelos ombros e levantou seu rosto, secando a lágrima. – Eriol vai me matar se souber que você ficou numa situação da qual eu poderia ter evitado.

– Você não podia ter feito nada... Eu não deixei.

– E quem a senhorita pensa que é? Acha que pode comigo, é? – perguntou, fazendo pose de poderoso, mas um sorriso zombeteiro em sua face denunciava a brincadeira.

– Alguém a quem você não consegue alcançar! – saiu correndo, com Shaoran em seu encalço.

Correram bastante, até chegarem na mansão. Shaoran conseguiu segurá-la pelo braço somente quando entraram no hall.

– Ganhei! – disse ela, ofegante.

– Ah tá... Só porque eu deixei. – tentou justificar-se o garoto.

– Que bagunça é essa aqui? – um dos anciões saiu de uma sala anexa ao hall, gritando com eles.

– Não foi nada, senhor. – disse Shaoran.

– Jovem Li, qual sua justificativa pela falta no treino de hoje? Faço a mesma pergunta para a senhorita Kinomoto. – perguntou, andando até eles.

– Tivemos um programa de última hora, conversamos com Lyu e ele concordou, desde que pagássemos em dobro amanhã. – disse Sakura.

– Não é a ele que tem que pedir permissão.

– Até onde eu sei, o responsável pelo meu treinamento é ele... Já Shaoran só ia ajudar-nos... Não vejo problemas nisso.

– Está certo, srta... Vão se lavar e estejam à mesa no horário, não quero saber de atrasos!

– Sim senhor. – disseram os dois e saíram do hall, subindo as escadas para irem ao quarto.

– Você não devia tê-lo desafiado, Sakura...

– Eu não desafiei ninguém... Só disse-lhe a verdade, oras! Ele não é onisciente e, tampouco, onipotente! – protestou a garota.

– Está bem, concordo com você. – pararam à porta do quarto dele. – nos vemos em meia hora na sala de jantar. – ele entrou e fechou a porta.

N/A:

Oi gente!!!

Ai, ai, eu achei mesmo que os capítulos iam sair próximos, só o Um amor de academia que esta atrasado... Eu espero terminá-lo logo...

Bom, vamos ver por onde eu começo a agradecer... Ah sim, Yoruki Mizunotsuki que me ajudou nos nomes chineses e me forneceu um personagem da história dela, pelo menos de nome... (Yoruki: Eu estou com uma leve desconfiança de que ela gostou mais desse tal Mai Su do que eu...).

Tomoyo Hiiragizawa, que me deu alguns toques sobre o modo da escrita, eu espero ter conseguido melhorar, pelo menos um pouco...

Felipe S. Kai, será que você não se cansa de mim? Eu vivo torrando a sua paciência e você não foi mal-educado comigo uma vez! É a primeira pessoa que me atura tanto tempo sem reclamar! (exagerei)

Rô, que eu espero que curta esse capítulo, estou tentando usar cenas de outras pessoas o mínimo possível, mas você sabe que é meio impossível...

Eu demorei tanto para finalizar esse capítulo que nem lembro mais quem me ajudou... Desculpe se eu esqueci de alguém... Aos meus queridos reviewers, como sempre: Dai (eu adoro casais complicados, não sei se você já notou...), Harumi, MiDoRi, Diogo_Li, Liara (que revisou esse capítulo para mim, obrigada miga!!!),  Lally, Diana (sorry se lhe dei falsas esperanças sobre T+E), LilyHart e Tasuki Hiiragizawa (filhote, amei seu nick!!!).

Bom, acho que é só, por hora...

Beijos a todos...

Miaka.