Heart of Sword

Todos comiam em silêncio, o clima pesado carregava o ambiente. Não agüentando mais, assim que terminou sua refeição, Shaoran se retirou do recinto.

Todos estranharam e os anciãos, os poucos que jantavam com eles, olharam feio para o jovem, enquanto este saía batendo as portas. Somente Sakura mantinha um olhar triste.

Estava farta de todo esse controle sobre a vida de todos, e seguiu o exemplo de Shaoran, sendo mais delicada e saindo sem fazer barulho.

Foi para o jardim, precisava relaxar. O ar estava úmido, revigorando o espírito da jovem. Não sabia quanto tempo mais agüentaria naquela angústia... Não conseguia se declarar, tinha medo.

Medo, uma simples palavra que descrevia o que ela sentia naquele momento. Estava insegura e desamparada. Não queria irritar Eriol com isso, sabia que ele tinha problemas suficientes. Lyu era um bom amigo, mas não adiantaria falar com alguém da família de Shaoran... As notícias corriam rápido e, se fosse para ele saber, que fosse pelos lábios dela e não os de outra pessoa.

Perdeu a noção do tempo e resolveu entrar. Teria que acordar cedo no dia seguinte, portanto era melhor dormir cedo.

Algumas semanas se passaram, Sakura se enturmou com alguns amigos de Shaoran e algumas garotas com quem conversava de vez em quando na hora do almoço. Eram da outra sala do colegial.

Certo dia, estava lendo um livro na hora do almoço, porém, sem vontade alguma de fazê-lo, o que era incomum.

Deitou na grama, olhando o céu limpo. Como gostaria que sua vida fosse tão clara como a bela imensidão celeste que observava...

– É como dizem: A vida é um mar de rosas... Com espinhos e tudo o mais. – riu com a própria 'filosofia'.

– Somente os verdadeiros problemas devem ser considerados como espinhos. – disse uma voz já conhecida de Sakura, soando próxima.

– Lien, Lien... Alguém já lhe disse que é feio espionar garotas absortas em pensamentos? – brincou ela.

– Sim... Mas também me ensinaram que não há nada errado em admirar uma bela jovem. – sorriu, vendo-a corar. – Não precisa se envergonhar. – sorriu, mas não foi retribuído. – O que foi? Por que todo esse desânimo?

– Não sei dizer... Não estou com ânimo para nada hoje... – suspirou.

– Você está bem? – perguntou, preocupado, tocando sua face.

– Acho que sim... Não sei... – desviou do toque dele, fitando a grama.

– Deve ter alguma coisa que você queira fazer... Pense um pouco... – pediu carinhosamente.

– Na verdade, tem sim...

– Vá em frente, não há ninguém por perto. – sorriu carinhosamente, levantando o rosto dela.

– Está bem... O que eu quero fazer... Bem... – mordeu o lábio inferior. – Eu nunca achei que fosse realmente sentir vontade de fazer isso... – riu um pouco. – Eu queria cantar...

– Vá em frente. – alargou o sorriso, vendo-a inspirar e começar a cantar.

Namida yori mo yasashii uta wo

kanashimi yori sono nukumori wo...

Sekai wa sonnanimo

kantanni kawaruto wa omowanaikedou

shizukani yami wo tokashitte

aruite aruite mi wo tomou

yuukuri demo chikazukeru nara

yume no kakera, daisuki na hito

omoi egaita ai no katachi wa

zutto zutto sagashi tsuzukete

Akirameru wake wo hanasu yori mo

dekirukoto wo kazoeru hou ga iiyone

tsumazuku koto mo atte furikaesouni natte

soredemo soredemo mo kimetanda

Anata no tameni dekiru koto nante

aishita koto nai kamo shirenai

demo soredemo fureteitaiyo

kanashimi yori sono nukumori wo

yuukuri demo chikazukeru nara

yume no kakera, daisuki na hito

omoi egaita ai no katachi wa

zutto zutto sagashi tsuzukete

Kuru kuru mawaru

chikyuuji kuru kuru kawaru

jikan sekai no hate ni

ai wo yorokobi yoseru ni

yume wo...

yuukuri demo chikazukeru nara

yume no kakera, daisuki na hito

omoi egaita ai no katachi wa

zutto zutto sagashi tsuzukete

lalalalalalala.....

Namida yori mo yasashii uta wo

kanashimi yori sono nukumori wo...

Lien viu-a terminar a música com lágrimas nos olhos. Ficou meio atordoado, a voz dela era doce e melodiosa, porém ele não entendera nada da canção... Japonês não era o seu forte.

Sakura virou-se para o amigo e viu que ele estava confuso. Riu um pouco, pegando um papel e uma caneta na bolsa a seu lado.

– É melhor que eu traduza a música para você... – escreveu no papel e entregou a ele.

Ele leu mentalmente:

Uma música é mais agradável do que lágrimas

Receba esse calor em vez da tristeza

O mundo

Eu não acho que ele mudará tão facilmente

Silenciosamente dissipa a escuridão

Caminhe e caminhe e isso se tornará verdade

Mesmo que devagar, eu posso me aproximar

Um caco de um sonho, a pessoa que eu amo

A forma do amor que eu sonhei

Eu continuava procurando eternamente

Por você meu querido

É algo que eu faço

Talvez eu não tenha te amado

Mas mesmo que seja assim, eu quero estar com você

Receba esse calor em vez da tristeza

Voltas

O mundo muda

O tempo no fim do mundo

Para enviar amor e prazer

Meu sonho

(tradução sem repetições)

Desviou o olhar do papel para Sakura, fitando os orbes esmeralda, que brilhavam intensamente.

– Não fui eu quem escreveu esses versos... Mas acho que eles se encaixam perfeitamente à minha situação... – explicou, com lágrimas nos olhos.

– Não fica assim... – ele passou o braço pelos ombros dela e puxou-a para perto de si, em um abraço carinhoso.

Ela deixou-se acalentar pelo calor reconfortante que emanava do corpo de Lien e sentiu o toque suave dele secar seu rosto.

– Acalme-se... Não quero vê-la triste desse jeito. – pediu suavemente. – Seu sorriso é belo demais para ser ofuscado por lágrimas injustificadas.

– Não são injustificadas, Lien... Nunca poderei revelar o que sinto e não tenho esperanças de esquecer esse sentimento convivendo com ele... – apoiou-se no peito dele, suspirando. – Tenho sorte de ter alguém como você ao meu lado...

– Eu vou estar aqui sempre que precisar, Sakura... Para tudo... – murmurou, apertando-a mais contra o peito.

– Obrigada.

Após isso, Sakura e Lien tiveram que ir para as suas respectivas salas, mas ele acompanhou-a até a dela.

– Está melhor? – perguntou, parando em frente à porta pela qual vários alunos entravam.

– Estou sim, obrigada. – sorriu. – Vá, não quero que perca a aula por minha causa.

– OK... Até mais. – ele se afastou e entrou em uma sala no mesmo andar, só que no fim do corredor.

Entrou na sala e sentou em sua carteira, em silêncio, absorta em pensamentos.

Shaoran, Mai Su, Guan e Woo se aproximaram da garota.

– Alô? Tem alguém aí? – perguntou Guan em tom de gozação, passando a mão na frente do rosto dela.

– Deixa de ser besta! – reclamou Sakura, segurando a mão dele com força soltando em seguida, não sem deixar uma marca vermelha. – Vá cuidar de sua vida.

– O que aconteceu com você? – estranhou Mai Su. – Meu irmão fez alguma coisa?

– Não é de sua conta! – ia desferir um soco no estômago do rapaz, mas teve seu pulso seguro por Shaoran.

– Hei! Controle-se, OK? – pediu ele, fitando-a seriamente. – Não temos culpa se você está de mau humor... Se quiser conversar sobre alguma coisa...

– Deixem-me em paz... – soltou o próprio pulso e passou a fitar a janela a seu lado. – É o melhor que fazem.

O professor entrou na sala e começou a aula convidar os alunos a um debate sobre feudalismo. Sakura estava calada o que era incomum e foi notado pelo educador.

Ouvia as opiniões de todos com meia atenção, já que sua mente vagava dentro de si mesma, tentando sair da situação na qual se encontrava. Parou de divagar ao perceber que o professor a fitava intensamente, ouvindo a garota que sentava à sua frente comentar algo que fora dito.

"No final da aula eu estou ferrada..." – pensou, forçando-se a prestar atenção ao debate.

Não deu outra, no final da aula, assim que a professora de matemática entrou na sala o professor pediu que Sakura o acompanhasse até o corredor para trocarem algumas palavras.

– Escute, srta Kinomoto, normalmente é atenciosa e participativa em minhas aulas... Mas hoje, que era para participar, ficou completamente distraída... Atreveria-me a dizer que estava fazendo uma viagem longa até plutão.

– O planeta guardião dos portões do tempo... Se tivesse como chegar até lá não voltaria tão cedo... – murmurou, suspirando. – Sinto muito, senhor... Não estou muito bem, não irá se repetir.

– Está certo... Poderia acompanhar-me até a sala dos professores? Seus livros estão lá. – mudou rapidamente de assunto.

– Não há pressa! Já leu tudo? – espantou-se a garota.

– As informações contidas nesse livro são impressionantes... Algumas anotações feitas por seu pai deixaram-me incrédulo... Queria ter sido o sortudo de ver tantas coisas quanto ele... – dizia ele enquanto caminhavam até a sala.

– Meu pai viajou muito... Viu muitas coisas e tinha condições de ver mais... Mas não foi assim que as coisas fluíram... – suspirou Sakura. – De qualquer forma, tenho outros livros, posso traze-los periodicamente para que desfrute de uma fonte mais vasta de pesquisa.

– Podemos combinar algo do gênero... Conversamos outra hora, está perdendo sua aula de matemática. – disse ele, entregando o livro do Egito e o dicionário.

– Está bem... – ela voltou à sala e pegou as anotações de Woo emprestadas do que havia perdido e depois continuou normalmente a aula.

– Hei, Sakura, nós vamos dar uma volta, não quer vir? – perguntou Mai Su ao fim da aula.

– Não, obrigada... E nem Shaoran... Temos compromisso hoje, não é? – lançou a pergunta ao rapaz, que amarrou a cara ao lembrar.

– Ah, Sakura, eu não estou afim...

– Não reclame, você prometeu e não quero ter que livrar a sua cara dos anciões de novo! – cortou-o rapidamente, jogando a mochila nas costa e pegando os dois livros. – Vamos.

– Está bem. – resmungou, colocando a mochila e se despedindo dos amigos com um aceno. – Você é uma estraga-prazeres, sabia?

– Ora, Shaoran, sinto muito se cumpro minhas promessas... Você devia tentar fazê-lo voluntariamente também...

– Não faça esse discurso para mim... Não pode continuar descontando em todos a sua frustração ao descobrir o quão impotente é em algumas situações! – repreendeu-a, parando de andar.

– E o que você sabe sobre isso? – indagou, sarcasticamente.

– Mais do que você pode imaginar... – replicou, sério. – Agora vamos.

Assim que chegaram na mansão, Sakura ia para seu quarto se trocar quando viu algumas malas no hall. Estranhou e localizou a presença de Eriol para perguntar o que estava acontecendo, já que Shaoran não saberia de nada também.

– Eriol, você pode... – parou de falar repentinamente ao ver quem se encontrava na sala com seu amigo.

– Eu posso o que, Sakura? – perguntou em tom brincalhão o inglês, sorrindo diante do espanto da amiga.

– Olá, Sakura! Que saudades! – a jovem de cabelos escuros correu para a prima e a abraçou.

– Tomoyo... – afastou-a de si. – O que faz aqui?

– Ora, Sakura, estou decepcionada com você... Achei que ficaria feliz com a minha presença... – Tomoyo colocou as mãos na cintura e encarou-a.

– Não me interprete mal...

– Quer dizer que não posso visitá-la quando tiver vontade? – perguntou a jovem de olhos violeta, sorrindo serenamente.

– É claro que pode, só não entendi o porquê da decisão repentina... – Tomoyo apenas sorriu. – "Pelo jeito ela está passando tempo demais com o Eriol..." – pensou, antes de iniciar uma longa conversa com a prima, que foi interrompida por Shaoran.

– Fico contente de ver que está aqui, Tomoyo, mas eu e Sakura temos que treinar.

– Ah, Shaoran, dá um tempo! A Tomoyo está nos visitando... Podemos adiar o treino. – reclamou Sakura.

– Não mesmo, você disse que tínhamos responsabilidades! Desculpe, Tomoyo, mas não acho que seria certo...

– Eu sei, Shaoran... Sakura, pode ir... A gente vai ter tempo para conversar.

– Quanto tempo você fica?

– Vejamos, que dia é hoje? Quinta? Eu poderia ficar até Domingo, talvez... Ou um pouco mais... Ah, acho que vou ficar aqui e terminar o colégio com você! – terminou, rindo do espanto da garota de olhos verdes.

– Você... Está falando sério?

– Claro, Sakura! Acha que eu brincaria com algo assim? – disse. – Eriol arranjou tudo com a minha mãe e com a sra Yelan.

– Tomoyo, isso é maravilhoso! – Sakura abraçou a prima com força.

– Você não a deixaria ficar muito tempo longe de você, não é? – comentou Shaoran para Eriol, murmurando.

– Não é só isso, meu caro... Vamos simplesmente dizer que, com essa minha atitude, adiantarei um pouco as coisas. – sorriu enigmaticamente.

– Eu não vou nem perguntar... Sei que é perda de tempo mesmo... – suspirou. – Sakura, também estou muito feliz com a mudança de Tomoyo, mas acho que temos assuntos a tratar.

– Alguém já te falou que você é extremamente chato? – perguntou ironicamente.

– Hoje? Acho que ainda não... – sorriu, debochado.

– Considere como duas vezes, então. – levantou-se. – Vou trocar de roupa, encontro você no salão.

– Como quiser. – observou-a se afastar e sair da sala.

– E você, Li, como está?

– Eu vou bem, Tomoyo... Obrigado por perguntar.

– Bom, eu acho que vou arrumar as minhas coisas... – comentou ela, saindo da sala pela mesma porta que Sakura usou.

– Eu vou esperar Sakura no salão... A gente se fala depois, Eriol. – Shaoran disse, deixando o jovem inglês sozinho no recinto.

– Acho que agora as coisas vão ficar mais interessantes por aqui. – murmurou para que somente a brisa que entrava pela janela escutasse.

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N/A: Olá!

Bom, primeiramente mil desculpas pela demora... Eu realmente ando com problemas... Imaginei que, por ser férias, teria mais pique e tempo para escrever, mas não foi o que aconteceu... Espero que me compreendam e não me pressionem a nada...

Esse capítulo demorou muito a sair, empaquei muitas vezes e, como tive uns problemas, não consegui encontrar meu anjinho Yoruki Mizunotsuki, que só viu o arquivo quando eu já tinha me arranjado... Mas me apoiou e isso é o que importa... E revisou também... Brigada!!!

Também agradeço ao Felipe S. Kai, que me deu uma força em alguns diálogos... E também me escutou quando precisei desabafar... Valeu mesmo, me ajudou bastante!

Dada, momy lindinha, valeu pelo presente de natal... ti amu!!!!

Aos reviewers... Liara, Rô (a Sakura não tem raiva do Zheng... Só não foi com a cara dele...), MeRRy, NaruSami Hiiragizawa (vai mudar o nick mesmo?), Mary Marcato (Well, T+E está aí... Agora S+S... Você vai ter que esperar para ver... =P), Harumi, Dai (Estudar junto pode ser ou não uma vantagem... É engraçado como às vezes parece que você lê a minha mente, sabia?).

Por hora é só, gente... Só vou fazer propaganda de dois blogs...

www.life_with_friends.blogger.com.br

É o meu blog com alguns amigos...

www.news_about_fics.blogger.com.br

É o blog que a Yoruki fez onde trataremos de assuntos de fics em geral e onde estarei postando meus trechos adiantados, como avisei nas notas finais do Um Amor de Academia.

Ah, sim, antes que eu me esqueça... A música que eu usei nesse capítulo é Chickyuugi, que é a abertura da Saga de Hades de Cavaleiros do Zodíaco...

Beijos a todos...

Miaka.