Heart of Sword
Golpeava incessantemente a árvore, sem se importar com nada a sua volta. Precisava recuperar o controle sobre suas ações e emoções, poderia ser morta por isso. Por algum motivo, apesar de sentir-se frustrada com tudo o que acorrera, sentia-se calma. Pôde ver algo nos olhos da senhora Lang na noite anterior, algo que lhe pareceu um carinho materno.
"Bobagem... Eu sou uma desconhecida para ela..." – pensou, continuando a golpear a árvore, até perceber que alguém se aproximava.
– Bom dia. – sorriu para Lien.
– Sabe que a árvore não fez nada, não é? – os dois riram. – Dormiu bem?
– Muito bem, obrigada. – sorriu, suspirando. – Bem, acho que vou me arrumar, então. – comentou, notando que ele já estava de uniforme.
– Vim aqui porque minha mãe disse que logo o café estará pronto. E ela fez almoço para nós.
– Sim... – entraram na casa e subiram as escadas. – Acha que dá tempo de eu tomar uma ducha?
– Dá sim, não se preocupe. Desça quando estiver pronta, está bem? – pediu, beijando-a docemente e saindo do quarto.
– Certo... – murmurou para o nada, indo para o banheiro e lavando-se rapidamente.
Desceu as escadas com a mochila da escola e a mala com suas roupas. Entrou na cozinha e cumprimentou a todos, sorrindo.
– Bom dia.
– Bom dia, Sakura. – respondeu Mai Su, já comendo.
– Bom dia, querida. – disse a senhora, com um sorriso terno, servindo um prato à mesa. – Sente-se, por favor. Fiz almoço para você também.
– Não precisava incomodar-se, senhora. – sentou-se, um tanto constrangida.
– Bom dia, garotos. – o pai entrou, usando terno e gravata. – Bom dia, Sakura. – sorriu para a garota. – Bom dia, querida. – beijou-a rapidamente, logo tomando seu lugar na mesa enquanto a esposa o servia.
– Senhor e senhora Lang, queria agradecer-lhes pela hospitalidade... – começou Sakura, quando a senhora sentou-se para comer. – E sinto que lhes devo desculpas por ter adiado nosso encontro.
– Não tem pelo que se desculpar conosco, querida. – disse a mulher. – Não há problema algum em sentir-se nervosa ao conhecer outras pessoas... Principalmente se essas pessoas têm algo a ver com sua vida amorosa.
– Exatamente. – o homem tomou a palavra. – E quanto à hospitalidade, não há nada que agradecer. Nossa casa estará sempre aberta para quando quiser e precisar.
– Muito obrigada. – sorriu, mas logo ficou estática e desviou o olhar para a janela.
– O que foi? – perguntou Lien, preocupado. – Alguma coisa errada, Sakura?
– Eu não sei... – sentiu um arrepio pelo corpo. – Acho que aconteceu algo na mansão... – o telefone tocou e Mai Su atendeu.
– Sakura, é o Eriol. – disse ele.
– Obrigada, Mai Su. – agradeceu, pegando o fone. – Eriol, o que foi aquilo? Sei, o que tem? E o que é que ele estava fazendo no meu quarto? Está bem, está bem, desculpe... Não vai acontecer nada, só espere alguns minutos e logo ele voltará ao normal. Certo, até mais tarde. – colocou o fone no gancho.
– O que foi, Sakura? – Lien estava preocupado.
– Nada de mais... – sorriu de lado. – Shaoran foi pegar um livro em meu quarto e mexeu onde não deveria, só isso. – sentou-se, voltando a comer.
– Como assim? Ele está bem? – foi a vez de Mai Su indagar.
– Nesse momento não, mas em uns dez minutos ficará... – suspirou. – Você mesmo já me perguntou uma vez porque não permito que ninguém mexa em meus livros, lembra-se?
– Sim, e você disse que era melhor eu não tentar descobrir...
– Realmente... Em alguns daqueles livros eu lancei feitiços... Shaoran, infelizmente, pegou o livro errado, e acabou inconsciente devido a uma pequena alucinação...
– Como assim? – Lien estava interessado, sempre achara os feitiços bastante interessantes, apesar de não poder usá-los.
– É um tanto complicado para explicar... Vou tentar achar um modo mais simples de esclarecer isso para você... – pensou por alguns instantes. – Vamos dizer que você entre em meu quarto para pegar um livro para um trabalho de escola... Está pensando no livro e no que vai colocar no trabalho... Mas a mente humana nunca consegue focar-se somente em uma coisa... Todos temos nossos demônios e eles estão sempre em nossos pensamentos... Esse feitiço faz com que você veja em sua frente por alguns instantes, um desses demônios... Isso choca qualquer pessoa, mas nada incurável... Ainda mais com Shaoran, ele vai estar normal quando chegarmos à escola.
– Mas, você consegue ter as mesmas visões? – indagou Mai Su, preocupado.
– Não... Quer dizer, não necessariamente. – parou um pouco para pensar. – Esse feitiço permite que eu veja, sim... Mas não necessariamente eu os vejo... Dependendo da quantidade de magia que você aplica no feitiço, o raio de ação dele varia... Eu apliquei uma quantidade de magia que eu sinta quando ele é ativado, mas que não tenha as mesmas visões...
*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*
Chegavam à escola conversando descontraidamente. Lien carregava a bolsa com roupas de Sakura, enquanto ria das palhaçadas de Mai Su, assim como Sakura. Chegaram ao portão e Sakura desviou o olhar de Mai Su para um ponto afastado, vendo Shaoran a encará-la mortalmente.
– Ops... – disse, parando de andar. – Rapazes, entrem no prédio... Acho que isso pode demorar um pouco. – pegou a bolsa das mãos de Lien e sorriu, vendo-os entrar. Caminhou até ele lentamente, observando cada movimento.
– Será que já não foi bastante humilhação aquele treino com magia? – perguntou, ríspido.
– Hei, não foi culpa minha que você entrou no meu quarto e pegou o livro errado. – deixou a mala no chão, encarando-o. – Você acha realmente que eu gostei de te machucar daquele jeito? Ora, Shaoran, não seja idiota! – apesar da insinuação dele tê-la magoado, ela não demonstrava essa tristeza.
– E como eu deveria encarar isso? Até agora tudo relacionado à sua magia me causou problemas!
– Quanto ao treino, a culpa não é minha se você se acha o maioral e não exercitou suas defesas! E quanto ao livro, isso se chama manutenção de privacidade! Não me lembro de você tem pedido minha permissão para pegar qualquer de meus livros!
– Está insinuando que é minha culpa?
– Estou simplesmente dizendo que você poderia tomar mais cuidado com as possíveis conseqüências de suas ações, só isso. – pegou sua mala e afastou-se, entrando no prédio da escola.
*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*
Sakura chegou na sala e Tomoyo lhe sorriu.
– Bom dia! – cumprimentou, enquanto ela sentava ao lado de si.
– Bom dia, Tomoyo. – sorriu.
– Ih, a Kinomoto andou se metendo em briga... – Ming I se aproximou, reparando nos machucados de Sakura. – Só porque você conseguiu pegar Shaoran desprevenido aquela vez, não significa que pode se meter em brigas de rua.
– Brigas de rua... – Sakura riu. – Você não faz a mínima idéia do que eu faço da minha vida, onde moro ou com quem me relaciono e já vem tirando conclusões... Tsk, tsk... – debochou.
– Perceba com quem está falando, japonesa... Minha família é uma das mais influentes daqui... Posso acabar com toda a sua família num estalar de dedos.
– Você não sabe nada de minha família, não pense em tomar parte das coisas que não tem conhecimento. – retrucou, agora mais séria.
– Que foi? Toquei na ferida, é? – perguntou, debochada.
– Aprenda uma coisa, Chong... – Tomoyo intrometeu-se. – Nunca envolva a família de uma pessoa que não conhece em uma briga sem propósito. A única pessoa que está fazendo papel de tonta aqui é você... Se Sakura realmente se mete em brigas de rua, isso prova que ela resolve seus problemas sozinha, já você precisa da ajuda de sua família.
– São as duas da mesma laia... Duas Maria-ninguém que querem se equiparar à mais alta sociedade da China...
– Cale a boca, Ming I. – Shaoran entrou na sala. – Elas não têm que ficar ouvindo suas idéias ridículas sobre classes sociais.
– Você não pensava assim antes. – retrucou, irritada.
– Talvez porque eu tenha finalmente entendido que o verdadeiro poder não vem de sua família, mas sim de você mesmo... O que me prova que você vai acabar arruinando tudo o que a sua família construiu.
– Nossa, essa doeu. – murmurou Sakura, rindo com Tomoyo.
Estavam na aula de inglês fazendo alguns exercícios, quando Sakura e Shaoran sentiram uma presença muito próxima ao local. Entreolharam-se assustados e logo se levantaram e saíram correndo, atraindo a atenção dos estudantes.
– Senhorita Kinomoto! Somente Li tem permissão para sair da sala! – a professora tentou chamá-la, mas Sakura continuou correndo pelos corredores.
– Como pode estar tão perto? – indagou ao rapaz que corria logo a sua frente.
– Não sei, mas temos que ter cuidado. – chegaram ao pátio e pularam rapidamente o portão.
– Eu conheço essa presença, tenho certeza de que já a senti antes. – comentou, angustiada. – Tome cuidado, tenho um mau pressentimento sobre isso.
– Não se preocupe comigo, simplesmente cuide-se.
– Como quiser. – sorriu, parando ao chegarem a um terreno deserto, com somente uma pessoa logo no centro. – Eu vou primeiro. – deu um passo a frente, mas sentiu seu braço ser preso pela mão firme dele. – O que é?
– Deixe-me ir primeiro... Tem algo errado, eu sinto.
– Se ele estiver atrás de mim, acho que eu deveria ir e você não se meteria em problemas.
– Você já tem problemas demais... Os anciãos...
– Danem-se os anciãos! Eles não controlam a minha vida! Fique afastado, está bem?
– Vou ficar atrás de você. – disse, vendo-a dar um passo a frente. Quando tentou acompanhá-la, sentiu uma barreira que o impedia de continuar. – Sakura!
– Shaoran! – ela reparou na barreira. – Acho que essa briga é minha então... – murmurou, virando-se e seguindo em direção a pessoa que a esperava. – Você...
– Encontramo-nos novamente, pequena feiticeira. – era uma bela mulher, com longos cabelos castanho-escuros cacheados perfeitamente até a altura de seus seios. Os olhos, que eram de um azul-esverdeado muito profundo, brilhavam intensamente enquanto fitavam a jovem. – Você ainda era pequenina quando a vi pela última vez... Nem sabia sobre sua magia. Impressiona-me o fato de que se lembre de mim.
– Como alguém poderia esquecer o rosto da assassina de sua própria mãe? – encarou a mulher, agora com a raiva expressa no olhar. – Você queria o pingente, pois se acostume com a idéia de que nunca o terá. Destruí-o há alguns dias.
– Eu ouvi rumores sobre isso... Só queria confirmar se havia feito tal idiotice.
– Idiotice foi você quem fez ao vir até aqui. – sorriu, debochando. – Vai dar o fora ou quer alguma coisa?
– Consegui acabar com sua mãe, por que seria diferente com você?
– Porque não sou minha mãe. – avançou em direção a ela.
*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*
Shaoran observava as duas ao longe. A batalha começara há algum tempo, mas ele não conseguia saber quem estava levando a melhor.
– Shaoran! – Eriol chegara, acompanhado de Yelan. – O que houve?
– Ela quis entrar na frente... Quando eu fui seguí-la essa barreira apareceu... Não dá para chegar mais perto que isso.
– Mas não podemos ver nada! – exclamou Yelan.
– Acho que é essa a intenção, seja lá quem for essa pessoa.
– Sakura disse algo sobre a presença dela?
– Ela disse que tinha certeza que já havia sentido antes... Só não tinha certeza de onde a conhece.
– Tenho um mau pressentimento sobre isso. – murmurou o jovem inglês.
– Você não é o único, acredite.
*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*
Estava já em demasia ferida, não deixando por menos para sua adversária, que estava em um estado tão ou mais deplorável.
– Não acha que já é o suficiente? – indagou, com um sorriso debochado, enquanto levantava-se. – Ainda tenho forças, mas você mal consegue levantar-se.
– Como isso é possível? Você está tão ferida quanto eu e gastou a mesma quantidade de magia!
– Não vai conseguir derrotar-me da mesma forma que fez com minha mãe... Você queria destruir-me antes que eu recuperasse a minha visão, antes que eu descobrisse sobre o pingente e aprendesse a usar seus poderes... Mas você não conseguiu fazê-lo, não adiantou nada mandar aquele mago novamente para matar meu pai e destruir a única família que me restava... Isso somente aumentou minha vontade de seguir em frente, e deu-me a oportunidade de treinar com a família Li, que me ajudou muito.
– Vejo que perdi... Mate-me de uma vez.
– Não... Não sou vingativa, não a mataria nessas condições... Recuperei meu autocontrole, não irei perde-lo novamente tão cedo. Desfaça a barreira e suma daqui.
*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*
Sentiram quando a barreira começou a enfraquecer e desfez-se completamente. Correram até as duas feiticeiras, mas somente Sakura encontrava-se no local.
Shaoran observou-a: Os braços tinham alguns cortes e estavam sujos de sangue, na face esquerda havia um pequeno corte, e, na perna direita, uma queimadura na lateral marcava o final dos estragos mais visíveis.
– Sakura... – Eriol aproximou-se, vendo-a ajoelhar no chão, gemendo de dor. – O que houve... – foi então que ele viu que havia um corte profundo na cintura dela. – Temos que leva-la daqui rápido. – pegou-a no colo e saiu, com Shaoran e Yelan em seu encalço.
– Meu filho, volte para a escola e explique o que houve... Só não especifique o estado de Sakura, está bem?
– Tudo bem...
*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*
Entrou na sala ao final da aula de inglês e a professora fez sinal para que ele saísse novamente, enquanto a sala virava uma balbúrdia total. Ela saiu logo depois dele.
– O que foi que aconteceu?
– Um problema com o clã e...
– Mas o que a Kinomoto foi fazer saindo daquele jeito?!
– Ela faz parte do clã... Minha mãe pediu que o diretor mantivesse isso em segredo enquanto não houvesse a necessidade de todos ficarem sabendo...
– Entendo... Ela está bem?
– Não sei dizer... Somente após as aulas descobrirei.
– Bem, então volte para a sala e acalme seus colegas... A aula já está acabando mesmo.
– Certo.
*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*
– Como assim não sabe como ela está?! – explodiu Lien. – Você a viu, diga-me o que aconteceu!
– Eu já disse! Eu a vi rapidamente, quem está com ela é o Eriol.
– Você está me enrolando, Shaoran, eu o conheço, não tente bancar o esperto.
– Ela teve que lutar, estava ferida... – começou. – Cortes nos braços, um na bochecha esquerda... Uma queimadura em sua perna direita... Tive a impressão de ver algum sangue no uniforme, mas foi tudo rápido demais, como eu já disse.
– Sei... – ele abaixou a cabeça, preocupado.
– Ela é forte, não vai morrer por tão pouco. – Shaoran colocou a mão sobre o ombro dele.
– Você não entende nada mesmo... – afastou-se violentamente, deixando o rapaz confuso.
*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*
Entrou no quarto, observando-a deitada de olhos fechados. Viu Tomoyo aproximar-se da cama e Sakura abrir os olhos.
– Não precisa se preocupar, Tomoyo... Logo estarei bem, não se preocupe. – disse fracamente. – Isso vale para você também, Lien.
– Bem, eu vou deixar que conversem à sós. Depois voltarei. – beijou a face da prima e deixou o recinto.
– Já não pedi para não me assustar dessa forma? – perguntou ele, ajoelhando ao lado da cama.
– Não foi minha intenção, eu juro... Não fique bravo...
– Eu não estou bravo, meu anjo... – sorriu, segurando a mão dela e beijando-a. – Preocupo-me com o seu bem-estar. Quase bati em Shaoran quando ele não quis contar-me o que havia ocorrido.
– Que bom que não o fez, ele poderia machucá-lo! – tentou levantar-se, mas desistiu, deitando-se com um gemido de dor.
– Acalme-se, não deve se esforçar. – sorriu ternamente. – Posso trazer alguma coisa para você?
– Não... Estou bem, apesar de não parecer. – sorriu, respirando profundamente e fechando os olhos. – Você tem uma prova amanhã, deveria ir para casa estudar.
– Você é mais importante do que qualquer prova, Sakura. E eu não conseguiria estudar pensando em você nesse estado.
– Lien, não seja bobo. Eu não estou para morrer, amanhã mesmo já poderei ir à escola...
– Não vai mesmo! – levantou-se subitamente. – Você precisa descansar, não seja tola!
– Pare com isso agora mesmo! Quem você pensa que é para mandar em mim desse jeito? – ela sentou-se e levantou, ignorando a dor e encarando-o. – Você é meu namorado e não meu pai, não vá confundir as coisas!
– Só estou dizendo o que é melhor para você.
– Ficar aqui ouvindo sermão dos anciões por causa de um ferimento à toa não é o tipo de repouso que eu quero, muito obrigada!
– Um ferimento à toa? – Shaoran entrou no quarto. – Desculpem intrometer-me na discussão, mas eu concordo com Lien, Sakura.
– Claro que concorda, eu não tinha dúvidas que o faria. – sorriu ironicamente. – Apesar de nenhum dos dois querer admitir, são bastante parecidos. Nenhum de vocês foi torturado pelo próprio avô durante meses seguidos, sem poder fazer absolutamente nada! Depois de tudo que eu passei, isso é um ferimento à toa.
– Que história é essa? – perguntou Shaoran.
– Você nunca me disse nada sobre isso... – comentou Lien.
– Agora você sabe o porquê. Não queria vê-lo com pena de mim! Em certos dias eu não conseguia nem levantar do chão, onde ele deixava-me inconsciente após as sessões seguidas de "testes de resistência", como ele costumava dizer.
– Sakura, já chega! – Eriol entrou no quarto e Tomoyo estava atrás dele. – Lien, vá para casa e Shaoran continue seus estudos, ainda temos um treino para hoje. – os olhos dele brilhavam furiosamente, o que fez com que fosse obedecido e Sakura deitasse novamente. – Tomoyo, por favor, deixe-nos a sós.
– Está bem... – a jovem fechou a porta.
– Sakura... – ele começou, mas foi logo interrompido.
– Não contei porque não queria que ficasse dessa forma. – respondeu à pergunta incompleta. – Ninguém sabia o que ele fazia, somente nós dois. Meu avô faz parte do meu passado, de uma época que eu quero esquecer. Não quero que toque nesse assunto novamente, deixe-me sozinha e vá treinar Shaoran. – o tom de voz dela não admitia objeções.
– Está certo, farei o que me pede. – ele ainda tinha um tom irritado. – Mas ainda temos uma conversa pendente. – saiu do cômodo, batendo a porta.
*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*
N/A:
Ai, ai!!! *olhinhos brilhantes* Como o Eriol é lindooooooooooooooooo!!!!!!!
Gente, desculpa mesmo a baderna, para ser sincera nem eu sei mais o que está acontecendo... @_@
A minha vida está uma baderna e tudo o que eu estava tentando deixar de lado para não me chatear está voltando... Com isso tudo pára... Enfim, não irei chateá-los com meus problemas bobos... Não vale a pena...
Esse capítulo não teve muita coisa... Não era mesmo para ter, é só uma transição, mas não tem muito mais a acontecer não... Logo tudo vai acabar... Mais um filhinho meu vai ficar pronto ^_^ Isso me deixa feliz!
Outra coisa que me deixa feliz são reviews!!! Empolgados, felizes, revoltados, criticando ou elogiando... Por aqui, por e-mail, carta, sinal de fumaça... O que preferirem ^_^
Hoje não agradecerei aos reviewers separadamente, desculpem, mas não esqueci de vocês... Muito obrigado por todas as pessoinhas fofas que me enviaram algo, agradeço de coração...
Quanto ao Um caso complicado de se resolver, que está "meio" parado, eu sinto muito, mas meio que empaquei nele, prometo que atualizarei assim que puder...
Agora, a pedidos de Yoruki, a continuação da cena do capítulo passado... Com uma participação especial de Felipe S. Kai.
*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*
Ela caminhava calmamente pelos corredores da mansão. Parecia procurar por alguém. Os belos olhos azul meia-noite brilhavam de expectativa. os lábios contraídos em um leve sorriso. Os cabelos azuis presos em uma trança. Usava uma calça jeans azul-escura e uma camiseta regata preta com um ideograma "Yoru" em prata. Parou de caminhar sobressaltada ao ouvir uma voz bem conhecida vir de uma das portas atrás de si.
"Não vai encontrá-lo procurando por aí." - disse uma voz pesada. Não era hostil, mas tinha um tom ligeiramente inquieto. - "Devia tentar a sala de treinamento."
Virou-se rapidamente para trás com a mão no peito.
"Ai, Fê..." - soltou o ar, encarando o rapaz que saía de um dos quartos. - "Você me mata do coração desse jeito..." - repreendeu-o abrindo um sorriso. - "Mas de quem você estava falando?" - perguntou, piscando curiosamente.
"Por que o susto? Até parece que você estava fazendo algo de errado." - ele disse suavemente, fitando seus olhos com determinação. - "Uma pessoa qualquer diria que isso é muito suspeito."
"Você aparecer do nada que é suspeito..." - retrucou cruzando os braços. - "O que está fazendo aqui, afinal?"
Ele nada respondeu. Olhou por cima do ombro da jovem e franziu as sobrancelhas. Apontou para o outro lado do corredor, onde alguém vinha a largas passadas.
"Escute..." – Shaoran abordou a jovem, mas parou um instante percebendo quem era. Hesitou por um instante, vendo o olhar frio que lhe era dirigido pelo rapaz que estava próximo, mas prosseguiu. – "Algum de vocês viu o Eriol por aí?"
"Não vejo meu pai desde a ultima cena do capítulo..." - ela respondeu, indiferente à tensão que se instalava. - "E também não encontro minha mãe!... Já a procurei pela casa toda..." - parou de falar pensativa, levando uma mão até a altura do rosto e abriu um sorriso sem graça ao pensar na ligação entre os dois desaparecimentos.
"Bem, então eu vou procurar em outro lugar..." – comentou Shaoran, desconversando. – "Ah, obrigado de novo pelos chocolates."
"Chocolates, hum? Sei... Diga, não estava um pouco 'quente' para comer chocolate?" – Shaoran ouviu o estranho replicar em um tom de voz que não fazia questão de esconder a ironia.
"O que você quer dizer com isso?" – perguntou o chinês, virando-se para encarar o rapaz, que possuía cabelos escuros longos presos em um rabo de cavalo frouxo e olhos negros como o ébano, pele bronzeada e médio porte. Ele vestia uma calça e sobretudo pretos sobre uma camiseta branca. – "E quem você pensa que é para falar assim comigo?"
"Creio que você entendeu perfeitamente o que eu quis dizer, sei que não é burro." – respondeu o rapaz, mantendo o semblante fechado. – "Quanto a quem eu penso que sou, eu acredito firmemente que meu nome ainda é Felipe, e também acredito ser o namorado desta moça que você acaba de beijar."
"Epa, pode parando por aí..." – retrucou Shaoran. – "Para começo de conversa, quem me beijou foi ela." - disse apontando para a que estava mais vermelha que cruza de extrato de tomate com pimenta vermelha.
"Espera aí!..." - ela disse, apesar da vergonha, olhando furiosamente pro chinês. - "Pelo que eu me lembre ninguém te forçou a corresponder o beijo."
"E você queria que eu fizesse o quê? Derrubasse-a no chão e saísse correndo?" – perguntou, impaciente, vendo-a abaixar a cabeça tristemente.
"Hum... Não, de fato que não. Mesmo porque, se você a derrubasse no chão teria que me agüentar do mesmo jeito..." - o outro respondeu, pensativo.
"Agüentá-lo?" – indagou Shaoran, em tom de deboche. – "Olhe bem como fala, essa é minha casa e você não é páreo para mim."
"Essa pode ser a sua casa, mas é o fic da minha mãe!" - Yoruki disse com voz perigosamente baixa e sinistra. - "E o Felipe pode não ser páreo para você..." - ergueu o rosto com os olhos em chamas. - "Mas não pense você que tem chance de me derrotar, seja em luta corporal ou com magia..." - tinha um brilho estranho e ameaçador nos olhos que deixaram o rapaz ligeiramente assustado.
"Eu não consigo derrotá-la?" – perguntou Li, rindo ironicamente. – "Você realmente acha que pode vencer quem treina desde pequeno?"
Yoru sentiu alguém colocar a mão em seu ombro, interrompendo a discussão.
"Calma." – disse Felipe com sua costumeira serenidade. – "Não desperdice sua força com ele." – parou, encarando o chinês profundamente. – "Agora... Sobre ser páreo para você... Confia mesmo na sua força física? Tsc, tsc. Quanta impulsividade. Músculos, armas, presas, garras... Você deveria saber que a verdadeira força reside em outro lugar. Quanto a estar em sua casa, respeito seu lar, mas ainda assim me conservo no direito de dizer aquilo que eu bem entender."
"Ei, o que está havendo aqui?" – Eriol se aproximou do grupo.
"Yoruki, Felipe, o que vocês estão fazendo aqui?" – perguntou Miaka, que seguia Eriol. Seus cabelos ligeiramente cacheados em um tom castanho-avermelhados estavam um tanto desarrumados e os olhos castanho-escuros brilhavam intensamente.
"Oi, Mãe!!" - Yoruki disse colocando em frente aos pais sem importar-se com o que acontecia até poucos segundos atrás. - "Eu estava procurando por você...".
"E eu estava vigiando a sua filha." – Felipe responde prontamente, desviando o olhar de Shaoran para Miaka e Eriol.
"Eu?... Mas por quê, Fê?..." - Yoruki pergunta inocentemente desviando o olhar para o rapaz.
"Yoruki Hiiragizawa?! O que você andou aprontando dessa vez?" – perguntou Miaka em tom autoritário.
Yoruki se encolhe com o grito.
"Não se preocupe, Miaka. Apenas a influência da Lua causando alguns encantos momentâneos e seduzindo mentes e corações com seus raios fugazes e sua magia passageira." – Felipe respondeu suavemente, sorrindo de leve ao olhar que Eriol lhe lançou.
"Bem, vamos deixar essa discussão em família e vamos treinar, Eriol." – chamou Shaoran, afastando-se, seguido de Eriol, mas não sem antes lançar um olhar enigmático para a mulher de olhos castanhos, que corou.
"Bem..." – começou ela, recuperando-se da interrupção. – "Minha filha, tem algo que você deva contar-me?"
Yoruki observava seu pai se afastar acompanhado o chinês e olhou para sua mãe com um sorriso debochado no rosto.
"Sabe que eu estou começando a entender o porquê da sakura ter escolhido namorar o Lien..." - disse deixando Felipe e Miaka curiosos. - "O Li nem beija tão bem assim..." - disse fazendo pouco caso e virando-se indo para o lado oposto o que Eriol e Shaoran havia tomado.
"Será que..." – indagou Miaka, sendo interrompida por seu futuro genro.
"Não pergunte, é melhor." – disse, enquanto ambos tomavam o mesmo caminho de Yoruki.
*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*
Hahaha, particularmente adorei escrever isso, foi muito legal...
Felipe, mal te arrastar para essa loucura, mas espero q tenha se divertido tanto quanto eu! ^_^
Beijinhos para vocês!!
