Heart of Sword

Entrou na sala, procurando-a enquanto andava até sua carteira. Ao vê-la conversando com outras garotas, foi em direção ao grupo, que o viu e afastou-se da inglesa, fazendo-a virar-se e sorrir ao fitar as gemas cor de mel.

– Bom dia, Lang! – cumprimentou Sharon alegremente.

– Bom dia, Smith. Como vai? – indagou, casualmente.

– Bem, e você? – continuou, sem esperar resposta. – Já pedi que me chamasse de Sharon.

– Também pedi que me chamasse pelo primeiro nome... – replicou ele.

– Está bem, Lien. Melhor agora?

– Muito melhor, Sharon. – sorriu. – Encontrei isso em meu caderno ontem, creio que seja seu. – estendeu a folha a ela.

– Ah... – ela ruborizou-se levemente. – Sim, é meu.

– Bem, se me permite dizer, acho que compõe muito bem.

– Obrigada. – sorriu, constrangida. – Você mostrou a alguém?

– Não. Li-o ontem e agora o entreguei a você.

– Ah sim. – sorriu verdadeiramente. – Acabei colocando-o em seu caderno para escondê-lo de minha irmã.

– Escondê-lo por quê? – indagou, curioso.

– Não costumo deixar que outros leiam minhas composições.

– E por quê?

– Tenho vergonha.

– Pois não deveria. Se souber fazer algo, e bem do modo como o faz, deve mostrar a todos.

– Deveria ouvia a si mesmo de vez em quando. – ela riu da confusão dele. – Vi algumas cifras de violão em seu caderno, mas, até onde eu sei, ninguém sabe que você toca.

– OK, estamos quites então.

Sakura saía da sala e ia em direção ao ginásio para treinar com a equipe de dança quando uma cena a fez parar. Viu Lien conversando animadamente com uma garota, sorrindo abertamente. Ficou alguns segundos observando-os até que foi empurrada violentamente para frente, tendo que se apoiar no bebedouro para não cair.

– Pois é, Kinomoto... Você largou Lang e ele já está atrás de outra... Pelo jeito o que vocês tiveram não valeu de nada para ele. – Ming I disse, debochada. – Agora vamos que a professora já está esperando por nós.

– Sakura, está tudo bem? – Lien perguntou, enquanto aproximava-se com Sharon, vendo a fisionomia furiosa dela para Ming I. – O que foi?

– Não é nada, Lien, não se preocupe comigo. – sorriu calmamente. – Depois conversamos, tenho que treinar agora. – afastou-se dos dois rapidamente. – Droga... Chong não podia ter feito coisa pior... Lien estava tão alegre com aquela garota.

Shaoran derrubava Lyu pela segunda vez, empatando o pequeno treino que faziam.

– Você parece perturbado, Shaoran... Alguma coisa errada? – perguntou Lyu, levantando com a ajuda dele.

– Não é nada... – suspirou. – Por acaso você sabe o motivo de Sakura ter terminado o namoro com Lien?

– Por que não pergunta diretamente a ela? – indagou, curioso.

– Não quero parecer enxerido. E talvez ela não queira falar sobre o assunto.

– Então espere que ela conte a você. – o homem deu de ombros, fitando a cerejeira, que não possuía flores naquela época do ano.

– Isso significa que você não sabe ou que não vai me contar? – perguntou Shaoran, levantando uma sobrancelha.

– Faz diferença? – viu o jovem de olhos chocolate dar de ombros e tomar posição.

– Vamos continuar com isso, então.

Sakura caminhava cantarolando uma melodia agitada, estava voltando para a mansão depois de treinar para a apresentação. Estranhamente não se sentia cansada como saía do treino das outras vezes, estava disposta a treinar mais tempo, mas eles já haviam ultrapassado em muito o horário estipulado e as outras garotas estavam exaustas. Riu ao lembrar da cara de Ming I ao ouvi-la pedir para continuarem.

– Ela andava bem metidinha desde aquele dia... – murmurou, ao lembrar-se do que ocorrera uma semana antes na saída da escola. Voltou a sorrir ao pensar no ex-namorado. – Lien está dando-se muito bem com a Smith... Ele anda bem mais alegre desde que começou a andar com ela.

Adentrou a mansão absorta em pensamentos, deixando um sorriso nos lábios enquanto andava até seu quarto. Assim que adentrou o cômodo, encostou a porta e levou um susto ao ver quem estava atrás da mesma.

– Eriol! Seu maluco, nunca mais faça isso! – repreendeu ela, regularizando a respiração, enquanto ouvia o amigo rir.

– Você que está distraída desde que deixou a escola, no que tanto pensa, minha querida florzinha? – perguntou ele, cordialmente, sentando-se na cama.

– Estava pensando em Lien... – suspirou sonhadoramente, sentando-se ao lado dele. – Ele está tão alegre desde que começou a conversar com a garota nova... Fico feliz por ele, é só. – acrescentou, ao receber um olhar desconfiado do inglês.

– Eu não disse nada. – sorriu enigmaticamente (como só ele sabe fazer...aiai...). – Eu queria conversar com você sobre um treino... Estou precisando de um oponente que não seja tão previsível quanto Shaoran para treinar magia.

– Diga quando e estarei lá. – sorriu energicamente, levantando da cama.

– Que tal semana que vem? Vocês vão ter algumas provas, então treinamos depois. – sugeriu, levantando-se também.

– Está bem, marcado. – fitou-o com olhar brincalhão. – Agora o senhor poderia dar-me licença para trocar de roupa?

– Sim senhorita. – deu-lhe um beijo na bochecha e deixou o quarto.

Sakura ficou estática por alguns instantes. Por mais íntimos que fossem, Eriol nunca havia tomado uma iniciativa dessa natureza. Sorriu, estava sendo boba, afinal, o amor muda as pessoas, e ela tinha consciência disso.

As risadas ecoavam pelo cômodo, os livros esquecidos sobre a mesa enquanto os dois jovens conversavam enquanto tomavam um chá trazido pela senhora Lang.

– Na Inglaterra não tínhamos tanto diálogo em sala... Era mais sério, não tinha muitos amigos na escola por isso. – suspirou. – Mas também, todos eles eram muito certinhos... Eu nasci na época errada e convivi com as pessoas erradas a minha infância toda... Todos os meus colegas eram cobrados por seus pais pela disciplina, enquanto os meus eram mais liberais.

– Isso deve ter sido duro para você. – fitou-a vendo seus olhos brilharem nostálgica e tristemente.

– Não foi realmente fácil... Mas a parte difícil começou quando eu fiz 12 anos... começaram as transferências de meu pai... não passava de um ano numa mesma cidade. Meu pai acabou aceitando esse emprego para fixar-se... Devemos passar um bom tempo por aqui. – sorriu ao final da frase. – Além do que, o clima daqui é muito mais agradável.

– Fico feliz que goste daqui. Não é o melhor lugar do mundo, mas fazemos o possível. – retribuiu o sorriso dela docemente. – Mais chá?

– Não, obrigada. Acho que é melhor terminarmos de estudar... – comentou, olhando o relógio.

– Tem razão... Esqueci que deve ir embora às seis horas... – ele pegou as duas xícaras e colocou sobre a bandeja. – Vamos, então.

Estavam sentados no teatro nesta ordem: Mai Su, Guan, Woo, Lien, Sharon, Shaoran e Sakura, tendo uma cadeira livre ao lado da japonesa.

– Onde está o Eriol? Daqui a pouco vai começar e ele não irá nos encontrar... – comentou Mai Su, preocupado.

– Ele vai nos encontrar... – disse Sakura, virando-se para falar com Mai Su, seu olhar encontrando Lien e Sharon conversando em voz baixa, mas fingiu não reparar. – Tomoyo está muito nervosa, e como somente uma pessoa poderia ficar com ela até a hora de entrar no palco, achamos melhor que fosse ele...

– Claro... Quem melhor que o namorado para acalmar os ânimos? – perguntou Guan maliciosamente.

– Não foi por Eriol ser o namorado... – replicou Sakura. – Eriol sabe medir suas palavras de tal forma que consegue fazer a pessoa acreditar que pode conseguir qualquer coisa... Por mais impossível que seja o que esteja prestes a tentar. – ela sorriu.

– Isso é verdade... Nunca conheci alguém com tal controle sobre as próprias palavras... – Sharon continuou. – Dizem que isso é mérito dos britânicos, e eu concordo que, no geral, são assim... Mas não tanto quanto Eriol.

– Eriol realmente é uma pessoa fora do comum... – Lien comentou, fitando um ponto qualquer no auditório. Desviou o olhar para Sakura ao ouvi-la sufocar uma risada. – O quê?

– Nada... – ela desviou o olhar e viu que Shaoran também se segurava para não rir. Não agüentou e soltou uma alta gargalhada, assim como o jovem a seu lado.

Estava feliz: primeiramente porque Lien e Sharon davam-se cada vez melhor, depois tinha o fato de que Tomoyo, apesar de não andar tão "disponível" quanto ela gostaria, estava fazendo o que sempre amou, e também ela e Shaoran tinham quebrado aquela sensação incômoda que sempre se instalava quando estavam juntos.

– Posso saber qual foi a piada? – perguntou Eriol, sentando-se ao lado de Sakura, enquanto as luzes começavam a se apagar.

– Não foi nada não, Eriol... – disse ela, secando as lágrimas dos olhos. – Tomoyo está mais calma?

– Um pouco... Está com o nervosismo normal de antes de apresentar-se, com os mesmos medos de sempre: desafinar, esquecer a letra e coisas do tipo... – ele sorriu.

– Bem, Tomoyo nunca errou em uma apresentação antes... – comentou ela. – E tenho certeza de que essa não será diferente.

– Então vamos ver. – disse Mai Su, pondo um final à conversa, visto que as cortinas estavam se abrindo.

Tomoyo estava parada no centro do palco e logo todas as lâmpadas do local estava direcionados a ela, assim como o olhar de todos os presentes, que estavam espantados com a beleza que ela possuía. Cabelos parcialmente presos e encaracolados, caindo sobre os ombros. Um vestido longo púrpura com detalhes prateados, de alças finas. Tinha o aspecto tão leve que fazia parece como se a garota fosse sair voando a qualquer instante.

A introdução da música começou e algumas pessoas murmuraram algo sobre não acreditarem que uma japonesa fosse conseguir cantar uma música em chinês, mas calaram-se ao ouvirem-na começar.

Wúlùn héshí wôchàng de geq
(Que canções eu canto, qualquer hora)
Zài wûtái shàng huòshì wô zìjî
(Seja no palco, seja sozinha)
Wúlùn héshí wô shuo de huàyû
(As palavras que digo, em qualquer momento)
Xiwàng tamen dou néng bèi tingjian
(Espero que elas possam ser ouvidas)
Wô kànjian nî duì wô wéixiào
(Eu vejo você sorrir para mim)
Shì zhen háishì huàn
(É real ou somente uma fantasia)
Nî yông yuân zài nà xiâoxiâo ba tái de nâge jiâo lùo
(Você está sempre na pequena mesa de bar no canto)

Zhè shì wô wèi nî liú cî de zuìhòu yi yè
(Esta é a última noite que estarei aqui para você)
Mêihâo de lâo ge
(Lindas músicas antigas)
Yòu zài chóng xiàn
(Repetidas novamente)
Wô zài cî de zùi hòu yi yè jiang hùihé nî yi qî
(Minha última noite para estar aqui com você)
Hùoxû shì hùoxû bù shì
(Talvez sim, talvez não)
Wô gòu réncí dì qù xîhuan nîde fangsh
(Eu lhe fiz uma gentileza, gostando desse seu jeito)
Dang nî kànzhe wô shì duo me dânqiè o
(Quando você me olha, você é tão tímido)
Nî kêcéng zhidào wô shì zàihu de
(Você sabe o quanto eu me importo?)

Qinàide shì de nî zài nàr
(Querido, sim, você está aí)
Yî na zhông yânguang kàn nîde liân
(Com sua face mostrando aquele seu olhar)
Fângfú nî cóngwèi bèi shanghài
(Como se você nunca tivesse sido machucado)
Fângfú nî cóngwèi xiànluò
(Como se você nunca tivesse perdido)
Wô shì fôu wèi nî biànchéng qí zhong de mòyàng
(Se eu me tornei alguém desse jeito por você)
Shî nî shòu wenróu de kû què yê shì zhen què de k
(Mas fazê-lo sentir a dor da ternura é a verdadeira dor)
Rúguô cùé biâosh
(Se você tem o cenho franzido)
Wô jiang huì zhidào nî bù shì mèngjìng
(Eu poderei ter certeza de que você não é um sonho)

Suôyî ràng wô lái dào nî shentî
(Então me deixe ir ao seu lado)
Jìn dào rú wô suô yuàn
(Tão perto quanto eu quero)
Duì wô ér yán yúgòu de jìn
(Perto o bastante para que eu)
Qù hùojué nîde xinji jiasù
(Sinta as batidas do sue coração acelerarem)
Dang wô duì nî êryû qîng tínglíu zài nàlî
(Quando eu sussurro um pedido para que fique)
Wô duo ài nî pínghé de yânshén kànzhe w
(Eu amo tanto seus olhares de relance)
Nî kêcéng zhidào wô shì zàihu de
(Você sabe o quanto eu me importo?)

Suôyî qîng yû wô fenxiâng
(Então, por favor, divida comigo)
Rúguô nîde ài yîjing tíngzhî
(Se seu amor diminuiu)
Rúguô nîde yânlèi wú fâ wânhúi
(Se eu não posso compensar suas lágrimas)
Huòshì rúcî zhè ban de tòngk
(Ou se você está sentindo muita dor)
Wô zên néng ràng nî míngbái
(Como eu posso deixá-lo entender)
Wô bù zhîshì rú nî sûo jiàn sûo ting
(Que eu não sou só que você vê e ouve)
Zhîyào hâohâo hùoshòu wô
(Enquanto você sentir-me seriamente)
Nî jiang zhidào nî bìngfei zài mèngjìng
(Você entenderá que não é um sonho)

Todos aplaudiram de pé a jovem, que se curvou graciosamente agradecendo todos os presentes, antes de sair pela lateral do palco.

N/A: Música utilizada: Eyes on me, Faye Wong, versão em Chinês. Tema do game Final Fantasy VIII.

Olá pessoas felizes!! Estou de férias!! Finalmente!! Não agüentava mais!!

Mas isso não significa mais tempo livre (a Yoru que o diga, né querida? Eu ando sumidinha... ''). Tenho que fazer 10 sessões de fisioterapia... machuquei meu tornozelo (de novo) jogando basquete...

Ainda tem a Anime Friends... Quem aí vai? Vou sábado e domingo...

Bem, voltando à fic... Primeiramente eu agradeço Diu-chan, minha filhinha querida que achou a letra dessa música para mim... Eu não achava em lugar nenhum!!

Depois agradeço ao Felipe, que me deu a idéia de usar essa música...

Yoru, que, como sempre, me ajudou a escrever o capítulo...

Todas as pessoas que mandaram review, muito obrigada, saber a opinião de vocês significa muito pra mim!

Não sei quando postarei de novo... essa semana está meio complicado de escrever, mas eu vou tentar fazer o mais rápido possível. Eu prometo!!

Bem, acho que é só... Beijinhos!!!

Miaka.