b Capitulo 8 – Lua cheia /b

As semanas se arrastaram entre aulas, detenções e finais de semana. Eles se aproximavam agora do final do mês. Lílian e Thiago tinham feito as pazes no dia seguinte à briga, mas logo depois brigaram de novo.

Lílian começara a andar mais com Sabrina do que com os marotos. Remo era realmente um bom amigo, mas agüentar Thiago por causa disso era incogitável. Ela podia falar com Remo durante o almoço ou na sala comunal.

E o pobre do Snape? Parece que toda a "fúria dos marotos" caía sobre o pobre coitado. Primeiro foi a gaivota de papel que seguia ele por todos os lados, gritando coisas como "seboso", "ranhoso" ou "vá lavar esses cabelos, seu esqueleto de nariz torto!". Depois, o enorme cartaz com uma caricatura de Snape abraçado com a Lula gigante foi "misteriosamente" parar no salão principal e, embora Snape tenha acusado Sirius e Thiago, ele nunca conseguiu provar a culpa dos dois. Eles tinham mais detenções acumuladas do que aulas, para falar a verdade. Simplesmente não paravam UM minuto.

Thiago estava sentado na sua cama. Sirius na cama do lado. Finalmente tinha chegado sábado e os dois tinham acordado de madrugada só para... Bom, despertarem os outros. As cortinas da cama de Remo estavam fechadas. A lua cheia brilhava lá fora.

E aí, Thiago? Que tal acordarmos eles com uma linda música? – Falou Sirius, baixo, pegando sua guitarra.

Ótimo. – Disse Thiago, bocejando. – E o que você vai tocar?

Sirius começou notas calmas com a guitarra, começando a cantar baixinho:

I can not take this anymore.

Saying everything I said before.

All These words, they make non sense.

I found a bliss in ignorance.

Less I hear the less you say...

Sirius, sinto te informar, mas isso não tira Pedrinho da terra dos sonhos. – Thiago falou, mas Sirius só fez sinal para que ele esperasse.

A musica se tornou mais rápida no que pareceu ser um refrão, mas nada forte o bastante.

Foi quando Thiago viu Sirius sorrir maldosamente, após um curto solo de guitarra.

SHUT UP WHEN I'M TALKING TO YOU!

Thiago pulou para trás com o susto. Pedro pulou para fora da cama, respirando rápido. O Outro garoto que dividia o dormitório com eles saiu da cama, também respirando rápido, e saiu do dormitório resmungando.

Thiago fitou, incrédulo, a cama de Remo intacta. Cortinas fechadas. Nem sinal de movimento. Sirius cantava animadamente, quase arrebentando as cordas da guitarra.

SHUT UP! SHUT UP! SHUT-UP! SHUT UP WHEN I'M TALKING TO YOU! SHUT UP!

Thiago levantou a sobrancelha para a cama de Remo, e se aproximou. "SHUT UP!" Abriu as cortinas, e se deparou com a cama vazia e feita. "SHUT..."

Cadê o Remo? – Falou Sirius, largando a guitarra.

Eu... Sei lá. – Falou Pedro, ofegando e esfregando os ouvidos.

Thiago balançou a cabeça para se livrar dos gritos de Sirius, que ainda ecoavam em seu cérebro.

Remo sumiu! – Disse Sirius.

Pedro levou a mão à boca. Thiago passou as mãos pelos cabelos.

Temos que avisar o Professor Dumbledore! – Falou Thiago, decidido. Os outros dois concordaram.

No começo da noite, após seus amigos caírem no sono, Remo era levado pela enfermeira de Hogwarts até uma grande árvore, que como ele notou, se mexia sem sinal de vento. Ele suspirou quando ela apertou um nó nas raízes da árvore com um galho, congelando os ramos do salgueiro, e mandou que Remo continuasse o caminho até chegar numa casa abandonada, ande ia se transformar.

Ele odiava a Lua cheia. Sabia que, em poucas horas iria perder sua consciência humana. E nem tivera tempo de explicar nada aos seus amigos. Nem de inventar uma desculpa. De manhã os marotos dariam por sua falta. Ia ser difícil se explicar depois.

Era suposto que Remo desse uma desculpa para os amigos mais próximos, mas como ele conseguiria mentir para Thiago, Sirius e Pedro? Ou até mesmo para Lílian? Ele passou o dia todo tentando achar uma boa desculpa, mas não achou nem uma delas muito convincentes, e acabou partindo sem falar nada. Algum tempo depois, ele chegou numa grande casa empoeirada.

Entrou e sentou-se chão, próximo à uma janela. Abraçou as próprias pernas e ficou lá encolhido, chorando e esperando que o primeiro raio de luar o atingisse.

Sirius andava de um lado pro outro no dormitório, pensando. Thiago estava sentado na cama, com uma expressão totalmente preocupada. Pedro continuava procurando Remo por todos os lados, em baixo das camas, dentro dos baús e até em baixo das cobertas.

Não adianta Pedrinho. – Resmungou Sirius. – Eu não vejo motivo algum para Remo se esconder dentro dos baús.

Nesse instante, a Professora McGonagall entrou no dormitório, parecendo furiosa. Ela usava um robe cor-de-rosa.

Minnie! – Disse Sirius, fazendo a cara mais inocente possível. A Professora apertou os lábios. – Que bom que você chegou! Estamos com um problema terrível aqui.

Com certeza estão! – Falou McGonagall. – Vocês acordaram a torre inteira!

Não, Minnie... Profª McGonagall. – Corrigiu Thiago ao ver a expressão da professora. – REMO SUMIU!

Professora McGonagall arregalou os olhos, mas se recuperou logo depois. Sirius a fitou, desconfiado.

O Sr. Lupin foi fazer uma visita à sua mãe, que está doente. – Falou, displicente. – E vocês, quero explicações já!

A mãe dele? – Disse Sirius, desconfiado. – Sem nos avisar?

Não tenho nada a ver com isso, Black. – Retrucou Minerva. – Agora, são menos dez pontos da Grifinória. E voltem a dormir.

Assim que Minerva virou as costas, Thiago falou:

Essa história está muito estranha.

Concordo plenamente. – Respondeu Sirius. – Aí tem coisa.

Lílian desceu para tomar café com um péssimo humor. Primeiro, a cantoria de Sirius acordara a torre toda. Depois, ela ouviu Thiago Potter berrando que o Remo tinha sumido. Agora, três dos marotos estavam conversando baixo um canto afastado da mesa. Coisa rara. Normalmente Sirius e Thiago estariam fazendo o máximo de barulho possível. Será que alguma coisa realmente tinha acontecido com Remo?

Ela se levantou decidida, puxando Sabrina junto, e foi até eles perguntar o que tinha acontecido.

Oh, olha que nos dá a graça de sua presença! – Falou Sirius, e os outros dois pararam de conversar imediatamente.

Lily! – Thiago sorriu. – Não está mais brava comigo? Eu sabia que esse seu chilique não ia...

QUEM te deu liberdade para me chamar assim, Potter? – Retrucou, o mais seca que pôde. O sorriso escorregou do rosto dele, mas Sirius parecia se segurar pra não cair na gargalhada. – Cadê o Remo? – Emendou.

Não-sei. – Retrucou Thiago, emburrado.

Como assim, "não-sabe"? – Lílian falou, com Sabrina quieta do seu lado, mordendo uma torrada.

Não-sabendo. – Disse ele dando de ombros e se calando.

Lílian sentiu seu rosto ficando quente de raiva, mas Sirius também notou e se apressou em responder:

Ele sumiu. Quando acordamos ele não estava lá.

Tá. – Falou Lílian simplesmente, saindo e arrastando Sabrina, que continuava alheia a tudo, com sua torrada.

Gah, meleca de trasgo! – Praguejou Thiago. – "QUEM te deu liberdade, Potter?" – Imitou ele, fazendo uma voz extremamente aguda e irritante. – Quem ELA pensa que é? Eu estava só sendo amigável. "Cadê o Remo?" O que interessa pra ela onde está o Remo? Que droga! Se nem nós sabemos!

Calma, amigão. – Disse Sirius. Pedro olhava para Thiago apreensivo. – Você sabe que ela é esquentada assim mesmo.

Ruiva-pimenta. É o que ela é. – Falou Thiago, cruzando os braços e afundando na cadeira.

Dessa vez Sirius caiu na gargalhada.

Do que você tá rindo? – Falou Thiago, seco.

RUIVA... PIMENTA! – Berrou Sirius entre risos.

Lílian olhou para lá da onde estava sentada e bufou. Sabrina riu e levou uma cotovelada.

"Droga". Pensou Thiago. Como se não bastasse Remo sumir, Lílian vinha com mais chiliques, e agora Sirius estava rindo dele. Ele precisava descontar a raiva em alguém... Onde será que estava o Seboso a essa hora da manhã?

Remo acordou, deitado no chão de madeira. Seu corpo doía. Cada centímetro dele estava arranhado ou mordido. A casa estava semidestruída.

"Só mais alguns dias".

Pensou ele, fazendo esforço para se levantar.

Sirius estava preocupado com Remo, mas agora sua principal ocupação era rir de Thiago.

Ruiva pimenta... Ai, ai, essa foi ótima. – Falou, enquanto Thiago olhava para os lados. – O que foi?

Quero achar o Seboso. Preciso descontar minha raiva.

Sabia que você era burro, Potter. Mas cego...

Os dois se viraram rápido. Pedro congelou. Snape estava logo atrás deles.

Burro é você, seu pote de óleo ambulante! – Retrucou Thiago.

Snape levantou uma das sobrancelhas, em desdém.

Pelo menos meus cabelos não têm vontade própria. – Retrucou o sonserino.

É claro! Você os sufocou com sujeira! Se eu não lavar os meus por cinco anos eles também vão ficar comportados.

Sirius riu.

E oleosos. – Acrescentou.

Vou perdoar os dois dessa vez. Mas só em consideração ao fora que o Potter acaba de tomar da sangue-ruim.

Não chama a Lílian de Sangue ruim! – Berrou Thiago.

A essa altura, metade do salão os observava. Incluindo Lílian, que Sirius notou estar vermelha.

Ela pode ter pais trouxas. – Recomeçou Thiago, com a voz um pouco mais controlada. – Mas é dez vezes melhor que você.

E não é covarde como você. – Acrescentou Sirius. – "Vou perdoar dessa vez." Francamente.

Snape e Thiago se encararam por alguns momentos. Sirius nunca tinha visto o amigo tão nervoso.

OK, ranhoso. Você tem dez segundos para correr. – Falou Thiago, baixo, e levantou a varinha.

Snape nem se mexeu.

Um... – Começou, mas seu olhar caiu sobre a professora McGonagall, que observava tudo, atenta. – Dois... – Falou. De qualquer forma, por que não tentar um blefe? – Três...

Para com isso, Thiago. – Sirius se virou para encontrar a origem da voz. Surpreendeu-se ao ver Lílian, falando docemente, com a voz moderada. Quase como falara com Pedro no primeiro dia de aula. A ruiva mordia o lábio inferior.

Thiago virou-se para ela, também surpreso.

Pára com essa baboseira antes que você se encrenque de verdade. – Repetiu. Thiago abaixou a varinha.

Lílian, ele te chamou de sangue-ruim. – Falou Thiago, em tom de argumento.

Não interessa. Eu não preciso que você me defenda. – Disse ela, voltando ao tom normal. – Eu posso fazer isso sozinha, obrigada. E você Snape, suma da minha frente antes que EU resolva te azarar. – Acrescentou ameaçadora.

Snape se afastou devagar, ainda sustentando o olhar de Thiago.

Com licença. – Disse Lílian, seca, e virou-se para ir embora.

Ela mal alcançou Sabrina, quando ouviu Thiago gritando:

De nada!

Ela virou-se e gritou de volta:

Não pedi pra você me defender, Potter.

Puxou Sabrina pelo braço e recomeçou seu caminho.

Poxa, Lily, podia ter pelo menos agradecido o pobre Thiago. – Disse Sabrina, terminando de engolir sua torrada no caminho.

Agradecido? Ele é um exibido, Sabrina. E nada melhor para aparecer do que defender os fracos e oprimidos. – Disse ela, num tom que fez Sabrina rir um pouco. – Eu não preciso do Potter. E não faço questão nenhuma dele por perto também.

Sabrina deu de ombros.

Os dias passaram devagar, e nada de Remo. Já chegando no final de semana Thiago e Sirius já tinham grudado os sapatos do seboso no chão, colocado umas seis bombas de bosta dentro da mochila dele (juntas, é claro), enfiado a cabeça dele no prato de comida e também usado feitiços simples como tarantalegra e locomotor mortis...

Mas a preocupação com Remo tirava um pouco da graça das brincadeiras.

Thiago estava tomando café calado, assim como Sirius e Pedro. Foi quando Remo entrou pela porta do salão principal, com um aspecto fraco e doente. Ele estava todo machucado.

Remo! – Thiago gritou, fazendo Sirius levantar a cabeça do prato, e Pedro pular de susto.

Os três se levantaram e correram até ele, que sorriu fracamente.

Onde você esteve, cara? – Perguntou Sirius. – O que houve com você? – Acrescentou.

Eu... Cai um tombo quando estava entrando...

Sei. – Disse Thiago. – E porque você saiu?

Erm... A minha tia... Ela estava muito doente.

Não era suã mãe? – Disse Thiago, desconfiado. – Segundo a Profª McGonagall...

Er... Ela deve ter entendido errado. Eu disse "irmã da minha mãe", ela deve ter entendido que era minha mãe...

Thiago e Sirius o fitaram, desconfiados. Remo assumira um sorrisinho inocente.

Foi quando Lílian chegou, com um olhar preocupado.

Remo! Sua avó melhorou?

AVÓ? – Perguntaram Thiago e Sirius.

O Professor Flittwick me disse que sua avó estava muito doente. – Explicou Lílian.

Na verdade... – Começou Remo, sob os olhares desconfiados de Sirius e Thiago e o interrogativo de Lílian. – Eu disse "a irmã da minha mãe". Ele deve ter entendido a "mãe da minha mãe"... – Ele completou com um sorrisinho amarelo, na opinião de Thiago, muito pouco convincente.

Vamos, Remo... Temos aula agora. – Disse Thiago. – Não podemos nos atrasar.

Thiago arrastou Remo para longe da ruiva, sob olhares incrédulos dela.

Muito bem, falando a verdade, pequeno Remo. – Disse, quando Sirius e Pedro os alcançaram.

i N/A: Oh... Será que Remo contara a verdade? Será que ele superará sue medo? Será... Ploft (Um mouse voa na cabeça de Hananielle)

Tá bom, já calei, já calei... (esfregando a cabeça)

Bem, semana que vem tem mais... /i