b Capitulo 14- Halloween /b

O Garoto que dividia o dormitório com os marotos saiu do quarto dando passadas firmes e bateu a porta atrás de si. Quem olhasse para a porta fechada não imaginaria a bagunça e caos que se encontravam dentro do aposento: tintas espalhadas por todo canto, uma bateria, um teclado, uma guitarra e um baixo jogados pelo quarto, roupas espalhadas pelo chão, Sirius repassando a letra com Thiago, Pedro se esforçando para decorar as cifras e Remo tentando pintar o logo dos Marotos na bateria.

Devo fazer algum desenho? – Perguntou Remo, dando um último toque no nome do grupo, escrito em vermelho, dourado e preto.

Na verdade não. – Respondeu Sirius. – Eu tinha pensado em colocar uma Lua cheia, uma pata, um ratinho e chifres de um cervo, mas o Thiago não gostou da idéia.

Remo deu de ombros, coçando seu nariz: era alérgico a cheiro de tinta. Então, inexplicavelmente, Sirius e Thiago caíram na risada.

O que é? – Perguntou Remo, para só depois perceber a porcaria que havia feito: Tinha coçado o nariz com a mão suja de tinta preta. – Ah DROGA! – Exclamou, indo até o banheiro para tentar se livrar da mancha.

Lílian estava com Sabrina no salão principal. Os professores já começavam a montar a decoração do Dia das Bruxas: Abóboras, morcegos e um palco, que segundo a Professora McGonagall, serviria para a apresentação de uma banda de alguns alunos.

Ela conversava com Sabrina sobre a festa, enquanto se servia de leite morno.

Uma banda! – Exclamou Sabrina. – Isso é ótimo! Quem será?

Eu sei lá... – Falou Lílian, distraída, levando o capo de leite à boca. – Écow, nata! – Exclamou, ao ver que uma nata fina tinha se formado sobre seu leite.

Não gosta de nata?

Odeio nata. – Respondeu, pegando uma colher para tira-la de lá.

Porém, quando se voltou para o copo, a nata sumira, e Sabrina limpava o dedo num guardanapo.

Qual o seu problema? – Perguntou Lílian, suspirando e deixando a colher de lado.

Excesso de praticidade. – Sabrina sorriu inocentemente.

O dia passou rápido, e logo todos se reuniam no salão principal para a festa. Remo estava nervoso, Thiago estava ansioso, Sirius estava tranqüilo e Pedro estava passando mal. O resto da escola estava curiosa para saber quem seriam os alunos que iam se apresentar.

Dumbledore se levantou.

Bem, antes de começarmos o banquete propriamente dito, alguns alunos gostariam de se apresentar.

Os marotos se mexeram, inquietos, numa salinha próxima ao salão principal.

Eles pediram para que eu os anunciasse como... Hum... Os marotos, Pontas, Almofadinhas, Aluado e Rabicho.

Os meninos subiram no palco. Os alunos aplaudiram educadamente, com exceção dos sonserinos.

Por que eu não imaginei antes? – Murmurou Lílian para Sabrina. – É claro! Lembra que no caderno está anotado algo sobre "vocalista dos Marotos"?

Sabrina concordou com a cabeça.

Fez-se silêncio e Os Marotos começaram a tocar uma música agitada. Depois de uma pequena introdução musical, Sirius começou a cantar:

Nós, os malucos, vamos lutar,

Pra nesse estado, continuar.

Nunca sensatos, nem condizentes,

Mas parecemos, supercontentes!

Se a solução se encontra... Um maluco é do contra. Mas se vai pro lado errado, Um maluco vai do lado!

Então, o ritmo acelerou e Thiago e Sirius cantaram juntos:

Malucos, a nossa vida é dar bandeira,

Acende a luz da cabeceira,

Se a água pinga na torneia!

Malucos, A nossa luta é abstrata,

Já que afundamos a fragata,

Mas temos medo de barata!

O ritmo voltou ao do inicio e Sirius continuou sozinho:

Nós, os malucos, temos um lema:

Tudo na vida é um problema!

Mas nunca tente nos acalmar,

Pois um maluco pode surtar.

Quando o Papo se esgota... Um maluco é poliglota! Mas se todo mundo grita, um maluco se irrita!

O ritmo acelerou novamente, e Thiago começou a cantar de novo.

Malucos, somos iguais à diferença,

E todos temos uma crença:

Seguir a lei jamais compensa!

Malucos, somos a mola desse mundo,

Mas nunca iremos muito a fundo,

Nesse dilema tão profundo...

Eles pararam de tocar e fizeram uma pequena reverência ao público, que os encarava.

Ninguém mexia um músculo nem falava nada, olhando para os Marotos e repassando mentalmente o quanto àquela música era estranha. Porém, da mesa dos professores vieram aplausos, solitários, mas decididos. Quando todos procuraram a fonte dos aplausos, encontraram Dumbledore, aplaudindo de pé e entusiasmadamente.

Bravo, bravo! – Disse o diretor. – Uma ótima letra, realmente!

Os outros professores e alunos seguiram o exemplo do diretor, dando de ombros e aplaudindo (Menos os sonserinos. Povinho antipático esse.)

Obrigado, muito obrigado! – Sirius começou a falar, pedindo com gestos que parassem com os aplausos. – Se o diretor me permitir, eu gostaria de dar alguns recados. – Sirius olhou para Dumbledore, que assentiu de leve com a cabeça, com um olhar divertido. – Primeiro, para Bellatrix Black. Referente ao que você, na sua falta de coragem de vir me falar pessoalmente, mandou me dizerem ontem: dê-se TEMPORARIAMENTE por vitoriosa. Para O Garoto que Divide o dormitório conosco: VOCÊ FALA! Ainda não te disse isso, mas estou surpreso. Para Lily: Thiago falou para você deixar de ser tão estouradinha. – Lílian lançou olhares assassinos para Thiago, que, por sua vez, os lançou a Sirius. – Para Sabrina: Vê se fala pra Lily parar de ser tão estouradinha. E, por último e não menos importante: Para Severo Snape: Vá lavar esses cabelos, seu seboso!

Dizendo isso, eles saíram do palco em meio a risadas, antes que qualquer professor pudesse repreende-los.

Ah, eu não acredito. – Falou Lílian, apoiando a cabeça nos braços.

Ah, Lily, leve na esportiva! – Disse Sabrina, rindo. – Foi engraçado.

A vida toda é engraçada pra você. – Argumentou a ruiva.

Realmente é! – Sabrina sorriu meigamente, embora houvesse um toque irônico na sua voz, como sempre.

Lílian suspirou e observou os marotos andando em direção à mesa da Grifinória. Então, a ruiva se deu conta de algo: a mesa estava cheia. Os únicos lugares livres eram... Do lado dela e na frente das duas.

Oh não! – Exclamou.

O que foi?

Oh não, oh não, oh não!

O que é? – Exigiu Sabrina, impaciente.

Mas Lílian não precisou responder. Os marotos já estavam bem perto, e Thiago se apresou pegando o lugar ao lado da ruiva enquanto os outros três sentavam-se do outro lado. Lílian suspirou.

Oi Lily! – Cumprimentou Thiago, animado. – Oi Sabrina.

Sabrina respondeu e Lílian ignorou. Os outros mal falaram um "Oi garotas" e começaram a se servir.

Ah... Foi i isso /i ? – Sabrina perguntou, enquanto se servia.

É, foi.

Os marotos observavam as duas interrogativamente, mas depois de alguns segundos deram de ombros e começaram a comer.

Então... – Começou Sabrina. – Decidiram parar com a idéia maluca de interrogar Bellatrix?

Lily já te contou? – Perguntou Thiago, mas não esperou resposta. – Nós não desistimos da idéia. É só temporário.

Eu quero lírios no meu caixão. – Resmungou Lílian e Sabrina riu.

Calma, Lílian. – Falou Remo. Tranqüilamente. – Nós vamos pensar num jeito de tirar você disso antes de fazer qualquer coisa.

Precisamente. – Emendou Sirius.

Eu só não entendi... – Recomeçou Sabrina. – Como Lily ENTROU nisso. Quer dizer, ela não anda pra cima e pra baixo com vocês. Por que ameaçar ELA?

Precisamente. – Emendou Lily, imitando Sirius e fazendo todos rirem.

Não me peça para entender a mente dos Sonserinos... – Começou Thiago, mas Sirius o cortou:

Bella sabe que, embora ele não admita, que a Lily é importante pro Thiaguinho! – Lílian sentiu seu rosto ficando vermelho, Sabrina sorriu maldosamente, Remo e Pedro preferiram ficar impassíveis e Thiago parecia querer esganar Sirius só de olhar pra ele.

Então eles escutaram um baque, como se alguém estivesse chutando algo.

AI! – Sirius olhou bravo para Thiago, sentado na sua frente. – Ok, Pontas, você não precisa me chutar. Isso vai ficar roxo! – Outro baque. - AIIII! Pare com isso. – Foi a vez de Sirius chutar Thiago.

Ei! – Resmungou o outro, retrucando o chute.

O fato é... – Continuou Remo, ignorando os dois, que continuaram se chutando. – Não se preocupe, porque vamos esperar um pouco. Quem sabe até lá eu não consiga tirar esse idéia maluca da cabeça dos dois?

Obrigada, Remo. – Agradeceu Lílian. Sabrina continuava assistindo o torneio de chutes de Thiago e Sirius.

O resto do banquete passou tranqüilo. Quer dizer, tão tranqüilo como se pode ser tendo Lílian Evans e Thiago Potter lado a lado. Maiores surpresas só vieram lá pela hora da sobremesa, quando Minerva mandou, inexplicavelmente, que todos voltassem para seus dormitórios.

Lílian e Sabrina seguiram o monitor, mas se surpreenderam em ver os marotos logo atrás delas.

O que? – Perguntou Lílian, com uma voz espantada. – Vocês estão obedecendo a ordens DIRETAS?

Muito engraçado, Lily. – Retrucou Thiago. – Deixe-me só te lembrar que é pra salvar o SEU pescoço que nós não vamos investigar o que aconteceu agora mesmo.

Lílian abriu a boca para retrucar um "Eu não pedi pra vocês me protegerem", mas Sabrina falou mais rápido:

Vocês acham que tem algo há ver com os Comensais?

Temos certeza. – Falou Sirius. – Dá uma olhada no sorrisinho da Bellinha.

As meninas olharam na direção que Sirius apontou. Bellatrix mantinha um sorriso quase imperceptível nos lábios.

Acha que eles ousariam entrar em hogwarts para atacar alguém? – Perguntou Sabrina, preocupada.

Não, eles entrariam em Hogwarts pra colher margaridas na floresta proibida! – Ironizou Sirius.

Sabrina revirou os olhos e continuou andando.

Assim que eles chegaram na sala comunal, os marotos correram para o dormitório e Thiago pegou sua capa da invisibilidade.

Ok, só cabem três de nós em baixo da capa. – Começou Thiago. – Pedro, você pode ficar e inventar alguma desculpa para qualquer um que chegar?

Posso, mas... O que eu falo? – Perguntou Pedro, um pouco nervoso.

Os meninos ficaram alguns segundos calados, até Remo se pronunciar.

Eu fico aqui com o Rabicho. Vocês dois vão ver o que está acontecendo. De qualquer forma, irão mais rápido em dois do que em três.

Certo. – Aprovou Sirius, para depois se lembrar dos espelhos que Andrômeda lhe dera no natal. É claro! Fora mesmo uma ótima idéia coloca-los no malão. – Esperem aí! – Ele correu para sua mala, revirando as roupas até achar o par de espelhos. – Aqui. Vocês ficam com um e nós com outro. Se precisarem falar conosco, digam "Sirius Black" para o espelho e pronto!

Dizendo isso, eles saíram, encontrando o salão comunal vazio.

Lílian se esgueirava silenciosamente pelas sombras do salão comunal. Bellatrix tinha ameaçado os marotos, mas não tinha dito nada sobre Ela não se meter no que não é de sua conta. Sabrina tinha ficado no quarto, para dar alguma desculpa se alguém perguntasse por ela.

Ela chegou no buraco de retrato e empurrou o quadro, para dar de cara com Minerva do outro lado.

Professora! – Sussurrou Lílian, assustada, após soltar uma pequena exclamação.

O que pensa que está fazendo, Evans? – Perguntou Minerva, ríspida.

Eu... Ahn... Estou com dor de cabeça e pensei em ir até a ala hospitalar...

Sinto muito, Evans. Agüente a dor de cabeça por hoje, sim?

Dizendo isso, a professora fechou a passagem com o quadro.

Droga! – Sussurrou Lílian, dando um soquinho de leve na parede.

Virou-se para ir até o quarto, para tentar descobrir um bom jeito de sair de lá. Porém, não deu dois passos e deu de cara com Thiago e Sirius, que a observavam divertidos.

Foi uma bela tentativa, Lily. – Falou Thiago, observando a surpresa da garota em os ver lá.

Mas não o bastante, infelizmente. – Continuou Sirius.

Lílian olhou de um para o outro, depois voltou a andar.

Bom, se me dão licença, eu ainda preciso achar um jeito de sair daqui! – Falou a ruiva, tomando o caminho de volta para o dormitório.

Está indo para o lado errado. – Caçoou Thiago. – A saída é lá. – Ele apontou para o buraco do retrato.

Se você não viu, Potter, Minerva está vigiando.

Vi, é claro. – Respondeu ele. – Mas, se VOCÊ não viu, também estamos pretendendo sair.

E o que EU tenho há ver com isso? – Perguntou a ruiva e os dois sorriram.

Bom... – Começou Sirius. – Temos o nosso jeitinho para sair.

...E podemos te levar também. – Completou Thiago.

Não obrigada. – Disparou ela, ríspida.

Os meninos deram de ombros, se cobrindo com a capa. Eles assistiram Lílian arregalar os olhos enquanto os dois "sumiam no ar".

Tchau Lily! – Murmurou Thiago, quando os dois passaram por ela.

Lílian observou os dois sumindo, atônita. Depois ouviu a voz de Thiago murmurando um "Tchau, Lily" e viu o retrato se afastando. Minerva lhe lançou olhares desconfiados, mas depois pareceu se convencer de que ela estava longe demais para ter aberto a passagem.

Depois que o quadro se fechou novamente, Lílian se sentou em uma das poltronas, decidida a esperar que os dois voltassem.

i N/A: Marotos cantando o "Hino dos Malucos" de Rita Lee. /i