CAPÍTULO I – SONHO

"Rezar é por em contato, por meio do pensamento, o infinito de baixo com o infinito de cima!

Vitor Hugo

Aquele som tranqüilo e riste ecoava em nossos corações...o perfume do incenso ascendia aos céus...há muito não víamos alguém fazer um ritual como aquele...e mais espantoso ainda era ele o fazer...Shaka orava. E em sua oração uma grande preocupação se abatia naquele que o conhecia tão bem como ele próprio...

(...)

Eu chorava no colo dela...chorava no colo do estranho...futuro mestre...futura morte...eu era a criança agora...pequenos braços tentando alcançar as vestes de minha mãe...

(...)

Mãos dispostas na oração...o som se propagava...o OM ressoava...transe...aparentemente em transe, o Cavaleiro de Virgem ainda vestido com roupas de dormir, permanecia em pé a frente do pequeno templo...aparente transe. Ele suspira profundamente..algo mexera com sua alma...pois até mesmo seu cosmo estava mais...melancólico...

Lentamente os olhos azuis de Shaka se abrem para o claro dia...e é como uma batida forte de coração que o Santuário sente a força do cavaleiro mais próximo de Deus se espalhar...Olha ao redor...que sentimento estranho aquele, poder ver cores e formas depois de tanto tempo! Oras! Quão estranho era para ele, mais que tudo, ter algum sentimento a atormentar-lhe o espírito!!

E talvez a vida o fizeram esquecer o quão belo era o mundo ao redor que ele fechava com os olhos...ou quem sabe ele tão somente não teria esquecido da vida em si?

Então, ao mesmo tempo em que tudo lhe parecia novo...aquela angustia lhe tomava a alma, como se a cada segundo perdesse um tempo precioso...e mesmo assim, foi com tranqüilidade que foi arrumar suas coisas...suas malas...apenas o necessário para aquela longa viagem.

(...)

Os olhos dela eram tão tranqüilos...e os meus vertiam tantas lágrimas...e a dor dela era ao maior que a minha dor...e me envergonhei do meu choro, mas não conseguia parar...foi quando ela tocou meu rosto e senti novamente seu perfume...

(...)

A respiração dele, logo ele, tão imensamente controlado, estava alterada enquanto se preparava...o tempo passava depressa e ele precisava ir! E o meramente improvável ocorrera...o Cavaleiro de Ouro não percebera a entrada de alguém em sua Casa....apesar de até hoje não se conhecer a verdadeira intenção daquele lapso...

- Shaka?

O olhar surpreso ao extremo de Mu fez o Cavaleiro de Virgem desconcerta-lo ainda mais com um pequeno sorriso:

- Não se preocupe, Mu...pelo menos por enquanto, está tudo bem.

- Está?

O ariano questiona completamente embasbacado com a aura do lugar...era como algo que só existisse ali tivesse sido substituído por outra coisa, e ele não sabia dizer ao certo se era bom ou ruim.

Shaka pareceu não se dar conta da pergunta do amigo e terminou de amarrar o sari cor de mostarda na altura dos ombros, falando em tom sereno e urgente ao mesmo tempo:

Athena autorizou minha viajem à Índia. Por favor, Mu, poderia tomar conta de tudo durante minha ausência?

Mais uma vez pego de surpresa, o Cavaleiro de Áries se demora um pouco anes da resposta:

- Sem dúvida, amigo. Mas, tens certeza de que está tudo bem?

Mu observa o azul cristalino dos olhos de Shaka se tomarem de uma névoa, como nuvens brancas num céu de inverno...

(...)

- Ian, não tenhas medo! Mamãe sempre estará com você! Do seu lado...sempre!

Aquelas palavras...eu me perguntava como e porque as tinha esquecido...sempre comigo...sempre ao meu lado...

Eu parei de chorar...e foi como se minhas lágrimas passassem para ela...de seus braços fui completamente tirado, e, a partir daquele momento, em meu rosto nada mais rolou...a não ser gotas de chuva ou orvalho da manhã...e de mesma forma, como para impedir a tristeza, também eu impedi a alegria...a vida de um Cavaleiro, e não um simples cavaleiro...o mais próximo de Buda!

Espectador novamente...

(...)

- Pretendo descobrir justamente isso.

E Shaka, em tantos anos, deixou-se levar por aquilo que sentia...permitiu-se sentir. Mu, estático e atônito viu-o ir, tocando seu ombro amigavelmente...

A frase de sua mãe não saia de sua mente...o cheiro dela não fugia de sua lembrança...e ainda que soubesse que sua origem nunca fora indiana, agora, nesse mix de sentidos que deixava fluir, a curiosidade lhe indavaga sobre seu verdadeiro nome: Ian.

No avião, os pensamentos tentavam dar lugar a meditação...os olhos então fecharam-se novamente...mas o sonho estava como que impregnado à sua memória...humano...as vezes se esquecia que era mortal...que a vida podia acomete-lo com a morte...morte! Àquela simples palavra seu coração bateu mais rápido...urgência! Sabia que a premonição traria uma morte...ou viera de uma...

Esperava ser bem recebido e tentar obter algumas informações de seu mestre – Dalai-Lama....já que a Índia não era o Tibet...e as últimas palavras que ouvira dele foram as de não colocar mais os pés naquela terra novamente.

Tudo está confuso – pensava Shaka, tentando assimilar o que sonhara com a possível realidade que encontraria...e era engraçado perceber que o guerreiro mais próximo de Buda...era também o mais distante dele.

"Estou prestes a enlouquecer

As idéias voam, se espaçam

O que seguir? O certo?

O real não é tão verdadeiro

Talvez o insano seja seguro

Representa a razão nesse mundo

Como definir a vida?

Um momento, um segundo

Simplesmente uma passagem

Penso...enlouqueço

Buscando uma salvação"

Paula Sebin

CONTINUA...

N/A: Bem, que bom que ninguém veio atrás de mim com uma faca...ou algo parecido ....hehehehehe....está aqui, como prometido o primeiro cap...nada muito longo, mas tbm naum muito curto! Valeu pelos reviews! Espero que gostem desse aqui...e espero poder alcançar as expectativas....