Capítulo 10

Um pouco mais de uma semana depois da sua conversa com Scott, o Professor Xavier decidiu que era tempo de testar suas preocupações sobre o relacionamento de Scott e Jean. Não ia lhe dizer precisamente como Scott iria se comportar numa situação real de batalha, mas Charles tinha certeza de que teria uma boa idéia.

O Professor agendou uma seção intensiva na Sala de Perigo, desenhada para testar as habilidades de liderança do jovem. O objetivo era simples: fazer a equipe passar por obstáculos o mais rápido possível, e ao mesmo tempo evitar as surpresas que surgiriam de vários lugares. Xavier programou parte do sistema de armas para alvejar Jean e Evan, o teste seria para saber como Scott iria reagir.

Do seu lugar na sala de observação, o Professor observava o exercício se passando embaixo. Scott liderava o ataque aos vários obstáculos que apareciam, sumiam e reapareciam em lugares diferentes. Eles estavam progredindo bem, cada membro da equipe usando seus próprios poderes para seguir seu caminho.

Aqui vamos nós, Charles disse para si mesmo enquanto digitava o comando que iria ativar o resto do sistema de armas.

Scott estava guiando sua equipe pelo curso, cobrindo aqueles que precisavam e se certificando de que todos ainda estavam com ele.

— Daniels! Jean! Mexam-se! — ele ordenou, observando os dois últimos membros da equipe lutando contra o sistema de defesa da Sala de Perigo.

— Vai em frente! A gente vai ficar bem! — Jean gritou de volta, sem olhar para ele enquanto se concentrava em se defender do fogo de artilharia simulado.

Evan, por outro lado, estava tendo mais problemas. Ele lançava ossos contra os projéteis que voavam em sua direção, mas estava sendo derrotado. Ele se jogou no chão e rolou para evitar uma série de flashes tipo laser, e se descobriu momentaneamente cego pela luz. Enquanto piscava repetidamente para tentar recuperar a visão, um grande canhão mirou nele por trás. Jean disparou para onde Evan estava deitado sem defesas e cercou os dois com um escudo em forma de bolha.

— Kurt, teleporte o Evan e a Jean para cá, agora! — Scott comandou, enquanto o resto do time tentava se reagrupar.

Kurt se teleportou para onde seus companheiros de equipe estavam resistindo ao ataque.

— Vem! Eu vou tirar vocês daqui — Kurt falou para Evan. — Jean, tira o escudo pra eu poder entrar!

Jean fez como Kurt pediu, refocando sua energia para proteger os dois garotos.

— Jean você também tem que vir! — Kurt chamou.

— Só tira o Evan daqui, eu tou bem — ela falou.

— Mas…

— Vai!

Kurt obedeceu, teleportando-se de volta para junto dos outros.

— Evan, você tá bem? — Scott perguntou, procurando sinais óbvios de machucados no garoto.

— É, cara, eu tou bem. Só um pouco tonto — Evan admitiu.

— Cadê a Jean? — Scott perguntou, procurando-a pelo percurso.

— Ela mandou eu pegar o Evan e ir embora — Kurt relatou.

— Droga! — Scott resmungou sob a respiração. — Jean, vamos! — ele gritou sobre o barulho das explosões.

"Não esperem por mim!", ela mandou telepaticamente. "Eu só vou atrasar vocês. Vão que eu consigo chegar no final. Eu protejo a retaguarda".

Scott grunhiu frustrado. Ele pensou em mandar um dos outros de volta para ajudá-la, mas logo descartou a idéia. Jean tinha uma boa defesa, e ele sabia que ela conseguiria cuidar de si mesma.

— OK, pessoal, vamos continuar. A Jean cuida dela mesma, disse que encontra a gente no final.

Eles finalmente alcançaram o fim da simulação, e, como prometido, Jean os alcançou quando cruzaram a linha de chegada. Uma campainha elétrica soou e as armas sumiram, fazendo as paredes e o piso reaparecerem.

— Foi uma boa seção, X-Men — o Professor Xavier comunicou. — Vocês estão dispensados. — Scott, Jean, um momento, por favor — o Professor chamou enquanto saía da sala de observação. Jean e Scott trocaram um olhar preocupado, e então se viraram para o Professor, subindo as escadas até onde ele estava.

Ele os encarou por um bom momento, um leve sorriso se esboçando o seu rosto.

— Fiquei muito satisfeito com a sua performance hoje, — ele falou. — Não percebi nada que pudesse justificar minhas preocupações acerca do seu relacionamento, e estou profundamente satisfeito em estar errado sobre isso — ele disse, sorrindo calorosamente para eles. — Isso é tudo — ele disse como uma dispensa quando eles não conseguiram responder, divertindo-se com as expressões levemente chocadas nos rostos de seus alunos.

Jean e Scott saíram da Sela de Perigo e entraram no elevador em silêncio.

— Ele acabou de nos dar uma aprovação? — Jean perguntou finalmente, com um tom de divertimento da voz.

Scott riu.

— É, eu acho que ele deu.

— Isso foi tão estranho — ela disse, tentando não rir.

— Isso foi — Scott balançou a cabeça, concordando. — Mas eu tenho que admitir que eu tou aliviado. Eu não gostava de o Professor não apoiar nós estarmos juntos.

— Eu sei que não — Jean falou para ela, passando o braço pelo dele. — Mas eu acho que você tava mais aborrecido com ele duvidando da sua capacidade de liderança.

Ele riu meio torto.

— Você me conhece bem demais — ele admitiu.

— É, eu conheço — ela concordou com um sorriso, enquanto eles saíam do elevador para o piso principal. — E, só pra mudar completamente o assunto, ia ser legal avisar meus pais com mais de dois dias de antecedência que eu vou levar meu namorado pra passar as férias. Você quer ir, ou não?

Scott suspirou, profundamente dividido.

— Jean, você sabe que eu faria qualquer coisa pra passar o Natal com você — ele começou, mas Jean não o deixou terminar.

— Mas passar todo esse tempo com o clã Grey pode estar acima e além do que você é capaz de fazer pelo bem do nosso relacionamento? — ela provocou, sabendo que estava mais próxima da verdade do que ele iria admitir.

Scott riu.

— Bem, sua mãe nunca foi uma grande fã minha — ele disse desdenhoso.

— Ah, pára, minha mãe nunca foi uma grande fã de ninguém — Jean riu.

— Bom argumento — ele riu. — Mas, falando sério, eu acho que prefiro deixar passar essa chance.

— OK, justo suficiente — ela disse balançando afirmativamente a cabeça. — Então, eu fico aqui, também.

Scott ficou chocado.

— Jean, você não pode! Sua família…

— Minha família vai agüentar — ela disse, balançando a mão no ar desdenhosamente. — Eles nem vão notar que eu não tou lá, vão estar ocupados demais babando o noivo da minha irmã — Jean falou zombeteira, demorando propositadamente a dizer a palavra.

Scott riu com sarcasmo da sua óbvia desaprovação.

— Eu gosto da idéia, mas não posso deixar você desistir de passar um tempo com a sua família.

— Me deixar? — Jean repetiu, uma sobrancelha levantada, desafiando-o a continuar.

— Vamos lá, você sabe que eu não quis dizer isso — Scott suspirou.

— ótimo, então está decidido. Eu vou ficar aqui no Natal — ela anunciou, um sorriso malicioso no rosto. — Nós vamos nos divertir muito.