Notas: Lembrem-se: eu não tenho nenhum direito sobre os personagens de ER. Na verdade, se eles fossem meus, eu nem estaria escrevendo esta fic, porque não haveria nenhuma Makemba e nenhum bebê sendo perdido.

Summary: Abby deixou Chicago pouco depois de Carter voltar da África com Kem. Agora, está de volta, como médica.


Déjà Vu

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II. Amigos?

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Era apenas seu segundo dia no hospital e Abby já se sentia em casa. Na realidade, aquele lugar era sua casa. Havia trabalhado ali por mais de cinco anos e gostava de estar de volta.

Na noite anterior Abby fora comer pizza com Susan e acabou descobrindo muitas novidades. Primeiro ficou sabendo da festa de aniversário que Susan ia fazer para sua filha na casa dela. A pequena Jennifer estaria completando quatro anos dentro de pouco mais de um mês. Depois ouviu atentamente sobre o pedido de casamento que Luka havia feito a Sam quando foram acampar os dois mais o Alex nas últimas férias. Aparentemente, já estavam planejando a data do casamento. Por último foi informada de que John já estava muito melhor. Susan já havia lhe contado sobre a tragédia do amigo por telefone, na mesma época em que ela havia acontecido. No começo, John parecia ter sofrido muito com a morte do filho e, depois, por ser deixado por Makemba. Abby ainda se arrependia por não ter estado por perto para ajudá-lo a superar aqueles problemas.

"Mas ele já se recuperou. Não totalmente, é claro. Acho que essas coisas marcam profundamente as pessoas... Mas ele está bem melhor, sim. Ah! Amanhã você vai vê-lo, seu plantões vão coincidir. Já pensou sobre o que vai falar?"

Abby passou a noite toda pensando no que diria. Não que ela devesse qualquer explicação para ele, mas a verdade era que estava ansiosa para saber qual seria a reação do amigo, se é que eles ainda eram amigos, quando a visse. E era exatamente isso que passava na sua cabeça naquele momento, enquanto tomava daquele líquido negro e amargo na sala dos médicos, durante seus 15 minutos de descanso.


"Quando será que eu vou vê-la?", perguntava a si mesmo John Carter enquanto atirava duas luvas ensangüentadas no chão não menos ensangüentado de uma das salas de emergência do hospital, depois de uma bem-sucedida atuação.

Ficara sabendo, por intermédio de Chuny, que, no dia anterior, seu dia de folga, a nova médica do ER tinha chegado. E era nada mais nada menos que Abby. Abby Lockhart. Ele não sabia como estava a relação deles. Ou melhor, a amizade deles. Se ela ainda o considerasse um amigo, é claro. Mas estava muito curioso para perguntar como ela estava e onde ela havia estado todo aqueles anos. Porque ela não estava lá para ajudá-lo quando ele estava no fundo do poço três anos atrás. Era óbvio que Abby não tinha obrigação nenhuma em confortá-lo, considerando as coisas horríveis que ele fizera a ela. O jeito estúpido com o qual ele feriu seus sentimentos. Mas ainda assim, John tinha, no fundo, a esperança de que ela voltaria para ajudá-lo.

E lá estava ela, de volta. Ou pelo menos era o que os rumores afirmavam. Tarde demais para ajudá-lo, mas, pelo menos, estava de volta. E naquele momento John se perguntava o que diria a ela quando a visse. Talvez perguntasse onde se escondera todos aqueles anos. Ou simplesmente indagasse sobre sua saúde. Ou então pedisse desculp...

"Carter! Mais um trama chegando!"

Foi tudo o que John precisou para deixar suas dúvidas de lado e voltar para a realidade.

Ele chegou na entrada de emergência no exato momento em que as ambulâncias paravam. Correu em direção a uma enquanto os paramédicos se apressavam em apresentar o paciente:

"Homem, 36 anos, atropelado por um carro, inconsciente..."

Então ele a viu. Abby. Ouvindo atentamente o que o paramédico da outra ambulância dizia sobre seu paciente. Parecia que não havia mudado em nada, mas, ao mesmo tempo, ele não podia deixar de perceber que ela estava, de algum modo, diferente.

"...e perdeu muito sangue no caminho. Dr. Carter? Dr. Carter!"

Virou-se rapidamente e voltou sua atenção para o homem ferido na sua frente.

"Tá, claro. Obrigado!", falou então, apressando-se para levar a maca até a sala de traumas.

Ao entrar John viu que Abby já estava na sala ao lado e que, naquele momento, anunciava ordens para as enfermeiras. E então ele próprio começou a fazer pedidos de exame.


"Bom trabalho Dra. Lockhart. Nós assumimos a partir daqui."

Abby concordou com a cabeça. Sua paciente passaria naquele momento por uma cirurgia, mas tudo indicava que sobreviveria. Feliz por ter feito um bom trabalho, ela começou a tirar os óculos, as luvas e o avental enquanto as enfermeiras saíam. Assim que ficou sozinha na sala ouviu uma voz inconfundível.

"Hey Abby."

Ela parou o que estava fazendo. Era ele. Com cuidado e vagarosamente, levantou o rosto e virou-se para deparar-se com John sorrido para ela enquanto segurava a porta que ligava as duas salas de trauma aberta.

"John!", exclamou ela, esquecendo-se de suas preocupações prévias ao receber o forte abraço que o amigo lhe dava.

"E aí, como você está?", ele perguntou quando se soltaram.

"Ah, estou ótima!"

"Que bom! Pelo jeito vou ter que te chamar de Dra. Lockhart de agora em diante, né?", John apontou para o crachá pendurado no jaleco da amiga.

Abby sorriu. "Só se eu tiver que te chamar de Dr. Carter."

"É... acho que John e Abby soa melhor."

Houve um silêncio ecoante durante alguns minutos até ele voltar a falar.

"Ei Abby, que tal um café agora, hein? Depois desse trauma acho que a gente merece um descanso."

"É claro. Aí do outro lado da rua?"

John concordou com a cabeça.


Ocupando uma das mesas, os dois pediram seus cafés e logo se sentaram. Depois de alguns minutos de mais um silêncio desconfortável, John resolveu falar algo:

"Então, onde você esteve todo esse tempo?"

"Faculdade de medicina", Abby respondeu enquanto agradecia a mulher que acabava de trazer os cafés.

John concordou com a cabeça esperando que a amiga continuasse.

"Estive morando com a minha mãe e o Eric enquanto estudava. Você acredita que os dois estão tomando os remédios? Estão mais saudáveis do que nunca". Ela concluiu abrindo um sorriso legítimo.

"Sério? Nossa, que bom!", Jonh estava feliz por Maggie e Eric e mais feliz ainda em ver o sorriso orgulhoso de Abby, algo de que ele sentira falta, não somente durante a ausência da amiga, mas também durante os últimos dias de seu relacionamento amoroso.